Capitulo 40
O dia havia sido longo na delegacia, e Gabriela estava ansiosa para finalmente chegar em casa. Olívia, que de alguma maneira havia se convidado, a acompanhava. O silêncio no carro era confortável, interrompido apenas por comentários casuais sobre o trânsito ou os casos do dia.
— Você parece cansada — comentou Olívia, observando a expressão abatida de Gabriela.
— Exausta... e morrendo de fome. Acho que vou pedir uma pizza, estou destruída — respondeu Gabriela, suspirando.
Ao chegarem, Gabriela franziu o cenho ao notar sua mãe, Elisa, parada na porta de entrada. Ela parecia estar esperando por elas, com uma mistura de entusiasmo e leve irritação no rosto.
— Gabriela! Finalmente! Eu tentei te ligar o dia todo! Seu telefone está descarregado, não é? — exclamou Elisa, já marchando em direção à filha.
Gabriela suspirou, exasperada.
— Sim, mãe. Mas... está tudo bem? Alguma emergência?
Só então Elisa percebeu a presença de Olívia, que estava logo atrás de Gabriela. Seus olhos se arregalaram ao reconhecer a figura elegante.
— Quem é ela? — perguntou Elisa, apontando discretamente para Olívia.
Gabriela suspirou novamente, já prevendo onde aquilo iria dar.
— Esta é Olívia Santori. Minha colega de trabalho.
— Santori?! Da família Santori?! — Elisa levou a mão ao peito, claramente surpresa.
Olívia, com sua típica compostura, estendeu a mão educadamente.
— Prazer em conhecê-la, senhora...
— Elisa. Elisa Andrade. Mas pode me chamar de Elisa, querida — respondeu a mulher, apertando a mão de Olívia com entusiasmo. — Bom, Gabriela, já que você não atendeu o telefone, eu vim pessoalmente lembrar que seu pai está fazendo aquela carne assada que você tanto gosta, antes que você comece a reclamar que a gente não te ama mais.
Gabriela já estava se preparando para recusar quando Elisa completou, olhando para Olívia:
— E, se sua colega não tiver outros planos, seria um prazer tê-la conosco.
Gabriela arregalou os olhos para a mãe, mas Olívia respondeu antes que ela pudesse protestar:
— Eu adoraria.
Gabriela lançou um olhar incrédulo para Olívia, mas a situação já estava fora de seu controle.
Na Casa dos Andrade
Ao entrarem na casa, foram recebidas pelo aroma inconfundível de carne temperada. Augusto, o pai, estava na cozinha, concentrado no preparo, enquanto Elisa andava de um lado para o outro ajustando os últimos detalhes.
— Augusto! — gritou Elisa, correndo até a cozinha. — Você não vai acreditar! Gabriela chegou com uma moça!
Augusto levantou os olhos da carne, franzindo a testa.
— Moça? Gabriela? Assim, do nada? Isso aqui virou república, é?
Gabriela entrou logo atrás, visivelmente constrangida.
— Pai! Por favor, não começa!
Ignorando o protesto, Augusto voltou-se para Olívia com uma expressão interrogativa.
— E você é a famosa quem?
Olívia, mantendo sua habitual serenidade, sorriu educadamente.
— Olívia Santori, senhor Andrade. Mas pode me chamar apenas de Olívia.
— Ah, "apenas Olívia", né? E o que estava fazendo aqui com a minha filha?
— Pai! — rebateu Gabriela, tentando encerrar o assunto.
— Augusto, deixa disso! — interveio Elisa, rindo enquanto puxava Gabriela e Olívia para a sala de jantar. — Já vi que você gostou dela, mas quer bancar o pai ciumento. Nem combina com você.
— Só estou me precavendo! — gritou Augusto da cozinha, em tom jocoso.
Durante o Jantar
A mesa estava posta com a carne assada no centro e acompanhamentos servidos generosamente. Apesar do início constrangedor, Olívia parecia à vontade, conversando com Elisa sobre a cidade e seus costumes.
Augusto, porém, não resistiu a lançar perguntas mais diretas:
— Então, Olívia, por que decidiu ser policial?
Olívia deu um leve sorriso antes de responder:
— Cresci ouvindo histórias da minha família sobre justiça, mas queria fazer algo que fosse meu. Trabalhar na polícia me dá a oportunidade de ajudar as pessoas de forma direta.
Augusto assentiu lentamente, tentando disfarçar sua aprovação.
— E você acha que aguenta o tranco? Essa cidadezinha pode ser mais desafiadora do que parece.
— Senhor Augusto, com todo o respeito, passei sete anos na PF lidando com casos que fariam qualquer um perder o sono. Estou pronta para o que vier.
Elisa riu, encantada com a postura de Olívia.
— Gabriela, por que nunca trouxe essa “amiga” maravilhosa para jantar antes?
Gabriela corou, balançando a cabeça.
— Porque eu sabia que seria exatamente assim, mãe.
Apesar das provocações e do interrogatório de Augusto, o jantar terminou em um clima surpreendentemente agradável. Quando se levantaram para ir embora, Elisa deu um abraço apertado em Olívia.
— Você é sempre bem-vinda aqui, querida. Foi um prazer conhecê-la.
Na saída, enquanto caminhavam até o carro, Gabriela suspirou, finalmente relaxando.
— Desculpa pela minha família. Eles podem ser um pouco... intensos.
Olívia sorriu, surpreendendo Gabriela.
— Eu gostei deles. E, para ser honesta, foi bom sair da rotina por um tempo.
Gabriela balançou a cabeça, abrindo a porta do carro.
— Você é mais paciente do que eu imaginava.
— Quem sabe eu esteja aprendendo com você — respondeu Olívia antes de entrar no carro, deixando Gabriela sem palavras.
Fim do capítulo
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