Fotos na parede, fantasmas no coração
– Fique à vontade. Você quer algo para beber? – Tais estava deixando os sapatos em um móvel na entrada do apartamento enquanto falava. Fiz exatamente como ela.
– Pode ser o mesmo que você. – Respondi voltando a encará-la. Minha vontade era de terminar o que começamos no bar, mas, por enquanto, poderia esperar. Ela assentiu, entrando em um dos cômodos do apartamento. Analisei um pouco curiosa e notei algumas fotos. Reconhecendo Tais em algumas acompanhada de outra mulher e duas crianças. E tinha muitas fotos dessas crianças espalhadas pela casa dela. – Puta que pariu. – Sussurrei. Provavelmente ela era casada e a última coisa que eu iria fazer era me meter novamente em uma traição. Ainda mais envolvendo filhos.
– Ainda não consegui me desfazer de algumas fotos... – Olhei pro lado e ela estava me oferecendo um copo. Aceitei, tomando um longo gole. – Não era bem a conversa que gostaria de ter quando resolvemos vir para cá. – Ela deixou um suspiro escapar enquanto bebia um pouco da sua bebida. – Me separei recentemente, mas algumas coisas continuam iguais. – Notei uma certa tristeza em sua voz, apesar dela não transparecer.
– Olha, Tais, eu não quero me meter em um casamento. – Encarei ela, deixando o copo sob um móvel próximo. Era melhor ir embora.
– Fique tranquila, Vitória, você não está se metendo em nenhum casamento. – Ela sorriu, tocando minha mão. – Venha, vamos apenas conversar. – Assenti, sendo guiada por Tais até o sofá.
Realmente ter sorte não era para mim. A única coisa que eu queria era terminar a noite trans*ndo. Será que era pedir muito? Meu pequeno desespero era humilhante. Ao contrário disso, estava sentada com Tais conversando sobre seu término recente, que ela definitivamente não havia superado.
– Imaginei que nossa noite terminaria de outro jeito... – Ela soltou uma gargalhada. – Não estava nos meus piores sonhos terminar a noite falando sobre o meu término. – Acompanhei a risada dela. Óbvio que não era isso que eu queria também, porém a companhia dela era extremamente agradável.
– Preciso confessar que eu também não... – Toquei sua mão. – Mas foi muito agradável nossa noite. – Ela assentiu, mordendo o lábio.
– Acho que vou entrar pra sua lista de piores encontros. – Nós duas começamos a rir. Tais me contou o motivo do término recente. Basicamente as duas viraram amigas. Mas era nítido o quanto ela ainda a amava. Os relacionamentos são tão complicados... Acabei contando sobre o fim do meu casamento também. Sobre as traições e tudo mais.
– Claro que não. Até porque isso ainda não é um encontro. – Pisquei pra ela jogando um charminho.
– Ainda? – Estávamos sentadas, uma de frente para a outra.
– Ainda. – Me aproximei um pouco mais, sem tocá-la. – Ou você acha que não vamos terminar o que começamos no bar?
– Por mim, terminamos isso agora. – Nossas bocas se encontraram novamente. Foi um beijo calmo inicialmente, mas que aos poucos ficou frenético. Nossas mãos passeavam por nossos corpos, tirando as peças de roupas que estávamos. – Vamos tomar um banho. – Tais falou entre beijos.
Finalmente havia matado minha vontade. Tivemos alguns orgasmos naquela noite. Tais era extremamente safada e estava insaciável, o que adorei. Depois de um tempo, adormecemos cansadas.
***
– Bom dia. – Acordei um pouco mais de 8h. Tais estava de lingerie, acredito que havia acabado de sair do banho.
– Bom dia. – Ela veio até a cama, selando nossos lábios. – Fique à vontade. Se quiser tomar um banho, tem toalhas limpas no banheiro. – Assenti, tentando acordar. – Vou preparar um café.
Depois de alguns minutos tomei coragem para levantar, fiz uma higiene rápida, já que eu não estava nem com minha bolsa. E fui pegando minhas roupas espalhadas pelo chão. Cheguei na cozinha já vestida.
– Aceita um café? – Tais perguntou, me encarando. Assenti e ela encheu a xícara me oferecendo.
– Obrigada. Que horas vai para o trabalho? – Ela dava aulas em uma universidade.
– Hoje somente no turno da noite. E você? – Olhei para o relógio no meu pulso. Era exatamente 8h40.
– Vou em casa primeiro me arrumar. – Ela assentiu, tomando um gole do seu café.
Conversamos um pouco mais e por volta das 9h sai da casa dela. Com a promessa que sairíamos mais vezes.
***
O resto da semana foi sem grandes acontecimentos. Tais e eu conversávamos todos os dias, mas ainda não havíamos nos visto novamente. Lívia vi pouquíssimas vezes, com discretas trocas de olhares.
– Já temos a data para nossa confraternização. – Patrícia estava na minha sala, sexta feira à tarde. – Podemos fazer na sexta que vem. – Encarei ela sem muita animação. – Na verdade, se não estivesse tão perto, faríamos amanhã mesmo. Para aproveitar a folga que estamos essa semana. Mas acredito que sexta será um bom dia, o que você acha?
– Pode ser. – Meu celular começou a tocar e era Tais. Notei o olhar curioso da minha amiga, mas ela nada comentou.
– Bom, vou te deixar à vontade. – Disse se levantando. – Segunda começamos os preparativos. – Assenti enquanto atendia a ligação.
– Que surpresa boa... – Encostei a cabeça na cadeira e relaxei meu corpo. Enquanto ouvia sua risada do outro lado.
– Você vai ficar ainda mais surpresa... – Fiquei confusa por alguns segundos, até baterem na porta. Era minha secretária avisando sobre uma "cliente" que estava me esperando. Assenti e logo a porta foi fechada.
– Como? – Me limitei a perguntar entre uma risada.
– Logo vai descobrir...
– Gostaria muito de descobrir, mas agora preciso atender uma cliente.
Conversamos por mais alguns segundos e fui até a porta da minha sala para entender quem era a cliente, já que eu não havia marcado nenhum horário.
E para minha total surpresa a suposta cliente era Tais. Sorri ao vê-la, mas realmente era uma surpresa. Caminhei até ela calmamente, abraçando-a assim que nos aproximamos.
– Realmente é uma surpresa. – Disse ainda com nossos corpos colados. Sorrimos juntas.
– Estava por perto e achei uma boa ideia. – Nos afastamos o suficiente para que pudéssemos nos olhar. – Espero não ser uma péssima hora.
– Claro que não, venha. – Toquei de leve sua cintura, guiando-a até minha sala. Antes que entrássemos, Lívia passou por nós e pude notar o olhar dela para minha mão apoiada na cintura de Tais, que por sinal comentava alguma coisa e provavelmente não havia visto a Lívia. Meu estômago revirou um pouco enquanto nossos olhares se encararam por alguns segundos até que entrássemos em meu escritório.
– Ou não está afim hoje? – Voltei minha atenção para Tais após fechar a porta da minha sala. – Realmente deveria ter avisado antes, né?
– O que? – Tentei entender sobre o que ela falava. – Desculpa, eu só fiquei um pouco dispersa. – Tentei lançar um sorriso sincero. – Sente-se, por favor. – Fiz o mesmo, porém sentando do meu lado da mesa. – Me perdoe, o que você estava dizendo? – Tais soltou uma gargalhada divertida.
– Estava te chamando para sair. – Estávamos nos tornando grandes amigas. Com alguns benefícios, mas ambas sabíamos que não havia interesse além desse. O que era maravilhoso, diga-se de passagem.
– Claro, estava pensando nisso hoje mesmo.
– Preciso confessar uma coisa... – Ela disse séria. Me fazendo franzir o cenho. Apenas assenti para que ela continuasse. – Você consegue ser ainda mais sexy aqui. – Soltei uma gargalhada divertida. E relaxei o corpo na cadeira.
– Acho que está exagerando um pouco.
– Ficamos jogando conversa fora até quase 19h. Era agradável ficar conversando com Tais. Saímos da minha sala com o escritório praticamente todo fechado. Sem ninguém, além de nós, no andar.
Decidimos nos encontrar perto das 21h no mesmo bar que nos conhecemos. Naqueles momentos me arrependia de ter escolhido uma casa tão longe. Cheguei em casa faltando vinte minutos para às 20h.
***
A primeira coisa que fiz foi tomar um banho quente e um pouco demorado. E, depois de pegar minha taça de vinho, fui escolher o que vestir. Optei por um conjunto social, preto e salto. Cabelos soltos e um pouco de maquiagem. Me perfumei e sai de casa quase 21h.
Avisei Tais que me atrasaria alguns minutos. Somente naquele momento havia me dado conta de que não comi nada além do almoço. Como algo por lá... Pensei alto enquanto dava partida no carro.
– Há algum momento que você não é todo esse espetáculo? – Tais apareceu na minha frente. Tinha apenas alguns minutos que havia chegado e não tinha nem dado tempo de pedir algo. – Acho que vou me apaixonar desse jeito.
– Iara não permite isso. – Retruquei enquanto me levantava para abraçá-la. Iara era a ex-esposa de Tais. Podia se dizer atual, já que elas ainda eram casadas no papel. E sem dúvida ainda no sentimento de Tais por ela. – Você está maravilhosa! – Ela estava com um vestido folgado e longo, realçando seus seios e pescoço. Além de muito cheirosa.
– Você está certa... – Era gostoso estar criando essa amizade colorida com ela. Sem compromisso, sem cobrança. – Vou pedir um whisky, me acompanha? – Assenti, analisando-a. Sorrindo em seguida. – O que foi?
– Nada, só estou te olhando. – Ela balançou a cabeça, desconfiada, enquanto chamava o garçom. Nossas conversas sempre fluíam perfeitamente. Tínhamos alguns gostos e opiniões diferentes, o que tornava os assuntos ainda mais interessantes. Já era madrugada quando lembrei que não havia comido nada, o que me fez ficar um pouco bêbada, mais rápido do que o costume. – Não comi nada depois do almoço, acho melhor parar um pouco. – Disse levantando o copo.
– Vamos pedir algumas porções, Vitória. Tem um pastel de carne seca maravilhoso! Você come? – Assenti sentindo tudo ao meu redor girar um pouco.
Troquei o copo de whisky por água. Esperando ansiosamente a comida chegar. Minha alimentação estava cada dia pior e isso estava refletindo até em meu corpo. Notei que havia emagrecido bastante. Tais ficou um pouco preocupada quando percebeu que eu não estava muito bem e insistiu para irmos embora, mas depois de comer acabei melhorando.
– Se soubesse que não havia comido nada, teria te levado para jantar. – Sorri com o cuidado dela comigo. Realmente estava precisando disso.
– Então posso cobrar na próxima. – Mordi o lábio, vendo o sorriso de Tais se alargar.
– Não entendi essa sua lógica... – Ela se inclinou um pouco mais. – Mas faço questão que você cobre. – Ela sussurrou, como se fosse um segredo. Aproveitei a aproximação dela para me inclinar um pouco e ficar bem próxima a ela. Seus olhos percorreram minha boca, me fazendo sentir uma sensação muito gostosa. Também reparei em seus lábios cobertos por um batom vermelho deixando a boca dela ainda mais convidativa. Nossos olhares se encontraram e meu corpo inteiro acendeu. Não sei ao certo quem tomou a iniciativa do beijo e isso pouco importava de fato, só queria aproveitar aquela boca gostosa. Nosso beijo estava carregado de desejo e ainda sim calmo. – Estava doida para fazer isso desde a hora em que fui no seu escritório. – Tais sussurrou entre os beijos. Tomei seus lábios novamente, com ainda mais desejo.
– E porque não o fez? – Sussurrei, me afastando um pouco para olhar em seus olhos.
– Não sabia se queria... – Ela mordeu o lábio, olhando novamente para minha boca.
– E como eu poderia não querer? – Peguei em sua mão, puxando-a um pouco para mim. – Senta aqui do meu lado. – E assim ela o fez. A puxei novamente para um beijo, dessa vez com o caminho livre para passear por seu corpo. Nossas carícias estavam se intensificando, mas nada exagerado, afinal estávamos em um local público. – Eu tô com tanta vontade de você agora. – Sussurrei em seu ouvido.
– Mata sua vontade... – Ela se inclinou para depositar um beijo no meu pescoço, o que me fez arrepiar inteira. – Aproveita que eu tô sem calcinha. – Quase soltei um gemido quando ouvi aquilo. Que safada... Pensei. Acariciei sua coxa, enquanto tentava analisar como estava a nossa volta. – Não se preocupe. – Apertei sua coxa e ela soltou um gemido baixo. Arfei assim meus dedos encontraram sua intimidade encharcada. Acariciei devagar, tentando ser o mais discreta possível. Tarefa difícil, já que aquele momento estava me excitando absurdamente. Olhei para Tais que tentava disfarçar, mas estava completamente vermelha.
– Abre mais. – Sussurrei novamente. O sorriso sacana em seus lábios demonstrava o quanto ela estava adorando aquela situação, além do líquido escorrendo em meus dedos. Assim que ela se abriu um pouco mais, a penetrei com dois dedos. Eles deslizaram facilmente em seu sex*, me ajudando bastante já que a posição era desconfortável. Por sorte nossa mesa era afastada e possuíam uma espécie de divisórias entre todas elas. Tentei intensificar ainda mais os movimentos. Olhei em seus olhos novamente, enquanto meus dedos entravam e saíam dela em um frenesi delicioso. – Posso goz*r só te olhando assim. – Ela encostou no banco, fazendo com que a posição melhorasse um pouco. Aquilo estava tirando o resto de juízo que tinha.
– Mas quem vai goz*r agora sou eu. – Seu pescoço estava todo vermelho. Os movimentos que fazia com meus dedos estavam mais altos. Ela estava próxima de goz*r e eu decidi brincar um pouco mais com ela. Fui parando meus movimentos devagar, até que parasse totalmente. Ela me olhou sem entender e confesso que até parecia brava. Antes que ela pudesse dizer algo, retirei meus dedos da sua intimidade, levando-os até meus lábios. Ch*pei o mais sensual e rápido que a situação me permitia. Tais soltou um suspiro pesado. Apenas sorri para ela, me levantando. – Vou lavar minhas mãos. – E pisquei, saindo em seguida.
Acreditei que ela viria atrás de mim, mas isso não aconteceu. Lavei minhas mãos, levantando a mão gelada até a nuca. Estava muito excitada. Quando voltei para a mesa os garçons estavam retirando as coisas, Tais mexia no celular e quando cheguei mais perto ela me lançou um olhar penetrante.
– Vamos? – Ela levantou, pegando nossas coisas e me puxando pela mão. Por um momento achei que ela teria ficado realmente brava.
Fim do capítulo
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