Capitulo 44
Era uma tarde fria de terça-feira quando o novo caso chocou a cidade. O telefone tocou na delegacia, cortando o silêncio que pairava no ambiente. Hugo, com um olhar severo, pegou o aparelho, ouvindo atentamente a voz do policial do local do crime.
— Hugo, temos um corpo. Uma mulher. Parece que o assassino voltou.
O delegado rapidamente se levantou, ajustando sua gravata com uma expressão de preocupação. Sabia que, com o retorno do assassino, as coisas ficariam ainda mais complicadas.
A notícia correu rápido e, em menos de uma hora, todos os envolvidos estavam no local do crime. A vítima era uma mulher jovem, de cerca de 30 anos, encontrada em um bairro isolado da cidade. O modus operandi era o mesmo: a mulher estava brutalmente assassinada, com sinais de estrangulamento e marcas que indicavam um ataque calculado e violento. O assassino parecia estar em busca de algo específico, e agora a cidade estava em alerta.
Gabriela chegou ao local, os olhos varrendo a cena. A tensão estava no ar. Olívia estava a seu lado, imersa na investigação, enquanto Lucas e Fernanda se aproximavam com um olhar sério.
— Isso tem o toque do mesmo assassino — Lucas afirmou, suas palavras cortando o ar com uma frieza que só um caso como aquele poderia gerar. — Ele está aumentando o nível de agressividade entre as vítimas.
Olívia, de braços cruzados, analisava o corpo com um olhar atento. Sua postura, sempre firme, transmitia uma calma tensa. Ela não demonstrava emoções à flor da pele, mas Gabriela podia perceber o peso da situação sobre ela.
— Esse não é um crime comum, é um ataque específico. Ele escolhe suas vítimas a dedo. Precisamos encontrar o padrão, e rápido — Olívia disse, seus olhos intensos.
Gabriela sentiu um calafrio. Ela sabia que Olívia tinha razão. Algo muito mais profundo estava em jogo, algo que ultrapassava a simples ideia de um assassinato aleatório.
Ricardo, com seu humor normalmente irreverente, estava mais sério do que o habitual, observando atentamente os arredores.
— A vítima tem alguma ligação com os outros assassinatos? — ele perguntou, tentando fazer sentido da situação.
Hugo, que estava em contato com a equipe forense, se aproximou. Sua expressão era de preocupação, mas também de determinação.
— Temos que descobrir o que todas essas mulheres têm em comum — ele falou, suas palavras pesadas. — E logo.
Enquanto isso, Fernanda, sempre inquieta, olhava ao redor, como se sentisse que a resposta para esse mistério estava mais perto do que imaginavam.
— Ele está nos observando — Fernanda disse, com a voz grave. — O fato de ele ter voltado a matar novamente... o intervalo entre as vítimas, as cenas, é tudo parte de uma grande diversão pra ele.
Gabriela sentiu o coração acelerar, as palavras de Fernanda soando em sua mente. Era como se o assassino estivesse sempre um passo à frente, quase jogando um jogo perverso com eles.
A tensão era palpável, e o fato de todas as vítimas serem mulheres só aumentava o medo coletivo. A cidade, que até então parecia tranquila, agora se via envolta em uma atmosfera de desconfiança e pavor. Cada mulher na cidade começava a temer que fosse a próxima, e o medo se espalhou rapidamente.
Olívia se aproximou de Gabriela, o olhar de ambas se cruzando. Não havia palavras entre elas, mas a conexão era clara. Gabriela sabia que algo muito mais profundo estava acontecendo. Olívia não estava apenas concentrada no caso, ela estava envolvida de uma maneira que ia além da profissão. Gabriela poderia sentir, em seu instinto, que isso afetava de forma pessoal a policial experiente.
— Ele está se aproximando — Olívia disse em voz baixa, quase para si mesma. — Precisamos ter cuidado. Não sabemos o que ele veio buscar, nem por que voltou depois de tanto tempo.
— Precisamos traçar um plano de ação. — Hugo foi direto, seus olhos passando por cada um dos membros da equipe. — O assassino parece estar jogando um jogo, e nós estamos atrás. Precisamos de mais pistas. O que sabemos até agora?
Lucas, com seu estilo meticuloso, fez um resumo das evidências que haviam reunido até o momento. O modus operandi era claramente o mesmo, mas a vítima dessa vez parecia ter algum tipo de ligação com o passado do assassino. Não havia dúvida de que ele estava retornando para finalizar o que havia começado.
— Ele está dando uma mensagem — Olívia interveio, sua voz calma, mas carregada de um peso emocional que Gabriela reconheceu. — Ele está nos dizendo que está no controle. Ele quer que saibamos que, de alguma forma, ele está sempre à frente de nós.
O silêncio se estendeu pela sala. Todos estavam pensando nas palavras de Olívia, percebendo que ela tinha razão. O assassino não estava apenas matando por impulso; ele estava se comunicando de uma forma muito mais insidiosa.
Fernanda, que normalmente estava mais animada, parecia igualmente afetada por esse novo desenvolvimento. Ela cruzou os braços, olhando para todos ao redor da mesa.
— Isso é psicopatia pura. Ele quer controle, ele quer ver nossa reação. Ele está esperando que comecemos a desmoronar. — Ela disse, a voz grave e focada.
Ricardo, sempre o otimista, parecia mais tenso do que o normal, seu olhar fixo no mapa da cidade espalhado sobre a mesa.
— Precisamos reunir mais informações sobre as vítimas, talvez alguma conexão pessoal, tem que existir algo — sugeriu Ricardo, embora seu tom fosse mais de esperança do que de certeza.
Gabriela, sentada em um canto da sala, sentiu uma desconfortante sensação de vazio. Algo não estava certo, e ela sabia que Olívia estava escondendo algo mais. O comportamento de Olívia estava diferente, mas não havia espaço para isso agora. O foco estava no assassino, e Gabriela tinha que se concentrar no caso.
— Vou dar uma volta pela cidade. Algo me diz que o assassino está se escondendo na vista de todos. Ele quer que descubramos, está nos desafiando, só precisamos entender… tudo — Olívia falou, levantando-se de repente, com uma intensidade que fez todos na sala olharem para ela.
Gabriela, quase sem pensar, se levantou também.
— Eu vou com você.
Olívia a olhou por um momento, uma expressão indecifrável em seu rosto. Ela não disse nada, mas Gabriela viu algo passar por seus olhos — talvez alívio, talvez uma preocupação oculta. Elas saíram juntas, os dois silêncios marcados pela tensão do caso e algo mais.
No caminho, enquanto dirigiam pela cidade silenciosa, o clima frio da noite parecia envolvê-las em uma capa de mistério. Gabriela olhou para Olívia, que mantinha os olhos fixos na estrada, como se nada mais existisse além daquele momento.
— Você está diferente — Gabriela disse, sem conseguir mais esconder o que sentia.
Olívia olhou para ela, um sorriso curto e rápido, mas que não alcançou seus olhos.
A investigação continuou, com todos os membros da equipe focados na busca pelo assassino. Mas, à medida que a noite caía e o medo tomava conta da cidade, todos sabiam que o maior desafio estava apenas começando.
Fim do capítulo
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