Capitulo 52
Os raios de sol já iluminavam o pequeno jardim de Helena há alguns bons minutos e ela como quase toda manhã, se ocupava religiosamente a cuidar com paciência e muito zelo do que ela chamava de suas preciosidades, gostava demais de ver algo que plantou crescendo tão bem e gostava ainda mais de colher e poder enriquecer a sua comida com aquilo que ela mesma havia cultivado.
Em contrapartida, enquanto Helena estava lá fora, Amélia se ocupava na cozinha com toda a sua calma, preparando mais um de seus excelentes cafés da manhã, ainda mais que desta vez tinha uma pessoa a mais naquela casa e era uma pessoa que precisava dos cuidados de um café da manhã preparado com muito carinho, o cardápio era para o agrado de todas, Helena havia timidamente pedido algo que Mia havia feito apenas uma vez e ela havia amado: Panquecas suflê. E obviamente Mia fazia com toda satisfação do mundo, agradar a sua namorada era definitivamente a melhor coisa que ela podia ter. Para Ally e de acordo com Helena, era algo simples, ovos mexidos, frutas e iogurte.
— Que cheiro maravilhoso. — a voz rouca e ainda sonolenta de Ally soou um pouco baixa e Mia imediatamente olhou em direção a porta da cozinha por onde a ruiva passava andando devagar.
— Bom dia, Ally. — Mia sorriu para a mulher com carinho antes de afastar-se um pouco do fogão e ir em direção a amiga para lhe receber, a abraçou brevemente com carinho e deu-lhe um beijo na altura da têmpora esquerda antes de se afastar. — Meu pai sempre dizia que uma boa refeição feita com muito carinho é um bom remédio para quase tudo.
Ally riu brevemente enquanto olhava para a mesa parcialmente posta, havia um belíssimo pão bem no centro da mesa e já com algumas fatias cortadas, ao redor havia os pequenos potes de geleia e de pasta de amendoim, uma tigela mediana com um mix de frutas cortadas, mel, ovos mexidos com especiarias, uma jarra de suco de maracujá e iogurte.
— Seu pai realmente foi um homem sábio. — Ally riu brevemente enquanto caminhava até a mesa e imediatamente tomava conta de uma das cadeiras. — Assim como você é... Ontem a noite antes de pegar no sono fiquei pensando como você conseguiu perceber tão rápido o que havia acontecido.
Mia sorriu enquanto voltava ao seu posto rente ao fogão, com toda atenção para não queimar nenhuma panqueca, antes de falar se atentou a cuidadosamente virar as três panquecas de altura avantajada e aspecto “fofinho”, logo após o fazer enfim falou:
— É exatamente o que você pensou, já aconteceu coisa parecida comigo. — enfim respondeu e olhou para a ruiva com uma sobrancelha levemente arqueada. — Obviamente quem saiu mais machucada fui eu, eu não tenho um pingo de habilidade em força física, ao contrário de você que maravilhosamente conseguiu quebrar o nariz do desgraçado o que definitivamente é louvável e eu vou contar para todo mundo.
Ally riu por breves segundos com as palavras de Mia e principalmente com o sorriso orgulhoso que ela tinha nos lábios.
— Eu fui líder de torcida por muitos anos, eu tenho braços muito fortes, as pernas mais ainda, mais um benefício que isso me trouxe além da elasticidade. — deu de ombros com as próprias palavras e foi a vez de Mia rir.
— Com certeza muitos benefícios. — a designer ponderou enquanto calmamente colocava as panquecas prontas em um prato e em seguida voltava a atenção ao fogão enquanto calmamente pegava o bowl logo ao lado e calmamente ia despejando o resto da massa de panqueca em três locais diferentes, as últimas três panquecas.
Ally deu um sorriso carinhoso enquanto fixamente encarava Amélia, a forma atenciosa que ela cozinhava, o pequeno sorriso no canto de seus lábios, a paixão que ela exalava dava certo gosto de a assistir fazendo aquilo, repentinamente sentiu uma onda de felicidade em seu interior antes de enfim comentar:
— A Helena tem muita sorte de ter encontrado você.
Mia desviou os olhos das panquecas e encarou a mulher ruiva por alguns segundos como se buscasse entender o motivo daquelas palavras, mas tudo o que fez foi sorrir mais e dar de ombros.
— Assim como eu tenho sorte de ter ela, a Helena me fez amadurecer em vários âmbitos da minha vida e realmente me tornou uma mulher melhor. — a Designer falou como se fosse algo completamente obvio, mas então deu de ombros.
— Estou ouvindo conversas... — a voz de Helena soou primeiro antes que ela surgisse caminhando calmamente e com um sorriso terno nos lábios, tão leve que dava gosto de se olhar.
— Estamos falando de você pra variar. — Mia falou calmamente enquanto virava panqueca por panqueca. — É meu assunto preferido afinal.
— Não seja boba. — Helena riu enquanto ia em direção a Ally e recebia a melhor amiga com um beijo no rosto. — Você dormiu bem? E como está a mão?
— Muito bem. — Ally respondeu de prontidão e ergueu a mão direita, exibindo os hematomas, mas para a felicidade das três, não havia inchaço.
— O que vai falar para a Vovó? — Helena questionou enquanto ia diretamente para a Mia e a abraçava por trás com carinho até dar um beijo em seu ombro.
— Que eu bati sem querer na parede quando fui gesticular.
— Péssima mentira. — Mia comentou e virou-se um pouco para dar um beijo no rosto de sua namorada. — Lavou as mãos?
— Sim senhora. E eu concordo, Vovó não vai acreditar. — a mexicana declarou enquanto era suavemente empurrada pela namorada em direção a mesa, sinal de que deveria ir sentar-se.
— Claro que não vai, mas não vai fazer perguntas e isso é o suficiente. — a ruiva falou como se isso fosse o obvio e Helena riu enquanto juntava-se a ruiva á mesa.
Segundos depois Mia ia a mesa carregando pratos muito bem feitos com panquecas cobertas por açúcar de confeiteiro e um pouco de chantilly, colocou-as a frente de cada mulher e então logo as três estavam entretidas em uma conversa distraída enquanto serviam-se com um café da manhã extremamente bem caprichado e principalmente repleto de amor.
®
— Você parece mais leve. — Samantha comentou, como sempre muito bem confortável em sua poltrona enquanto olhava para uma Helena sentada e claramente muito confortável no meio de seu sofá.
— Um pouco sim, são muitas questões de uma vez, os dias bons estão mais constantes e isso me deixa absurdamente aliviada. — a mexicana suspirou um pouco.
— Isso é bom, isso é ótimo na verdade, mas?
— Mas me deixa receosa ao mesmo tempo. — a mulher franziu um pouco o cenho com as próprias palavras, mas estava sendo extremamente sincera. — Muitos dias bons sempre vem acompanhados de uma maré sombria.
— Isso não é verdade. — Samantha a corrigiu, mas Helena apenas deu de ombros.
— Pra mim é.
— Era, minha querida. — Samantha a corrigiu mais uma vez e dessa vez Helena sorriu com a correção. — Eu não quero estragar seus dias bons, mas nós vamos precisar fazer algumas coisas que podem deixar eles um pouco mais difíceis.
Helena apenas concordou com um aceno de cabeça, já esperando algo como aquilo, afinal, era algo abordado a tempos, assim manteve-se em silêncio, esperando que a sua terapeuta continuasse.
— Esperanza. — a psicóloga comentou e no mesmo instante Helena se ajeitou um pouco no sofá, o que não passou despercebido por Samantha. — Quero que enfrente isso mais de frente.
— Eu já estou fazendo isso. — Helena se defendeu de imediato, já não havia mais o sorriso leve em seus lábios.
Samantha negou com um aceno de cabeça, calmo e leve como sempre.
— Nesse assunto a Amélia não conta, Helena, não mais.
Helena respirou realmente fundo com mais uma correção, ela não sentia tanta dificuldade em falar sobre com Mia, obvio que não sentia, Mia sabia de absolutamente tudo e a apoiava como ninguém, Ally também estava no mesmo patamar, então possivelmente não deveria contar.
Soltou o ar que aspirou em um suspiro demorado e acenou positivamente com a cabeça, não muito confortável com as possibilidades que tinha a seguir, mas queria tanto melhorar que apenas concordou.
— Ótimo. — Samantha deu um pequeno sorriso enquanto baixava o olhar e fazia anotações na prancheta em seu colo. — Outra coisa que você deve enfrentar e finalizar e você sabe disso, é a dançarina.
— Eu sei. — Helena concordou e respirou fundo mais uma vez, mas dessa vez foi bem mais fácil do que antes. — Eu vou resolver isso essa semana.
Samantha concordou com um aceno de cabeça mais uma vez enquanto não desviava os olhos das anotações que seguia fazendo e ficou assim por mais alguns segundos, em silêncio enquanto Helena apenas observava curiosamente o que tanto a mulher escrevia.
— O que está escrevendo?
— Coisas positivas, eu garanto. — a mulher mais velha respondeu imediatamente e Helena acabou sorrindo. — Como estão os pesadelos?
— Sem pesadelos nos últimos dias. — a artista sorriu orgulhosa.
— Você está me dando muitas notícias boas hoje, veio inspirada? — Samantha questionou enquanto sorria.
Helena riu.
— Estou animada e hoje vou dar um jantar lá em casa, vou receber uma amiga da faculdade, a Amélia está lá, me prometeu uma surpresa para quando eu voltasse pra casa, ela me prometeu um jantar ao ar livre no meu quintal, algo que eu sempre desejei e ela sabe disso. — a morena tinha um sorriso realmente largo nos lábios enquanto falava, praticamente derretendo em tanto amor.
Havia passado uma semana desde o primeiro eu te amo, desde a festa incrível com seus conterrâneos, desde aquele fim de semana maravilhoso ao lado de sua namorada e a semana toda a morena parecia estar flutuando, de fato, em uma verdadeira maré de felicidade.
— Ah eu desejo mais Amélia’s no mundo para ajudar outros pacientes. — Samantha comentou enquanto tinha um sorriso nos lábios e as duas riram juntas, o clima era leve, calmo, cheio de felicidade, mas só uma delas tinha acesso as anotações feitas no caderno, onde frisado estava escrito: Possível efeito rebote muito em breve.
Fim do capítulo
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