Capitulo 26 - Acertando as coisas
Camila
Depois do final de semana cheio de emoções o safado do meu irmão tomou um chá de sumiço. Consegui encontrar com ele na segunda depois do trabalho, estava deitado no sofá. Agradeci por não ter ninguém em casa, Diana estava enfim no seu primeiro dia trabalhando para o pai de Mariana, e Lívia estava com o Cadu que havia voltado de viagem.
- Enfim te encontrei em casa.
- Que susto. Quer me matar?
- Deveria né, como você me esconde que é gay?
- Como você esconde que namora aquela racha de parar o trânsito? – Respondeu na lata.
- Filho...
- Olha lá o que vai falar, minha mãe também é a sua, ao menos é o que ela diz. – Sentei ao seu lado no sofá e começamos a rir.
- Idiota.
- Eu também te amo, maninha.
- O que aconteceu que você saiu de casa?
- Eles descobriram sobre o Matheus, caíram em cima de mim. Falando que era errado, que eu precisava de terapia. Que se eu me afastasse e tentasse namorar uma garota essa fase iria passar.
- Sinto muito, você deveria ter me falado.
- Tive medo da sua reação, não tenho mais ninguém além de você. – Segurei sua mão, para que pudesse saber que eu estaria com ele sempre.
- O que será que eles irão fazer quando eu contar sobre mim? – Indaguei pensativa.
- Bom, te colocar para fora eles não irão porque você já mora sozinha.
- Precisamos conversar com eles.
- Eu sei, não quero, mas sei que preciso.
Ficamos em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos. Não gosto nem de imaginar as coisas horríveis que ele deve ter escutado. E me questionava se também estaria preparada para escutar todas elas.
Samuel foi para aula e eu fiquei sozinha, aproveitei para terminar o levantamento dos últimos contratos da empresa. E o que encontrei só me deixou com dor de cabeça. Um desvio gigantesco em um contrato de alguns anos atrás. De alguma forma o contrato foi feito, porém nunca chegou a ser assinado pelo Engenheiro responsável da época.
Questionei-me diversas vezes de quem poderia ter feito esse desvio. Na minha cabeça era apenas uma resposta, Lindalva, mas por qual motivo ela roubaria da própria empresa? Precisaria contar a Mariana, faria isso na manhã seguinte.
Com muita dificuldade consegui dormir. Acordei mais cedo que o normal, perguntei a Mariana se poderiamos tomar café juntas em algum lugar, pois não achei conveniente falar sobre o desvio na empresa.
- Bom dia! Meu amor. – Sorriu e me deu um selinho.
- Bom dia! Amor.
- Que milagre é esse você me convidando para tomar café da manhã em plena semana? Você não está grávida né? – Brincou.
- Claro que não, amor, não me lembro de sair esperma da boca e muito menos dos dedos.
Ela parou o carro em uma padaria, descemos e fizemos nossos pedidos. Enquanto tomava o café eu tirei os documentos da minha pasta e os entreguei.
- O que é isso, o pedido de casamento?
- Mari, o assunto é sério. Olha tudo com atenção.
Passou longos minutos revirando as folhas. Em dado momento encarou-me.
- Como eu nunca vi isso?
- Os contratos ficam na parte jurídica.
- Você tem ideia de que isso foi um desvio milionário?
- Claro que eu tenho, fiquei tão assustada quanto você. Mas a pergunta que não quer calar é a seguinte: quem faria isso?
- Na verdade, a pergunta certa é: por qual motivo minha mãe desviaria tanto dinheiro da própria empresa?
- Mariana, eu preciso perguntar, você tem certeza de que a empresa é apenas da sua família?
- Claro, como eu não pensei nisso antes? Preciso encontrar os documentos das ações da empresa. Preciso ter certeza de que elas são cem por cento no nome da Manuela.
- Olha, você precisa de acalmar. De nada vai adiantar se você perder a cabeça.
- Amor, não tenho como me acalmar, posso está administrando uma coisa que era para ser da minha sobrinha, mas na verdade talvez nem seja dela. Se importa de irmos para a empresa, acho que tenho os documentos no cofre no meu escritório.
- Vamos.
Fomos para a empresa e ela foi direto para o cofre. Por ser cedo ainda não havia quase ninguém.
- Era para estar aqui. – Suspirou espalhando as coisas que estavam dentro do cofre, o que incluía algumas cédulas de dinheiro.
- Calma, talvez esteja na sua casa.
- Vou para lá agora, preciso tirar essa dúvida a limpo. Por favor avise a Andreia para cancelar todos os meus compromissos do dia.
Beijou meus lábios e saiu apressada. Fui para minha sala e tentei me concentrar no que fazia, mas minha cabeça só ia para Mariana. Por mais que eu tentasse encontrar uma justificativa para a atitude de Amélia eu não conseguia encontrar.
A manhã passou arrastada, assim como a tarde e eu não tive notícias de Mariana o que já estava me deixando aflita. Liguei, deixei recado e nada. Cheguei em casa exausta. Diana estava preparando o jantar quando me viu entrar.
- Oi amiga, que cara é essa?
- Estou exausta. Tive um dia péssimo, e para completar estou preocupada com Mariana.
- O que aconteceu? Ela já sabe que a mãe está tendo um caso?
- Oi? Como é?
- Sim, encontrei Romero hoje no hospital, aparentemente ele precisava conversar com alguém e eu acabei sendo essa pessoa. Enfim, ele me confidenciou que descobriu que Lindalva tem um caso com um garotão.
- Essa Lindalva é a própria encarnação do belzebu. Eu descobri um desvio que ela fez na empresa, um desvio com alguns muitos zeros.
- A batata dela tá assando.
- Na verdade, acho que a essa altura já está mais queimada que a torrada que Mariana inventou de fazer no domingo.
Tomei banho, troquei de roupa e voltei para a cozinha. Na correria acabei nem perguntando como foi o primeiro dia da minha amiga.
- Dih, como foi seu primeiro dia ao lado de Romero?
- Não começa, a mulher dele pode até ser uma puta, mas eu não sou. E o meu primeiro dia foi incrível, conheci a tal Charlotte, a amiga da Mariana.
- Ela está trabalhando lá.
- Bem galinha. Ficou com metade das funcionárias.
- Típico dela.
Conversamos por mais um tempo até que eu decidi ir dormir. Minha cabeça estava estourando de tanta dor. Tive uma noite bastante agitada, cheia de sonhos confusos. Acordei quase em cima da hora fui para a empresa.
- Bom dia! Andreia. Mariana já chegou?
- Não, e nem vem hoje, me mandou mensagem dizendo que precisava resolver umas coisas. Pediu para que eu adiasse os compromissos dela.
- Hum, tudo bem.
No horário do almoço estava prestes a sair para almoçar quando Mariana entrou em minha sala.
- Podemos almoçar juntas?
- Sim, você está bem? – Me aproximei tocando seu rosto. Pela cara que estava não havia dormido direito.
- Vou ficar melhor assim que você me beijar.
Nem me importei de estarmos na empresa, fiz o que ela queria e no fundo o que eu queria também. Saímos da sala caminhando lado a lado, fomos para o carro e seguimos para a casa de Mariana.
- Se importa se comermos lá em casa?
- Qualquer lugar do mundo é perfeito ao seu lado.
Parando o carro, entramos e almoçamos na cozinha mesmo. Adorava esses momentos com Mariana, ela era simples e isso só fazia com que eu me apaixonasse ainda mais.
- Conseguiu encontrar o documento?
- Sim. E como eu já esperava, ela de fato vendeu metade da empresa.
- Sinto muito Mari.
- Sabe o que é pior? Eu larguei minha vida, meus sonhos para cuidar de algo que eu nunca quis. Não estou falando na Manu, ela foi a melhor coisa que veio para mim. Mas tive que largar a medicina, e essa é a forma que Lindalva me agradece. – Percebi toda a mágoa que ela sentia pelas atitudes da mãe.
- Não fica assim, você ainda tem metade para administrar.
- Mas não é isso, ela não tem moral nenhuma, teve coragem de roubar dinheiro da própria neta. – Chorou.
- Vem, vamos deitar na varanda.
Sai segurando sua mão, deitamos em uma poltrona bem confortável que havia ali. Mariana deitou no meu colo, a cabeça em meu peito. Fazendo carinho em seus cabelos deixei que ela chorasse. Não precisei dizer nada, precisava apenas estar ao seu lado.
- Sabe o que é melhor? Acabei resolvendo mudar de vez. Não consigo mais sentar na mesa de café e ter que olhar na cara daquela mulher.
- E a Manu?
- Ela veio comigo, contratei uma empresa para organizar nossas coisas e trazerem para cá. Não coloco mais os pés naquela casa.
- Eu te entendo. E sinto muito que as coisas tenham tomado esse rumo.
- Uma hora ou outra iria acabar assim.
- Acha que ela vai deixar a Manu com você?
- Temos uma carta na manga caso ela tente alguma coisa. Meu pai descobriu que ela está tendo um caso com um rapaz. E como dona Lindalva odeia boatos e fofocas, jamais vai querer seu nome na boca da alta sociedade.
- Eu já sabia. O seu pai desabafou com a Diana.
- Verdade, nem lembrei que ela começou. Meu pai está mesmo gostando dela.
- Acho que ela, dele. Mari, sei que é meio indelicado da minha parte, mas quem comprou a outra parte da empresa?
- Ninguém comprou, minha mãe passou para o nome dela. Além de se apoderar do que não é dela ainda desviou dinheiro.
- Então metade de tudo é dela. Devo me preocupar?
- Não, me ofereci para comprar a outra parte. Apesar de achar que ela não irá aceitar.
- Então devo me preocupar.
- Você tem a mim agora. – Me apertou em seus braços.
Mariana não falou nada. Afundou ainda mais em meus braços e beijou meu pescoço. Nem percebi o avançar das horas, mas acabei nem indo trabalhar a tarde, Mariana dormia tão serena no meu colo que não quis acordá-la.
Fim do capítulo
Boa leitura. Estou amando os comentários. Isso é muito incentivador. Mesmo que essa história já esteja concluída quanto mais vcs comentam mais estimulam para que eu continue escrevendo. Ja tenho mais uma história com 50 capítulos prontos .
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