Camila

Ótimo tudo o que eu precisava para terminar minha manhã era ver minha namorada de mãos dadas com uma deusa que eu não faço a menor ideia de quem seja. A mulher tem olhos tão verdes que chega a doer só de olhar. Suas roupas caras e de marca. Cabelos de quem acaba de sair do salão. Maquiagem feita, sorriso perfeito, fora o corpo escultural.  Aproximaram-se de mim ainda de braços dados e sorridentes. Nesse momento meu sangue ferveu. 

- Boa tarde, Mariana. – Falei educadamente, mas minha vontade era afastar as duas. 

- Boa tarde, Camila. Essa é Charlotte, uma velha amiga. – Parecendo ler os meus pensamentos Mariana explicou. 

- Velha é tua mãe. – Respondeu Charlotte. – Muito prazer, Camila. – Estendeu a mão educadamente. 

- O prazer é meu, Charlotte. – Sorriu forçadamente. 

- Estamos saindo para almoçar, quer nos acompanhar? – Convidei para que ela soubesse que não era nada demais, apenas um almoço.

- Não, acabei de almoçar. Mas obrigada pelo convite. – Como se não bastasse estarem colocadas igual gêmeas siamesas, ainda iria almoçar juntas.

- É uma pena mesmo, iria adorar sua companhia. – Não sei quem é essa Charlotte, mas ela com certeza é uma figura. Ao escutar o jeito que a amiga falou comigo, Mariana ficou com uma cara nada boa. 

- Fica para a próxima. – Amenizei sorrindo

- Olha que eu venho cobrar viu. 

- Vamos comer. 

Mariana saiu puxando Charlotte para fora. Agradeci internamente pois como diz a Diva Pabllo Vittar: “O que os olhos não veem o coração não sente.” Voltei para minha sala e continuei trabalhando. Já haviam se passado duas horas e eu apenas por curiosidade resolvi ir conversar com Andreia para saber se minha namorada havia voltado. 

- Oi, Andreia. 

- Posso ajudar, Camila? 

- Mariana está na sala? – Ela me encarou sorrindo. – Queria mostrar uns documentos a ela. 

- Camila, não precisa se justificar. Eu entendo. – Sorriu e por um minuto eu juro que cheguei a pensar que ela sabe de alguma coisa. 

- Bom, vou voltar ao trabalho. 

- Se ela chegar eu te aviso. 

- Obrigada. 

Pelo visto Mariana não voltou mais para a empresa, já que Andreia não me avisou. O que me deixou extremamente irritada, custava ao menos mandar uma mensagem dizendo que estava viva?

Organizei minhas coisas e aproveitei para levar uns arquivos da antiga advogada para dar uma olhada em casa. Me despedi do pessoal e caminhei até a rua. Andei duas quadras e escutei um barulho de buzina, nesse instante senti o próprio Cristo vindo buscar minha alma. Não que eu seja uma santa, mas melhor desejar que fosse Ele ao tinhoso.

Olhei para a direção que vinha o barulho e vi o carro de Mariana parado, ao menos ela estava viva para eu poder matá-la. 

- Oi! Meu amor. – Sorriu para mim e eu me segurei ao máximo para não retribuir.  

- Você está querendo me matar do coração? 

- Desculpa, não quis te assustar. Só quis fazer uma surpresa. – Entregou-me um buquê de rosas vermelhas. – São para você. 

- Mariana Carvalho, o que você aprontou para está me dando flores? – Se tem uma coisa que as novelas me ensinaram é que pessoas quando querem se redimir dão flores. Ela começou a gargalhar. – Ainda por cima ri da minha cara. 

- Amor, não é nada disso. Desde quando preciso aprontar alguma coisa para te dar flores?

- Isso é típico de homem que quer se redimir. 

- Ainda bem que não sou homem. – Brincou – Amor, só quis te dar flores, posso?

- Pode sim. Mas isso não muda o fato que eu estou chateada com você. 

- Posso pensar em mil coisas para me redimir, se você quiser eu começo agora. – Passou a mão em minha perna. 

- Vamos sair daqui. – Droga ela tem esse jeito safado que me deixa doida, e mais uma vez parafraseando a Diva Pabllo Vittar: “É melhor se arrepender do que passar vontade.”

Chegamos à garagem da casa nova. Não esperei que saíssemos do carro, comecei a beijar Mariana com urgência. Não sei de onde ela tinha tanta força, mas quando percebi já estava sentada em seu colo. Tirou minha blusa me deixando apenas de sutiã, beijava meu pescoço dando pequenas mordidas, me fazendo gem*r, delirando de desejo. 

Senti sua língua quente em meus seios enrijecidos. Ela apertava minha bunda com força, me fazendo aumentar o atrito dos nossos corpos. Abriu o zíper da minha calça social, e com precisão invadiu minha cavidade úmida. 

- Ah!!! Amor rebol* para mim, rebol* em mim sua gostosa. – Mariana implorou falando ao meu ouvido. 

Eu não tinha escolha, a essa altura meu corpo já não respondia aos meus pensamentos. Rebolei vagarosamente nos dedos de Mariana, que gemia cada vez mais alto enquanto me beijava. Não conseguindo me controlar, senti meu corpo inteiro tremer, e gritando o nome de Mariana eu g*zei intensamente. 

Encostei minha cabeça ao peito de Mariana que em um gesto de carinho acariciou minhas costas. 

- Isso foi...

- Perfeito. – Ela completou sorrindo. -Se soubesse que iríamos fazer amor dentro do carro não teria dirigido até aqui. 

- Marianaaaa. Acha que eu sou o quê? 

- Você é a mulher mais linda e perfeita do mundo todo. – Me beijou. – Acho melhor a gente entrar e terminar isso lá dentro. 

Me vesti e fomos direto para o banho, e nem preciso dizer que as coisas esquentaram mais uma vez. Minutos depois fomos para a cama, e mais uma vez nos amamos. Suadas e completamente exaustas deitamos lado a lado. 

- Você está bastante fogosa, dona Camila. – Comentou passando os dedos em minha barriga. 

- Isso tudo é resultado de saudade. Quem manda você sumir o dia inteiro? – Lembrei do sumiço com a tal amiga, quem me garante que elas não estariam fazendo a mesma coisa que nós fizemos agora a pouco?

- Amor, isso é ciúmes da Charlotte? 

- Não. – Resmunguei. 

- Minha linda, somos apenas amigas. Nos conhecemos desde a faculdade. – Fez uma pausa como se pensasse o que deveria dizer. – Ela estava morando fora, perdemos contato há mais de nove anos. 

- Agora ela voltou?

- Sim, inclusive sacou que a gente tem algo. 

- Então, você não contou, ela que sacou?

- Exatamente, por quê? 

- Hoje no escritório, fui perguntar por você a Andreia e ela disse algo que deu a entender que já sabia também. 

- Uma hora eles irão saber. 

- Acha que estamos dando muita bandeira?

- Você não tem motivo para ficar tão assustada, se as pessoas souberem não vai mudar em nada. 

- Você acha? 

- O que eu acho é que quero fazer amor com você de novo. – Sorriu subindo em cima de mim. 

Acordei com minha barriga reclamando. Olhei Mariana dormindo tranquilamente, com cuidado fui para o banho, peguei uma camiseta larga no closet e desci para a cozinha. Enquanto cozinhava um delicioso macarrão aproveitei para dançar. Cantando vez outra ajudando a música a ficar um pouco mais interessante. Em dado momento me virei fazendo um falsete e quase tive um treco quando vi que Mari me observava. 

- Posso me acostumar com isso. 

- Eu cantando na sua cozinha? 

- Não. – Se aproximou segurando minha cintura. – Você com uma camiseta minha, só de calcinha, cozinhando e cantando para mim. – Me deu um beijo que senti as forças das pernas irem embora sem o resto do meu corpo. – Eu te amo Camila Goys.

- Eu também te amo Mariana Carvalho. – Sustentamos nossos olhares, eles falavam tanto sobre o nosso sentimento quanto as nossas palavras. – Toma um banho e vem para gente jantar, depois preciso ir para casa. 

- Pensei que você iria dormir comigo. 

- Não trouxe roupas para trabalhar amanhã. E eu preciso saber como está o meu irmão. 

- Tudo bem, eu já volto. 

Jantamos em um clima descontraído. Depois que terminamos, Mariana fez questão de lavar a louça. Já eram quase dez horas da noite quando paramos em frente ao prédio. 

- Andar nesse carro nunca mais será a mesma coisa. – Mariana brincou e eu senti meu rosto arder. 

- Não começa, eu preciso ir. – Beijei seus lábios. 

- Odeio me despedir de você.

- Amanhã a gente se vê. 

- Eu sei, mesmo assim eu odeio isso. 

- Eu te amo, tenha uma ótima noite, sonhe comigo. – Beijei sua orelha e sussurrei. – Te ch*pando gostoso. 

Ela ficou abobada com a boca aberta, até tentou falar alguma coisa, mas não conseguiu. Com dificuldade subi as escadas, carregando minha mochila, as pastas e o buquê de rosas. 

- Bonitas flores.

- Aí, Samuca. Quer me matar?

- Desculpa, não quis te assustar, me deixa te ajudar. – Pegou as pastas. 

- Obrigada. 

- Saiu tão tarde assim do trabalho? – Pronto, eu que lutei tanto por minha independência agora teria que dar satisfação dos meus horários ao meu irmão mais novo.

- Passei essa fase de ter que dar satisfação. 

- Tudo bem, não precisa responder. Mas que carrão aquele que veio te deixar. – Moleque atrevido. 

- Nem me darei o trabalho em responder essa sua indolência. Mas me diga uma coisa, está pronto para falar comigo?

- Oi Cami, pensei que ia dormir...- Olhei para ela pedindo para que não completasse a frase. – Na casa da sua colega, já que você havia me dito que iria trabalhar até tarde. 

- Pois é, não rolou. – Coloquei as flores em cima da mesinha e ela olhou com uma cara de “me ajuda a te ajudar.” – Bom, vou tomar banho para dormir. 

- Eu estou saindo, não sei se durmo em casa hoje. – Samuel falou e eu me virei para olhá-lo.

- Juízo. 

- Pode deixar. – Diana esperou apenas a porta ser fechada. 

- E essas flores?

- Mariana me deu. 

- A julgar pelas marcas no seu pescoço diria que a noite foi animada. 

- Mentira não tem marca. 

- Tá, se você acha. 

- Me diz, você foi fazer a visita ao hospital? 

- Fui sim. 

- E aí? 

- Estou tentada a ir, lá é incrível. Sem exploração, terei mais tempo livre.

- Que maravilha amiga, então não fica perdendo tempo, agarra o emprego e o coroa também. – Brinquei e sai correndo, pois sabia que ela iria jogar a primeira coisa que tivesse nas mãos.

Passei no quarto de Lívia, ela já estava adormecida. Beijei sua bochecha e fui me ajeitar para dormir, o que não foi nada difícil visto que meu querido irmão retroescavadeira não estava ao meu lado. 

Fim do capítulo