HELENA

Após o banho de Rafaela trocamos poucas mensagens e nos despedimos. Eu fiquei me mordendo de ciúmes ao constatar que Rafaela já tinha tido aquela experiência com outras mulheres. Para mim  foi o momento mais surreal da vida e para ela foi só mais uma. A masturbação nunca foi um tabu para mim. Até tentei algumas vezes, mas nunca consegui um orgasmo. Li diversos artigos e assisti documentários sobre isso e durante muitos anos me reconheci como uma mulher assexuada. Mas hoje pude ter uma visão diferente… EU não era assexuada. Foi um momento muito rápido com Rafaela, mas eu senti prazer. E aos 30 anos g*zei pela primeira vez através de uma ligação telefônica. 

- Ó céus… O que eu estou fazendo da minha vida?

Me interroguei alto.

Me revirava na cama e o sono não vinha. Logo meus pensamentos me transportavam para nosso momento à tarde quando Rafaela estava aqui, nua na minha cama. Abracei o travesseiro e fechei os olhos na esperança de aspirar seu perfume. Mas a única coisa que me veio à mente foram aqueles lindos olhos verdes. Imaginei como estaria Rafaela no momento em que ela gemia para mim ao telefone, percebi que sem querer eu já apertava as pernas. Me senti úmida e desci a mão com o fim de checar se eu conseguiria atingir novamente um orgasmo sem ouvir a voz de Rafaela. Acariciei o meu corpo e toquei minha intimidade. Iniciei com movimentos circulares e senti uma espécie de cócegas. 

- Ain como eu sou ridícula. Nem pra isso eu presto.

Desisti por uns minutos e continuei olhando para o teto. De olhos fechados senti um vento frio passar e lembrei da voz de Rafaela dizendo “Goz* comigo Helena”. 

Desci a mão novamente e comecei a acariciar imaginando que eram as grandes mãos de Rafaela que me tocavam. Os movimentos se intensificaram e eu não conseguia mais parar… Estava cada vez mais intenso e gostoso. Meu peito descia e subia e o quarto que estava escuro foi tomado por uma claridade natural. Eu já não sentia as mãos, mas sentia o toque:

- Rafa… 

Balbuciei sozinha naquele quarto, mas parecia que ela estava ali. 

Meu peito foi tomado por um aperto que eu nunca senti, senti uma tremenda vontade de fechar as pernas e nesse momento alcancei o paraíso. Foi como estar no meio de uma explosão. Eu sorria e ao mesmo tempo estava assustada. Senti as pernas tremendo e o corpo molhado de suor. Aos poucos fui controlando a respiração é uma espécie de leveza tomou meu corpo. Pensei em levantar e tomar um banho, mas adormeci. 

Acordei com o sol queimando o meu rosto. Eu tinha dormido e esquecido de fechar as janelas. Peguei o celular e ao ver as horas levei um susto. 8:28min. Abri a porta desesperada e desci as escadas correndo. Encontrei Débora na cozinha:

- Cadê as crianças?

- Bom dia Dona Helena. Já estão na escola. Eles foram ao seu quarto cedo, mas a senhora não atendeu. Eu arrumei eles e levei. Imaginei que estivesse muito cansada de ontem.

- E Carlos?

- Senhor Carlos tomou café e saiu antes das crianças. 

- Davi foi tranquilo?

- Foi sim. Eu disse que passaríamos na padaria e compramos um sonho. Ele ficou bem. 

- Obrigada Débora. Realmente o dia de ontem foi uma loucura. Irei buscá-los na saída. 

Subi para o quarto e me joguei na cama. Meu sono tinha sido tão pesado a ponto de eu perder o horário de aula das crianças. Pensaria em algo para recompensá-los. Peguei o celular e abri o whatsapp. Lá tinha uma mensagem de Rafaela.

“Bom dia linda. Posso confirmar nossa aula hoje?”

Sorri feito boba e respondi imediatamente:

“Bom dia Rafa. Lisonjeada pelo linda kkkkkkkk. Confirmado. Já faltei semana passada”

Deixei o celular em cima da cama e fui cantarolando para o banheiro. 

Tomei um banho e corri para organizar meu dia. Vez ou outra olhava o celular na ânsia de uma mensagem de Rafa, mas a que eu mandei nem tinha sido visualizada. Perto do horário da escola dos meninos peguei o carro e fui buscá-los. Passei na escola de Davi que ficou abriu um sorriso ao me ver:

- Mãe você veio.

- Eu vim filhote.

Beijei sua testa

- Hoje mamãe dormiu mais que a cama.

- Dormi filho, sua mãe virou uma dorminhoca. Agora entra no carro se não vamos perder o horário de Stella.

Seguimos rumo a escola de Stella e eu apertava o volante tamanha era a ansiedade. Será que Rafaela estaria no portão como naquele dia?

- Nervosa mamãe?

- Não querido, mamãe está com medo do trânsito.

Meu nervosismo não passava despercebido por Davi. 

Chegamos na rua da escola de Stella e a fila de carros me tirava do sério. Fomos nos aproximando do portão e de longe vi Stella de mãos dadas com sua professora. Não era Rafaela. Estacionei o carro e quando Stella me avistou, começou a pular e sua mochila abriu espalhando todo material escolar pelo chão. Desci do carro, segurei Stella com uma mão e com a outra recolhia seus pertences. Foi quando ouvi uma voz atrás de mim:

- Deixa eu te ajudar....

Impossível não reconhecer aquela voz. Rafaela.

Pegou Stella no colo e foi colocando no acento enquanto eu terminava de recolher os materiais. 

- Olha, tem um boleiro aqui, tudo bem carinha?

Esticou o braço com a mão em forma de soquinho e Davi fez o mesmo gesto. 

- Bem tia Rafa, que dia vamos jogar futebol de novo?

- Vamos marcar em breve.

Eu olhava aquela cena e instantaneamente me veio um quentinho no coração. A interação de Rafa com Davi e o cuidado com Stella fez meu coração dar alguns saltos. Coloquei o material de Stella no banco do carona e me virei pra Rafa:

- Obrigada.

- Não há de que.

- Te vejo na academia hoje? Te mandei mensagem hoje de manhã.

- Acordei um pouquinho tarde. E te respondi.

- Pela manhã quando estou na escola raramente pego no celular. 

Começamos a ouvir barulhos de buzina dos carros que estavam na fila para pegar as crianças. Eu não queria desfazer o contato com ela, então no impulso perguntei:

- Você vai almoçar agora?

- Vou sim. Só tenho aluno às 14 horas.

- Quer almoçar com a gente no shopping?

Rafaela olhou para as crianças, depois olhou novamente para mim e as buzinas atrás de nós não paravam.

- Vai indo na frente, vou terminar de ajudar aqui com a saída, depois encontro com vocês lá. 

- Combinado.

Arranquei com o carro e Stella não se coube de alegria quando soube que almoçariamos com a Tia Rafa que ela tanto ama.

Fim do capítulo