capitulo onze: o lugar mais seguro
CAPÍTULO 11. O LUGAR MAIS SEGURO.
O sol naquela manhã ainda era tímido. Era cedo quando estacionei o carro na porta da escola de Cecília, chamando a atenção de várias pessoas por ter uma BMW laranja. Peguei a mão da minha filha com cuidado, ela ainda estava sonolenta, antes de dizer:
— Boa aula, meu amor. Mamãe te ama muito. Obedece a professora, ouviu? — relembrei
— Tá, mamãe. Eu vou obedecer.
Ela revira os olhos levemente, já que nos últimos tempos, temos recebido recadinhos na agenda sobre as respostas atravessadas de Cecília e seu constante mau humor matinal.
— A Dira está dodói? — perguntou sobre a babá com preocupação
— Não, hoje demos folga pra ela. Quero aproveitar mais vocês duas, por isso te trouxe na escola — digo sorrindo pra minha filha e ela sorri também — você gostou?
— Amo minhas mães! — diz abraçando nós duas
— A gente também te ama, filha. — diz Fernanda, fazendo um afago no rostinho de Ceci — Não esqueça que seus avós virão te buscar.
— Obaaaa!!! Meu brinquedo!
— Se não se comportar, não tem hoverboard. — Fernanda se abaixou, ficando da altura dela. — Vai lá, o sinal já tocou. Mainha te ama.
Ela se despediu de nós duas e entrou na escola com alguma outra amiguinha, enquanto eu abria a porta do carro para minha esposa entrar. Dou a volta no carro e já entro colocando o cinto de segurança, enquanto a vejo de relance me observar. Apoiada com o cotovelo no descanso de braço da porta e a mão no queixo, ela suspira enquanto continua me olhando
— Como vou ser triste se a mulher que antes eu era toda bobinha, abre a porta do carro pra mim, é mãe da minha filha e ainda me chama de amor?
Dou uma risada nasal, ruborizada.
— Te deixei vermelhinha, amor? — ela sorri, passando a mão nos meus cabelos e eu balanço a cabeça negativamente, mas nós duas sabemos que deixou sim.
Depois de deixar minha ruiva no trabalho, segui para o meu. Eu estava pronta para trabalhar o Direito hoje, queria me afundar em apelações e ações penais privadas, não em trabalho chato de administrar escritório. Eu, sinceramente, estava cansada daquilo. Cumprimentei brevemente os funcionários, quando cheguei à copa para pegar um café, vi que já tinha acabado.
Nossa, eu precisava urgentemente de uma secretária.
Se Adriana estivesse aqui, ela faria. Ou iria no Starbucks comprar um mocha. Eu amava esse café quando precisava melhorar o humor.
Decido fazer o café e me distraio com a tarefa, coloquei meu fone sem fio em apenas um lado do ouvido e o volume da música baixo, para escutar ao redor. Embora a música “Tempo Ruim”, do Matanza, estivesse bem mais interessante que os insistentes telefones tocando e gente correndo de um lado para o outro.
— “Quero que a estrada venha sempre até você e que o vento esteja sempre a seu favor...” — começo a cantarolar baixo, enquanto encaixava o filtro na cafeteira.
Foi quando senti uma presença. Olhei para trás a fim de descobrir quem era e, ainda com a embalagem do pó de café na mão, dei de cara com Roberta Baldez.
Ela estava parada na porta, ereta, com seu blazer bege claro que com certeza deveria custar um salário de um estagiário pendurado na dobradura de seu braço. Um olhar sereno demais.
— Oi. — disse ela, com um meio sorriso.
Arqueei a sobrancelha, sem me mover muito.
— Oi.
Voltei a me virar para a cafeteira, como se nada estivesse acontecendo, mas eu sabia que quando Roberta vinha assim... era porque tinha algo acontecendo.
Ela deu alguns passos lentos, na minha direção.
— Qual é a banda de hoje?
— Matanza.
— E você costuma cantar Matanza de manhã?
— Só quando o humor combina. — respondi, pegando a caneca e me abaixando para abrir a gaveta dos talheres.
— Tem evitado os corredores. Ou sou eu quem você tem evitado? — perguntou, direto, enquanto fechava suavemente a porta da copa atrás de si.
Ah, não.
“DR” com sócia de manhã, não.
Fechei o armário devagar, ficando em silêncio por dois segundos a mais do que gostaria. Depois me endireitei, respirando fundo antes de responder:
— Só estou tentando manter o foco. As coisas estão agitadas. Só isso.
Ela se aproximou mais um pouco, me olhando com firmeza, mas com um leve toque de afeto.
— Te conheço há tempo demais pra engolir esse “só isso”. — disse, de forma tranquila. — A gente colocou esse lugar pra funcionar juntas, dividiu viradas de madrugada, choros, alegrias, tristeza. Derrubamos o sócio nominal juntas. Você é madrinha do meu filho, Anna. E não é só minha sócia. É minha amiga. Minha família.
Desviei o olhar, sentindo o aperto familiar no peito. Ela continuou:
— Sei que você não é de falar muito. E que quando fala, suas palavras pesam. Mas você tá diferente. Distante. E eu sei que essa história da Fernanda, do Conselho, do caso Zhang... tá mexendo com você.
— Roberta... — a olho diretamente dessa vez, com os braços ainda cruzados — está preocupada mesmo? Porque lá na reunião, eu senti falta de apoio da sua parte.
Ela piscou devagar, como quem absorve o que eu acabei de dizer, mas não devolve de imediato.
— É sério, Anna? Intervi duas vezes. Você sabe disso.
— Sei. — respondi, seca. — E também sei que podia ter feito mais.
— Somos uma sociedade de advogados, Anna — ela rebateu, mantendo o tom baixo, mas firme. — Não depende só de mim. Nem só de você. Depende de um Conselho. E você sabe melhor do que ninguém como ele funciona.
— Justamente por saber... — murmurei, virando o rosto — é que eu esperava mais de quem sempre disse que estaria ao meu lado.
Ela respirou fundo. O barulho da cafeteira borbulhando foi o único som entre nós por alguns segundos.
— Eu nunca deixei de estar do seu lado, criatura — disse, enfim, com calma — mas estar do seu lado não significa sempre concordar com você. E você também não me deu abertura pra conversar depois. Se trancou no próprio orgulho.
Suspirei. E ela continuou:
— Eu não sou cega, Anna. Nem ingênua. Eu vi o quanto aquela reunião te feriu. Eu vi o quanto está se partindo por dentro entre sua carreira e seu casamento. E, mesmo assim, você continua agindo como se carregar tudo sozinha fosse prova de força. Como sempre, né?
Revirei os olhos.
— Divide o peso, Anna. Eu não quero brigar com você. E eu ainda tô aqui. Mesmo quando você não consegue dizer que está chateada comigo por algo. Mesmo que o seu gelo acabe construindo uma ponte invisível entre a gente – coisa que eu não quero de forma alguma.
Ela veio na minha direção, colocando a mão em meu ombro.
— Você é meu braço direito. Eu não faria nada que te prejudicasse.
Fiquei ali, parada. A água do café terminando de cair. O cheiro forte preenchendo o ambiente, em contraste com a conversa difícil que estávamos tendo. Eram 08h17 e meu dia já começou com conversas difíceis.
Suspiro.
— Eu... — minha voz saiu falha — tô tentando não me perder nisso tudo, Roberta.
— Então me deixa ajudar... confia em mim — pediu, com os olhos fixos nos meus
Assenti.
— Quero você e Fernanda lá em casa hoje, vamos pedir pizza e vinho. Renata está morrendo de saudade de Fernanda. E seu afilhado de você.
Sorri. Eu estava mesmo com saudade daquele moleque. Talvez, no meio desse caos todo, eu estivesse precisando de uma noite comum, com quem me ama – e que eu não precisava enfrentar.
💻📋
Depois de um dia afundada em petições, graças a Deus, tudo o que eu queria e precisava era um momento de respiro. Havia mandado mensagem para Fê sobre a noite na casa de Roberta, mas ela ainda não havia me respondido. Saí do Centro da Cidade para Irajá, pegando um pouco de trânsito, pois sim, a Av. Brasil era terrível depois das 17h.
Estacionei na frente do trabalho dela e pude observar o quanto o jardim da frente do seu escritório era bonito e bem cuidado. Fernanda vivia dizendo que as vizinhas, moradoras dos prédios da frente, viviam roubando mudinhas de planta. Ela se divertia horrores olhando as câmeras.
Puxei a porta de correr de vidro, sentindo o ar gelado do ar-condicionado me envolver de imediato, Andressa parou de fazer a tarefa que estava concentrada e olhou-me surpresa.
— Não a-cre-di-to! – diz pausadamente – olha quem tá aqui!
Ela vem em minha direção me abraçar e eu retribuo seu abraço, apertando-a.
— Veio ver sua amiga ou só veio buscar sua esposa?
— As duas coisas.
— Mentira, Anna! Você veio só ver Fernanda. — ela faz uma careta e eu acabo rindo
— Como você está, Dessa?
— Bem, né? Depois de tudo, eu tive que ficar.
Ela olha para os lados, tentando observar se Fernanda não estava por ali, antes de me confidenciar baixinho:
— Amanda veio falar comigo. Precisamos conversar.
Assenti, demonstrando que entendi o recado.
— E minha esposa? Não parou de trabalhar ainda? — olhei, demonstrando preocupação ao olhar o relógio — Será que ela esqueceu que eu vinha lhe buscar?
— Ela está na sala dela conversando com o Galã do INSS — ela ri, debochada — Acredita que eu tenho que expulsar as velhinhas desde quando ele veio trabalhar conosco? Velhas assanhadas!
— Galã do INSS? — Arqueio a sobrancelha
— Ah, olha ele aí!
Alto, com cerca de 1,85m, uma postura confiante, mas gentil. Seus cabelos loiros, cuidadosamente penteados para trás, que dava a ele uma aparência de intelectual à moda antiga. E seus olhos eram verdes. Brilhantes e expressivos. A barba rala, bem aparada, dava-lhe um ar maduro, mas ainda assim era jovem. Ao seu lado, dando inúmeras gargalhadas, Fernanda.
Os dois saíram rindo, com a mão dele no ombro da minha mulher e quando ela me viu, sua atenção se voltou para mim. Ela veio na minha direção, segurou meu rosto entre as mãos e me deu um beijo rápido.
— Meu amor! Me perdoa, perdi a noção da hora. Está aí faz tempo? — Preocupou-se
— Não, cheguei agorinha. — faço um afago em seu rosto e olho para o homem ao seu lado — não vai me apresentar? — ela percebe a gafe e o olha desconcertada
— Henrique, essa é Anna. Minha esposa. Ou Dra. Florence, como você preferir chamá-la. Anna, esse é o Henrique, nosso advogado previdenciário.
— Prazer, Anna. Como vai?
Ele oferece sua mão para que eu a aperte, aquelas mãos que estavam perigosamente no ombro da minha esposa e um estalo vem na minha mente: ele era o cliente que Fernanda foi jantar tempos atrás que agora era advogado e decidiu se juntar ao escritório dela. Então decido apertar sua mão com firmeza e olhando fixo em seus olhos verdes.
Henrique me olhou como quem soubesse exatamente onde estava se metendo. Mas, ainda assim, manteve o sorriso simpático nos lábios. Seguro de si. Quase insolente na calma. Argh. Soltei sua mão lentamente, sem tirar os olhos dos dele. Fernanda pigarreou, como se quisesse dissipar a tensão que pairou no ar.
— A gente se fala depois, Henrique. Obrigada pela ajuda com o caso da Dona Iolanda.
— Sempre à disposição, Dra. — respondeu, voltando a sorrir, agora para ela.
Minha esposa me segurou pela mão e puxou gentilmente.
— Vamos, meu amor? — disse, tentando soar leve, mas eu conhecia cada nuance daquela voz.
Assenti em silêncio.
No caminho de volta para casa, depois de 20 minutos de silêncio e a vontade de quebrar o nariz alheio, resolvo perguntar:
— Quer passar em casa primeiro ou quer ir direto para Roberta?
— Uau, então o gato não comeu sua língua, Dra Florence? — ela implica, se divertindo
— Sem essa, Maria Fernanda. — reviro os olhos
— Ah, Anna Florence! Não acredito que você está com ciúmes.
— Não tô com ciúmes. — retruco, seca. — Só achei... curioso. O ombro, as risadas, o toque.
— Meu Deus… — Fernanda ri, incrédula. — Você tá mesmo incomodada com isso?
— Você preferia que eu batesse palmas? Quer que eu agradeça ao “Galã do INSS” por te fazer rir tanto assim? — digo, cruzando os braços, o olhar cravado no para-brisa, enquanto aguardo o sinal ficar verde.
Ela suspira, ajeitando o corpo no banco, visivelmente impaciente.
— Ele é meu colega de trabalho, Anna. Nada mais. E você sabe disso.
— Colega de trabalho que já foi cliente. Que te levou pra jantar. Que agora trabalha com você e já tem intimidade o suficiente pra colocar a mão em você como se fossem velhos amigos.
— Velhos amigos? — Ela dá uma risada sem humor. — Você tá mesmo indo por esse caminho?
— Tô indo pelo caminho que os seus risinhos me mostraram, Maria Fernanda.
Assim que o carro adentrou nossa garagem, ela pareceu respirar fundo e suspirar.
— Engraçado. Eu tenho que aguentar você trabalhando com seus casos antigos, gente que você comia, fazia suas putarias... e eu não posso trabalhar com um cara bacana que nunca me desrespeitou? Que surto! Você comeu metade da empresa antes de me conhecer, deixa de hipocrisia.
— Não coloca isso como se fosse a mesma coisa. — retruco, irritada. — Eu não saio por aí de mão no ombro dos outros. Muito menos rindo feito adolescente.
— E você também não costuma aparecer de surpresa no meu trabalho pra marcar território.
— Ah, então é isso que você acha que eu tô fazendo? — dou uma risada, incrédula — nós havíamos combinado, você nem me falou que o cara foi trabalhar com vocês.
— Não tô achando, Anna. Eu tô vendo. — retrucou — E não tive tempo de lhe falar, só isso.
Ficamos em silêncio por alguns segundos. O clima dentro do carro estava tenso. E por mais que tivéssemos chegado em casa, ainda não tivemos coragem de sair de dentro do carro.
Ela dá um suspiro triste.
— Você tá sendo injusta comigo.
Viro o rosto em direção à janela, engolindo em seco.
— Talvez. Mas você podia, sei lá... ter lembrado que eu ia te buscar. Evitava esse estresse todo.
Ela fecha os olhos por um instante, como se estivesse contando até dez.
— Eu me distraí. Estava resolvendo o caso da Dona Iolanda.
— Ou de risinho com ele? — devolvo
— Amor, para com isso... — ela tira o cinto de segurança e aproxima o rosto do meu. — Não tem possibilidade nenhuma de acontecer alguma coisa, ainda mais com homem. Que ciúme irracional é esse?
Abaixo a cabeça, colando a testa no volante. Fecho os olhos e me permito sentir o carinho que ela faz na minha nuca.
— Só... me incomodou, tá? Não gosto que fiquem tocando em você. Não gostei da maneira como ele estava com a mão no seu ombro, como se você fosse dele.
Ela suaviza um pouco o tom.
— Sei. Mas quem dorme comigo é você. Quem eu amo é você.
— Difícil ser casada com uma tentação. — dou um sorriso e, enfim, consigo olhar em seus olhos.
— Também não é fácil pra mim ser casada com você, Doutora. Não sabe o quanto me incomoda quando saímos e eu vejo gente lhe secando ou então quando vou no seu trabalho e sou odiada por muita gente sem motivo, só por ser casada com você. — revira os olhos. — Não sabe o quanto foi difícil não matar a Amanda quando eu comecei a notar que ela estava apaixonada por você... quando ficava sozinha com você, quando te fazia rir, quando sentava no seu colo... — ela bufa. — Que ódio!
Afasto uma mecha do seu cabelo que insiste em cobrir seus olhos.
— Me desculpa por não ter percebido sobre a Amanda. Eu não tive a intenção de...
Ela pousa o dedo indicador nos meus lábios.
— Eu sei... Já passou. E espero que o seu ciúme bobo tenha passado também.
Ela ainda está com o dedo nos meus lábios, e eu o sugo devagar, olhando nos olhos dela. Fernanda morde o lábio inferior. Sei o que isso significa.
— Me beija, Anna. Por favor. — ela sussurra, a voz baixa, embargada de vontade.
Eu ia falar que não?
Nem morta.
Quando nossas bocas se encontram, nosso beijo é bruto, urgente. Seguro sua nuca e invado sua boca com a minha língua, como se aqueles lábios fossem a única coisa capaz de me manter viva naquele momento. Ela gem* e isso aumenta a minha libido.
— Senta aqui — ordeno, batendo na minha coxa.
Fernanda sobe no meu colo sem hesitar, montando com as pernas abertas, pressionando o quadril contra mim. Eu puxo a blusa dela, sem muita delicadeza, e tiro junto com o sutiã. Seus seios saltam à minha frente, e eu não perco tempo. Ch*po um deles com fome, enquanto belisco o outro com força suficiente pra arrancar um gemido rouco.
Levo a mão entre suas pernas, subo por dentro da saia até encontrar a calcinha molhada. Sorrio contra sua pele.
— Já assim? — provoco. — Por causa de mim ou do Henrique?
Ela me encara, arfando, olhos semicerrados.
— Cala a boca, Anna. Me fode inteira.
É tudo o que eu preciso.
Afasto a calcinha pro lado e deslizo dois dedos dentro dela de uma vez, sentindo o calor, a umidade, o aperto delicioso. Incrível como ela era toda apertadinha e isso só deixava tudo mais gostoso. Ela grita baixo, apertando meu ombro, rebol*ndo no meu colo com força, buscando mais.
— Isso... mais, Anna… — ela implora, a testa colada na minha.
Meus dedos se movem com firmeza, rápidos, e com a outra mão, massageio o clit*ris dela com o polegar. Fernanda gem* alto, descontrolada, cavalgando meus dedos como se estivesse em transe.
— Isso, meu amor… — sussurro no ouvido dela. — Goz* pra mim. Agora.
— Anna… tô... — ela não termina a frase. Só explode.
Seu corpo estremece, as pernas tremem ao meu redor, e ela agarra meu rosto num beijo selvagem, como se quisesse me devorar inteira.
Mas eu não terminei.
Enquanto ela ainda está ofegante, tiro os dedos de dentro dela e levo até minha boca, ch*pando devagar, deixando claro que não tenho pressa.
Embora estivéssemos atrasadas para sair.
— Coloca o banco pra trás — ela pede
— O quê?
— É a minha vez...
Dou um sorriso, afastando o banco do motorista e deitando ele, enquanto ela se ajeita embaixo, entre minhas pernas.
Amém, carro espaçoso.
Fernanda sorri, ainda sem fôlego, com os cabelos bagunçados e os olhos brilhando.
— Se demorar, eu mesma… — começo a dizer, mas ela me interrompe com um beijo molhado.
Ela abre minha calça com agilidade, como se já estivesse esperando por isso o dia todo. Seus dedos são firmes, habilidosos, e quando deslizam por dentro da minha calcinha, sinto o arrepio subir inteiro pela minha espinha.
— Isso tudo aqui… — ela sorri, me olhando de baixo. — Fui eu quem causei?
— Você sabe muito bem que foi você. — respondo entre dentes.
— Eu sei. Mas adoro ouvir você admitir.
Ela mergulha. A língua dela desliza lenta, provocadora, explorando cada parte de mim como se tivesse todo o tempo do mundo. Meu quadril se ergue, involuntário, pedindo mais. Fernanda me segura com força, como se quisesse me torturar.
— Tá com tanto ciúme assim, meu amor? — ela diz, entre uma lambida e outra. — Ficou mesmo incomodada com a mão dele no meu ombro?
— Fernanda…
— Acho que ele me olha como a Amanda olhava pra você, hein?
Meu corpo responde antes da minha boca. Eu gemo alto, sentindo a onda de prazer se aproximando perigosamente.
— Ah, então é isso que te deixa assim? — ela continua, agora deslizando dois dedos dentro de mim enquanto ch*pa meu clit*ris com mais pressão. — Ficar lembrando da Amanda te querendo… da Amanda sentando no seu colo… fazendo você rir… ou você fica enlouquecida quando pensa nele tocando no que é seu?
— Para com isso… — suplico, arqueando o corpo.
— Vai goz*r pensando nela? — Ela provoca. — Ou pensando em mim tirando ela de cima de você?
— Em você. Sempre você. — gemo.
Ela acelera o ritmo, e eu não consigo mais me segurar. Meu corpo inteiro estremece, minhas mãos agarram os cabelos dela, meu gemido ecoa abafado pelo interior do carro. Eu gozo forte, intenso, como se aquele orgasmo levasse embora todo o resto: o ciúme, a raiva, a tensão.
Fico ali, ofegante, enquanto ela sobe de volta, me beijando devagar, com um gosto salgado e doce nos lábios.
— Amanda que lute. — ela sussurra, orgulhosa.
Solto uma risada, ainda sem ar, e puxo ela pra um abraço.
— Você é insuportável.
— Mas você é completamente apaixonada por mim.
— Infelizmente.
Ela sorri, vitoriosa, e se ajeita no meu colo, aconchegada.
— A gente devia brigar mais vezes no carro.
— Se for sempre assim depois... — acaricio sua cintura. — Tô topando.
O carro ainda cheira a nós. O banco está um caos, meu cabelo, mais ainda. Fernanda está deitada no meu colo, com aquele sorriso satisfeito de quem sabe exatamente o que fez. Passo os dedos pelos fios dela, desatando um ou outro nó preguiçoso.
— Vamos? Daqui a pouco Roberta coloca a polícia atrás de nós e hoje ela realmente quer conversar comigo.
— Brigaram no trabalho? — ela pergunta em tom de preocupação
— Não, é só... — suspiro vencida, demonstrando pra ela em silêncio qual é o assunto.
— Entendi.
Ela termina de vestir a blusa e saímos do carro, tomamos um banho rápido juntas e seguimos para casa de Roberta.
🚗💨
Roberta abre a porta de taça em punho e expressão impaciente. Usa um vestido vinho decotado e chinelo de dedo — o típico look de quem não esperava visita formal, mas adora causar.
— Até que enfim. — ela cruza os braços. — Chegaram cedo para o jantar de amanhã.
— Sem ironias. — reviro os olhos — a gente vai sair?
— Não, por quê?
— Tá vestida de gala...
Ela ia abrir a boca para falar alguma coisa, até que Fernanda nos interrompeu.
— Ai, vamos entrar! Vocês quando começam... — diz, já abrindo espaço
Adentramos a sala e fomos guiadas por ela até a área gourmet, onde um chef nos aguardava. Ela contratou um chef para fazer pizza na lenha? Sério?
— Achei que você ia pedir pizza. — balanço a cabeça negativamente
— Renata que inventou, reclame com ela — apontou para trás, onde a esposa estava
— Fernanda, querida!
Renata veio até a minha esposa e a abraçou forte, as duas eram muito cúmplices, tinham uma amizade real.
— Isso aqui tá chique demais pra uma quarta-feira. — Fê comentou, olhando em volta.
— A gente merece. — Renata responde com naturalidade. — Depois da semana que eu tive no consultório, ou era pizza gourmet ou internação voluntária.
Renata me cumprimentou com um sorriso caloroso e um beijo no rosto.
— Você também, Anna. Tá linda. Só um pouco descabelada, o que aconteceu?
Ruborizo, ajeitando o cabelo com uma mão enquanto a outra segura o vinho que Roberta já me entregava sem perguntar.
— Descabelada com propósito, né? — Roberta me observa
Dou uma cotovelada leve nela e disfarço o riso, mas Fernanda não consegue se conter.
— Safadas! Se atrasaram porque estavam tesourando! — Roberta constata
— Sim, culpada da acusação — levanto as mãos pra cima em rendição — tem uns urubus rondando a minha esposa e eu tenho que mostrar serviço.
— Anna! — Fernanda me repreende e se explica em seguida — não é nada disso.
As duas olham para nós se divertindo.
— Pelo menos não veio marcada dessa vez, confesso que estava curiosa para perguntar se Fernanda curte canibalismo, pois Anna chega marcada como se fosse gado no trabalho às vezes.
— Roberta! — exclamo, mas ela só ri, satisfeita consigo mesma.
— Rô, você jura que precisa expor? — Fernanda pergunta, rindo e vermelha, mas já meio rendida.
— Amores, se não for pra constranger as amigas com classe e detalhes, nem me chamem. — ela pisca e vira o resto do vinho de uma vez.
O chef nos chama para comermos a primeira pizza e a noite segue leve, divertida, com conversas entre nós.
— Sabia que sua esposa andou me ignorando, Fernanda?
Roberta começou e eu sabia que em algum momento da noite, ela ia chegar naquele assunto, então só reviro os olhos e aponto o dedo médio pra ela disfarçadamente
— Qual motivo? — Fê pergunta
— Acontece que a esposa dela pegou um caso contra nossa firma, e desde então, ela está insuportável. — diz olhando para mim, em tom de implicância — ela me acusou de não a defender para o conselho, acredita?
— Eu não te acusei. — rebato, cruzando os braços — Eu disse que esperava mais de você.
— Aham. Com aquele olhar que congela até o vinho. — Roberta rebate, teatral. — Eu tremi, juro.
— Roberta… — Fernanda tenta entrar no meio.
— Tô falando sério, Fê. Ela me tratou friamente. Com aquele tom de "não estou decepcionada, só devastada".
Renata ri alto.
— Isso é tão Anna.
— Não ajude, Renata. — murmuro, sem conseguir conter o sorriso de canto.
Roberta balança a cabeça, mais divertida do que ofendida.
— Só queria te lembrar que, mesmo sendo sua amiga e comadre, eu não mando no conselho. E que o mundo não gira ao redor do seu conflito ético conjugal com a Fê. — ela me lança um olhar afiado, mas afetuoso. — E outra: se você não quisesse sofrer, era só pedir transferência pro contencioso de família. Lá todo mundo chora junto e se abraça.
— Já acabou? — ironizo — se põe no meu lugar, quando atacaram sua sexualidade e seu relacionamento com Renata quando você ainda estava no armário, não soou tão simples.
Ergo a taça de vinho pra ela, que me fuzila com o olhar.
Fernanda e Renata tentam intervir.
— Vamos parar vocês duas? Discutir trabalho só na empresa. — Renata repreendeu Roberta
— Ok, tá bom. — digo, erguendo as mãos — Desculpa, Roberta. Eu estava com os nervos à flor da pele naquele dia. Achei que você tinha escolhido um lado. E o lado não era o meu.
Ela me encara por um segundo, mais séria agora.
— Eu escolhi o meu, Anna. O da minha integridade. Você sabe disso. Mas também sei reconhecer que você tem um coração justo, mesmo quando tá escondido atrás de um blazer de mil botões e argumentos de cinquenta laudas.
Fernanda suspira, emocionada com a trégua silenciosa que se estabelece.
— Eu amo tanto vocês, sabia? — ela diz, levantando a taça. — Mesmo quando estão se matando com classe.
— Ruiva, como é trabalhar com a Camila Zhang? — perguntou Roberta
— Ela é maravilhosa! Simpática, tranquila, inteligente, rápida com números.
— Você roubou nossa cliente — diz, ressentida
— Eu não roubei, juro. — sorri — Ela estava procurando outra firma de advocacia, eu só aproveitei a oportunidade. Ela não quer de maneira nenhuma a irmã nos negócios e consequentemente na sua vida.
— Áurea é bem difícil de trabalhar, me deu dor de cabeça diversas vezes, o Roberto dizia que amava clientes desafiadores, mas quando ela precisava de alguma coisa, fugia dela igual o Diabo foge da cruz.
— Roberto poderia fazer par com ela, são dois insuportáveis — Fê revira os olhos
— Fernanda, eu nunca engoli você ter saído. Se tivesse continuado, seria uma das nossas melhores advogadas cíveis. Quem sabe já não estaria em um cargo sênior?
— Queria trilhar meu próprio caminho. Você sabe como é — pisca
— E olha pra você: advogando pra Camila Zhang, estou muito orgulhosa do seu crescimento.
— Você nunca me disse como se conheceram — pontuo para Fernanda, com curiosidade.
Ela hesita por um segundo. Pequeno, quase imperceptível. Mas eu conheço minha esposa. E aquele segundo foi suficiente para acionar meu radar.
— Ah… foi por meio de contatos. Indicações. Ela já estava procurando outra firma, lembra? A gente se cruzou num evento do setor e acabou conversando.
O tom dela é ensaiado. Medido. Certinho demais.
— Hum. — murmuro, como quem aceita, mas só por fora.
Roberta nem percebe a tensão sutil, já em outra taça de vinho e mergulhada na escolha entre burrata ou gorgonzola. Renata também está entretida, perguntando ao chef se pode usar pimenta biquinho caramelizada.
Mas eu faço uma nota mental silenciosa, do tipo que se escreve com marcador vermelho fluorescente na mente: Descobrir como, de fato, Fernanda conheceu Camila Zhang.
Não é ciúmes. É intuição. E minha intuição raramente falha.
— Ela confiou em mim desde o início. — Fernanda segue, agora parecendo mais confortável — Foi a primeira vez que senti, de verdade, que eu tinha autonomia total num caso grande.
Sorrio, dando um gole no vinho que Roberta generosamente já reabasteceu. Não digo nada. Apenas observo.
A noite continua leve, entre queijos derretidos, gargalhadas sobre as formas bizarras do jeito de comer do Lucca. Meu afilhado estava tão grande... mas ficou o tempo todo no celular jogando Free Fire e eu me preocupei com aquilo.
Estávamos distantes.
Eu era mais próxima de Amanda e ela nem era minha afilhada legítima. Preciso passar mais tempo com ele.
Fê e Renata foram guardar algumas coisas na cozinha, o chef já tinha ido embora e eu estava com os pés descalços na mesa de centro de Roberta, quando ela me advertiu.
— Tira os pés da minha mesa, loira.
— Vai fazer o quê? Contratar Fernanda se eu não fizer? — provoco
— Não, sua cabeça-dura...
Ela pede espaço no sofá e ela deita com a cabeça na minha perna, abusadamente.
— Não faz mais isso.
— O quê? — estranho seu tom de voz
— Me ignorar... me dar um gelo, sei lá como você pensa com essa sua cabeça, mas não posso perder você — ela diz com os olhos marejados — você é meu braço direito, a pessoa quem eu mais confio ali dentro. Não me deixa no escuro.
Eu sabia que ela estava sentimental por conta do vinho e sabia que aquela noite não era por acaso. Ela queria quebrar o gelo entre nós.
— Pode deixar.
— Se algo acontecer comigo, ou então se eu decidir me aposentar, é você quem vai continuar meu legado.
Oi? Por que ela está falando disso agora?
— Não fala isso. Não pensa nisso agora, não tenho condições de tocar o escritório sozinha. Nem sanidade mental. — digo, já nervosa
— Eu tô cansada, Anna. De verdade. — a voz saiu baixa, quase um sussurro.
Ela continuou.
— Às vezes esqueço que não tenho mais trinta e poucos. Sou quase uma quinquagenária. — ela riu com um humor agridoce, mas sem esconder a exaustão nos olhos. — E o Lucca… ele tá crescendo. E eu tô perdendo isso. Me dei conta esses dias que não sei mais em que ano ele está na escola. Você tem ideia de como isso me destruiu?
Toquei de leve o cabelo dela, num gesto automático de carinho.
— Roberta…
— Renata veio conversar comigo. — ela me interrompeu. — Falou em separação. Disse que não dava mais pra viver comigo só pelos intervalos entre uma reunião e outra. Que a gente tava virando colega de condomínio.
O quê?
Eu olhei pra baixo, tentando encontrar os olhos da minha amiga, mas ela desviou o olhar.
— Eu consegui reverter. — continuou, com um fio de orgulho triste. — Disse que a gente ainda se ama. E ela também acha isso. Então fiz uma promessa. Prometi diminuir o ritmo, cumprir horários. Prometi que nas próximas férias, a gente vai viajar. Só nós três. Como uma família de verdade. E eu vou cumprir. Nem que precise amarrar meu próprio pé no sofá.
— Isso é sério? — perguntei, com um nó se formando na garganta.
Ela assentiu.
— Preciso desse tempo. Preciso descansar. Preciso reencontrar minha mulher e meu filho antes que a vida passe por cima de mim. E por isso, Anna... — ela ergueu os olhos até os meus, firmes agora — eu preciso que você tenha maturidade profissional pra segurar a barra por um mês. Um mês só. Sem mim.
Eu segurei o ar por um segundo.
— Você confia em mim pra isso?
— Mais do que confio em mim mesma, às vezes. — ela sorriu, agora com o olhar úmido. — Mas você precisa parar de brigar com fantasmas, Anna. Com as coisas que não pode controlar. Precisa aprender a tomar decisões com calma, confiar nos outros, delegar, acolher os seus. Porque senão... vai acabar como eu. Com mil vitórias e nenhum tempo pra comemorar.
Engoli seco.
— Eu não quero ser você nesse sentido, mas... eu também não quero te perder.
— Então aprende com meu erro. É a única coisa que vale a pena deixar como legado.
Abracei-a por reflexo, com um carinho calado, sentido. Ela estava cansada — e só agora eu conseguia enxergar isso com clareza. Por baixo da armadura, dos vestidos caros, da cara séria e das frases cortantes, tinha uma mulher exausta tentando resgatar a própria vida.
Eu respirei fundo.
— Um mês é seu. Mas eu não vou mentir: vou sentir sua falta.
— Ah, loira... — ela sorriu contra meu colo — quem mais vai reclamar que eu sou pão dura?
— Ninguém. Ninguém tem coragem.
Rimos juntas. Mas eu sabia: muita coisa iria mudar nessa ausência.
Ainda estávamos abraçadas quando ouvimos o barulho de passos vindos da cozinha. Pouco depois, Renata e Fernanda entraram na sala, cada uma com uma taça de vinho na mão e um ar mais leve no rosto. As duas pararam ao nos verem no sofá, e Renata franziu os olhos, desconfiada.
— Vocês choraram? — ela perguntou, olhando entre mim e Roberta.
Fernanda, mais prática, apenas se aproximou e sentou ao meu lado, cruzando as pernas e me estendendo a taça.
— Toma. Você parece precisar.
— Ela sempre precisa. — Roberta resmungou, limpando discretamente os olhos antes de se ajeitar no sofá. — Drama é o tempero da alma da Anna.
— Vai dormir, Roberta. — Renata disse, sentando-se ao lado da esposa e apoiando a cabeça no ombro dela. — Você já filosofou demais por hoje.
Elas deram um beijo calmo e eu suspirei. Era bonito ver aquele encaixe de corpos e de silêncios. Havia amor ali, um amor vivido, sobrevivente, que resistia a rachaduras.
— Você tá bem? — Fernanda me perguntou, baixinho, encostando a testa na minha.
Assenti com um movimento lento.
— Tô. A Roberta só me deu um puxão de orelha... e uma lição de vida.
— Eu ouvi isso. — disse Roberta com um olho aberto e outro fechado, agarrada à Renata — Pega no tranco, loira. A gente te ama, mas você é difícil.
— Vai à merd*, Roberta. — resmunguei com um sorriso torto, me abraçando mais à Fê.
Ficamos ali por mais alguns minutos, até que Roberta bocejou. Eu também estava com sono, iria acordar cedo amanhã.
Mas não ia perder a oportunidade de implicar com a minha sócia.
— Vai, vovó. Hora de dormir.
Fernanda riu baixinho e balançou a cabeça negativamente, quando Roberta falou com ela:
— Fernanda, você já fez dissolução de sociedades, certo? Acho que teremos uma aqui.
Todas rimos.
— Estava me implorando pra não te deixar há alguns minutos, agora quer se livrar de mim? — digo fingindo indignação
— Está sentimental, amor? — Renata indagou sorrindo
— Você me deixa assim. — ela respondeu à esposa que a segurou e deu um beijo rápido
Fernanda sorriu e eu também. Elas eram o casal que eu mais admirava. Eu esperava chegar nessa idade com Fê.
A porta mal havia fechado atrás de nós quando ouvi um “ai” abafado seguido por um tropeço e um baque suave no móvel próximo à porta.
— Fê?
— Esse seu aparador foi colocado aqui de propósito pra me matar — ela resmungou, ainda meio inclinada, massageando o quadril com a cara amuada.
— Amor, ele está aí desde antes da Cecília nascer.
— Justamente. Já era hora de sumir com ele.
Eu ri, caminhando até ela e segurando pelos ombros.
— Vem, bebum. Antes que derrube a casa inteira.
— Bêbada não. Alegre. — Ela fez questão de corrigir, o tom quase digno, apesar dos olhos semicerrados e do andar cambaleante.
Continuava fraca para bebida e isso não ia mudar nunca.
Levei-a até o quarto, ainda rindo. Fernanda apoiou a cabeça no meu ombro durante o caminho.
Quando chegamos, ela encostou-se na moldura da porta do banheiro e ficou me observando enquanto eu preparava a banheira.
— Você sempre cuida de mim — ela disse, baixinho, com um sorriso nos lábios.
— E você sempre se derrete quando bebe. — respondi, divertida, sem olhar diretamente para ela.
— Não é culpa do vinho... é culpa sua. — retrucou, num tom mais meloso, vindo por trás e me abraçando pela cintura.
Fechei a torneira e me virei devagar, encontrando aqueles olhos cor do céu, agora mais calmos e brilhantes. Ela me beijou o pescoço com delicadeza, depois o queixo, depois a ponta do nariz.
— Vamos tomar banho juntas — disse, quase num sussurro, como quem propõe uma travessura de criança.
Assenti com um sorriso pequeno, puxando-a pela mão. Entramos na água quente e acolhedora, e ela imediatamente se encaixou nas minhas pernas, encostando as costas no meu peito. Ficamos ali, num silêncio leve, só o som da água e da nossa respiração preenchendo o espaço.
Fernanda entrelaçou nossos dedos dentro da água, observei seu gesto e sorri.
Ela me deu um beijo no ombro, inclinou seu corpo mais um pouquinho para trás e roçou seu nariz no meu pescoço carinhosamente.
— Fica comigo amanhã de manhã? — pediu, baixinho.
— Amor...
— Só de manhã. Vai trabalhar depois do almoço. Eu também. Quero dormir mais um pouquinho com você. Sentir seu cheiro no travesseiro. Fingir que o mundo lá fora não existe.
Fechei os olhos, vencida pelo tom doce e firme da voz dela.
— Tá bem. Eu fico.
Ela virou o rosto pra cima, os olhos sorrindo.
— Eu te amo tanto — sussurrou, antes de me encher de beijinhos no rosto, no queixo, na testa, no canto dos olhos.
— Fê... você tá grudenta. — brinquei, encostando minha testa na dela, mas sem querer me afastar.
— Tô apaixonada. Totalmente. Perdidamente. Irremediavelmente. E com sono. — Ela bocejou em seguida, nos fazendo rir juntas.
Ficamos na banheira até a água começar a esfriar. Depois fomos para a cama, ainda envolvidas em carinhos lentos, beijos miúdos e sorrisos.
Embora eu ainda tivesse desconfiada de Fê me escondendo alguma coisa, existia só nós duas ali naquele momento. E uma promessa silenciosa: o amor podia ser sim, o lugar mais seguro do mundo.
Fim do capítulo
Capítulo longo e zen, com uma pitadinha de pimenta para deixar o coração de vocês calminho...
Viram? Ainda nem comecei o auê.
Já não garanto no próximo! hehe
Beijos!
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HelOliveira
Em: 23/05/2025
Foi muito gostosinho esse capítulo, mas já deixou os sinais da tempestade que vem por aí...já vou me preparar para o proximo
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Lea
Em: 23/05/2025
A cliente da Fernanda está interessada nela??
nath.rodriguess
Em: 23/05/2025
Autora da história
Será?
Anna surtaria kkkkkk
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Mmila
Em: 21/05/2025
Aí tem....
Muito amorzinho e lá vem a tempestade...
E vamos ao próximo capítulo...
nath.rodriguess
Em: 22/05/2025
Autora da história
Vocês são desconfiadas demais! kkkk mas sim, os próximos capítulos irão pegar fogo, já estou trabalhando neles a todo vapor!
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nath.rodriguess Em: 23/05/2025 Autora da história
não garanto amorzinho no próximo rsrs