Capitulo 42
Gabriela e Olívia estavam no carro, seguindo em direção à casa dos pais de Olívia. O silêncio entre as duas não era desconfortável, mas carregava uma expectativa palpável. Gabriela, com as mãos firmes no volante, parecia perdida em seus pensamentos.
— Não precisa ficar tão nervosa — disse Olívia, quebrando o silêncio com um sorriso suave.
— Não é isso — respondeu Gabriela, balançando a cabeça. — É só... Conhecer seus pais parece... algo grande.
Olívia inclinou-se levemente em sua direção, com um olhar compreensivo e divertido.
— E é grande. Mas, Gabriela, você já passou pela parte mais difícil: me conquistar. Eles são muito mais tranquilos do que eu.
Gabriela soltou uma risada nervosa, mas o comentário a fez relaxar um pouco.
— Se você diz...
Olívia sorriu, colocando a mão sobre a de Gabriela, apertando-a suavemente.
— Vai dar tudo certo, gatinha.
Gabriela sentiu um calor se espalhar pelo peito, mas não disse nada. Apenas assentiu, ignorando o fato de que suas mãos ainda estavam entrelaçadas quando Olívia abriu a porta e saiu do carro.
Assim que subiram os degraus da entrada, a porta foi aberta por uma mulher alta e elegante, com um sorriso caloroso.
— Olívia! Finalmente! — exclamou a mulher, abraçando a filha com entusiasmo antes de olhar para Gabriela. — É um prazer receber você Gabriela.
— Dra. Eleonor, obrigada por me convidar...
— Nada de "doutora", querida. Me chame de Eleonor. E entre, por favor! — disse a mulher, puxando Gabriela para dentro com naturalidade.
Gabriela foi imediatamente envolvida pela atmosfera acolhedora da casa. O aroma de comida caseira preenchia o ar, e a decoração era sofisticada, mas convidativa.
— Meu pai está na cozinha com Felipe — informou Olívia, com um sorriso divertido. — Eles gostam de comandar tudo quando temos visitas.
— E estão mais animados do que o normal porque souberam que você vinha, Gabriela. Felipe está particularmente ansioso. Perguntou se agora que tem duas irmãs pode ter um cachorro.
Gabriela tentou sorrir, mas sentiu o nervosismo aumentar. Olívia percebeu e colocou uma mão reconfortante em seu ombro.
— Relaxa, eles vão te adorar.
Na cozinha, um homem de expressão severa, mas olhos calorosos, virou-se para elas com uma colher de pau na mão.
— Ah, então você é a famosa Gabriela — disse ele, analisando-a de cima a baixo.
Gabriela abriu a boca para responder, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Eleonor interveio.
— Jorge, não comece! Deixa a menina respirar primeiro.
Ele deu de ombros, mas um sorriso discreto surgiu em seu rosto.
— Seja bem-vinda, Gabriela. Espero que você goste de lasanha, porque fizemos uma especialmente para hoje.
— Eu adoro — respondeu Gabriela, tentando não demonstrar seu nervosismo.
Enquanto se sentavam para jantar, Gabriela começou a relaxar. Jorge, apesar da postura intimidadora, revelou-se afetuoso e espirituoso, muito parecido com seu próprio pai. Felipe, por outro lado, não escondia a curiosidade. Sentado à frente de Gabriela, ele a observava com olhos brilhantes e um sorriso encantador.
— Então... — começou Felipe, com timidez. — Como é namorar minha irmã?
Gabriela engasgou levemente com a água, corando imediatamente. Olívia soltou uma risada baixa e deu um leve tapa no ombro do irmão.
— Felipe! Não seja tão direto.
— O quê? Estou curioso! — disse ele, inocente, fazendo todos na mesa rirem.
— Bem... — Gabriela tentou se recompor, lançando um olhar rápido para Olívia, que parecia se divertir. — É... diferente. Mas no melhor sentido possível.
Felipe inclinou a cabeça, ponderando, antes de sorrir.
— Isso soa como a Olívia. Ela pode ser meio mandona, mas no fundo é legal.
— Meio mandona? — Olívia arqueou uma sobrancelha, fingindo estar ofendida, mas claramente se divertindo.
— Só um pouquinho! — respondeu Felipe, rindo.
A conversa se desviou para histórias de infância de Olivia, e Gabriela se viu rindo das travessuras que Felipe contava com entusiasmo. Ele era um garoto brilhante e encantador, e a forma como falava de Olívia com tanto carinho apenas reforçava a união daquela família.
Em determinado momento, Felipe a olhou novamente, com aquele mesmo olhar curioso e admirado.
— Você vai voltar mais vezes, né?
Gabriela não conseguiu evitar o sorriso.
— Se sua irmã me convidar, com certeza.
Olívia, que estava servindo mais vinho para a mãe, virou-se para Gabriela com um olhar sugestivo.
— Pode considerar-se convidada, gatinha.
O apelido fez o rosto de Gabriela corar novamente, mas a expressão nos olhos de Olívia era tão genuína que ela não conseguiu evitar sentir-se especial.
Quando o jantar chegou ao fim, Jorge trouxe um vinho que guardava para ocasiões especiais. Gabriela ajudava Eleonor a levar os pratos para a cozinha, enquanto Olívia e Felipe discutiam sobre qual filme assistir depois.
— Você realmente conquistou o Felipe — comentou Eleonor, enquanto lavava as mãos na pia. — Não é todo dia que ele gosta de alguém logo de cara.
Gabriela sorriu, tentando esconder o quanto aquele comentário a fazia feliz.
— Ele é um garoto incrível. E sua família... é maravilhosa.
— Obrigada, querida — respondeu Eleonor, com um olhar carinhoso. — E posso dizer que estamos felizes por Olívia ter encontrado alguém como você.
Gabriela foi pega de surpresa pelo elogio, mas assentiu, sentindo seu coração aquecer. Quando voltou à sala, Felipe estava sentado no sofá, segurando o controle remoto. Assim que viu Gabriela, apontou para o lugar ao lado dele.
Olívia, observando a cena, riu baixinho.
— Ele já te adotou.
Gabriela sentiu uma onda de felicidade ao perceber que, mesmo com o nervosismo inicial, começava a se sentir em casa naquele lugar, com aquelas pessoas. E, principalmente, com Olívia.
— Você realmente acha que conquistei o Felipe? — Gabriela perguntou, com um sorriso brincalhão, olhando para Olívia.
— Com certeza — Olívia respondeu, seu sorriso mais suave e sincero do que Gabriela esperava. — Ele tem um bom gosto, algo em comum com a irmã.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Sem comentários
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook: