Capitulo 25 – Briga
Mariana
Depois da noite maravilhosa nos braços do meu amor, voltei para casa com as energias recarregadas. Entrei e para meu desagrado a megera havia voltado. Incrível como senti a energia do ambiente estranha desde a hora que coloquei os pés na calçada.
- Dormindo fora de casa Mariana?
- Sim. Bom dia para a senhora também. Como foi a viagem?
- Pensei que pudesse confiar em você para cuidar da Manuela, mas pelo visto me enganei.
- O papai ficou com ela ontem à noite.
- Que milagre? Seu pai em casa em pleno sábado. – Se você não estiver aqui, a gente gosta de ficar em casa. Pensei.
- Pois é.
- Dormiu com aquela pobretona?
- O nome dela é Camila, e sim, eu dormi com ela. – Suspirei subindo as escadas.
- Eu soube que você comprou uma casa. – Ótimo, quem seria o fofoqueiro da vez que havia contado?
- Comprei.
- Se você pensa que eu irei permitir que você saia dessa casa para morar com aquela mulherzinha você está muito enganada. – Gritou, de onde eu estava conseguia ver suas veias do pescoço saltadas.
- Mamãe, eu não sou uma criança, muito menos sua propriedade. Comprei a casa para me mudar daqui e ter um pouco de paz. Não suporto mais seus shows gratuitos, suas gritarias, seu mau-humor. – Me aproximei. – Tem dias que não suporto a sua presença.
Ela levantou a mão e me deu um belo de um tapa. Meu rosto virou e quase me desequilibrei. Senti meu rosto queimar, não sei se pela agressão ou pela raiva que me consumia.
- Tiaaa! – A menina correu posicionando-se em minha frente, possivelmente pensou em impedir que mais uma vez minha mãe me agredisse.
- Sai daqui, Manuela. – Gritou, porém Manu não se intimidou.
- Não vou sair, você pode até ser grossa comigo, me bater, mas não vai encostar na tia Mari. – Desafiou e vi os olhos de dona Lindalva fervilhar de ódio.
- Que menina insolente. Onde já se viu me desafiar desse jeito? – Levantou a mão para bater na Manu.
Em um movimento rápido segurei seu pulso. Sua expressão mudou de ódio para dor, conforme eu apertava meus dedos em seu braço deixando a mão dela completamente branca.
- Nunca, está me ouvindo? Nunca permitirei que você encoste um dedo na Manu.
- O que está acontecendo aqui?
- Sua esposa que voltou mais desequilibrada do que foi. – Sei que foi errado, mas tive muita vontade de rir do que a Manu disse.
- Lindalva, o que é isso? Onde já se viu bater na menina, nunca levantamos a mão nem para nossas filhas.
- Aparentemente isso mudou. – Soltei o braço dela e me afastei. Senti o gosto de sangue na boca.
- Mariana, você está sangrando. – Meu pai segurou meu rosto entre suas mãos. – Vamos vou fazer a higienização. E você. – Apontou para minha mãe. – Teremos uma conversa depois.
Meu pai me levou para o quarto, limpou o machucado. Graças aos muitos anéis que minha querida mãe estava usando conseguiu me machucar feio. Manu não saiu do meu lado, segurando minha mão enquanto o meu pai cuidava do sangramento.
- Foi apenas um arranhão.
- Obrigada, papai. – Agradeci, passando a mão nos cabelos.
- O que aconteceu?
- Ela veio me questionar a respeito da compra da casa. Na cabeça dela vou morar com a Camila.
- E você vai?
- Não, ao menos por enquanto. Seremos apenas Manu e eu. – Ela sorriu satisfeita.
- Manu, você poderia nos deixar conversar sozinhos?
- Posso, mas vou me trancar no quarto. Só abro para vocês dois.
- Tudo bem, meu amor, aproveita e toma um banho, não esqueci que vamos ao cinema. - Caminhou cantarolando.
- Você sabe que ela vai fazer o que for preciso para não deixar que você leve a Manu?
- Sei sim, já pensei nisso. Ela seria capaz de me proibir de vê-la.
- Precisamos encontrar uma maneira para que ela não tenha escolha a não ser permitir que você fique com a guarda. – E de repente uma luz se acendeu na minha cabeça.
- Papai, eu sei que ela ainda é sua esposa, mas eu vi uma coisa muito suspeita na fatura do cartão dela.
- Pode me contar filha, você sabe que não temos mais um casamento.
Contei todas as minhas suspeitas a respeito dos dias no Hotel que ela passava no centro da cidade, e que com certeza não estava sozinha. Meu pai se prontificou a cuidar disso, iria investigar e tentar descobrir alguma coisa.
Era quase hora do almoço quando saímos de casa. O plano era almoçar no shopping e depois assistirmos a um filme. Parei o carro e vi Camilla e Lívia se aproximarem.
- Manuuu.
- Livinha. – Abraçaram-se. – Oi! tia Cami. – Saiu tão natural, fazendo Camila me olhar assustada.
- Oi! Manu. Tudo bem?
- Sim.
- Oi! Amor. O que foi isso no seu rosto? – Sussurrou segurando meu rosto e me analisando.
- Depois eu te conto é melhor.
Dirigi até o shopping, deixamos as meninas escolherem onde iríamos almoçar e claro que não poderia ser nada além de batata frita e hambúrguer. Fizemos nossos pedidos e para falar a verdade, cheguei a achar que Camilla gostou mais do almoço do que as meninas. Deixamos as duas escolherem sorvete como sobremesa.
- Me explica o que houve?
- Minha mãe descobriu que eu estou com planos de me mudar. Voltou pior do que foi. Acabou se descontrolando e me deu um belo de um tapa, os anéis cuidaram de fazer o resto.
- Amor, sinto muito. – Acariciou minha mão.
- Não precisa se preocupar, vou resolver isso.
- Aí tia, parece que comi um boi. – Manu reclamou.
- Quem manda comer demais?
A visão mais linda do mundo eu tive quando vi Camilla com a Lívia no colo e segurando a mão da Manu. A menor havia dormido depois do filme, não era para menos, as duas não pararam um minuto sequer.
- As meninas estão exaustas.
- Estão sim. Você vai dormir em casa hoje?
- Na verdade vou levar a Manu para casa nova, já tenho algumas coisas lá. Não quero dar de cara com minha mãe. Amanhã vocês poderiam almoçar com a gente, já que Diana vai trabalhar até tarde.
- Por falar nela, acho que ela vai trabalhar para o seu pai.
- Trabalhar?
- Por enquanto sim, mas acho que ali vai acabar acontecendo alguma coisa.
- Tomara, meu pai merece ser feliz.
Camila fez carinho em minha perna. Alguns minutos depois chegamos ao apartamento. Ela teve dificuldade em acordar Lívia, mas depois de muito tentar acabou conseguindo.
- Venho te buscar amanhã às dez.
- Certo. Boa noite, te amo.
- Também te amo.
Depois de um banho demorado e de colocar Manu na cama, adormeci pesadamente. Acordei com o sol entrando pelos janelões de vidro. Olhei a hora e para minha surpresa ainda era cedo.
Fiz minha higiene, em seguida fui conferir se minha sobrinha ainda dormia. Desci para a cozinha e como a moça só ia trabalhar durante a semana me aventurei a preparar o café da manhã.
- Tia, o que está queimando? – Apareceu na cozinha coçando os olhos.
- Droga, minha torrada.
A fumaça tomou conta da cozinha, Manu não parava de rir dizendo que eu coloquei fogo na casa no primeiro dia. Perto das dez horas fomos buscar Camilla e Lívia. Como já era esperado minha linda e adorável sobrinha contou minha proeza com a torrada.
- Tia Cami, você precisava ver a cozinha ficou inteira com cheiro de queimado, maior fumaça não conseguia nem enxergar nada. Pensei que íamos morrer queimadas juntas com a torrada, coitada.
- Manu, sem exagero. – Falei e elas riram de mim.
- Se depender da sua tia a gente morre de duas coisas, de fome ou queimada.
- Até você? – Ela piscou para mim.
Chegamos em casa e claro que as meninas correram para a piscina. Como alguém responsável precisava ficar de olho nelas, deixei Camilla com essa tarefa e fui pegar uma bebida para a gente.
- Elas se dão bem, apesar da diferença de idade. – Comentei colocando o copo com a bebida em cima da mesinha.
- Verdade, mas acho que as crianças tem isso, essa coisa de fazer amizade mais fácil.
- Por falar em crianças, achei a coisa mais linda do mundo você com as duas ontem no shopping. Foi impossível não te imaginar com nossos filhos.
- Nossos filhos?
- Sim, afinal não tenho tanto tempo assim para engravidar. Tenho quase quarenta anos.
- Mas hoje as mulheres conseguem engravidar até com cinquenta. – Ela sorriu para mim.
- Você pensa em ter filhos? Nunca falamos sobre isso.
- Nunca me imaginei sendo mãe, mas aí quando você conhece uma menina linda como a Lívia o útero coça para ter uma também.
- Isso já é ótimo para mim. Ao menos posso manter as minhas esperanças.
- Pode sim. Mas e você, por que nunca se casou?
- Por que eu estava esperando você Camila, vou casar com você e mais ninguém. – Ao terminar de falar percebi que aquilo era exatamente o que eu sentia, de alguma forma sabia que ela era a pessoa certa para mim.
- Isso é algo forte de se dizer.
- Forte é o amor que sinto por você. – Me inclinei em sua direção e beijei seus lábios.
- Tão namorando, tão namorando. – As meninas gritaram na piscina e nós sorrimos nos afastando.
- Engraçadinha. – Voltaram a brincar.
- Pretende mudar-se quando?
- O mais rápido possível, só preciso resolver a questão da guarda da Manu. Minha mãe vai fazer o possível para atrapalhar.
- Vai ficar tudo bem, estou com você. – Tocou minha mão.
Naquele momento só conseguia sentir gratidão, gratidão por ter um pai maravilhoso, por ter a melhor sobrinha que poderia ter. E pela mulher incrível que estava ao meu lado. Não sei se seria capaz de sentir uma felicidade maior.
Fim do capítulo
Com uma mãe dessa quem precisa de iinimigo, né? Espero que estejam gostando. Boa leitura
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