Capitulo 20 – Samuel
Camila
Acordei e não encontrei minha linda namorada ao meu lado. Tateei o celular e já era quase horário de almoço. Liguei para saber onde ela estava, e como imaginei ela havia ido para casa com a Manu. Depois que desliguei o celular fui para o banho, pois do lado de fora vinha um cheiro delicioso de comida.
- Boa tarde, senhora Diana.
- Que susto, Mila.
- Tá devendo?
- Nem começa. Não aconteceu nada. – Explicou sem me encarar.
- Mas eu nem ao menos perguntei nada.
- Você já veio deduzindo. Parece que é só começar a namorar mulher que só sabe usar os dedos. – Provocou rindo.
- AhAhAh! Muito engraçada. Não quero deduzir, quero saber como você foi parar no sofá agarradinha com o Romero.
- Nós apenas conversamos, por horas, tomamos vinho e nem vimos o tempo passar. Ele é um cavalheiro. Não avançou em nada para tentar alguma coisa. – Ela corou.
- O que mais? Tem mais alguma coisa que você não está contando.
- Ele não escondeu que ficou interessado em mim, mas disse que precisa se separar primeiro. Satisfeita?
- Sim. Estava bem nítido que ele estava interessado em você. Mas e você, tem interesse nele?
- Não posso negar que ele é um homem muito interessante.
- E gato, acho aqueles cabelos dele um charme.
- Mas e você, como foi sua noite? – Mudou de assunto.
Foi a minha vez de corar. Imaginar aquela mulher maravilhosa totalmente entregue para mim.
- Já vi que a noite foi boa, a sua cara já me disse tudo.
- Foi simplesmente perfeita.
Fui forçada a contar alguns detalhes da minha noite maravilhosa ao lado da minha deusa. Diana se empolgou ao ouvir certas partes. Por fim, terminamos o dia deitadas no sofá, de pijamas, assistindo um filme qualquer. Lívia dormia com a cabeça em minhas pernas e o resto do corpo nas pernas da mãe.
- Que milagre é esse o Luan viajar por tanto tempo?
- Amiga, não faço ideia, pensei que tinha sido a trabalho, mas descobri que ele não está mais trabalhando. Ainda acho que ele está namorando alguém.
- Se for isso qual o motivo de não te contar? Afinal vocês não têm mais nada, né?
- Talvez não se sinta à vontade. E você sabe bem que não temos nada há muito tempo.
- Claro, você agora está de olho no Doutor Romero. – Brinquei e ela me beliscou. – Aí! Vou te processar, agressão. Onde já se viu, se isso ficar roxo você vai me ver no tribunal.
- Nem brinca com uma coisa dessas, nem tenho roupa para um evento desse porte. – Começamos a rir. – Cami, o Romero me ofereceu um emprego no hospital dele.
- Hum, e o que você acha?
- Bom, o salário é melhor do que no hospital público. Teria outras regalias que no outro eu também não tenho.
- Fora que ainda teria a ilustre presença do Romero.
- Estou falando sério.
- Mas eu também estou. Não posso decidir por você, porém acho que com todos os cortes que já estão fazendo no hospital talvez fosse uma boa ir ao menos conhecer o hospital do Romero.
- É você tem razão.
Na vida poucas vezes temos a chance de mudar algo que está prestes a acontecer, tipo, você nunca espera que será demitido, ou que vai terminar um relacionamento. Então por qual razão o universo nos mandaria uma oportunidade de abrir novos horizontes?
A campainha tocou e Diana me olhou dizendo que não iria atender.
- Folgada. – Resmunguei e fui até a porta. - Samuka, o que você está fazendo aqui?
- Oi Miloca. Será que eu posso entrar?
- Claro. – Dei espaço e ele passou por mim com uma mochila nas costas.
- Oi Samuel, vou deixar vocês conversarem. – Saiu levando Lívia nos braços.
Encarei meu irmão que estava com o semblante abatido, o nariz e os olhos vermelhos indicavam que ele havia chorado. Lembrei-me de quando éramos criança e ele chorava por alguma coisa.
- Senta. O que aconteceu? – Ele encarou os pés e começou a chorar descontroladamente.
- Shiii! Não precisa falar nada agora. – O abracei e deixei que ele chorasse.
Quase vinte minutos de choro, foi o que demorou para que ele fosse acalmando-se aos poucos. Levantei para pegar água para ele, entreguei, tomou sem pressa. Seus olhos já estavam vermelhos.
- Miloca, eu briguei com papai e mamãe, preciso de um lugar para ficar por alguns dias. Será que posso ficar aqui?
- Como assim você brigou com eles?
- Olha, eu não quero falar os motivos, ao menos não hoje, se você não quiser que eu fique aqui eu procuro outro lugar. – Pegou a mochila ficando de pé.
- Samuka, calma também não é assim. Claro que não me importo de você ficar aqui. Mas vamos ter que dividir a cama.
- Por mim não tem problema, vai ser como nos velhos tempos. – Esboçou um sorriso.
- O meu quarto fica ali, tem toalhas limpas no guarda-roupa. Terceira porta. Toma banho, vou arrumar alguma coisa para você comer.
Segui para a cozinha, sem entender o que havia acontecido de tão grave para o Samuel ter saído de casa. Ele sempre foi o xodó dos meus pais, bom menino, sempre educado e estudioso. O que será que havia acontecido?
- Oi amor. – Vi o celular tocando, o que me tirou do meu monólogo.
- Oi princesa, que voz é essa? – Vi meu irmão se aproximar e não sei se eu estava preparada para contar que estava namorando uma mulher.
- Não foi nada. Espera um minuto. – Afastei o telefone. – Samuka, tem comida em cima da mesa, fica à vontade. Vou atender essa ligação na varanda. – Ele acenou e eu caminhei até a varanda. – Desculpa, amor.
- Quem é Samuka?
- Meu irmão, apareceu aqui dizendo que tinha brigado com nossos pais, aparentemente saiu de casa.
- Nossa, sinto muito. Ele contou o motivo da briga?
- Na verdade, não, quando eu o perguntei começou a chorar. Levou minutos para se acalmar e depois não quis dizer nada.
- Estranho, mas é melhor deixar ele se acalmar, quando estiver pronto vai te contar o que aconteceu.
- Eu sei. Estou com saudades do seu beijo.
- Nem me fala, eu pensei no seu o dia inteiro. – Suspirou.
- Mariana, você está pensando apenas no beijo?
- Eu disse que era o beijo, só não falei onde era. – Gargalhou e eu senti meu rosto corar.
- Assanhada.
- Não tenho culpa se você é maravilhosa. Amor, não sei se aguento tanto tempo longe de você.
- Quanto drama, nos vimos de manhã.
- Exatamente, amanhã de manhã já faz vinte e quatro horas. É muito tempo sem o seu beijo.
- E o que podemos fazer para resolver isso?
- Simples, quando eu me mudar você vem morar comigo e a Manu.
Ela não poderia estar falando sério. Poderia? Eu silenciei não soube de fato o que responder, continuo achando que é muito cedo para pensar em morar junto. Prefiro deixar as coisas acontecerem naturalmente sem pressa.
- Não precisa ficar muda amor, eu sei que você não quer.
- Não é que eu não queira, apenas acho que é muito cedo. E tem a sua mãe...
- Camilla, já disse que a partir do momento que eu sair de casa a minha mãe não vai se meter em quem anda na minha casa. – Conheci que estava um pouco irritada.
- Olha, não quero discutir.
- Tudo bem. Eu preciso ir, vou dormir. Até amanhã.
- Até amanhã. Te amo. – Tutututu.
A filha da mãe desligou sem dizer que me ama. Sabe aquele mar de rosas que vivi nos últimos meses? Pois é, aparentemente a maré virou o rumo das águas e levou todas as minhas pétalas embora. Primeiro o meu irmão, agora eu irritei a minha namorada. Ótimo, vou ver se agrado pelo menos o Morfeu e ele vem me dar o prazer de uma boa noite de sonhos.
Inferno, inferno, inferno. O dia nem amanheceu direito e eu já acordei inspirada. Primeiro: porque meu querido irmão ronca mais que uma retroescavadeira, segundo: ele passa a noite inteira se mexendo, parece até que está possuído pela Cisne Negro. Terceiro, mas não menos importante eu acordei atrasadíssima.
- Você ainda está em casa? – Diana me questionou passando requeijão em um pedaço de torrada.
- Sim, mas estou de saída. – Tomei a torrada de suas mãos e nem consegui escutar os nomes maravilhosos que ela me chamou.
Pedi um Uber, pois só assim para chegar quem sabe um pouco menos atrasada. Paguei a corrida e caminhei apressadamente para dentro da empresa.
- O que aconteceu? – Andreia me indagou curiosa.
- Me atrasei.
- Percebi, mas você sempre chega cedo nos outros dias, então não precisa dessa correria toda.
Despedi-me de Andreia e dei início ao meu longo dia de trabalho. Era a única coisa que me restava. Até que eu precisasse enfrentar a fúria de Mariana depois da nossa conversa.
Fim do capítulo
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