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O Peso do Azul por asuna

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Palavras: 5696
Acessos: 404   |  Postado em: 26/04/2025

Capítulo 15

 

A água escorria pelo meu corpo com a lentidão certa de quem não tinha pressa de se afastar do mundo. Fechei os olhos, permitindo que o vapor envolvesse tudo, como se o nevoeiro pudesse desfocar também os pensamentos. O caminho até casa fora feito num silêncio denso. Chloe sentada do meu lado no banco traseiro do Uber, todavia com mil quilómetros entre nós. Saí do carro sem olhar para trás. Não por orgulho. Por exaustão.

As palavras que trocámos na praia ainda ressoavam em mim como ecos de uma tempestade que não passou completamente. Não conseguia catalogá-las. Não conseguia sequer dar-lhes forma lógica. Só sentia. Uma confusão tão densa que, por instantes, me perguntei se a água quente que me escorria pelas costas poderia dissolver aquela névoa interna.

Havia algo diferente. Uma espécie de desconforto que não era medo. Era frustração. E, curiosamente, essa era mais suportável. Porque o medo paralisa. A frustração, pelo menos, obriga a confrontar.

Enxuguei-me devagar, vestindo o robe com movimentos quase automáticos. Os pés descalços seguiram o percurso habitual até ao quarto, os cabelos ainda húmidos colados à nuca. A noite invadira o céu com aquela tonalidade azul escura que parece absorver o ruído do mundo.

Abri a porta com delicadeza.

Aproximei-me da mesinha, onde a minha bíblia repousava há semanas sem ser aberta. A mão pousou sobre a capa com certa indecisão. O toque, frio. Cerimonial. Abri e encarei a passagem de Levítico 18:22.

"Não te deitarás com um homem, como se deita com uma mulher. É uma abominação."

Fixei naquela frase, sem fugir, sem desculpas.

Li. Reli.

Não sei se esperava um raio. Um choque. Uma culpa renovada. Porém o que senti foi diferente. Foi um vazio estranho.

Fechei o livro devagar. Respirei fundo. Percebendo que não procurava respostas. Procurava-me a mim. Sentei-me na beira da cama, os cotovelos apoiados nas coxas, as mãos entrelaçadas.

Foi então que me lembrei.

Do tom da voz da Pastora.

Serena. Pausada. Quase como quem conta uma história a alguém que já sabe o final, mas precisa de ouvi-la de novo, com outra perspetiva. Ela estava lá, como sempre, de microfone na mão e presença inteira.

— E disse Deus: não é bom que o homem esteja só. — começou, sem pressa. — Uma frase que ouvimos tantas vezes que já nem a escutamos. Mas hoje quero que a ouçam como se fosse a primeira vez. Porque não é sobre género. É sobre presença. É sobre necessidade humana de ser visto, tocado, compreendido.

As palavras flutuaram no ar. Lembro-me de ter ficado imóvel. Tensa. Como se o meu corpo todo aguardasse a próxima frase para saber se podia, ou não, respirar.

— Falaram-nos sobre pecado antes de nos falarem de amor. Condenaram-nos antes de nos abraçarem. — Proclamou, com uma firmeza tranquila que me tocou mais do que qualquer grito. — No entanto Deus... Deus não se ofende com amor. O amor não é sujo. A vergonha não vem de Deus. Vem do medo. E o medo, esse, sim, é o que nos afasta d’Ele.

O meu coração apertou ao recordar. Porque naquela manhã, naquela igreja pequena e cheia de silêncios pesados, eu senti algo que não esperava. Senti alívio. Como se, pela primeira vez, alguém tivesse acendido uma vela num canto escuro da minha alma e me dissesse que aquele lugar era seguro.

Ela continuou, lembro-me de quase sussurrar junto dela, como se já conhecesse aquelas palavras por instinto.

— O que realmente desagrada a Deus — afirmou, observando a sala sem pestanejar — não é o amor entre duas mulheres, ou entre dois homens. É o fingimento. A mentira. A negação de quem somos.

Nesse instante, comecei a refletir mais, tentando entender que talvez eu passara anos a pedir a Deus que me mudasse, quando o que Ele esperava era que eu tivesse coragem para ser. Não para me corrigir. Contudo para me aceitar. Porque amar, mesmo com medo, ainda era melhor do que viver encolhida por vergonha.

A voz da Pastora ainda soava dentro do peito.

— Deus não exige que te encolhas para caber na ideia de fé dos outros. Ele quer que ocupes o espaço que te foi dado com inteireza. Com verdade.

Fechei os olhos.

Naquele dia, não encontrei todas as respostas. Mas encontrei uma paz estranha. E agora, aqui. Depois da frustração que não conseguia calar, essa memória voltou, eu queria acreditar que retornou para me lembrar que talvez, talvez eu não esteja errada por sentir.

 

***

 

A casa dos Walsh parecia outra como se, por uma noite, tivesse engolido todas as regras, todos os silêncios, todas as versões bem-comportadas de nós próprios, e devolvesse algo novo. Algo em desequilíbrio.

A música e as gargalhadas espalhavam-se pelo espaço antes da festa começar. O ar carregava o cheiro adocicado de álcool, desodorizante e nervosismo juvenil camuflado em glitter.

Almofadas espalhadas, luzes entre plantas artificiais e misturas fluorescentes tentavam criar uma atmosfera improvisada e vibrante.

Entre todo esse movimento, eu permanecia ali com os pés ainda presos num outro momento. Ainda com a sua voz a ecoar onde ninguém ouvia.

"Vamos chamar um Uber."

Tão simples.

Tão imperturbável.

Como se nada tivesse acontecido. Como se aquele, nós, tivesse sido só mais um impulso momentâneo, um erro de composição facilmente editável.

Olhei em volta, fingindo estar ocupada com as garrafas, com as decorações, com qualquer coisa que me distraísse do que trazia colado ao corpo. Depois de me deixar em casa, Chloe não disse mais nada.

Na manhã seguinte, esteve presente, todavia de uma forma que me parecia pior do que ausência. Silenciosa, contida, meticulosamente distante.

Falou com todos. Riu nas conversas certas. Cumpriu os rituais sociais com uma perfeição estudada. Mas não me olhou. E essa indiferença era o que mais me corroía.

Piper deslizava pela casa como um furacão em festa imprevisível, vibrante, impossível de ignorar. Jude empilhava copos com a precisão de um alquimista bêbedo. Amber discutia sobre o volume da coluna com Noah, enquanto este dizia que a década de 90 nunca deveria ter terminado.

Foi então que a ruiva me encontrou, de pé junto à janela.

— Maya. — Começou, num tom que parecia inocente, mas trazia propósito escondido. — Vem comigo. Agora.

Levantei lentamente os olhos, desconfiada.

— Para onde?

— Para o meu quarto. — Completou, já caminhando, sem verificar se eu a seguia. — Temos uma transformação a realizar.

Subi as escadas com passos lentos, como quem adia um momento que não pediu. O seu quarto transmitia uma espécie de energia própria, não eram só as cores nas paredes ou cheiros adocicados provenientes de perfumes abertos, era a certeza de que tudo ali tinha uma intenção.

Sobre a cama, roupas cuidadosamente escolhidas esperavam-me, silenciosas e insinuantes.

— Veste isto. — ordenou, com o entusiasmo de quem finalmente pode moldar a sua obra-prima. — Hoje não quero “Maya muda que observa”. Quero a Maya que entra numa sala e faz os rostos virar na sua direção.

Protestei, claro. Contudo a ruiva simplesmente lançou aquele olhar de “não tens hipótese” e saiu a cantarolar.

Agora ali estava eu. De frente para o espelho, com as mãos a tremer levemente sobre o tecido.

O top era preto, justo, com alças finas e um decote discreto, o suficiente para me sentir exposta, no entanto autêntica. A saia, de cintura alta, fluía delicadamente em camadas suaves até meio da coxa. Nada demasiado chamativo, mas claramente pensado para desafiar a pessoa que eu era no dia-a-dia. Nos pés, botas pretas com um pequeno salto. E para finalizar, uns brincos dourados que Piper insistira em escolher.

Soltei o cabelo.

Pela primeira vez em muito tempo, permiti que caísse livre sobre os meus ombros, sem o prender ou esconder. Examinei o meu reflexo no espelho, não era completamente estranho, porém estava longe de ser confortável. Era como ver uma versão minha que ansiava por existir, mas que ainda não sabia como ocupar espaço sem se desculpar.

Suspirei.

Sentia medo de que Chloe me visse.

E mais medo ainda de que não reparasse em mim.

Um bater suave na porta interrompeu os meus pensamentos.

— Entra — murmurei, sabendo já quem era.

— Oh. Meu. Deus. — Piper exclamou, mantendo a voz baixa e teatral. — Isto é histórico!

— Pára — respondi baixinho, sentindo as faces aquecerem rapidamente.

— Não, nada disso. — Ela abanou a cabeça, decidida. — Isto merece um documentário. Vou já ligar para a Vogue e dizer-lhes que saíste finalmente da caverna. Agora senta-te aí. — Apontou para a cadeira junto à penteadeira. — Ainda falta o toque final.

Sentei-me, observando-a enquanto esta abria cuidadosamente a pequena bolsa cheia de produtos coloridos.

— Por favor, sem exageros — pedi com incerteza.

— Confia em mim — assegurou, segurando gentilmente o meu rosto com uma mão enquanto, com a outra, espalhava uma base leve no meu rosto — Vou só realçar o que já está aí.

Mantive-me imóvel, deixando-a dirigir aquele pequeno ritual de transformação. Escolheu sombras suaves, esfumando delicadamente sobre as minhas pálpebras.

— Fecha os olhos — pediu num tom quase sussurrado, concentrando-se enquanto aplicava a máscara nos meus cílios, realçando subtilmente o meu olhar.

Quando terminou, sorriu satisfeita e entregou-me um batom nude, subtil, mas suficiente para dar o toque final.

— Vais arrasar — murmurou, ajeitando carinhosamente o meu cabelo solto, deixando-o cair naturalmente.

Levantei-me lentamente. Estudando novamente aquela versão minha que parecia quase uma desconhecida, mais confiante, possivelmente mais verdadeira.

Ao descer as escadas, o volume da música parecia ter aumentado, as luzes moviam-se pelas paredes e vozes conhecidas misturavam-se com outras que eu ainda não reconhecia.

Senti os olhares pousarem sobre mim.

— Digam lá se não fiz um excelente trabalho! — comentou Piper, orgulhosa.

Amber sorriu com suavidade, o olhar sincero atravessando-me de uma forma que nenhum elogio exuberante conseguiria.

— Estás linda, Maya.

Assenti timidamente, sem saber exatamente onde colocar as mãos, o olhar, ou o próprio corpo. Porém Piper não deixou espaço para dúvidas.

— Anda! — puxou-me de forma gentil, mas decididamente pelo braço. — Hoje vais entrar nesta festa como deve ser. Nada de te esconderes pelas paredes como uma sombra.

— E se eu quiser muito ser sombra? — Questionei, meio a brincar, meio a sério.

— Então hoje és uma sombra com estilo e presença. Agora, preciso urgentemente de mais bebida e menos bom senso — acrescentou, rindo sozinha.

Caminhei ate ao sofá e permaneci imóvel.

O som da campainha ecoou, senti o corpo enrijecer ligeiramente.

A ruiva abriu a porta com uma pose teatral e uma expressão de anfitriã profissional.

— Bem-vindos ao palco da vossa ruína emocional! — anunciou.

Minutos depois a casa começou a encher.

Primeiro aos poucos. Grupos pequenos, passos tímidos, vozes conhecidas. Depois, mais rápido. Risos. Música. O cheiro a perfume demasiado doce de alguém que entrou a rir alto demais. Um casaco atirado por cima de uma cadeira. Líquidos coloridos a aparecerem nas mãos como por magia.

Eu mantinha-me sentada, observando. Como se estivesse ali só para garantir que nada se partia. Nem os objetos. Nem os limites.

Várias vezes me levantei discretamente para endireitar algo, um porta-velas prestes a cair, uma garrafa em equilíbrio instável, um quadro desalinhado. Era quase um gesto automático, como se ordenar o espaço me ajudasse a fingir que também podia ordenar o que sentia.

Mas a verdade é que a casa já estava a vibrar com uma energia que escapava a qualquer tentativa de controlo.

Jude e Piper dançavam na cozinha, uma coreografia improvisada feita de cotovelos e gargalhadas que ocupavam mais espaço do que deveriam. A ruiva rodopiou sobre si mesma, depois parou à minha frente com um olhar que já trazia álcool nas margens e decisão no centro.

— Maya — disse, arrastando o meu nome como se fosse uma melodia antiga — por amor à tua sanidade e à minha reputação, vais mesmo ficar aí sentada a fingir que és planta ornamental?

Senti os meus lábios erguer, num sorriso pequeno, quase suplicante.

Ela não se comoveu.

Pegou numa mistura do balcão. Estava cheio. Rosa-claro. Gelo a dançar por dentro. Um guarda-chuva minúsculo espetado na borda.

— Bebe. — Dispôs, estendendo-mo. — Só um. Prometo que não te transformo num meme humano esta noite. Mas estás demasiado tensa, parece que estás prestes a pedir desculpa à mobília por a festa existir.

Hesitei.

Olhei para a bebida. Depois para ela.

Depois para a casa.

E percebi que, naquele momento, eu não tinha controlo sobre nada. Nem sobre a música, nem sobre os corpos que dançavam.

Peguei no copo.

E bebi.

Devagar.

Piper acenou com aprovação, como se tivesse acabado de ganhar uma aposta consigo mesma. O guarda-chuva minúsculo caiu para dentro da bebida e ficou ali a boiar, como uma metáfora quase cómica para a minha rendição.

— Assim mesmo. — Expôs, satisfeita. — Ainda vamos fazer de ti uma criatura social.

Afastei a mistura dos lábios, sentindo o líquido a arder levemente na garganta, doce demais. Ela já se afastava outra vez, reclamando de alguém que misturava bebidas como se estivesse a fazer poções perigosas.

Segundos depois Ethan apareceu no meu campo de visão.

A sua chegada não teve alarido. Entrou como sempre entra de forma descontraído. Atravessou a sala com uma bebida na mão e um casaco demasiado leve para o frio da noite, quando me viu, deteve-se por um breve instante a mais do que o necessário.

Houve uma pausa, não da festa, mas no modo como ele me olhou. Um erguer subtil das sobrancelhas, quase mínimo, seguido de um pequeno sorriso que não chegava a ser comentário, contudo dizia tudo. Notei como o seu olhar deslizou rapidamente pelo meu corpo antes de regressar ao meu rosto com a mesma naturalidade com que se respira.

— Já de copo na mão? — comentou, num tom leve, quase cúmplice. — Onde está a pessoa contida que conheci? Preciso de avisar alguém?

Uma sombra de leveza atravessou-me o rosto, sem chegar à boca.

— Está aqui. Só está a tentar parecer menos sílaba solta no meio da frase dos outros.

Aproximou-se dando um passo mais perto, a sua atenção passeou rapidamente pelo cômodo antes de se voltar novamente para mim.

Ergueu o copo numa espécie de brinde informal, como se reconhecesse a minha tentativa de ocupar um lugar mais visível.

— Piper já destruiu alguma coisa? Ou ainda está na fase anfitriã responsável com charme duvidoso?

— Está na fase de guru emocional com playlist autoral. — disse, sem pensar muito.

Ele assentiu, um meio sorriso nos lábios.

— Clássico.

Ficámos ali por um instante. O ruído da festa crescia à volta. Ele mantinha-se do meu lado, presente, real, com a sua leveza que não exigia nada.

Enquanto que eu.

Eu sentia a tensão a abrandar nas bordas. Como se aquela bebida, aquele comentário, aquela pequena quebra na superfície me deixasse respirar com mais folga. Mas, ainda assim, por trás de tudo, como um reflexo que não se desfoca mesmo quando desviamos o olhar, a ausência dela continuava presente.

Alguns minutos depois notei que o corpo começava a ceder. Ou talvez fosse o contrário. Talvez começasse a acompanhar finalmente o ritmo à minha volta, a música que se entranhava, as gargalhadas que se moviam em espirais largas, o calor que se agarrava aos pulsos como braceletes invisíveis.

Ethan voltou a erguer o copo.

— Queres provar? — perguntou, o tom leve, quase distraído.

Analisei o líquido. Depois o meu, já quase vazio.

— Não sei se devia misturar. — Murmurei, mais por reflexo do que por convicção.

Viu-o encolher os ombros.

— Também não sei se devias começar a festa com água e vigilância passiva. Mas olha onde estamos.

Soltei uma pequena gargalhada. Não era um desafio, nem uma provocação. Levantei-me devagar.

— Leva-me até à bancada dos pecados — Concluí, com a voz mais firme do que esperava.

Ele fingiu uma vénia exagerada e conduziu-me até à mesa onde uma variedade caótica de garrafas disputava território com doces, taças de batatas fritas e um conjunto de copos de plástico translúcidos com brilhos.

Peguei num outro e experimentei algo que Jude tinha misturado, uma cor indefinida entre âmbar e desastre. O sabor era doce, ácido e vago. Ri-me ao sentir o ardor ligeiro na garganta.

— Isto sabe aquelas bebidas que ninguém devia gostar, mas que, por algum motivo, funcionam. — Comentei, enquanto me servia com mais um pouco.

— Então é perfeito para hoje. — Ethan encostou-se à bancada do meu lado, os cotovelos ligeiramente fletidos.

A música mudou. As batidas tornaram-se mais soltas, mais fáceis de seguir com o corpo. Um refrão familiar espalhou-se pela sala, e Piper apareceu no centro como um furacão alegre, braços no ar, a puxar quem passava como se todos fizessem parte de uma coreografia improvisada.

— Vens?

Hesitei.

Observei em volta as cores pareciam mais saturadas, as vozes confundiam-se como tinta em água. O chão mantinha-se firme, no entanto já não me parecia uma exigência. O copo, ainda meio cheio, girava entre os meus dedos, como um lembrete silencioso de que, por uma noite, podia simplesmente ser uma versão minha com menos rigidez, menos cuidado.

— Por que não? — respondi, e antes que a razão voltasse a ocupar o seu lugar habitual, deixei que os pés seguissem o som.

A pista improvisada estava cheia de corpos em movimento, desordenados, porém livres. Nenhum toque parecia invasivo. Era só proximidade humana a acontecer, sem exigências. A música entrava pelo peito e escorria até à cintura, como algo inevitável e bem-vindo.

Ele dançava com uma leveza descomplicada, como quem não tenta provar nada. Os seus movimentos eram soltos, naturais, havia uma graça silenciosa na forma como se deixava levar pelo ritmo sem dominar o espaço, sem invadir o meu.

Fui-me deixando ir.

Devagar.

Sem coreografia.

Sem intenção.

Apenas movimento.

Os braços soltaram-se. A cabeça inclinou-se para trás, e um riso escapou. O meu próprio corpo pareceu surpreender-se com o facto de estar ali, a dançar, a rir, a permitir-se existir fora das margens. A bebida esvaziou-se numa mão. Logo outra apareceu. Nem sei bem como. Não dei importância. O essencial era o calor, o som, e aquela sensação rara de não ser um problema a ser resolvido. De estar inteira. Presente.

Por alguns minutos, deixei de a procurar. Por um instante, era só eu.

A dançar.

Com Ethan.

O mundo a deixar-me, finalmente, respirar.

O meu olhar tropeçou nela sem aviso. Por trás dele.

Entre as luzes que oscilavam e os corpos que dançavam com mais ruído do que ritmo.

Chloe.

Não entrou na festa, atravessou-a como se já lhe pertencesse. A camisa fluía nos ombros, os cabelos rebeldes dançavam ao sabor da música, e a sua presença rasgava o ambiente como uma corrente oculta.

Caminhava acompanhada.

Seguiam lado a lado. Riam-se de algo.

No entanto a sua atenção não estava naquela conversa.

Estava em mim.

Fixa. Direta. Sem desvio.

Havia qualquer coisa ali. Um brilho, uma pergunta, uma tensão invisível. Como um elástico que se estica até quase romper.

Um aviso.

Um desafio.

O meu peito apertou com a súbita consciência de estar a ser observada não como se existisse, mas como se tivesse sido reclamada.

Tentei inspirar fundo, mas o ar trazia-lhe o nome.

Não sei bem se foi o álcool, ou a frustração acumulada que permanecia em silencio. Talvez tenha sido simplesmente o facto de ela estar ali, com outra pessoa, indiferente, como se o que revelei não tivesse significado nada.

Voltei-me para Ethan, que continuava a dançar, ligeiramente suado. Aproximei-me. Um gesto pequeno, mas intencional. Como quem responde a uma provocação muda.

Senti-lhe o braço roçar no meu. E sem pensar muito, ou talvez depois de pensar demais, levei as mãos ao seu peito, incentivando a proximidade. Segundos depois, senti o seu toque na minha cintura, suave, porém firme o suficiente para selar a proximidade. Ele não perguntou, não duvidou. Apenas correspondeu, como se o momento lhe pertencesse tanto quanto a mim.

Era íntimo, não por desejo, mas por desafio. Um manifesto silencioso dirigido a ela.

Dancei com ele.

Não com a leveza despreocupada de antes, mas com uma nova intenção, moldada pelo tom azul turquesa. O meu corpo deslizou num compasso mais marcado. Sem intenção de o seduzir, mas para que ela visse. Para que ela soubesse. Para que sentisse.

O meu braço envolveu o ombro dele, e os nossos corpos alinharam-se com uma precisão que parecia ensaiada. Porém não era. Era instinto. Era território. A minha mão subiu levemente até à nuca dele, os dedos tocando-lhe o cabelo molhado pelo calor da festa. Inclinei a cabeça para o lado, rindo de algo que ele não disse. Não porque achasse graça, mas porque era parte do papel.

Eu sabia o que fazia.

Ele, mesmo sem entender, estava ali. Disponível. Corpo presente. Coração leve.

Os nossos quadris moveram-se em sintonia, as batidas da música servindo de base para esse teatro improvisado. E em cada roçar, cada aproximação medida, havia uma resposta muda a uma pergunta que ela ainda não tinha feito, mas que estava no ar, entre os nossos olhares cruzados.

Chloe parou a poucos passos de distância.

Não se misturou de imediato com os outros.

Limitou-se a encostar-se ao batente da porta, um copo casualmente na mão, a outra pousada na anca com a precisão de quem encena cada detalhe. O corpo em pausa. Mas o foco, em alerta absoluto. Esse incandescente, estava em mim.

Não havia indecisão. Havia estratégia.

A garota do seu lado inclinou-se para dizer-lhe algo ao ouvido. Ela não a afastou. Também não retribuiu com um sorriso. Permaneceu imóvel, tensa como um arco antes de disparar. Os seus olhos nunca se moveram. Continuavam presos a mim, cravando-se como um selo, como se quisessem eliminar qualquer margem para equívocos.

Foi então que ela o fez. Com uma calma que me feriu mais do que qualquer urgência, ela moveu-se.

Pousou a bebida numa prateleira com uma leveza que me pareceu cruel, quase poética no rigor. Voltou-se para a garota do seu lado, e num gesto que não tinha pressa nem pudor, pousou-lhe as mãos nos quadris e puxou-a para si. Os corpos colaram-se com uma fluidez ensaiada, como se aquele toque tivesse sido treinado, como se cada movimento tivesse sido desenhado para atingir um ponto específico, o meu.

A sua boca desceu até ao pescoço da outra, roçando-lhe a pele num gesto que não pedia permissão. Os dedos deslizaram por baixo da camisa dela, num movimento lento e intencional, visível mesmo sob a penumbra das luzes a piscar.

E então, Chloe virou o rosto na minha direção, a expressão nos seus lábios ergueu-se, lenta e devastadora, não pedia desculpas, apenas selava o estrago.

Depois, percorreu com os lábios a linha do maxilar da garota, quase a beijando, mas sem o fazer.

Provocação pura.

Sem subtileza.

Com assinatura.

O meu estômago contraiu-se, uma dor seca e cortante, como se algo dentro de mim se partisse em silêncio. As mãos de Ethan na minha cintura, que momentos antes eram um ponto de apoio, tornaram-se súbitas demais, desconfortáveis. E mesmo assim, permaneci ali.

Ele analisou-me, com a gentileza distraída de quem ainda não entendeu a guerra invisível que acontecia ao seu lado.

— Estás bem?

Assenti com um sorriso preso. Daqueles que se usam para sobreviver socialmente.

Mas não estava.

Não estava.

Porque ela sabia exatamente o que aquele gesto significava. O que causava. E fez mesmo assim.

Tomei mais um gole da bebida. Grande demais.

O álcool desceu rápido. Aqueceu. Ardeu.

Um segundo depois, capturei novamente a sua atenção, e desta vez não desviei. Não sorri. Simplesmente deixei que a minha expressão falasse. Que ela visse tudo. Que soubesse.

— Eu preciso de ir apanhar ar. — declarei, já a fugir de mim própria, e antes que Ethan pudesse dizer ou perguntar seja o que for, virei costas e saí.

A música ecoava abafada pelos corredores, como se as paredes tentassem conter o que, inevitavelmente, transbordava. Os risos, os passos apressados, os toques descuidados, fragmentos de uma festividade que já não me incluía. Cada passo que me afastava da sala era um corte, um rasgo, alívio e castigo ao mesmo tempo.

Subi as escadas quase a correr. Queria distância. Da festa. Dela. Da forma como a outra se entregava, leve demais, solta demais, rindo alto demais, colando-se como se lhe pertencesse. Chloe não se afastava. Também não cedia. Ocupava aquele espaço ambíguo com a mesma maestria de sempre, onde a atenção provoca. E a dela, como praxe fazia mais estragos do que qualquer outra.

Entrei no quarto, fechei a porta com mais força do que pretendia. O som seco ricocheteou pelas paredes como uma acusação. Atirei-me contra a mesa de estudo, os dedos a apertarem o tampo de madeira, o fôlego curto, descompassado.

Não era só ciúmes.

Era cansaço.

Era aquele peso invisível de nunca ser o suficiente.

De ser sempre a que observa. A que sente. Mas cala.

Encostei a testa ao braço, os olhos fechados, o peito ainda em guerra com o que não conseguia nomear.

Foi o som da maçaneta que me arrancou desse estado.

Girou com a lentidão de quem sabe que está a cruzar um limite.

Ela entrou.

Sem bater. Sem vacilar.

Fechou a porta atrás de si com uma demora estudada. A presença dela, fixa em mim.

— Vais continuar a fugir sempre que as coisas não te agradam? — interrogou, sem raiva. Só com aquele tom baixo, seco, que magoava mais do que qualquer grito.

— Irónico— sussurrei, apertando os dedos contra a beira da secretária. — Vindo de ti, que recuas sempre que algo significativo acontece. E no dia seguinte? Finges que nada aconteceu.

Respirei fundo, o sabor das palavras seguintes era amargo.

— Volta para a festa Chloe. A tua acompanhante deve estar à tua procura.

Ela soltou uma gargalhada breve, sem humor.

— Ah, pronto. É isto? Ficas magoada porque eu existo fora da tua idealização?

Encarei-a. O sangue subiu por mim com uma violência que quase me fez cambalear. A raiva não era contra ela. Era contra mim.

— Tu não entendes nada. Absolutamente nada.

Chloe aproximou-se. Dois passos, talvez três, mas cada um deles soou como um desafio direto ao que restava da minha contenção.

— Eu entendo mais do que queres admitir — murmurou, a voz mais baixa, rouca. — Tu não sabes o que fazer com o que sentes — Fez uma pausa, um meio sorriso formou-se nos seus lábios — Foi por isso que me provocaste? Querias que eu visse? Que sentisse? A audácia com que usaste o Ethan, quase me impressionou.

O ar ficou denso, como se de repente cada sopro quente fosse partilhado. Eu sentia o calor do corpo dela a irradiar contra o meu. O perfume, um misto de pele e qualquer coisa doce enchia o espaço entre nós com uma intimidade que me fazia tremer.

— Por quanto tempo mais vamos continuar neste jogo? — questionou, quase num sussurro, com veneno doce a escorrer-lhe pela voz. — Porque, sejamos sinceras, Maya, tu e eu sabemos quem joga melhor. E eu? — inclinou-se, o lábio a roçar quase o canto da minha boca — eu não costumo perder.

A frase atravessou-me como uma corrente elétrica. Fiquei sem ar. Esta aproximou-se mais ainda. As mãos apoiaram-se na mesa de estudo, uma de cada lado do meu corpo, encurralando-me num gesto que foi tudo menos inocente. A intensidade rasgava-me em silêncio.

— Não é um jogo. — Sussurrei, mas a voz já me tremia. Um sopro de verdade, mais próximo de um gemido do que de uma defesa.

Chloe inclinou a cabeça com uma lentidão calculada. Os nossos rostos ficaram perigosamente próximos, tão próximos que o calor da sua respiração roçou os meus lábios como um sussurro proibido. O meu corpo reagiu antes da minha mente conseguir impedir, o peito elevou-se, um arrepio percorreu-me a espinha com a precisão de um relâmpago, o desejo contido, a ânsia silenciosa, a entrega negada explodiu na superfície, cravando-se em cada milímetro entre nós. Engoli em seco.

— Não? — murmurou. — Então diz-me o que é. Diz-me agora. Aqui. Sem desviar o olhar.

Foi a última linha que o meu autocontrolo conseguiu traçar.

O medo, a culpa a raiva, tudo se fundiu numa única certeza. Eu não aguentava mais.

Agarrei a camisa com dedos trémulos. Puxei-a para mim. O beijo foi um grito calado. Fome reprimida. As minhas mãos enterraram-se nos seus cabelos, puxando-a com mais força do que planeado, o meu corpo colou-se ao dela com uma urgência primitiva.

Chloe vacilou por um instante, como se a intensidade da minha entrega a tivesse apanhado desprevenida. No entanto depois, depois veio a rendição. Os seus dedos prenderam-se com firmeza à minha cintura, a boca dela respondeu à minha com uma entrega feroz, quente, exigente, insaciável. As línguas entrelaçaram-se num duelo de vontades, num choque de desejos. Beijá-la era como mergulhar num abismo em chamas sem querer sair.

O mundo desapareceu. Não havia tempo, nem espaço. Não havia certo ou errado, só textura quente, só o som abafado, urgente e sem ritmo.

Só ela.

Só nós.

Eu precisava de mais dela. Mais do toque, do sabor, da sensação de estar finalmente ali, onde sempre temi chegar.

Impulsiva, faminta, empurrei-a para trás, até as suas pernas tocarem na borda da cama. Ela cedeu sem resistência, tombando devagar sobre o colchão. O fogo do seu olhar fixo em mim.

Subi para cima dela, o corpo vibrava com a força de tudo o que reprimi. O calor do seu corpo atravessava a roupa, incendiando o meu. A atenção presa em mim, parecia querer dizer algo que ainda não tinha forma. Porém não lhe dei tempo para palavras.

Beijei-a outra vez. Urgente.

As nossas línguas encontraram-se como se já se conhecessem, como se aquele beijo fosse apenas a continuação inevitável de todos os olhares roubados, de todas as noites em que sonhei com ela, de todas as vezes em que me odiei por querer tanto.

Desci os meus lábios pelo seu maxilar até ao pescoço, onde deixei a minha boca demorar-se. Senti o seu suspiro a estremecer-lhe o corpo, as unhas cravando-se ligeiramente nos meus ombros.

— Maya — sussurrou, rouco, quebrado. Mais sopro do que uma advertência. Um murmúrio de rendição.

A minha mão tremeu quando subiu pela sua camisa.

Devagar.

Como quem teme profanar um templo e, ao mesmo tempo, não resiste à vontade de entrar.

Os meus dedos encontraram o primeiro botão.

Desabotoei-o.

Depois o segundo.

As mãos trémulas, porém, o desejo, esse era firme. Inabalável. Como se cada toque, cada botão aberto, fosse um passo mais fundo dentro de mim mesma. Um lugar onde nunca tive coragem de entrar.

Quando os meus dedos deslizaram sobre a sua pele, quente, viva, foi como um golpe emocional.

O calor que sempre imaginei.

A sua textura sob as minhas palmas.

Tão real.

E por um instante, acreditei. Acreditei que, enfim, ela me queria tanto quanto eu a queria.

Mas antes que pudesse afundar-me ainda mais naquele toque, senti os seus dedos segurarem os meus pulsos.

Firmes. Inquebráveis.

O meu corpo congelou no gesto.

O desejo bateu de frente com a culpa e o impacto foi brutal.

A minha mente rodopiou, desorientada.

O quarto, as sombras, a memória da sua boca na minha, tudo se esvaziou num silêncio desconfortável, onde até o som entrecortado do meu próprio peito me pareceu uma invasão.

Ela afastou-se ligeiramente, não de forma brusca, apenas o suficiente para me obrigar a encará-la. Quando os seus olhos encontraram os meus, senti o tremer sob os meus joelhos.

Não havia raiva.

Nem frieza.

Havia algo pior.

Um ligeiro vislumbre de confusão.

— Maya. — Murmurou, a voz tremendo ligeiramente. — Assim não.

A vergonha explodiu dentro de mim como uma bomba de fumo.

Chloe respirou fundo. Quando falou, a voz era baixa, quase um sussurro que parecia ecoar nas paredes.

— Não quero que me toques assim, com esse desespero. — A sua mão ainda segurava o meu pulso, firme, mas sem força, apenas presença. — Não quero ser o lugar onde descarregas o que te magoa. — Fez uma pausa breve. — Não a tua culpa em carne viva.

O seu olhar cravou-se no meu.

— Quero-te inteira. Não pedaços. Não fragmentos.

A minha mão ainda repousava sobre a sua pele quando compreendi, ela não queria esta fração de mim. E eu, mais uma vez, tinha-me exposto demais. Sem controle. Sem defesa. Por impulso.

As palavras ficaram suspensas no ar entre nós, cruas, delicadas, precisas.

Eu desejei desaparecer.

Porque ela tinha razão.

E, no fundo, eu sabia.

Fechei os olhos com força, como se pudesse apagar o momento da minha memória.

Com um esforço que me pareceu maior do que o mundo, afastei-me.

Lentamente.

O tecido da saia que usava roçou contra a pele nua da minha coxa, num aviso silencioso e impiedoso da vulnerabilidade que já não conseguia ocultar.

Fechei os olhos de novo, apertando as pálpebras como quem tenta trancar a alma, incapaz de enfrentar o reflexo de mim mesma naquele quarto ainda impregnado do nosso silêncio.

O nó na garganta ameaçava rebentar. A vontade de chorar subiu pelas costelas como uma onda fria.

— Maya. — ouvi-a chamar, a voz a rasgar o espaço entre nós com uma delicadeza que doía mais do que qualquer grito.

Travei-a com um gesto mínimo, tão pequeno, tão frágil que mesmo assim Chloe captou, lendo-me na penumbra.

Dei um passo atrás, cambaleante, como se o próprio chão recusasse sustentar-me. Mas ela foi mais rápida.

A sua mão fechou-se em redor do meu pulso, firme, quente, o único ponto de ancoragem num corpo que já não sabia a quem pertencia.

Baixei o olhar, incapaz de sustentar o dela.

Foi nesse instante que um som vibrou no espaço um zumbido seco, cortante e a luz da tela acendeu-se sobre a mesinha, iluminando o quarto com uma claridade cruel.

Instintivamente, soube.

Antes mesmo de olhar.

Antes mesmo de pensar.

Desviei os olhos até ao relógio pousado sobre a secretária, e a confirmação cortou-me a respiração.

A hora exata.

Como todos os dias.

Como uma sentença inevitável.

O meu pai.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Por vezes, não é a falta de sentimento que nos afasta, mas a nossa incapacidade de o conter.

Movida pela dor, pela raiva, pela necessidade de ser vista e amada sem reservas. Maya deixa que a impulsividade fale mais alto do que a razão.

Mas amar de rompante, sem compreender o que nos move, pode ser tão destrutivo quanto não amar de todo.

Maya não quebrou apenas a distância entre ela e Chloe, quebrou também a própria barreira que durante anos ergueu entre o que sentia e o que omitia.

Agora, terá de enfrentar as consequências de se ter permitido agir por instinto, sem defesas, sem máscaras.

Espero que tenham gostado da forma como desenvolvi este capítulo!

Beijos Vemo-nos no próximo. :)

 

P.S.: Peço desculpa a quem leu logo que o capítulo foi publicado! Por engano, não copiei o texto até ao final, só reparei depois. Agora sim, o capítulo está completo para vocês!


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Comentários para 16 - Capítulo 15:
thays_
thays_

Em: 28/04/2025

Menina, que delícia de beijo!!!!

Não culpo a Maya por ter agido pela emoção (a bebida talvez tenha lhe dado certa coragem). Acho ainda que se ela não tivesse agarrado Chloe, talvez essa nunca tomasse a iniciativa! No lugar dela acho que teria feito a mesma coisa. É completamente compreensível todo esse desejo, toda essa necessidade e urgência perante a algo que ela nunca se permitiu viver. É igual dar um copo de água pra alguém com sede no deserto rsrs

Como será a relação entre elas depois do beijo? Já ansiosa pro próximo!!


asuna

asuna Em: 01/05/2025 Autora da história
Em relacao ao beijo eu pensei muito em como seria esse momento...

Eu acho que talvez algumas leitoras possam ter achado que demorou muito para acontecer, mas para mim era essencial que ele viesse num momento de tensão acumulada, num instante em que a Maya já não conseguisse conter o que vinha guardando, então eu adorei essa comparação, era exatamente isso que eu queria transmitir com tudo o que ela tem reprimido.

Quanto ao que vem depois... ah, vamos descobrir já já ;)

Mais uma vez, obrigada pelas palavras encorajadoras e pelo carinho com que acompanhas a história!


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