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  • O Nosso Recomeco - 2a Temporada
  • capitulo treze: violação

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O Nosso Recomeco - 2a Temporada por nath.rodriguess

Ver comentários: 4

Ver lista de capítulos

Palavras: 3475
Acessos: 640   |  Postado em: 03/06/2025

capitulo treze: violação

CAPÍTULO 13. VIOLAÇÃO.

            — Eu vou perguntar apenas uma vez. — pausa — e eu quero uma resposta sincera. Não mente para mim. Não me enrola.

            Meu olhar era gélido.

            Fernanda arregala os olhos na minha direção, sua feição demonstrando culpa. Eu conhecia todas as suas feições, todos os tons azuis daqueles olhos e eu sabia... ela estava me escondendo algo. E era isso.

            — Como você conseguiu ser contratada pela Zhang?

            — Anna... — ela estava sem ação.

            — Como? — Insisto. — A Zhang em si, não ia contratar outra firma que não fosse a gente para fazer a resolução do conflito. A não ser que... alguém sugerisse isso. — Pontuo — E o seu escritório ainda é pequeno para esse tipo de cliente. Foi Camila Zhang que te procurou? Ou você foi atrás?

Ela hesita. Só esse segundo de silêncio já diz tudo.

— Eu... Foi uma junção de coisas, contatos, indicações...

— Ah, claro. Um milagre. — rio, irônica. — Para de repetir frase pronta. Para de me tratar feito idiota.

Levanto-me, indo em direção à janela e colocando as mãos no rosto em sinal de indignação.

— E pensar que você saiu da Proetti-Baldez por odiar casos assim. Odiava jogos de poder, odiava esse tipo de ambiente. Mas pegou um caso que é jogo de poder purinho! A cara da empresa que você julgava.

— Anna, você acha que eu sou o quê, então? Uma advogada medíocre? Que não merece ver meu escritório crescer? — a voz dela sobe.

— Não. Eu acho que você fez uma escolha e que essa escolha bate de frente com tudo que você dizia acreditar.

— Eu não posso mudar de opinião, Anna Florence? Ou nossas ideias precisam ser a vida toda absolutas? — Ela vem atrás.

— Por que quis esse caso? — Pergunto mais uma vez — É para ter o nome do seu escritório estampado em alguma matéria? É pra provar algo pra si mesma?

Ela para por alguns segundos, respira e olha pra cima, como se tivesse buscando força em algo.

— Por Deus, Anna. Eu só queria... Crescer. Quero o que construí também seja relevante. Você não tem ideia do que é viver ao lado de alguém que já chegou lá.

— Então é isso? Você quer competir comigo? — Olho, incrédula.

— Não! — Ela diz exasperadamente — Não é nada disso. Eu só quero espaço. Você acha mesmo que eu amo ser sempre a "primeira-dama"? Ou ser conhecida como "a esposa de Anna Florence"?

— Você nunca disse isso pra mim, Fernanda.

— É óbvio! Eu estava tentando não sentir.

— E tentou esconder mais do que isso também, né? — digo, baixando o tom. — Você não quer competir comigo, Fernanda? Então vamos lá. Vamos brincar de tribunal. Três artigos pra você: 154-A do Código Penal + Concorrência desleal. Violação de dados sigilosos. Lei da Propriedade Industrial e Lei Carolina Dieckmann.

Fernanda fica pálida.

— Anna... por favor...

— Fala. — corto, gélida. — Me diz como você conseguiu a Zhang. A verdade. Sem florear.

Ela hesita. Eu estreito os olhos.

— Você não vai sair dessa com "foi networking", "foi destino", "foi sorte", “foi indicação” . Vai me falar agora. Ou eu mesma vou desenhar o quebra-cabeça inteiro pra você.

Ela respira fundo, engole em seco, mas ainda não fala. Eu grito:

— FALA, FERNANDA!

Ela se assusta com o grito, leva a mão ao peito.

— Tá bom! Tá bom. — sua voz falha, mas logo ganha força — Foi em um dia que você estava viajando. Eu estava aqui, trabalhando... mas o seu notebook estava ali. E o sistema da Florence-Baldez tava logado.

— Ah, claro. Que conveniente. — cruzo os braços, dura.

— Anna, escuta! Eu só... Eu vi a ficha. Olhei os clientes e a Zhang estava lá: histórico, conflitos internos, risco iminente de litígio. Eu vi o potencial.

— Você viu um cliente vulnerável. — cuspo as palavras. — E decidiu atacar. Como um predador.

— Não foi assim! Eu...

— Foi exatamente assim!

— Depois disso, eu segui a Camila no Instagram — continua, mais alto, tentando se sobrepor ao meu tom — Comecei a comentar nas postagens, ela me respondeu no direct... Conversamos, marcamos uma reunião.

— Meu Deus... — sussurro, rindo de incredulidade. — Você seduziu uma cliente com base em informações confidenciais da minha empresa. Do meu computador. Do nosso wi-fi de casa!

— Droga, Anna! Ela me escutou, eu a escutei. Ela foi até meu escritório e...

— Em Irajá. — digo, com ironia cortante. — A Zhang atravessou a cidade pra ir até você, porque você jogou uma isca baseada em dados que você roubou de mim.

Ela estremece, mas não nega.

— A gente conversou. Eu ouvi os dramas familiares dela, fui apontando possibilidades, estratégias...

— Parabéns! — bato palma uma, duas vezes. — Isso se chama captação indevida de clientela. Você sabe disso, doutora. Ou já esqueceu tudo que estudamos sobre ética para a OAB?

— Anna, pelo amor de Deus... — Fernanda está chorando agora — Eu só queria crescer. Eu queria que meu escritório também tivesse valor. Eu... eu queria que alguém olhasse pra mim como olham pra você!

— ENTÃO TRAI A PRÓPRIA MULHER PRA ISSO?

Silêncio.

— Você me traiu, Fernanda. E não com outra mulher. — minha voz quebra pela primeira vez. — Com ambição. Com vaidade. Com falsidade. Você invadiu a porr* do meu trabalho. Isso aqui... a nossa casa — aponto ao redor — ...é o nosso lar. Esse escritório também faz parte dele. Não é pra ser cenário de espionagem.

Ela chora, desmorona de vez.

— Eu me senti pequena, Anna. Eu queria vencer por mim mesma, só isso.

— E conseguiu. — digo, seca. — Conseguiu ser inescrupulosa. E boa nisso. Parabéns.

Me viro, os olhos marejados.

— Eu não sei como a gente volta disso.

Fernanda tenta se aproximar, mas eu dou um passo atrás.

— Não encosta em mim.

— Anna...

— Sai.

Ela me dá passagem, mas fica parada ao lado da porta do escritório, com os olhos marejados, a respiração descompassada. Eu dou meia-volta e subo as escadas com passos firmes. Cada degrau parece gritar a urgência do que estou prestes a fazer.

Abro o closet do nosso quarto com violência, com ódio. Pego a primeira mala que eu vejo na minha frente. Começo a jogar roupas dentro sem dobrar. Sem pensar. Sem o mínimo de cuidado. Sem respirar direito. O zíper enrosca em alguma roupa, puxo com força, como se o culpado fosse ele também.

Porr*, que dor no peito.

— Anna, não... — a voz dela vem da porta, trêmula. — Você vai... você vai embora?

— Eu não vou dormir sob o mesmo teto que você. — respondo, seca. — Não hoje. Talvez não amanhã.

— Mas... e a Cecília? — ela engasga no próprio choro. — Como eu vou explicar isso pra nossa filha?

Paro por um segundo. A mala na cama. Meu peito subindo e descendo. Eu não me viro.

— Não coloca a Cecília nisso. Você fez a merd*, você lida com as consequências.

Ela entra no quarto, cambaleante. Os olhos vermelhos. A voz falha:

— Você prometeu. — ela sussurra. — Prometeu que a gente nunca ia dormir brigada...

Eu me viro. Encaro.

— E você prometeu que nunca mentiria pra mim. Que seríamos parceiras. Que nunca iria partir meu coração. Que nunca faria o que a Beatriz fez, mas você fez pior.

A mala fecha com um estalo seco. Pego a mochila de trabalho, coloco o notebook, carteira, celular, carregador, o essencial. Desço as escadas com ela me seguindo, arrastando os pés.

— Anna... amor, por favor. — a voz dela vem em soluços. — A gente sempre resolve...

— Não quando a confiança morre.

— Você vai pra onde?

— Um hotel. E antes que pergunte: não sei por quanto tempo.

Abro a porta. A noite lá fora está fria. O vento bate no meu rosto me fazendo estremecer.

Paro por um segundo na porta.

— Não inventa desculpas pra Cecília. Diz que eu precisei sair. Viajar. Só isso. — respiro fundo. — E tenta, por uma vez, não fazer isso ser sobre você.

Ela desaba. Cai de joelhos no chão da sala como se algo dentro tivesse quebrado. A imagem dela ali, destroçada, me rasga por dentro. Odiava vê-la chorar. Sofrer.

Mas eu saio mesmo assim.

Fecho a porta atrás de mim e entro no meu carro. Tudo que sobra é o ronco do motor da BMW.

Parto em direção novamente ao desconhecido.

Estou no escuro outra vez.

 

💔❤️‍🩹

 

O caminho até o hotel pareceu mais longo do que realmente era. Decidi prestar atenção na pista, pois da última vez que eu dirigi pensando na minha própria desgraça, acabei capotando e dando perda total no meu carro. Era um kwid na época, mas minha BMW era linda demais para sofrer qualquer dano. Em pedaços, já bastava meu coração.

Quando parei em frente ao hotel, desliguei o motor e respirei fundo. Tinha que parecer minimamente composta. Era um hotel cinco estrelas, frequentado por colegas de profissão, juízes, desembargadores, jornalistas. A última coisa que eu precisava era virar manchete por um colapso emocional no saguão.

Entreguei as chaves para o manobrista, ele me desejou uma boa noite, e eu quase perguntei: “como eu teria uma boa noite depois de ser traída pela mulher que amo há quase uma década?”

Subi direto ao balcão. A recepcionista — uma jovem elegante, com coque impecável e unhas vermelhas — sorriu, solícita.

— Boa noite. Em que posso ajudar?

— Um quarto. Individual. E silencioso. Por tempo indeterminado. — murmurei, sem encarar seus olhos.

Ela digitou algumas coisas no sistema, depois me entregou o cartão magnético com uma gentileza que me soou como pena.

Peguei o elevador e quando a porta se abriu no meu andar, caminhei até a porta do quarto em passos rápidos, queria me fechar no meu mundo o mais rápido possível.

Entrei. Joguei a mochila na poltrona. As malas em qualquer canto. Tirei o blazer com raiva. E então, em silêncio, olhei ao redor.

Olho para a cama king-size. Suspiro. É como se dissesse: foi feita para duas.

O espelho na parede refletia a mulher que eu não reconhecia há muito tempo: abatida, fria, com o maxilar travado de tanto segurar o choro.

Fui até o banheiro, razoavelmente pequeno para o quarto de hotel, mas nada era perfeito nessa vida, não é mesmo? Ligo o chuveiro e entro na água quente quase como um desespero. Precisava relaxar e acalmar o turbilhão que havia dentro de mim.

Mas tudo o que vinha à mente era uma frase: ela escolheu vencer, não comigo — mas contra mim.

Meu ego não estava ferido, mas meu coração estava. Eu poderia tê-la ajudado de várias formas, eu não me importaria em quebrar regras para vê-la feliz, para vê-la crescer, sempre fomos amigas. Sempre contamos tudo uma para outra. Ela sabia tudo sobre mim. E eu tudo sobre ela. Desejos, sonhos, metas, sempre fomos 10/10 em relação a isso.

Então, por quê?

Como é que se volta disso?

Como é que se reconstrói um “nós” depois que a pessoa que você ama quebra, sem aviso, o pacto mais íntimo que existia?

Céus.

Pedi whisky e um charuto. Recusei o cardápio. Não uma dose, mas uma garrafa — se ela quebrou confiança, eu também poderia quebrar promessas. Também não costumava fumar, mas às vezes, quando ganhava um caso ou precisava pensar, eu acendia um para equilibrar meus sentimentos.

“Não gosto quando toma isso quando você está mal, você fica um caco no dia seguinte. Promete pra mim que vai parar? Não faz isso com você.”

A voz dela vem na minha mente como um vendaval. Ela sempre se preocupou comigo, sempre foi doce, sempre foi amorosa. O que ela fez não condiz com a pessoa que ela é, eu não conseguia entender o motivo.

Fui para a varanda do hotel. O cheiro da maresia entra nas minhas narinas e me sento na cadeira com a garrafa e o charuto na mão. Corto-o na pontinha e coloco os pés apoiados na cadeira. Acendo e finalmente posso degustá-lo. Acompanhado do whisky, sinto meus ombros relaxarem.

Fecho os olhos. Não ia chorar.

Precisava ser forte nesse momento. Eu ia fazer de tudo para calar os sentimentos e se não pudesse calá-los, eu os deixaria embriagados pelo menos por hoje, para silenciar toda a dor que eu estava sentindo dentro de mim.

O foda seria o porre no dia seguinte. O sentimento de porre era uma pontada aguda no coração.

 

🥃☀

O som do telefone tocando insistentemente me desperta como um soco. Pisquei algumas vezes, tentando entender onde estava. Olhei para a meia garrafa de uísque que bebi e coloquei as mãos na cabeça. Que legal. Minha cabeça toda doía, me sentia em uma fadiga e sede incontroláveis. Estiquei o braço e puxei o celular que estava na mesinha ao lado da cama.

27 chamadas perdidas de Bruna.

10 chamadas perdidas de Fernanda.

4 chamadas perdidas da Dra. Baldez.

 

Escolhi o mais seguro, trabalho não me feriria.

— Dra. Baldez, bom dia.

— Anna? — a voz da Roberta veio carregada de alívio e apreensão. — Está tudo bem? A Fernanda me ligou ontem à noite perguntando se você estava comigo. Fiquei preocupada.

Fechei os olhos por um segundo. Respirei fundo.

— Eu saí de casa, Roberta.

Houve um breve silêncio do outro lado, como se ela estivesse tentando decifrar o que aconteceu.

— Você precisa de ajuda com algo? — ela perguntou, com mais delicadeza do que o habitual. — Tem alguma urgência no escritório hoje?

— Não. — Passei a mão pelo rosto, tentando afastar a exaustão. — Nada que não possa esperar. Só... preciso de um tempo. Preciso organizar minha vida.

— Tudo bem. Eu peço para a Diana atender os telefonemas e reorganizar a agenda. Cuide de você. Assim que voltar, vemos a questão da nova secretária.

— Obrigada, Roberta. De verdade.

— Se quiser me passar o endereço, posso passar aí mais tarde. Só... me avisa se precisar de qualquer coisa, está bem?

Assenti, mesmo sabendo que ela não podia me ver.

— Te aviso.

Joguei com cuidado o celular no colchão. O silêncio daquele quarto de hotel era ensurdecedor, diferente do que eu estava acostumada todas as manhãs. Minha filha, minha esposa...

Ah, Cecília.

Respondi à Bruna com a localização do hotel. Sabia que ela viria rápido. E veio. Quarenta minutos depois, uma batida urgente na porta me tirou do transe.

Quando abri, lá estava ela. Bruna. Esbaforida, descabelada, sem maquiagem, ainda com a pulseira do crossfit no braço. Me encarou por um segundo, depois me abraçou forte, como se tentasse colar os pedaços que se soltavam de mim.

E eu desabei.

Chorei no colo dela como não chorava desde o enterro da minha mãe. Sem palavras, sem tentar disfarçar. Só deixei que aquilo saísse, como se meu corpo entendesse que ali, com ela, era seguro ser fraca.

— O que ela fez com você? — sussurrou Bruna, quando o choro já era soluço. — Anna, se a Fernanda te machucou...

— Bru... — eu me afastei um pouco, enxugando os olhos com a ponta do lençol. — Eu vou te contar. Mas você precisa prometer que isso não vai sair daqui. São coisas sérias. Crimes, inclusive. E por mais magoada que eu esteja... eu não quero destruir a Fernanda.

Bruna assentiu, mesmo que o olhar dela dissesse que preferia resolver de outra forma.

Então, eu contei. Como quem está acostumada a organizar caos com palavras. Falei do acesso indevido, da violação de sigilo, da traição profissional. Falei da dor de ter minha confiança arrancada por alguém que eu escolhi amar.

Ela não interrompeu. Só escutou. Mas eu sabia que ela queria dizer que queria quebrar a cara de Fernanda — e não disse por respeito a mim.

— Isso é muito sério, Anna. É grave demais.

— Eu sei. — Olhei para o fundo do copo vazio na mesa de canto. — Mas se eu transformar isso em manchete, em escândalo... eu viro parte do problema. E ela deixa de ser só a Fernanda que errou comigo. Passa a ser a mulher julgada publicamente. E... eu não quero isso pra ela.

— Você é mais forte do que eu, amiga — murmurou Bruna, com a voz embargada. — Eu teria queimado o mundo.

— E também tem Cecília, eu não quero que a minha filha sofra. Também não quero ser chacota na empresa, pois isso vai virar uma chacota interna e meus sócios irão me atacar. Prefiro dizer, sei lá... que terminamos, mas fica o carinho e o respeito. — Sorrio amargamente

Bruna franziu o cenho, visivelmente incomodada com a ideia.

— Carinho e respeito? Depois do que ela fez?

— É o que se diz quando não se pode dizer a verdade sem causar mais danos — respondi, me levantando do colchão com lentidão.

Uma tontura me pega de surpresa e Bruna me segura, me abraçando.

— Eu sei que você está tentando manter a compostura, o controle... — disse Bruna, em voz baixa. — Mas você não precisa fingir nada comigo. Você pode estar despedaçada. Eu aguento. Eu fico aqui.

Ela pensou um pouco.

— Vem, vou dar banho em você.

— Hmm... que delícia, fico solteira e você já vem com papo de que quer me banhar. — digo com malícia, mas em tom jocoso

— Ah, você já está bem, não é verdade? — ela revira os olhos — espera Bia te ouvir falando isso.

Dou uma gargalhada. Imaginar Beatriz dando ataque de ciúme por causa de Bruna era o auge da estranheza. Eu ainda não conseguia me acostumar com o namoro das duas.

Ela me ajudou a caminhar até o banheiro, com uma paciência de Jó.

— Anda, vamos tirar essa cara de ressaca de velório. — disse ela, abrindo a torneira da ducha com naturalidade. — Você parece ter sido atropelada por um caminhão... de whisky.

— Eu fui — murmurei, me apoiando na pia. — Só faltou a trilha sonora do Titanic tocando ao fundo.

Ela pegou uma toalha e a pendurou, me ajudou a tirar a roupa e me colocou no box.

— Bru... — chamei, antes de entrar debaixo da água. Ela me olhou com atenção. — Obrigada por vir. Por não perguntar o que você gostaria de perguntar. Por só estar aqui.

— Anna, você é minha melhor amiga há quanto tempo? Uns vinte anos? Você me salvou de cada buraco que eu cavei pra mim mesma. Eu te salvei de tanta merd*. E mais uma vez tô aqui segurando a sua mão, assim como você não hesitaria em segurar a minha. E se precisar, eu te dou banho todo dia. — Ela termina a frase em tom jocoso

— Se você contar isso pra alguém, eu mato você — respondi, tentando sorrir

Ela piscou.

— E ainda enterra meu corpo com dignidade, eu sei.

A água quente caiu sobre meus ombros, levando embora parte do peso que me esmagava desde aquela madrugada. Deixando mais leve parte do peso que me esmagava desde aquela madrugada. Não tudo. Não ainda. Mas o suficiente para eu lembrar que não estava sozinha.

Quando saí, enrolada na toalha, ela já tinha pedido um café reforçado pelo serviço de quarto.

— Vai comer, advogada das trevas. — disse, me empurrando um croissant.

— Isso é amizade verdadeira. Croissant e banho.

Ela sorriu.

Após Bruna sair, fiquei sozinha com os meus próprios pensamentos e uma aspirina para dor de cabeça. Decidi trabalhar um pouco, resolvendo algumas coisas com Roberta e passando para Diana os currículos que selecionei para entrevistar as candidatas para a vaga de secretária.

O silêncio no quarto ainda era estranho. Ali não era minha casa, meu lar.

Quando peguei o celular para ver as horas, subiu uma notificação com mensagem dela.

Monstrinha:
“Não quero invadir teu espaço, nem te pressionar. Só... queria saber se você está bem. É só isso. Se não quiser responder, tudo bem. Mas eu precisava tentar.”

Fiquei encarando a mensagem. Mesmo tendo acabado com a confiança que tínhamos, ela ainda era tão cuidadosa, tão carinhosa. Ela escreveu com um cuidado que quase me fez chorar de novo. Quase.

Mas ela me conhecia, sabia como falar comigo. E foi isso que mais me doeu. Como ela pode me conhecer tanto e fazer algo tão estúpido?

Não respondi.

Ainda não.

Mas deixei a mensagem ali, marcada como lida. Porque no fundo, eu queria que ela soubesse que eu vi. Que eu li. Que eu estava magoada.

E queria ao menos, deixá-la como ela me deixou.

No escuro.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Era para postar amanhã, mas eu adiantei o capítulo pra hoje. 

Meninas, vocês estão bem? Ou respirando por aparelhos depois desse capítulo intenso? Ele ia ficar menor, mas eu não queria e nem achei justo, então alonguei ele um pouquinho pra vocês entenderem. 

Como vocês acham que vai ser daqui pra frente? Anna perdoa a Fê? Ou ela segue em frente? 

Até semana que vem! 

Spoiler: próximo capítulo narrado pela nossa ruiva ♥


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Comentários para 13 - capitulo treze: violação:
HelOliveira
HelOliveira

Em: 05/06/2025

Nem sei se estou respirando.....justo a Fernanda fazer uma coisa dessa....o amor delas é forte mas uma quebra de confiança, um crime...não aposto em uma volta...mas eu quero ver a narração da ruiva, quem sabe pode existir uma pequena luz...

Quero me apegar em algo para ter esperança de uma volta

 


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 06/06/2025 Autora da história
Eu te entendo! O que mais dói foi justamente o fato de uma personagem que amamos ter quebrado essa confiança... é quase imperdoável, mas o amor delas tb não é pouca coisa, né? E nossa ruiva ainda tem muita coisa a dizer em capítulos mais a frente. Continue acompanhando, será que eu trago a esperança de volta pra vocês?


Responder

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Lea
Lea

Em: 04/06/2025

Só espero que,a Amanda não apareça nesse período conturbado que está começando.


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 04/06/2025 Autora da história
Hmm… será que o universo vai colaborar ou jogar mais lenha nessa fogueira?

Nome de personagem quando é citado assim... hahaha

A Amanda aparecerá em breve. E com novidades.


Responder

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Lea
Lea

Em: 03/06/2025

Uma situação até onde consigo ver, impossível de reverter!


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 04/06/2025 Autora da história
Parece mesmo que é impossível, não é? A confiança quando é quebrada assim, nunca mais volta igual. Mas ainda existe amor das duas partes. Vamos ver se o amor tudo suporta.


Responder

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Mmila
Mmila

Em: 03/06/2025

Tá muito complicada essa situação. A quevmbra de confiança foi sem tamanho.

Nao sei se tem retorno a longo pra e talvez nem tenha ....

Fernanda, que merda foi essa?!?!?!?!?

 


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 04/06/2025 Autora da história
Ahhh, nem me fala! A Fê deu uma rasgada no código de ética e ainda pisou na confiança da Anna... É de doer mesmo. E o pior é que nem dá pra dizer se tem volta — o estrago foi grande. Mas será que o amor segura? ???? Vamos ver...


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