A realidade parecia estar se desintegrando ao nosso redor. Eu não conseguia mais distinguir se o calor que sentia vinha de mim ou de Luísa, mas de qualquer forma, ele consumia tudo, preenchendo os espaços vazios, abafando qualquer pensamento racional. Meu corpo, que até então parecia resistir, agora se entregava por completo ao toque dela.

Luísa puxou meu corpo para mais perto, suas mãos explorando-me com uma intensidade crescente, como se estivesse testando os limites do que eu podia suportar. Eu não sabia mais o que era certo ou errado, não sabia o que estava fazendo ou o que estava prestes a fazer. Eu só sabia que não queria parar. Mas algo dentro de mim, no fundo, me dizia que eu precisava. Que essa linha tênue entre o prazer e o desejo de controlar me faria perder algo precioso.

Quando ela se afastou, seus olhos estavam queimando com uma intensidade que me fez prender a respiração. “Você está comigo, Bianca?” A voz dela estava baixa, quase desafiadora, e eu não sabia o que responder. Naquele momento, a única coisa que eu conseguia fazer era segui-la, mergulhar mais fundo naquilo que nos envolvia.

A mão de Luísa subiu até meu rosto, acariciando minha pele de forma suave, quase carinhosa, e esse gesto de ternura contrastou com o desejo explosivo que dominava o ar ao nosso redor. Fiquei paralisada, sentindo o peso do momento. Estávamos em um ponto sem volta, e eu sabia que as consequências dessa noite iam se estender muito além do que qualquer de nós poderia prever.

“Eu… não sei o que fazer com isso”, murmurei, o som da minha voz soando distante, como se as palavras saíssem de outro corpo, de outra pessoa.

Luísa não respondeu imediatamente. Ela apenas me observou, e os segundos passaram como se o tempo tivesse desacelerado. Sua expressão estava carregada de algo indefinível, talvez uma mistura de curiosidade, compreensão e… algo mais profundo.

“Eu sei exatamente o que você precisa, Bianca”, ela disse, e sua mão deslizou para o meu pescoço, com uma leveza que me fez estremecer. “Às vezes, precisamos nos perder para nos encontrarmos.”

Ela me beijou novamente, e dessa vez, foi diferente. Não havia mais pressa, não havia mais a urgência da última vez. Era como se, agora, tivéssemos criado um novo espaço entre nós, um espaço que exigia que nos conhecêssemos de verdade, sem máscaras, sem pressões. O beijo foi mais lento, mais exploratório, como se ela estivesse me desvendando camada por camada, e eu não sabia se estava pronta para isso, mas ao mesmo tempo, queria.

A tensão entre nós não havia desaparecido. Na verdade, ela parecia estar se tornando ainda mais forte, mais palpável, como se algo estivesse prestes a se romper, mas algo me dizia para não fugir. Luísa se afastou novamente, seus olhos brilhando, e o silêncio que nos envolveu parecia ser mais pesado do que qualquer palavra.

“Você tem medo de mim, Bianca?” Ela perguntou, a voz baixa, mas intensa, e a forma como ela me olhava fez meu coração disparar. Eu não sabia o que responder, não sabia se devia admitir ou fingir que não havia nada a temer. Mas naquele momento, a verdade parecia irrelevante.

“Não sei… talvez, não sei se de você exatamente ou de nós” confessei, a minha voz trêmula. “Mas eu não quero parar.”

Ela sorriu, um sorriso sutil, mas com uma profundidade que eu ainda não compreendia completamente. "Então, não pare", ela sussurrou, e dessa vez, a maneira como me puxou para seus braços foi suave, mas cheia de certeza. "Vamos nos perder juntas."

E, mais uma vez, nos entregamos àquele espaço de silêncio, onde apenas o toque e o olhar importavam. Onde, por mais que o medo, a dúvida e a confusão existissem, éramos um só, conectadas de formas que eu nunca poderia ter imaginado.

Eu sabia que essa noite mudaria tudo. Eu sabia que, ao amanhecer, a Bianca de hoje não seria a mesma de amanhã, se eu sobrevivesse a Luísa que tinha uma saúde que deusulivre... a mulher é insaciável.

Fim do capítulo