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Entre Você & Eu por EriOli

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Palavras: 4484
Acessos: 353   |  Postado em: 22/06/2025

EPÍLOGO - TRANQUILLUM: depois da tempestade

EPÍLOGO - TRANQUILLUM: depois da tempestade

Em algum momento todo mundo já passou por perda, por trauma, por luto e dores quase insuportáveis, e eu digo quase porque sobrevivemos, na maioria das vezes sobrevivemos. Dizer que a tranquilidade vem depois de uma tempestade não é mera filosofia, é simplesmente entender que mesmo que se viva a maior tranquilidade não significa a ausência de tempestade.

— Não acredito que você não vai ficar para o casamento? Poxa!

— Eu meio que perdi o interesse, já que não sou a noiva, sabe? — Mariana respondeu ao meu lamento fazendo graça.

— Besta!

— Estou brincando, você sabe, mas realmente não posso, o Programa de Formação de Professores, inicia no próximo mês e preciso me instalar ainda.

— Toronto, hein, quem diria? Três anos!!! Nunca ficamos tanto tempo longe, sabia?

— Não é como se estivéssemos muito próximas nos últimos tempos.

— Pode até ser, mas é fisicamente bem distante, e agora é de verdade.

— Não se preocupe, você sobrevive sem mim, eu prometo — Mariana piscou tentando fazer outra piada, mas eu continuei séria.

— Mas e você? Pode prometer que sobrevive?

Sentadas a mesa de uma cafeteria naquela manhã de maio, nos encarávamos com o sabor da iminente despedida pairando sobre nós mais uma vez. Outras versões de nós, outras circunstâncias, o mesmo peso. O clima particularmente agradável contrastava com os sentimentos que se embolavam dentro de mim, havia se passado nove meses desde que ouvimos as confissões do pai dela. Nesse meio tempo Luna e eu marcamos a data do casamento, Mariana se recuperou e se preparou para o que agora, era a sua nova jornada. Um curso na NBS do Canadá, eu sempre soube que ela conseguiria. Porém, agora que tudo estava mais palpável parecia ainda mais doloroso. A verdade é que a realidade nunca é meiga, algumas vezes é razoável, outras vezes depois de muito alvoroço, melhora, mas é com frequência imperfeita.

Falar sobre ela sobreviver sem mim não foi pretensioso, pelo contrário foi mais como uma tentativa de achar algo em que me agarrar, eu mesma não sabia como seria sobreviver longe dela, longe dela de verdade. A falta da presença dela, que sempre esteve de uma forma ou de outra, fazendo parte do meu mundo. Não era sobre paixão e sim sobre conexão, te faz pensar, sabe? Que apesar das tensões do passado, percebemos que existe uma conexão profunda e que sempre precisaremos uma da outra. Percebemos como o quanto conectar-se a alguém de formas que você compartilhe boa parte de tudo que já te aconteceu na vida, desde a coisa mais legal a mais dolorosa, na verdade  é algo muito, mais muito raro mesmo e, quando essa conexão parece prestes a se romper é tão agonizante quanto uma ferida que você volta a machucar todas as vezes em que não toma o devido cuidado, você esquece em alguns momentos, mas volta e meia machuca o mesmo lugar, e só então você se lembra que não cicatrizou, que o curativo está lá, no mesmo local.

Mariana desviou o olhar quando a realidade do meu questionamento a atingiu, uma lágrima teimosa insistiu em libertar-se, mas ela a enxugou com rapidez e limpou a garganta antes de voltar a me olhar.

— Cacete, Patrícia! — Seus olhos marejaram novamente e não estavam diferentes dos meus — admito que vai ser bem difícil, mas eu vou conseguir — Mariana desviou o olhar para o café e em seguida me encarou olhando dentro dos meus olhos antes de concluir. — É uma promessa!!! Agora para de me fazer chorar, caramba!

— Complicado essa última parte — sorri com a visão atrapalhada pelo olhar nublado de lágrimas teimosas. — A gente meio que não conversou direito depois de tudo que o INOMINÁVEL confessou, não sei como ficaram as coisas entre vocês. Só sei que entre nós ficaram não totalmente resolvidas e bom, queria pedir desculpas formalmente por não ter dialogado com você e sequer te dar o beneficio da dúvida. Eu só concluí, te julguei, condenei e te arranquei, sem dó ou piedade, da minha vida. Parece que deixamos um rastro de sofrimento com toda nossa imaturidade. Eu fui uma tola e cega. E infelizmente não posso voltar atrás nem com o que disse ou fiz, mas acredito que ainda podemos ter um futuro diferente e espero mesmo, que você também encontre a sua pessoa certa, se você quiser isso, é claro! Eu te amo, Mariana Aland, você sempre vai ser o meu primeiro amor, e desculpe se parece cruel falar isso uma hora dessas e nessas circunstâncias. Afinal, é um amor que evoluiu para um patamar diferente, mas sempre vai ser uma boa lembrança. E de todo jeito é bom colocar um ponto final nessa história que, apesar de não ter um final de romance clichê entre amigas, foi responsável por nos moldar de várias formas, nos fortalecer e forçar a sermos pessoas melhores. Sinto muito por tudo que causei a você, mas não sinto muito por um dia ter me apaixonado. Isso podes ter certeza, nunca será um arrependimento. Você é incrível e merece ser feliz, então, só me prometa uma coisa, que vai fazer o possível pra estar feliz, Mariana! É o que eu desejo, sabe? Que você reencontre o brilho da Mariana indomável, que queria entrar na jaula da onça pintada quando tinha 12 anos hahahaha!!!!

— Idiota!! Hahaha

— É que você traz a tona a 5º série em mim.

— E você em mim.— Rimos juntas e com os olhos novamente marejados. — E quer saber, eu também amo você, Patrícia Góes, e eu sempre vou amar, quem sabe em uma outra vida a gente se reencontre com menos complicações. Vou sentir sua falta, tipo muito mesmo. O que me consola é que estou indo atrás dos meus sonhos e como eu queria que a tia Luiza estivesse aqui, ela ficaria feliz por mim, me entenderia e me apoiaria.

— Nem me fale, ela com certeza seria a primeira a te apoiar, você era o orgulho dela. A pupila da dona Luíza, ela sempre teve fé em você como dançarina!

— Pois é... Eu nunca disse isso, mas sinto muita falta dela, sabia que ela era minha confidente? Foi para ela que confessei o que sentia por ti, antes mesmo de nos beijarmos pela primeira vez, até porque isso só aconteceu alguns anos depois.

— Uau! A dona Luiza hein? Você sempre foi a preferida mesmo.

— Nada disso, ela te amava demais para me preferir a você.

— Eu sei, estou brincando, eu sei o quanto ela te amava e sei o quanto ela me amava e também queria muito que ela estivesse aqui, que pudesse conhecer a Luna, que visse o passo importante que estamos dando em nossas vidas.

— Ela ia amar organizar esse casamento, pode ter certeza, ainda bem que posso te emprestar a minha mãe. De nada!

— Ah tá, como se a tia Verônica fosse negar organizar uma festa, para mim muito menos, ela me ama. E tem outra, é incrível como Luna e ela se deram bem, e nem a Gabriela escapou, viraram melhores amigas, acredita?? Se falam quase todos os dias sobre o casamento.

— Pois é, sua noiva, além de te roubar de mim conquistou minha própria mãe, eu mereço.

— Besta!

— E eu tô mentindo? Ela literalmente bate altos papos com a dona Verônica, eu chego a ficar enjoada.

— Tão ciumenta!

Mariana fez uma careta afetada e sibilou “tua bunda” sem emitir som. Rimos novamente antes que eu voltasse a falar.

— Mas me conta, não falou mais com o você sabe quem?

— Não, ainda não consigo. Fora que, não sei como vai ficar o casamento deles. Eu precisei contar tudo a mamãe, você sabe, não tinha como inventar uma desculpa boa o bastante para justificar que eu não queria meu próprio... — Mariana pausou a fala como se fosse difícil pronunciar a próxima palavra —... PAI, meu próprio pai perto de mim. Desde que voltei para casa, ele já não estava mais lá e mamãe desconversa todas as vezes que tento falar sobre isso. Eu sei que ela está triste, eu sinto isso, sei que ela sente a falta dele. E estou realmente preocupada tendo que me mudar de país e deixando ela aqui, nesse estado.

— Não se preocupa com isso, sabes que não vou deixar de estar com ela. Não abandonamos nossa família. E ela é a minha família, vocês duas são.

— Obrigada — ela dissera estendendo a mão para sobrepor a minha. — Posso te abraçar? — Mariana perguntou meio sem graça.

— Que pergunta, Mariana, eu sempre terei um abraço para você, é claro que pode. Vem aqui, vem.

Nos levantamos, Mariana rodeou a mesa e jogou-se sobre mim num abraço apertado e silencioso, não era um abraço qualquer, era um abraço profundo e ao mesmo tempo cauteloso. Já não tinha certeza do que achar daquilo ou de como me sentia. Apenas sabia que nada seria como antes.

— Olha — falei assim que nos soltamos — só queria pedir desculpa mais uma vez, tô sendo repetitiva, eu sei. Mas preciso disso, enfim, desculpa se não demos uma a outra o que queríamos, mas independente do que éramos uma para outra ou do que nos tornamos, sempre estarei aqui para você, fechou? Pro que der e vier!

— Eu sei. Digo o mesmo. Pro que der e vier — rimos e fomos interrompidas pelo toque de alarme no celular dela. — Eita, o tempo voou, preciso ir.

— Claro, a gente se vê no aeroporto, então?

— Não precisa.

— Eu faço questão.

— Tudo bem. Amanhã as 9h, não se atrasa.

— Tá bom.

Cheguei em casa um pouco antes da hora do almoço, o dia anterior havia corrido arrastado e exaustivo, a noite no entanto, pareceu dissipar-se com muito menos tempo do que as horas diziam. Acordar foi um sacrifício e despedir-me de Mariana no aeroporto para depois acompanhar tia Verônica que ainda chorava com a partida da filha havia sido ainda mais cansativo. Além disso, faltavam três dias para o casamento e a ansiedade batia a porta. Em outros tempos a palavra casamento soaria como uma grande piada para mim. Ainda pensava nessa louca ironia quando fui interceptada por Gabriela assim que ousei pensar em atravessar o vão que me levava ao meu estúdio.

— Mulher, quer me matar do coração?!

— Ela viu?! — ouvi a voz de Luna se propagar mais alto que o necessário.

— Não! Consegui impedir! — Gabriela respondeu no mesmo tom e ainda me segurando pelos ombros.

— O que tá acontecendo, posso saber?

— Não podes ver a noiva no vestido antes do casamento, dá azar!

— Oi?! O vestido chegou? Isso é besteira, vocês sabem, não é?!

— Nada disso, a senhora está proibida de ver meu vestido antes do casamento! — Luna gritou novamente antes que Gabriela pudesse argumentar. Parece que ela não havia pensado na logística de entrega do vestido quando aceitou meu convite de mudar-se para o meu apartamento.

— Você ouviu, PRO-I-BI-DA! — Gabriela repetiu rindo da minha cara.

Revirei os olhos e enfiei a curiosidade no bolso. Fui para a cozinha. Alguns minutos depois Luna apareceu me brindando com aquele sorriso que tanto me deixava tonta como fazia meu coração acelerar. Ela irradiava alegria, o vestido devia ser a causa dessa aura luminosa, pensei.

— Oi, amor! — ela se aproximou circundando meu pescoço e nossas bocas se buscaram no mesmo instante como em todas as vezes que a bolha invisível nos envolvia transformando tudo num mundo só nosso.

— Saudades? — perguntei próximo ao seu ouvido quando nos separamos em busca de ar.

— Sempre — ela respondeu mordendo meu pescoço num tom tão sensual que eu teria arrancado as roupas dela ali mesmo, se não fosse o pigarrear que Gabriela fizera questão de soltar nos lembrando que não estávamos sozinhas. Suspirei retirando minhas mãos de dentro da camisa social que Luna usava e em seguida fechei os botões que havia começado a abrir.

— Desculpem interromper, mas ainda temos coisas a resolver — ela dissera antes de levar Luna para longe de mim. Revirei os olhos e Luna sorriu me dando um selinho e sibilando um “te compenso mais tarde”, antes de partir.

Estaquei me sentindo uma completa abandonada, mas deixei de lado meu “infortúnio” da solidão e juntei forças para concluir a minha lista de coisas a resolver. Sim, tia Verônica havia feito uma lista para mim de coisas para fazer antes do casamento, lista essa que cumpri com muito gosto, coisas como contratar o fotógrafo, o DJ, escolher as alianças, marcar cabelo, maquiagem, depilação se fosse necessário (sim, ela teve a ousadia de incluir isso na lista), enfim e, claro, não menos importante: escolher o meu vestido.

E eu o havia escolhido, na verdade, Mariana ajudou-me a escolher, eu sei o que está pensando, parece algo desleal ter feito isso com ela, mas em minha defesa, ela quem se convidou e insistira. E apesar de minhas reservas acabou que foi uma ideia não tão ruim, para o nosso ponto final, quero dizer. Precisávamos e, bom, hoje era o dia de ir buscá-lo. Uma curiosidade sobre essa escolha foi a minha tentativa de parecer indiferente, o que era o completo oposto da avalanche de stresse que me inundava. Eu estava uma pilha e se não fosse ela a conhecer os meus gostos tão bem, eu teria fracassado nessa tarefa e isso é mais do que eu gostaria de admitir.

Depois de experimentar uma dezena de vestidos que tia Verônica havia pedido que separassem para mim, eu já me achava em completo desespero, nada havia me agradado e não é nenhum exagero dizer que como toda noiva boba, eu estava a ponto de entrar em prantos. E foi aí que Mariana resolveu intervir, pediu que eu respirasse fundo e com toda a delicadeza me perguntou o que eu queria num vestido de casamento. Fiz o que ela pediu e com mais calma apenas disse que odiava coisas extravagantes. Tenho certeza que ela já sabia a resposta antes mesmo que eu a dissesse, e o que ela fez? Ela foi certeira, é claro, sabia que eu amava as coisas mais simples e minimalistas. Ela sumiu com a atendente por uns minutos e quando retornaram ela trazia uma peça em zibeline de seda, era lindo, branco apenas com um leve brilho.

“Uau!” foi tudo que conseguir dizer ao vesti-lo, era perfeitamente ajustado ao corpo num comprimento que ia perfeitamente até o meio das panturrilhas, com uma fenda que ia da coxa para baixo e de alças finas, simplesmente maravilhoso. Não pude evitar de me emocionar, abracei-a com gratidão e também não pude deixar de notar seus olhos marejados e com uma leve melancolia pairando em suas íris cristalinas. Murmurei um “desculpa” e ela tratou de afastar aquela expressão do olhar e respondeu com um “não há o que desculpara e você está linda, a Luna é a mulher mais sortuda do mundo”, sorrimos e nosso diálogo findou assim como nossa tarefa ali. E essa foi a última vez que interagimos antes da cafeteria. Acredito que cada uma precisava de um tempo para respirar, a carga emocional ainda era pesada.

Como eu dizia, precisava concluir a lista, ou seja, buscar o vestido e os sapatos, ah, outra curiosidade, saltos. Pois é, usarei saltos porque prometi a Luna que usaria, uma tortura na minha opinião, mas promessa é promessa e você prometeria até o sol se uma mulher como Luna estivesse entre suas pernas pedindo com “carinho” (ela usara de um golpe baixo, mas verdade seja dita, pelas deusas, ela pode usá-lo quantas vezes quiser). Enfim, ainda teve a última tarefa da lista e devo dizer que a ousadia de tia Verônica não tinha freios, meu último item atendia por: lingeries para noite de núpcias e lua de mel. E aqui farei um adendo para vos contar que tive a péssima ideia de ler a tal lista em voz alta na frente da própria tia Verônica, da Gabriela e claro de meu querido amigo, que não me deixará em paz, Diego. Não preciso dizer que terminei de ler com as faces mais vermelhas que um tomate. Mas voltando ao que dizia, esta era a última tarefa e fiz questão de cumpri-la na semana anterior, sozinha, felizmente. No fim, concluí a lista com louvor e não, não houve tempo para compensações com toda a coisa rolando.

O domingo chegou e minha tensão era quase palpável. Luna teria um dia de noiva até a hora do casamento. Era uma tortura não poder vê-la se arrumar, pois isso sempre foi um espetáculo a parte, tão sensual que por vezes me pegava secando-a ao colocar cada peça de roupa, desde a calcinha até o colar, que era um acessório, é verdade, mas que eu fazia questão de ajudá-la, apenas para poder me aproveitar da proximidade com aquele pescoço esguio e convidativo. Suspirei e sentir meu baixo ventre contrair com cada memória de Luna sem roupas ou apenas com roupas íntimas que perpassaram por minha mente indecorosa. Não a via desde o dia anterior, o que não nos impediu de trocarmos áudios ou uma ligação um tanto longa durante a noite. Adormecemos na ligação, incapazes de desligar. Espero que ela tenha gostado da cesta de café da manhã que encomendei para ela. Estava me achando meio boba com esse gesto, mas no fundo torcia para que ela não achasse tão bobo assim. Ainda pensava nisso quando o interfone tocou e seu Zé avisou que havia uma entrega para mim.

Senti um sorriso grande e largo me esticar a cara quando abri a caixa perfeitamente embrulhada. Dentro havia uma embalagem transparente que só de reconhecer o seu conteúdo fez meu sorriso se alargar ainda mais, era uma fatia de cheesecake com cobertura (bizarra para muitos) de chocolate meio amargo. Ao lado uma única rosa azul e um cartão que dizia: “Para alegrar sua manhã, assim como você alegra os meus dias. Te vejo no altar, TE AMO! Ass. Luna.” Impossível não sentir o coração retumbar intensamente feliz. Rodopiei pela cozinha feito uma idiota apaixonada, me deliciando com a guloseima que ela me enviara, e naquele momento pensei que ser uma idiota apaixonada era a coisa mais incrível do mundo, desde que o amor da sua vida estivesse esperando por você.

Faltando 15 minutos para as 17h, o carro que tia Verônica havia contratado estacionou próximo ao caminho que me levaria até a área aberta rodeada por árvores onde aconteceria a cerimônia, havíamos escolhido um sítio dentro da cidade mesmo, pois pretendíamos viajar no outro dia. Então era isso, estava acontecendo, eu ia casar, “eita porr*” foi tudo o que pensei ao pisar no gramado. Caminhei com certa dificuldade devido as sandálias que calçava até a plataforma que haviam montado para o cortejo, exatamente para que nossos saltos não afundassem na grama. As 17h em ponto me posicionei no inicio do cortejo, pétalas de rosas estavam espalhadas ao longo de toda a plataforma.

Suspirei soltando o ar dos pulmões e sentindo as mãos suarem ao segurar o pequeno buquê que carregava. Os convidados levantaram e viraram para mim, senti-me um tanto incomodada com os holofotes em minha direção. Tive uma súbita vontade de sair correndo, o que seria bem constrangedor, mas essa vontade logo se dissipou quando o rosto de Luna apareceu em minhas memórias, sorri involuntariamente com a lembrança. No mesmo instante uma música suave e melodiosa começou a tocar, era a minha deixa para seguir até o altar. A juíza de paz, amiga de Luna já se encontrava em sua posição. Caminhei e diferente do que imaginei, meu coração batia ensandecido é verdade, mas ao mesmo tempo feliz e emocionado ao encontrar uma alegria genuína no rosto de cada conhecido ali presente. A mãe de Luna já enxugava algumas lágrimas ao lado de tia Verônica igualmente emocionada. Cumprimentei Diego, Lucas e Gabriela com o olhar. Mas sinceramente, só um rosto em especial me interessava, e eu queria que o tempo corresse mais rápido para que eu pudesse vê-la imediatamente. Já estava a tempo demais longe do sorriso da mulher que eu amava.

Os pouquíssimos minutos que me separavam do meu objetivo passavam lentos e mesmo com toda a felicidade que enchia meu peito, não conseguia diminuir o nervosismo, enquanto caminhava ao som de You Will Find Me (Alex e Sierra), só torcia para não tropeçar naqueles saltos, “é cada sacrifício que fazemos pela mulher que amamos”, caminhava vagarosamente, “respira, Patrícia, só respira e... caminha, estamos quase lá”, o caminho pareceu durar uma eternidade e apesar disso me distraio um pouco lembrando do dia em que enviei essa mesma música para Luna e brinquei que seria a música do nosso casamento, pois traduzia meus sentimentos sobre nosso relacionamento e o que ela representava para mim. Me concentrei no refrão para continuar meu caminho sem sofrer uma vergonha daquelas.

You leave me room for my imperfections

(Você me deixa aberto às minhas imperfeições)

When I’m a mess, then you jump right in

(Quando eu sou uma bagunça, então você se lança em mim)

If I drift in the wrong direction

(Se eu escorrego pra direção errada)

You turn the tide and you calm the wind

(Você vira o jogo e você acalma o vento)

Any time every time I get lost you will find me

(Em qualquer momento, cada vez que eu perder, você vai me encontrar)

You will find me (Você vai me encontrar)

Balancei a cabeça sorrindo e um tanto tocada com a lembrança. Luna dissera que tudo bem, desde que ela também pudesse escolher a que serviria de marcha para sua entrada. Não a contrariei, apenas concordei e selamos o acordo com um beijo. Nunca seria um sacrifício fazê-la feliz.

 Enfim cheguei ao meu lugar quase ao final da canção, me posicionei e esperei. Uma nova música invadiu o ambiente, eu sabia exatamente qual era quando a pianista deu início aos primeiros acordes de If You Love Her (Forest Blakk e Meghan Trainor), uma brisa suave acompanhou o momento em que, ao braços dados com seu Luís, minha noiva despontou no início da plataforma aparecendo em meu campo de visão, as flores tremulavam com a carícia do vento ao longo do cortejo. Alguns raios de sol espreitavam entre as copas das árvores e davam a figura de Luna um brilho resplandecente. Ela estava radiante, linda mesmo em seu vestido branco de um tecido esvoaçante e quase transparente, alças finas, corte em A, apliques delicados e brilhantes. Prendi o fôlego com a visão mais sexy que poderia ter, pois o conjunto completava-se com um decote em V profundo e uma bela fenda que exalava sensualidade ao deixar aquela linda coxa direita totalmente a mostra.

Fiquei completamente excitada, não vou mentir, mas quando seus olhos encontraram os meus ela abriu um sorriso tão intenso que era a mais pura felicidade, soltei o ar e meu coração retumbou como nunca. Retribuí o sorriso e lá estava ela novamente, a bolha invisível que sempre nos envolvia, como se nada e nem ninguém existisse. Não fui capaz e nem queria ter essa coragem, de desviar o olhar por um segundo sequer. Continuei vidrada nela até ela se aproximar.

— Saudades? — Ela sibilou nossa pergunta tão costumeira, mas que carregava um sentimento gigante.

— Sempre — respondi no mesmo tom, emocionada e recostando levemente em sua testa.

Sorrimos uma para a outra e depois viramos seguindo o protocolo, isso antes que eu o quebrasse e a beijasse na hora indevida e eu estava seriamente pensando em fazê-lo. A cerimônia seguiu seu curso e nos olhávamos a todo instante. No momento dos votos ficamos de frente e Luna me presenteou novamente com aquele sorriso lindo e que fazia meu coração esquecer como era bater. Pegou minha mão esquerda e posicionou a aliança no inicio do dedo anelar, vi seus olhos marejarem antes que ela iniciasse sua fala.

— Eu poderia usar um milhão de palavras bonitas e frases de efeito para declarar o que você já sabe a muito tempo, que é o quanto amo você e o quanto quero passar minha vida ao seu lado — ela suspirou. — Então, serei apenas tradicional porque concordo e pretendo cumprir cada uma dessas palavras — outro suspiro. — Eu, Maria Luna Medeiros, te recebo, Patrícia Góes, como minha esposa para que você seja minha, assim como eu sou tua e prometo: ser fiel... respeitar-te... e amar-te... em todos os dias de nossas vidas com todo o meu coração!

Ela sorria de forma escancarada e com algumas lágrimas lhe escapando. Sorri de volta enquanto ela completava a tarefa de escorregar a aliança até local correto, beijou minha mão e voltou a me olhar muito emocionada. Luna concluiu e eu estava igualmente emocionada, a visão turva por lágrimas teimosas demais para que eu as segurasse. Limpei a garganta antes de iniciar minha parte.

— Desculpem, é meio difícil falar perto da mulher que me deixa de pernas bambas — gracejei tentando respirar e todos riram, o rosto de Luna reluzia ainda mais fixado em mim, e não era nenhuma mentira a história das pernas, sorri de volta, se é que em algum momento deixei de sorrir e soltei o ar. — Amor, eu poderia dizer que morreria feliz nesse exato momento, mas seria mentira, porque tudo o que quero é viver, quero muito viver ao seu lado pelo resto de nossas vidas. Você a única capaz de me encontrar todas as vezes que me perco, você é o meu farol, minha estrela-guia, a minha rosa-dos-ventos — ela gargalhou ao entender a referência. — E não importa se nossos dias serão fáceis ou difíceis, atípicos ou iguais, desde que estejamos juntas em todos eles, mesmo naqueles em que serei uma pessoa difícil. Só tenha paciência, pois nunca me cansarei de tentar te fazer feliz. E eu também te recebo, Maria Luna Medeiros, como minha esposa e prometo te respeitar e te amar, enquanto eu viver.

Repeti o gesto dela completando ao tirar o anel de noivado de sua mão direita e acomodando-o juntamente com a aliança na mão esquerda. Beijei a palma de sua mão e a juíza continuou com a frase típica de casamentos. “De acordo com a vontade que ambas afirmaram perante mim, de vos receberdes, eu, em nome da lei, vos declaro casadas. As noivas podem beijar-se!”

Não esperei mais nenhum segundo para tomar Luna em meus braços e pousar os lábios nos dela num beijo nada recatado. Sem me importar com as pessoas que nos rodeavam, eu só precisava dela. E tinha certeza que era apenas o inicio do nosso futuro e de uma longa caminhada que teria altos e baixos, mas dias felizes na maioria das vezes!

Fim!

Fim do capítulo


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Comentários para 26 - EPÍLOGO - TRANQUILLUM: depois da tempestade:
MirAlexia
MirAlexia

Em: 30/07/2025

Agradeço do fundo do coração ter tido a oportunidade de ler as tuas palavras escritas com tanta atenção, emoção e detalhe. Foi maravilhoso poder mergulhar na história da Patricia, da Mariana e da Luna. Um grande beijo para ti. :

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