Capitulo 15 – Foi quase
Camila
Estava saindo do banho quando escutei meu celular tocar, um número desconhecido. Tentei atender, porém caiu, logo em seguida o aparelho vibrou em minhas mãos mais uma vez.
- Alô.
- Camilla? Graças a Deus você me atendeu, sou eu a Mariana.
- Eu sei que é você, o que aconteceu? – Estranhei ela me ligando àquela hora, ainda mais de um número que não era o seu.
- Desculpa te ligar essa hora, mas é que eu estou na delegacia e preciso da sua ajuda.
- Espera eu entendi direito? – Estava onde? Só o que faltava, o que será que havia acontecido?
- Sim, eu estou na delegacia. Preciso que venha me ajudar.
- Claro, me manda só o endereço.
Peguei o endereço e fui ao local. Entrei e encontrei Mariana sentada, bastou pôr os olhos em mim que parecia esquecer o lugar onde estava.
- Você está bem? – Perguntei preocupada.
- Sim, só me tira daqui. – Suplicou.
Fui conversar com o delegado, que me explicou o acontecido, depois de prometer que isso não iria mais se repetir ele me entregou as chaves de Mariana, mas claro lhe tirou alguns pontos da carteira por dirigir alcoolizada.
- Vamos, você está liberada.
- E o meu carro?
- Eu vou dirigir. – Mostrei a chave.
Sentou-se no banco do carona, dei partida e assim que tomei a rua ela falou:
- Obrigada.
- Não precisa me agradecer, mas não tive como evitar a sua multa e a perda de pontos na sua carteira.
- Não me importo.
- Onde é sua casa, preciso ir te deixar.
- Não me leva para casa, qualquer lugar menos lá, me deixa em um hotel.
Não iria deixá-la em hotel sozinha, o melhor seria levá-la para meu apartamento.
- Pronto. - Desliguei o carro.
- Me desculpa por ter te alugado essa hora.
- Mariana, vamos entrar, você toma um banho, te dou algo para vestir, te faço um chá e você me conta o que aconteceu.
Não fez menção nenhuma em recusar minha oferta. Depois que peguei algo para ela vestir, mostrei-lhe o banheiro e fui até a cozinha. Apesar das circunstâncias não pude deixar de reparar o quanto seu corpo era perfeito naquela camisola.
- Toma. – Entreguei a caneca.
- Obrigada. – Tomou um gole. – Mais uma vez sinto muito em te incomodar essa hora.
- Você se desculpa a cada dois minutos, já reparou? – Brinquei tentando descontrair.
- Sint... melhor não. – Sorrimos.
- Eu sei que você não estava bem desde cedo. Mas o que deu em você de sair de casa depois de beber? Ainda mais a essa hora?
- Minha mãe. Está pensando em vender a empresa. – Ótimo, nem fui contratada e já corro o risco de ficar desempregada. – Antes da morte de Marina, ela era responsável por administrar ao lado da mamãe.
- O que você fazia?
- Eu? Na verdade, eu sou médica. – Quantas revelações para uma noite apenas. – Depois que Marina morreu eu não tive escolha, larguei o hospital e tive que administrar a Carvalho Imobiliária. Agora aquela mulher, fútil, sem coração, sem escrúpulos, quer vender apenas por birra. Meu pai pediu o divórcio, ela não aceitou e tenho certeza que o fato de eu não a ajudar fez com que resolvesse vender a empresa, apenas por uma vingança infantil.
- Ela não seria capaz. – Não era possível que alguém pudesse ser tão mesquinha.
- Camilla você não faz ideia de quem seja a minha mãe. Inclusive seu nome surgiu na conversa. Ela já sabe que estamos juntas.
- Como? – Nesse momento senti meu espírito ser tocado pelas mãos do Criador.
- Nos viu no carro hoje de manhã.
Ótimo, tudo que eu precisava era de uma quase sogra psicopata.
- Não precisa se preocupar, jamais deixaria que ela te fizesse alguma coisa.
- Você fala isso como se fosse mesmo capaz, sabia que o delegado me falou que ela quem ligou para eles?
- Eu imaginei. Mas você não precisa ficar com medo, ela é maluca, mas sei que tem limites. Você está sozinha?
- Sim, Diana está de plantão.
- Posso te beijar?
Dane-se a sanidade, o medo, a razão. Ela estava ali, usando uma camisola minúscula, beijando minha boca com volúpia, o que mais eu poderia desejar? Deixaria para pensar na megera depois, no momento meus pensamentos e meu corpo estava mais preocupado em acariciar a pele macia de sua filha. Eu sei, sou terrível, mas o que posso fazer?
Mariana mordiscava levemente os meus lábios, apenas para nos dar espaço para respirar. Ela me olhava durante o beijo, me fazendo ficar ainda mais enlouquecida. Tocou minha coxa com delicadeza, o contato me fez soltar um gemido involuntário. De repente eu travei, cai na real que nunca havia ficado com nenhuma mulher, não sei a mínima ideia de como me comportar.
- Mari, Mari, espera. – Com muito esforço consegui tirá-la de perto.
- O que foi? – Questionou confusa, e eu salivei ao ver através da camisola que os seios dela estavam enrijecidos.
- Hoje não.
- Como assim?
- Mari, não quero que aconteça no sofá da minha sala. – Menti, só não queria dizer que eu tinha zero experiência.
- Tudo bem, eu não me importo.
- Só quero que seja algo especial, assim como você é especial para mim. – Acariciei seu rosto e ela sorriu.
- Não posso ficar brava com você.
- Eu sei. Vem vamos para cama. – Ela me olhou e deu um sorriso safado. – Para cama dormir Mariana, pois já está tarde e amanhã a gente trabalha.
Segurei sua mão e sai puxando-a pelo corredor a dentro. Sentia o olhar dela observar meu rebol*do. Deitei em sua frente e ela logo se encaixou atrás de mim, cheirando meu pescoço, quase dormindo de tanto cansaço ela sussurrou algo...
- Estou apaixonada por você.
- O que você disse? Mariana? – Ela respirava profundo e eu dormi com a dúvida do que havia escutado, pensando ser uma alucinação.
A noite foi um tanto difícil. Ter Mariana ao meu lado, quase nua, e me manter sem fazer nada foi extremamente difícil. Em dado momento da noite, virou-se para mim, sua boca ficou a poucos centímetros da minha. Sua expressão era tão serena, desci meus olhos pelo decote, e me arrependi amargamente. Com todo aquele movimento que ela fazia, acabou que o seio esquerdo estava quase todo de fora.
Chega! Peguei o travesseiro, minha manta e caminhei sem fazer barulho até o sofá. Era a única forma para que eu conseguisse dormir. Mera ilusão, quase não consigo esquecer a cena, o que resultou em muitas reviradas no sofá até que o cansaço me venceu.
Acordei com meu corpo sendo esmagado por um ser humano que não percebeu que eu estava ali.
- Meu Deuss! – Gritou Diana ao sentir que havia sentado em algo, no caso eu.
- Shiii! Deixa de escândalo. – Repreendi.
- O que você está fazendo no sofá? Dormiu aí?
- Sim. – Inventei de me mexer, péssima ideia, meu pescoço doeu e eu quase gritei. – Mariana está no meu quarto. – Diana me encarou.
- Se ela está lá, por que você está aqui? Não seria ideal vocês terem dormido juntas depois de fazerem sex*?
- Diana, quem falou que fizemos sex*? Não inventa, você sabe que eu nunca transei com uma mulher, e honestamente ontem não era uma boa hora.
- Então porque veio dormir aqui?
- Eu, eu...
- Você teve medo de não resistir à tentação?
- Foi, agora me deixa preparar o café da manhã. – Me levantei e Diana riu, eu estava toda torta.
Estava entretida fazendo o café, até que senti os braços enlaçando minha cintura. Mariana beijou meu pescoço o que me causou um arrepio até a minha décima geração.
- Que cheiro delicioso. – Sussurrou com a voz rouca.
- Ainda nem tomei banho.
- Quem disse que eu falei do seu cheiro? – Quanta ousadia, Mariana 1 - modéstia 0, me fez ir para a delegacia, tomou minha cama e ainda me destrata. – Estou brincando, não precisa ficar com raiva.
- Você sentiu?
- O quê?
- Eu te matando no meu pensamento, por conta dessa sua ousadia?
Mariana gargalhou, me prendendo em seus braços.
- Você fica linda irritada.
- Mari, não me provoca. – Roçou o nariz descendo do meu pescoço para o busto.
- Tudo bem. – Afastou-se. – Me explica uma coisa, você dormiu no sofá? – Droga ela reparou.
-Você ronca. – Menti e ela gargalhou.
- Eu não ronco, Cami.
- Como você sabe se está dormindo?
- Quem dormiu comigo nunca reclamou. – Me desafiou e eu senti vontade de atirar o bule de café em sua direção, Marina 2 - modéstia 0.
- Mariana, vai tomar banho.
Sumiu pelo corredor. Organizei a mesa de café, e pela demora de Mariana no banho, se eu fosse esperar que ela saísse iria me atrasar. Bati no quarto de Diana.
- Entra.
- Posso usar seu banheiro? Mariana está no meu, e não quero me atrasar.
- Deveria aproveitar e se juntar a ela no banho.
- Diah, você está tão engraçadinha.
Tomei banho, me vesti e escutei as gargalhadas de Mariana e Diana conversando na cozinha.
- Olha ela aí.
- Podemos enfim tomar café.
Gostei do entrosamento da minha amiga com Mariana, conversavam como se já se conhecessem de longa data. Terminamos o café, já no carro Mari me pergunta:
- Se importa de passar lá em casa antes de irmos para a empresa? Preciso trocar de roupa.
- Eu na sua casa, com sua mãe lá?
- Ela não estará lá, e outra, iremos para o meu quarto.
- Tudo bem.
Concordei mesmo acreditando que isso tinha tudo para dar errado.
Fim do capítulo
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