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Perto do céu por AlphaCancri

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Palavras: 2038
Acessos: 756   |  Postado em: 28/03/2025

Capítulo 5

Eu tinha acabado de sair do banho quando meu celular tocou. Vi o nome da minha prima na tela e atendi.

— Vamos tomar uma cerveja? 

Estranhei um pouco a voz da Érica. Apesar da proposta, parecia triste.

— Agora? 

Tirei o celular do rosto para olhar o horário. Sete e quarenta e dois da noite. 

— A hora que você puder. Eu tô pronta. 

Fiquei meio perdida, não esperava aquele convite. Eu sabia que Érica gostava de beber socialmente, mas também sabia que ela só fazia isso quando estava com o marido ou em casa com a família. 

— Eu, você e o Henrique?

Ouvi uma fungada antes dela responder: 

— Não, só eu e você. 

E o Henrique?

— Tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa? 

Ela demorou um pouco para falar. Aconteceu alguma coisa! 

— Nada demais. Só queria sair um pouco. 

Eu não estava fazendo nada mesmo. Como se eu tivesse algo para fazer naquele lugar. E ela parecia estar precisando espairecer:

— Tá bom… 

Ouvi a voz de Luize ao fundo. 

— Eu vou deixar Luize na casa da minha mãe. Aí passo pra te pegar. Daqui uns… Vinte minutos, pode ser? 

Ela demorou meia hora. Ouvi a buzina em frente ao apartamento. Tranquei a porta e desci. Érica me esperava no carro do meu tio. Ela e Henrique tinham um carro, que compraram juntos, mas — eu saberia depois — era muito raro minha prima usar. O carro era praticamente só dele. 

Assim que entrei percebi o rosto dela um pouco inchado pelo choro. Fiquei na dúvida se perguntava o que tinha acontecido, de novo. Érica forçou um sorriso para mim:

— Vamos no gigante. 

Eu não fazia ideia do que era o gigante. O que também não faria diferença. Acenei positivamente com a cabeça e ela deu partida no carro. Um minuto depois estávamos entrando numa área que parecia com um parque. Bastante arborizado. E lá no fundo um pequeno bar, como se fosse um trailer, com mesas e cadeiras em volta, ao ar livre.

Algumas pessoas estavam sentadas nas mesas, outras em pé, encostadas no balcão. Érica acenou para alguns de longe. Pedimos a cerveja e nos sentamos. Não precisei perguntar nada, ela mesma começou a falar:

— Henrique saiu com os amigos. Tinha uma cavalgada… E aí eles estendem até a noite, às vezes a madrugada…

Ela não me olhava. Encarava a cerveja dentro do copo como se estivesse vendo alguma coisa muito importante ali. 

— E quando eu reclamo, ele fala que eu sou louca… Controladora… 

Ficou em silêncio, ainda encarando o copo. Bebeu um gole e voltou para a mesma posição. 

— Eu não reclamo dele sair com os amigos, não é isso… Eu sei que ele gosta de cavalgada, de jogar o futebol dele, mas… É sempre assim, ele sai, sem hora pra voltar, faz as coisas dele… Se eu peço pra ir junto, nossa, parece que tô pedindo o impossível, sabe? 

Eu não sabia. Mas imaginava que aquela relação era meio tóxica. Ou inteiramente tóxica. Mas é claro que Érica não enxergaria isso. Ela nem deve saber o que é um relacionamento tóxico. 

— E se eu saio uma noite na casa das minhas amigas, é o fim do mundo. Uma semana de cara feia. 

Eu respirei profundamente. Meu ódio do Henrique, que já não era pouco, crescendo vertiginosamente:

— Você já tentou conversar com ele?

Nem sei por que falei aquilo. Provavelmente a relação dos dois não tinha, nem nunca deve ter tido, diálogo. 

Um babaca. 

— Ah e tem como? Eu começo a falar, ele sai andando, dizendo que eu sou chata, que eu vou acabar com nosso casamento desse jeito…

Outro gole na cerveja. Olhei para minha prima e pela primeira vez vi nela uma fragilidade, um olhar como se ela estivesse perdida. Ou pior: como se soubesse que as coisas deram errado e era muito tarde para tentar voltar atrás. 

— Às vezes eu fico pensando… Se era isso mesmo que eu sonhava pra minha vida. 

Aquela frase me doeu. Érica sempre tinha sido a típica menina do interior que sonhava em se casar, ter filhos e uma família feliz. Eu lembrava de quando éramos crianças. Ela três anos mais nova que eu. Enquanto eu queria correr pelo quintal, Érica estava sempre com uma boneca nos braços. Eu me pendurando em tudo que era possível, e ela brincando de fazer comidinha, com as panelinhas todas arrumadinhas. E como eu não tinha saco para nada daquilo, ela me mandava ir “fazer compras”, e aí eu saía pelo quintal catando folhas, capim e tudo mais que poderia servir de comida de mentira. 

Perceber que o sonho que ela sempre tinha alimentado talvez tenha se tornado um pesadelo, me deixou bem triste. E acertou em cheio uma parte dentro de mim. A parte que também sentia como se meu sonho não tivesse se realizado. Com quase trinta e dois anos, eu imaginava que minha vida estaria bem diferente. Eu seria completamente independente. Uma artista. Não que eu quisesse ser famosa ou algo assim, mas queria poder viver do meu trabalho. E ser reconhecida por isso. 

— Pelo amor de Deus, Marcela… eu amo a minha filha. Amo mais que tudo nesse mundo. Mas, às vezes… eu fico pensando se tivesse tomado um outro caminho. Tivesse terminado a faculdade…

Érica começou a faculdade de enfermagem com vinte e um anos. Eu lembro do meu pai me contando, depois de ter recebido uma ligação da tia Rita:

— Olha, Marcela, sua prima vai fazer faculdade. Pensa um pouco… você tem que pensar no seu futuro. 

Mas eu não queria. Queria continuar meu curso de fotografia. Talvez depois. Mas depois eu fui fazer meu curso de pintura. E assim fui empurrando o assunto “faculdade”. Meu pai morreu sem me ver formada. E eu sei que isso foi um tipo de —  não diria decepção — mas tristeza. 

Eu olhei para minha prima sem saber muito bem o que dizer. Pra mim também tá foda. Mas não era isso que ela precisava ouvir naquele momento. Tentei achar algum tipo de consolo:

— Você sabe que ainda dá tempo, né? Você é nova, tem muito tempo pela frente…

O que não era mesmo mentira. 

Ela riu tristemente:

— Não sei, tudo parece tão impossível agora. 

A frase de Érica parecia ter sido dita para mim. Tudo parecia meio impossível. Minha vida parecia impossível. Minha vida de verdade. Não aquela que eu estava vivendo naquele momento. Um bar, no meio do mato, numa cidade localizada próxima ao fim do mundo. Porr*, como eu queria a minha vida de volta. 

Tudo começou a desandar quando meu pai adoeceu. No começo era só um cansaço. Depois mal estar recorrente. Ele ficava relutante para ir ao médico. E eu, no meu egoísmo de achar que não era nada demais, de me preocupar só com minha vida e, principalmente, achar que meu pai era quase eterno — eu já tinha perdido minha mãe cedo demais, não que eu fosse religiosa, mas se havia um ser  supremo, ele não faria isso comigo de novo — também não insisti. 

Quando finalmente ele foi ao médico, sozinho, pois eu estava ocupada demais com minhas coisas, disse para mim que não era nada demais:

— Vou ter que fazer uns exames, mas não é nada. 

E aí ele fez. E era sim. Câncer. Existem coisas na vida que a gente acha que nunca vão acontecer com a gente. Até que acontecem. Não me lembro muito bem da minha reação quando o médico contou. Nós dois sentados naquele consultório. Daquela vez eu tinha ido pois o médico pediu que meu pai fosse acompanhado. Câncer. No estômago. Depois foi uma correria. Hospitais, muitos hospitais. Remédios. Exames. Médicos. 

Cinco meses. Foi o tempo entre nós recebermos a notícia e meu pai falecer. O plano de saúde não cobria muita coisa. E o SUS? Demoraria muito. Meu pai não tinha tempo. Ficou uma dívida que eu paguei com grande parte do dinheiro que ele havia deixado. Nosso apartamento era alugado. E era ele quem pagava o aluguel. No meio da doença dele não pude trabalhar, o pouco de dinheiro que tinha guardado acabou rapidamente. As coisas ficaram difíceis. Me mudei para um apartamento menor, mas mesmo assim ficaram difíceis. 

“Do que você tá precisando, minha filha? Não tenho como te ajudar muito financeiramente, mas se você vier pra cá… A gente dá um jeitinho…”

Claro que não vou. No começo, a hipótese da tia Rita era impensável para mim. Mas as coisas estavam mesmo difíceis. Eu não conseguia mais me sustentar com o dinheiro que ganhava trabalhando de fotógrafa e com o que vendia dos meus quadros, que já não eram muitos. E aí as coisas ficaram insustentáveis.

— Mais uma?

Olhei para Érica que levantava a garrafa de cerveja vazia. Bebemos mais uma. Mudamos um pouco de assunto. Ela me perguntou sobre meus quadros, as fotos. Me contou da rotina dela como cuidadora de idosos. Trabalhava de plantão em duas casas, com dois idosos. Tinha dois dias de folga na semana. Luize ficava na creche, depois minha tia ia buscá-la e dormia com ela. Revezava com a sogra, mãe do Henrique. E o Henrique? E o filho da puta do Henrique? Ah, não sabia cuidar da filha sozinho. Um homem de trinta e tantos anos, não sabia cuidar da própria filha. 

Em algum momento um silêncio pesado tomou conta da nossa mesa. Eu com meus pensamentos. Érica com os dela. Nós duas nos sentindo incompletas. Fracassadas, talvez. Meu olhar divagou. E parou em uma moça, sentada à nossa frente. Ela me olhava. Mas assim que nossos olhos se encontraram, ela desviou. Provavelmente estava me observando, como todo mundo naquela cidade. 

Eu precisava urgentemente começar a fazer dinheiro. Tudo que eu tinha, e que não era muito, era o que tinha sobrado da herança do meu pai depois que paguei as despesas da doença. Mas onde eu venderia arte, numa cidade como aquela? 

Érica me tirou dos meus pensamentos:

— Vamos? Ainda preciso pegar Luize na minha mãe. 

Fomos até o balcão. Érica não me deixou pagar:

— Eu que convidei. 

Depois caminhamos até o carro. Ela me deixou em frente ao apartamento. Vi quando estacionou o carro em frente à casa dos meus tios. Subi e entrei. Fiquei parada olhando tudo ao meu redor. Uma melancolia insuportável tomou conta de mim. Me veio uma vontade de chorar, mas não chorei. Segurei o choro na garganta, formando um nó que começou a doer. Peguei meu celular e liguei para Vitor. Precisava conversar com alguém da minha antiga vida, para eu sentir que ela ainda estava lá, me esperando. E que eu voltaria. Custe o que custar, eu vou voltar. 

Ele me atendeu com a voz preocupada. Eu não era de ligar. A gente conversava sempre por mensagens. Eu disse que não tinha acontecido nada, só estava com saudades. Talvez minha voz desanimada tenha me entregado:

— Tá sendo tão ruim assim? 

Eu só estava ali há cinco dias. E parecia que tinham se passado cinco anos. 

— Ah, sei lá… Eu tô me sentindo… presa. Não tenho onde ir, só conheço minha família, não tenho uma vida de verdade aqui. 

Eu tinha ligado para ele, dentre todos os meus amigos, porque Vitor sempre tinha sido o mais compreensível e amoroso. A voz suave e calma dele tinha o poder de me acalmar também:

— Ah, meu amor, é claro… isso só vem com o tempo. Que tal você dar uma chance pra essa nova vida? Não que ela vá ser definitiva, mas é a sua realidade agora. 

Vitor tinha me oferecido a casa dele. “Pode ficar, Marcela, pelo tempo que você precisar.” Mas não tinha condições. Ele morava com o namorado, num apartamento de quarto, sala, cozinha e banheiro. Nada a ver eu ficar morando na sala deles. E, além disso, eu seria mais uma despesa. Por mais que, óbvio, eu fosse ajudar nas contas, não teria como ajudar tanto. 

Depois que desliguei o telefone, fui para cama. Fiquei acordada, mexendo no celular. Só larguei o aparelho e me forcei a dormir quando ouvi um galo cantando. Um galo! 

 

 

 

 

Fim do capítulo


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Comentários para 5 - Capítulo 5:
Raf31a
Raf31a

Em: 30/03/2025

Estou adorando. Já favoritei para não perder nenhum capítulo. 


AlphaCancri

AlphaCancri Em: 30/03/2025 Autora da história
Oii! Que bom que você está acompanhado mais essa história. Fico muito feliz com seu comentário, porque a melhor parte de escrever é compartilhar e saber que alguém está gostando. Pretendo postar toda terça e toda sexta. Um abraço :)


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