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O Peso do Azul por asuna

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Palavras: 5284
Acessos: 334   |  Postado em: 26/03/2025

Capítulo 9

 

O trajeto até à igreja desenrolava-se sob o céu azul pálido da manhã, como se o mundo, por um instante raro, tivesse decidido abrandar. As ruas estavam tranquilas, banhadas pelo sol suave de domingo, havia uma serenidade quase cruel naquele cenário, como se não tivesse recebido o memorando de que algo dentro de mim estava prestes a colapsar.

O rádio tocava em volume baixo, uma melodia antiga, sem voz, apenas notas espaçadas que pareciam ecoar os meus próprios pensamentos. Amanda dirigia com a sua habitual calma contida, os dedos longos tamborilando no volante, quase no mesmo ritmo da canção. Cada gesto seu era preciso, sereno. Tudo nela exalava controlo, não do tipo frio, autoritário, mas de quem aprendeu a confiar no que sente mesmo quando não tem respostas absolutas.

Havia algo na forma como observava a estrada, como arqueava levemente a sobrancelha quando o semáforo mudava de cor, que me fazia pensar em Piper. Não era apenas a semelhança física, o tom ruivo dos cabelos, os traços bem desenhados, a pele clara com pequenos sinais dispersos como constelações. Era a forma como ambas pareciam ocupar o espaço sem pedir licença. A diferença era o tom. Onde Piper era furacão, Amanda era maré. Ambas intensas. Contudo esta levava a intensidade como quem embala. Sem estrondo. Sem pressa.

Durante alguns minutos, deixei-me embalar nesse silêncio confortável. Todavia havia algo dentro de mim que não abrandava. Uma incerteza que pesava mais do que devia. Eu não sabia se queria entrar. Se deveria. E, no entanto, não quis ser indelicada. Amanda tinha-se dado ao trabalho de procurar uma congregação, de perguntar, de se preocupar sem nunca me forçar. A sua presença era um gesto de cuidado. De uma ternura desarmada que me comovia mais do que queria admitir. Por isso, não consegui dizer-lhe que talvez estivesse a levá-la a um lugar onde naquele momento nem eu sabia se pertencia.

Porém precisava de dizer alguma coisa.

— Amanda — A minha voz saiu mais baixa do que esperava. Como se as palavras, ao atravessarem a garganta, se contaminassem com a dúvida que me sufocava.

Esta ergueu uma sobrancelha, lançando-me um breve olhar antes de voltar os olhos à estrada.

— Sim?

Engoli em seco. O coração parecia não ter encontrado ainda um ritmo certo para bater. Fiquei um segundo em silêncio, tentando escolher as palavras certas, aquelas que soassem gentis, gratas, contudo que não traíssem o turbilhão dentro de mim.

— Quando chegarmos lá, não precisas de entrar comigo.

Esta não respondeu de imediato. Apenas manteve a sua atenção em frente com a mesma cadência tranquila. Depois, um pequeno sorriso surgiu-lhe nos lábios.

— Eu sei. – Respondeu sem adornos.

Fiquei calada. Aquela simplicidade. Nenhuma insistência. Nenhuma justificação. Apenas a aceitação plena.

— Então por que vieste? — perguntei, finalmente, incapaz de conter a pergunta que crescia em mim desde que ela se oferecera para me acompanhar.

Ela suspirou, como se já esperasse aquele momento. Como se compreendesse que algumas perguntas não são sobre curiosidade, são sobre precisar de acreditar que ainda existe chão.

— Porque quis. — Respondeu com a voz baixa, porém firme. Fez uma pausa, e o seu olhar, refletido de relance no espelho retrovisor, pareceu mergulhar mais fundo do que o habitual. — Sei que não partilhamos da mesma fé, Maya, mas isso não significa que eu não possa respeitar a tua.

As suas palavras tocaram-me num lugar que já não sabia se queria manter fechado ou abrir de uma vez. Parte de mim queria abraçar aquilo. Aquela generosidade sem exigência. Contudo outra parte de mim sentia culpa por já não ter tanta certeza se ainda era “minha”, aquela fé.

— Acreditas que a religião tem um propósito? — questionei, sem perceber ao certo se queria desafiá-la, ou apenas ouvir algo que me ajudasse a respirar.

Ela desviou o olhar da estrada por um breve segundo, ponderando.

— Acredito que a religião foi, durante séculos, a forma que encontrámos para perguntar porquê. — A sua voz parecia acariciar as palavras, escolhendo-as com delicadeza. — Antes da ciência, antes da história como a conhecemos, os mitos, as crenças, os rituais eram tudo o que tínhamos para dar sentido ao caos.

As suas palavras ficaram ali, suspensas, como poeira na luz.

— Mas — murmurei — não achas que a fé é mais do que só uma explicação?

Sorriu. Com os olhos. Com a boca. Com um respeito que me deixou vulnerável.

— Acho que a fé é bela. E, para muitas pessoas, é essencial. — Fez uma pausa, o semáforo à frente mudava para verde, e ela avançou com suavidade. — Mas também acredito que a fé não precisa de estar presa a dogmas para ser verdadeira.

Fiquei calada. Porque aquelas palavras, mesmo ditas com doçura, agitaram algo em mim. Eu queria que ela tivesse razão. Queria acreditar que ainda era possível acreditar de outra forma. Sem medo. Sem culpa. Sem me sentir uma traidora cada vez que o meu corpo reagia ao olhar de Chloe.

A fé já não era a âncora. Porém também não sabia se era mar.

Se me levaria à deriva ou se me devolveria a mim mesma.

— Como assim? — perguntei, mesmo sabendo que a resposta podia doer.
No entanto havia uma parte de mim, pequena, trémula, faminta, que precisava de ouvir mais.

Ela respirou fundo, os olhos fixos na estrada, quando finalmente se pronunciou, esta falou com uma honestidade que me tocou mais do que eu estava preparada para sentir.

— Acredito que a fé pode ser encontrada de muitas outras formas. No amor que sentimos por alguém. No desejo de compreender o mundo. No simples facto de acreditarmos que amanhã será um dia melhor. Para mim, isso também é considerado fé.

                As sua palavras esvoaçaram no ar, como se ecoassem num espaço dentro de mim que até ali permanecia fechado. "A fé pode crescer e mudar." Ela expôs aquilo com uma simplicidade desarmante, como se fosse óbvio. Como se sempre tivesse sido assim.

Fechei os olhos por um instante. E então, sem querer, uma lembrança surgiu, daquelas que não se busca, mas que se erguerem, de forma suave e traiçoeira.

Lembrei-me do cheiro a madeira polida, do som do coral da igreja da minha infância. Do vestido azul-marinho que usava aos domingos, sempre passado a ferro pela minha avó. Das mãos do meu pai, seguras, do meu lado no banco. E do calor da fé daquela altura, não como algo que questionava, contudo como algo que sentia.

Havia conforto. Havia beleza. Mesmo no rigor.

A luz que atravessava os vitrais projetava cores nas páginas da minha Bíblia, e eu acreditava, com toda a pureza que uma criança poderia ter, que Deus habitava naquele brilho. Que Ele me ouvia quando eu fechava os olhos com a força suficiente. Que bastava ser boa, obediente, correta e tudo se encaixaria.

A fé era um lugar com paredes sólidas. Era uma casa com portas fechadas, onde sabíamos exatamente onde pisar para não fazer barulho. Sabíamos quando dizer “amém” e quando baixar a cabeça. Era conforto dentro da ordem. No entanto também era medo dentro da obediência.

O problema começou quando comecei a crescer essa casa começou a encolher.

Passei a reparar nas perguntas que não tinham espaço. Nas portas que estavam sempre fechadas, mesmo quando diziam que Deus era amor. Aos poucos, fui percebendo que a minha fé tinha regras para tudo. Para sentir. Até para amar.

E, mais tarde, entendi que o meu corpo, os meus pensamentos, o meu desejo, não cabiam mais na arquitetura daquela fé antiga.

Porém nunca tive coragem de admitir isso em voz alta. Porque a fé era tudo o que me foi dado. A âncora. A identidade. A promessa.

E, agora, naquele momento do lado de Amanda, que afirmava com aquela voz calma que questionar não era traição, mas procura, percebi o quanto ainda precisava de uma segurança.

Só que talvez, talvez agora, ela pudesse ter outra forma.

Talvez fosse mais como o mar do que como o chão.

Mais ondulação do que estrutura.

Mais procura do que certeza.

— Antes — comecei, sem me dar conta de que estava a falar — a fé era como um trilho estreito de pedras. Um caminho definido. Sabia onde pisar. E sabia que se caísses, não haveria mais volta.

Amanda não disse nada. Apenas assentiu devagar, como se conhecesse esse caminho.

— Agora, agora sinto que estou a caminhar numa praia depois da maré cheia. Há pegadas, sim. Mas também conchas partidas, marcas apagadas. Nada é certo. E às vezes, nem sei se estou a ir em frente ou apenas a andar em círculos. — Minha voz falhou, contudo, continuei. — E mesmo assim, não consigo deixar de andar.

— Porque há algo em ti que ainda acredita — respondeu, num murmúrio. — Mesmo sem saber como.

Fechei os olhos, sentindo a queimadura leve por detrás deles.

— E se acreditar de outra forma for pecado?

Esta virou-se na minha direção, pela primeira vez com um olhar mais intenso.

— E se não for? — devolveu. — E se for, precisamente, esse o significado de fé?

As suas palavras ficaram ali. Pendentes. Como um fio suspenso entre a dúvida e a esperança.

Fiquei calada.

Não por falta de resposta.

Porém porque, naquele momento, algo dentro de mim soube, não com clareza, mas com aquele pressentimento antigo e silencioso que talvez fosse possível recomeçar.

Não renegando o que fui.

Mas ressignificando.

Talvez a fé fosse isso.

Uma memória que muda de forma. Sem nunca deixar de ser raiz.

Digeri aquelas palavras com o cuidado de quem segura algo frágil nas mãos. Por exemplo Amanda não usava a fé como escudo nem como arma. A forma como falava sobre era nova. Livre. Fluída. Sem culpa. Sem medo. Era a primeira vez que eu ouvia alguém falar sobre a fé como uma coisa viva e não uma muralha de regras, como uma ponte invisível entre aquilo que nos sustém e aquilo que escolhemos sentir.

— Nunca pensei nisso dessa forma. — Sussurrei, quase para mim mesma.

Esta sorriu, sem tirar os olhos do caminho.

— Não tens que pensar como eu. — A sua voz era um gesto de mãos abertas. — Mas podes permitir-te questionar. A fé pode crescer e mudar. Pode transformar-se sem que percas o que é importante para ti.

As suas palavras ficaram comigo. Como se se tivessem cravado devagar, mas fundo.

Porque eu evitava questionar.

Sempre evitei.

Questionar era sinal de fraqueza. E a dúvida, a dúvida era o começo do desvio.

Pelo menos era o que me tinham ensinavam.

Quem duvida, afasta-se. Quem duvida, falha.

Baixei o olhar para as minhas mãos pousadas no colo. Estavam imóveis, contudo dentro de mim tudo tremia.

Era como se aquele pequeno gesto, com Amanda sentada do meu lado, a dizer-me que questionar não era perder-se, tivesse desfeito algo que mantive colado por tempo demais.

— O meu pai nunca aceitaria esse tipo de pensamento. — Confessei num sussurro rouco, sem coragem de a olhar nos olhos.

— Imagino que não.

O silêncio que se seguiu foi denso, porém estranhamente reconfortante. Amanda não tentou converter-me, nem confrontar as minhas crenças. Apena limitou-se a estar ali. A abrir um espaço onde eu podia respirar. Onde o certo e o errado deixavam de ser uma moldura rígida, e passavam a ser apenas uma busca.

E isso, isso valeu mais do que qualquer sermão que já ouvira na vida.

O carro avançava devagar por ruas ensolaradas, o vento suave entrava pela janela aberta e, por um instante, desejei que aquele momento durasse mais. Que o mundo parasse ali, entre o som do motor e a presença tranquila daquela mulher que não me exigiria nada, porém que me oferecera tudo o que eu mais precisava naquele momento, espaço para existir sem pedir desculpa.

Olhando para Amanda, vi nela aquilo que sempre desejei de uma figura adulta. Ela aceitava a filha como era, sem tentar moldá-la. Amava-a sem receios. Sem condições.
E, naquele momento, perguntei-me como teria sido crescer num lugar assim.

Se a minha mãe tivesse ficado, teria sido diferente?

Se ela tivesse permanecido, teria havido espaço para a minha dúvida?

Para a minha verdade?

Ou será que, mesmo assim, teria aprendido a temer o que sentia?

Esse pensamento caiu sobre mim como um peso antigo.  E soube, com uma clareza cortante, que essa pergunta não teria resposta.

Foi Amanda quem, sem saber, me devolveu à superfície da minha própria dor.

— Nunca te perguntei sobre a tua mãe, Maya.

As sua palavras saíram calmas, diretas, despidas de cerimónia. Como tudo o que vinha dela. Sem dramatismo, sem receio de quebrar alguma estrutura invisível. Havia na sua voz uma honestidade crua, quase brutal, e ainda assim gentil. Mais uma vez um gesto de mão estendida, não para puxar, mas para permanecer do lado.

 O meu peito apertou-se num reflexo imediato. A respiração vacilou, curta, engasgada numa memória que eu ainda não sabia se queria libertar. Ela notou o meu silêncio e sorriu.
Aquele sorriso breve, quieto, como quem compreende o peso antes mesmo de saber a história.

— Desculpa. Pergunta demasiado direta para esta hora da manhã?

Forcei um pequeno sorriso, porém os lábios pareciam pesar mais do que o costume.

— Não — respondi, a voz embargada por uma hesitação antiga. — Só não é algo que as pessoas costumem perguntar.

Esta assentiu, devagar, como se segurasse uma peça frágil.

— Imagino que a maioria assuma que é um assunto delicado.

— E é. — soltei um riso breve, cortado pela dor — Mas já passou tanto tempo, que às vezes é como se tivesse sido noutra vida. Mesmo assim, ainda não sei bem como falar sobre isso.

Ela não disse nada.

Não tentou apressar-me.

Apenas esperou.

Com aquele silêncio bondoso, que não exige nada, no entanto oferece tudo.

Observei pela janela. Os reflexos das árvores no vidro tremiam à passagem do veículo, como se até o mundo soubesse que certas memórias pedem reverência.

— A minha mãe foi embora quando eu tinha seis anos.

Amanda desviou os olhos da estrada por um instante. Não com espanto. Contudo com uma empatia tão imediata que me deixou sem chão.

— Embora? — perguntou com uma suavidade quase inaudível.

Assenti.
— Um dia estava lá. No outro, já não.

As palavras caíram como pedras.

Secas.

Frias.

Tão acostumadas a serem caladas que, quando enfim foram ditas, pareceram ecoar dentro de mim com um som irreconhecível.

Nomear a ausência é torná-la carne.

É admitir que o vazio tem contornos. Que a falta ocupa espaço.

Amanda não me interrompeu.

Deixou-me continuar.

E eu continuei. Porque, naquele instante, carecia mais de libertar do que de esconder.

— Já não me lembro bem da sua voz. — Confessei, e dessa vez, o meu tom traiu-me. Quebrou-se. Vacilando. — Lembro-me do seu perfume, algo floral. Suave. Lembro-me do riso. Acho. Mas da voz? — Não. — A voz já não me lembro.

Fechei os olhos por um segundo. O nó na garganta crescia como uma raiz antiga, e dentro do peito um luto silencioso ganhava forma.

— E isso — engoli em seco — isso incomoda-me de uma forma que não sei explicar. Porque é como se, a cada ano, ela desaparecesse um pouco mais. Como se um dia, um dia eu já nem tivesse certeza de que ela realmente existiu.

Amanda apertou o volante com mais firmeza.

Não era tensão. Era partilha.

Era o reflexo de quem sente junto.

— Eu entendo. – Finalmente falou, sua voz baixa, crua, limpa de artifício.

E a forma como pronunciou, não havia pena. Não havia correção.

Havia verdade.

Ela não tentou apagar a dor, nem suavizar a ferida.

Ela reconheceu-a. E, por um instante, pareceu que alguém me colocava as mãos nos ombros encorajando-me.

Podes chorar aqui.

Podes ser frágil aqui.

— Há pessoas que nos deixam de forma tão abrupta — continuou, sua atenção ainda na estrada, contudo a alma virada na minha direção — que passamos o resto da vida a tentar agarrar o que delas ainda resta.

Fez uma pausa. Respirando fundo.

— Mas a memória, essa é cruel. Leva sempre algo com ela. Primeiro os gestos. Depois o som. Depois a certeza.

Permaneci calada, a digerindo cada palavra como quem mastiga vidro. Porque o que ela disse era mais do que verdade. Era o que eu sempre soube, porém nunca consegui expressar.

A dor de perder alguém que ainda respira algures no mundo.

É uma dor que não encontra lugar.

Não é luto.

Não é raiva.

É uma ausência que se recusa a encaixar nas definições. É sentir falta de algo que talvez nunca tenha sido teu por inteiro.

E naquele instante, naquele carro que avançava pelas ruas adormecidas de domingo, eu senti que algo em mim se partia devagar.

Não com estridor.

Mas com a delicadeza de quem finalmente aceita que certas ausências vão morar connosco para sempre. Amanda não tentou colar nada. Essa foi a razão pela qual eu não me senti tão partida.

Quando nos aproximámos da igreja, esta reduziu a velocidade e estacionou com cuidado. O motor calou-se num suspiro grave, deixando apenas o som distante do vento a atravessar os ramos das árvores e o leve burburinho que vinha da entrada do templo.

Ela permaneceu em silêncio por um momento, com as mãos ainda acomodadas no volante. O olhar pousado na fachada branca da estrutura, onde algumas pessoas já começavam a entrar. Depois, virou-se na minha direção, com aquela serenidade tranquila que sempre a acompanhava, como se não houvesse nada que não pudesse ser dito com calma.

— Queres que te acompanhe até lá dentro?

Hesitei. Os meus olhos foram até à porta aberta da igreja. Havia algo reconfortante naquela entrada, mas também assustador. Familiar, e ao mesmo tempo distante. Olhei para Amanda. O seu rosto trazia apenas disponibilidade, não havia pressa, nem expectativa. Só presença.

Por um segundo, quase disse que preferia que ela esperasse por mim no carro. Porque aquela não era a sua fé. Não era o seu caminho. E, durante toda a minha vida, ensinaram-me que aqueles que não partilham da mesma crença não devem interferir no sagrado. Como se a fé precisasse de uma cerca. Um filtro. Um “nós” e um “eles”.

Mas naquele momento, eu não queria entrar sozinha.

A incerteza dos últimos dias, a confusão que se instalara em mim como um nevoeiro, e essa nova versão do mundo que começava a desenhar-se diante dos meus olhos, tudo isso gritava por alguma âncora. Por alguém.

— Sim — murmurei, a voz mais trémula do que gostaria. — Gostaria que viesses comigo.

Amanda sorriu, e naquele gesto havia uma ternura tão silenciosa, tão profunda, que me apeteceu chorar de alívio. Desceu do carro sem uma palavra, contornou-o, e esperou que eu saísse também. Seguimos juntas até à entrada. Os seus passos eram firmes, mas discretos, como se pisasse um chão que respeitava, mesmo sem ser o seu.

A igreja por dentro era diferente das que eu conhecia.

Havia luz.

Luz verdadeira, a entrar pelas janelas amplas, misturando-se com o murmúrio das vozes. A decoração era simples, sem ostentação. Os bancos de madeira clara estavam dispostos num semicírculo, como se convidassem ao diálogo, em vez de imporem distância. No altar, nenhuma cruz dourada a brilhar com autoridade. Apenas uma mesa baixa, coberta com flores frescas e uma vela acesa, que tremeluzia suavemente.

Sentei-me ao lado de Amanda, sentindo o coração martelar no peito. Algo em mim resistia, como se não fosse permitido sentir conforto ali. Como se fosse errado reconhecer a beleza naquela forma de culto mais livre. Mais humana.

— Tudo bem? — ouvia sussurrar, inclinando-se levemente.

Assenti. Porém não estava. Não completamente. Porque algo me dizia que eu estava prestes a confrontar mais do que as palavras de um sermão.

O culto começou sem dramatismo. Um coral cantava suavemente, sem imposição. As vozes misturavam-se em harmonia, não como um clamor para o céu, mas como um abraço sonoro, íntimo, quase terreno. Pela primeira vez em muito tempo, não me senti intimidada pela solenidade da religião. Não havia um peso que me esmagava o peito. Senti-me acolhida.

O meu corpo, no entanto, ainda vacilava.

O instinto de vigília continuava aceso, como se esperasse, a qualquer momento, o tom que viria corrigir, punir, impor. Estava tão habituada a ouvir Deus como uma figura que exige, que não sabia como reagir quando me falavam d’Ele com doçura.

Quando o pastor, uma mulher, para meu espanto subiu ao púlpito, senti um sobressalto. Não por julgamento, no entanto por confronto. Uma parte de mim quis olhar para o lado, certificar-se de que mais alguém via aquilo. Como se não pudesse ser verdade.

A minha mente reagiu como quem toca num nervo exposto:

"A mulher deve ser submissa ao homem, como ao Senhor."

Ouvi esse versículo mil vezes. No púlpito da minha igreja. Em jantares de domingo. No olhar de desaprovação das esposas dos anciãos. E sempre foi dito da mesma forma, como sentença. Nunca como metáfora. Nunca com margem para reinterpretação.

A rigidez tomou conta do meu corpo. E Amanda, discreta, pousou a mão sobre o meu braço. O gesto foi leve, quase impercetível, porém carregado de um entendimento silencioso. Não disse nada. Apenas esteve ali. Presente. Sem invadir. Sem se justificar. E isso, de certa forma, foi mais reconfortante do que qualquer palavra.

A pastora começou a falar com uma voz serena, pausada. Sem esforço para cativar. Como se não precisasse de convencer ninguém, apenas partilhar.

— “A mulher seja submissa ao seu marido, como ao Senhor.” — repetiu, citando Efésios, como que antecipando a resistência da sala. — Um versículo que muitos decoraram antes de saber o que significava compaixão. Antes mesmo de saberem ouvir.

O meu corpo enrijeceu ainda mais.

Ela continuou.

— Mas quando lemos com atenção, vemos que o versículo seguinte diz: “Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e por ela se entregou.” E eu pergunto-me: que tipo de amor é esse? Um amor que domina? Que silencia? Ou um amor que serve? Que escuta? Que se sacrifica?

O silêncio na sala era absoluto. E, mesmo assim, ela falava com uma tranquilidade inquietante. Como alguém que já viveu o peso da interpretação errada e escolheu libertar-se.

— Submissão, neste contexto, não é obediência cega. Não é apagamento. É entrega mútua. É escuta. É espaço para que dois corações cresçam juntos. E Cristo nunca nos chamou para a opressão. Chamou-nos para a liberdade que se encontra no amor.

A minha garganta apertou.

Aquilo, definitivamente, não era o que me ensinaram.

Era o mesmo versículo, contudo, soava como se tivesse sido escrito noutra língua.

As palavras da pastora não eram rebeldes. Eram calmas. Porém a serenidade delas não me acalmava. Desestabilizava-me. Como é que algo que me ensinaram como indiscutível podia, afinal, ter outra leitura? Outro corpo? Outra pele?

E, mais ainda. Como é que essas palavras, ditas por uma mulher, soavam, mais verdadeiras?

Quando a cerimónia terminou, demorámos alguns segundos a levantar-nos. Eu precisava de tempo. De ar. De espaço para recompor os cacos daquilo que estava a começar a ruir dentro de mim.

No caminho de volta ao carro, Amanda manteve-se do meu lado, em silêncio. Até que, dentro do veículo, antes de ligar o motor, perguntou com aquela voz que nunca parecia querer ocupar demasiado espaço.

— Queres conversar sobre o que ouvimos?

Não consegui responder de imediato. Os olhos presos no painel, os dedos trémulos no meu colo.

— Sempre me ensinaram que a mulher deve ceder. Que deve seguir. Que deve calar. — A voz saiu num sussurro, frágil. — Ouvi isso tantas vezes que comecei a acreditar que amar era isso. Submeter-me. Apagar-me.

Esta não respondeu logo. Limitou-se a pousar as mãos sobre o volante, respirando fundo.

— Às vezes, demoramos a perceber que aquilo que nos foi ensinado não é necessariamente a verdade, mas uma versão dela. Moldada pelo medo. Pela tradição. Pelas dores não curadas de outras gerações. — Proferiu num tom pausado.

As suas palavras pairaram no ar como uma confissão que não se queria assumir como tal. Ela não expôs "eu também fui ensinada assim", no entanto algo no modo como evitou olhar diretamente para mim, na respiração contida, no aperto breve dos dedos sobre o volante dizia mais do que qualquer testemunho explícito.

— O que mais me assusta — confessei, com a voz embargada — é não saber se é errado querer acreditar noutra versão. Noutra possibilidade.

Esta fitou-me mim, finalmente. Não com respostas. Todavia com algo ainda mais importante, compreensão.

— A fé não devia ser uma prisão, Maya. Devia ser uma casa com janelas abertas. Com espaço para crescer. Para respirar. Para ser quem somos.

Abaixei os olhos. Uma lágrima escapou sem permissão. Não de tristeza, contudo de alívio. Um alívio agridoce. Porque, pela primeira vez, alguém me dizia que talvez eu não fosse errada por sentir o que sentia.

Talvez, só talvez a fé pudesse coexistir com liberdade.

Talvez, só talvez eu não precisasse de escolher entre Deus e quem estou a tornar-me.

E, pela primeira vez, quis voltar a essa igreja.

Não para provar nada.

Mas para ouvir mais. Para entender. Para reaprender.

Para, talvez, começar de novo.

***

O portão rangeu levemente quando o empurrei.

A luz de início de tarde derramava-se sobre o jardim, tingindo tudo com um dourado brando, e o calor ameno ainda pairava no ar como um suspiro que se recusa a terminar.

Caminhei em silêncio, sentindo o chão de pedra sob os sapatos e o murmúrio discreto das árvores. Os meus ombros ainda carregavam o peso das palavras da pastora, contudo era um peso diferente. Não me esmagava. Apenas me lembrava de que ainda estava aqui.

Piper estava lá.

Estendida numa espreguiçadeira, como uma deusa ociosa a observar o seu pequeno império de tranquilidade. Um braço atrás da cabeça, o outro segurando um copo com gelo e algo vagamente cítrico. Os óculos escuros cobriam-lhe metade do rosto, porém o sorriso era impossível de não reconhecer, aquele meio sorriso que dizia “sabias que eu ia estar aqui.”

Assim que me viu, baixou os óculos até à ponta do nariz, revelando os olhos semicerrados pela luz e um sorriso mais largo.

— Então? — Perguntou, num tom pausado. — Sobreviveste à epifania dominical? Ou foste convertida pela seita progressista do amor incondicional?

A ironia estava lá, claro. Cortante, como sempre. No entanto sem veneno. Piper sabia ferir com graça, e curar com o mesmo sarcasmo se quisesse.

Sorri.

Não respondi de imediato. Sentei-me do seu lado, sentindo a madeira quente sob as pernas, deixando o silêncio preencher o espaço entre nós por uns instantes.

— O pastor na realidade era uma mulher. — Expus, por fim.

A ruiva arqueou uma sobrancelha.

— A sério? E o teto da igreja ainda está de pé? Estou absolutamente escandalizada.

— Quase desabou — cochichei, com um leve riso. — Mas, para minha surpresa, foi bonito.

Ela endireitou-se um pouco, mudando a postar, o sarcasmo deu lugar a uma curiosidade mais atenta.

— Bonito tipo “nunca pensei sentir-me assim num lugar destes”? Ou bonito do tipo “foi simpático, mas não é para repetir”?

Fixei o olhar no jardim. As folhas dançavam à mercê da brisa, e a luz dourada da tarde desenhava sombras frágeis na relva.

— Bonito tipo, acho que preciso de mais. Não sei no que acredito. Ainda não. Mas sentir como me senti hoje, foi como respirar de forma diferente.

Não respondeu. Baixou os óculos com dois dedos e pousou-os sobre o colo. Depois, com um gesto lento e quase cerimonial, pousou também o copo do lado da espreguiçadeira. Quando me olhou, já não havia sarcasmo no rosto, apenas um brilho concentrado, gentil, que raramente mostrava, de forma tão exposta.

— Como tirar um sutiã no final do dia? — sugeriu, arqueando uma sobrancelha, com um certo brilho malicioso.

Revirei os olhos, contudo não consegui evitar gargalhar.

— Vá lá, não digas que não é uma comparação válida. — insistiu, fingindo inocência. — Alívio. Liberdade. A gloriosa sensação de finalmente poder respirar. Se fé não é isso, o que é?

Balancei a cabeça, ainda rindo em silêncio, enquanto o sol pintava os últimos vestígios de luz sobre o jardim.

Ficámos ali por mais uns instantes, envoltas num silêncio confortável, até que, mexendo com a ponta do dedo no gelo já quase derretido, esta soltou uma pergunta apanhando-me desprevenida, ainda que, no fundo, eu soubesse que viria.

— E o voluntariado?

Encarei-a, deixando transparecer uma ligeira surpresa pelo tom casual. A ruiva não me olhava diretamente, mantinha os olhos semicerrados contra o sol, como se quisesse parecer desinteressada. Contudo pelo o que começava a conhecer dela. Piper só disfarçava quando realmente a prestava atenção.

— Na quarta, quando chegaste a casa, entraste a correr como se alguém tivesse acendido um rastilho atrás de ti. Fechaste-te no quarto. Aconteceu alguma coisa?

Suspirei, o peito apertado pela lembrança ainda fresca. Eu sabia que todos tinham reparado no meu desaparecimento repentino naquela quarta-feira, mas era a primeira vez que alguém ousava tocar no assunto com tanta frontalidade disfarçada.

— Foi uma experiência intensa. — respondi, após um momento, pesando bem as palavras. — Exige presença. Uma certa responsabilidade.

Fitei o jardim à nossa frente.

— As crianças, vê-las ali com tanto para dizer e ninguém que escute como deve ser — fiz uma pausa, sentindo o peso de uma imagem que ainda não me largava. — É como se estivessem sempre à flor da pele. Com uma urgência que o mundo adulto desaprendeu.

As palavras saíam aos poucos, escolhidas com o cuidado de quem não quer expor demais e, mesmo assim, sente a necessidade de partilhar certos fragmentos. Relembrei o momento em que Chloe abraçou Mia, o modo como a menina se moldou ao seu corpo como se aquele fosse o seu lugar natural. A ternura discreta, o calor contido nos gestos. A atenção plena. As crianças rendidas à sua voz como se cada termo contivesse magia.

Deixei escapar um leve sorriso, quase sem me dar conta.

— Mas tu já deves saber como é. — afirmei, lançando-lhe um olhar de soslaio.

Piper franziu o sobrolho.

— Saber o quê?

— Do voluntariado, das crianças. — Acrescentei, mais pausadamente, observando a sua expressão. — Achei que sabias.

Esta ergueu uma sobrancelha, inclinando-se ligeiramente na espreguiçadeira.

— Maya por que é que eu haveria de saber? — o tom continuava leve, contudo genuíno. — Por mais encantador e terapêutico que isso soe, não me parece que o universo me vá colocar a ler histórias para crianças tão cedo.

Riu-se, breve, como quem afasta sobre uma ideia absurda. Eu não a acompanhei no riso. Observei-a com plena atenção, por um momento, tentando perceber se estava a brincar. No entanto não estava. Ela não sabia. A constatação atravessou-me com um nó estranho no estômago, franzi o cenho.

Aquela parte de Chloe a que tocava com ternura, a que transformava tudo sem precisar de palavras estava trancada até de Piper e isso intrigou-me profundamente.

— Não é para toda a gente, de facto. — Murmurei, forçando um sorriso. — Mas há quem o faça parecer natural. Como se tivesse nascido para estar ali.

— Que poético. — Murmurou ela, inclinando ligeiramente a cabeça com um sorriso enviesado. — E misterioso. Diz-me, desenvolveste uma paixão secreta por um voluntário no espaço de quê? Três, quatro dias?

Engoli em seco, o sorriso a desaparecer-me dos lábios antes de chegar a acontecer.

— Nada disso. — disse, baixando o olhar. — Só admiro quem sabe escutar. Quem toca os outros sem sequer tentar.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Maya inicia aqui uma jornada íntima de confronto com as suas próprias crenças.

A visita à igreja não é apenas um gesto simbólico é um divisor de águas na sua relação com Deus, com o passado e consigo mesma. Um momento que a leva a perceber que questionar não é destruir. E que duvidar não é trair.

Mas será isso suficiente para a libertar?

E quanto a Chloe?


Por que razão, Piper parece desconhecer a sua presença no programa de voluntariado?

Será que é propositado?

Fico curiosa com as vossas teorias.


Obrigada por caminharem nesta história.
Até ao próximo capítulo!


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Comentários para 10 - Capítulo 9:
thays_
thays_

Em: 27/03/2025

Seria redundante dizer "mais um capítulo excelente"? 

"A fé já não era a âncora. Porém também não sabia se era mar. Se me levaria à deriva ou se me devolveria a mim mesma." Essa frase é extremamente profunda e bela, tal como todas as outras em que você escreveu sobre o assunto. É muito poética a forma como Maya está entrando em contato com ela mesma a partir de outra visão de mundo. Se me permite perguntar, você tem alguma crença?

Eu gosto muito de estudar sobre religiões de forma geral, a Bíblia especificamente não é algo que eu sigo, mas reconheço que o "Deus" mostrado no antigo testamento é extremamente punitivo, mau e cruel. Um livro escrito por homens e para os homens daquela época. Eu imagino que talvez o pai de Maya siga uma vertente mais voltada a isso. A fé não se resume apenas ao ponto de vista de uma igreja, imagino que a partir daqui Maya consiga ver que existem diversas formas de falar sobre Deus e formas que não precisem ser tão duras e que envolvam a ideia de que "tudo é errado, tudo é pecado, tudo é proibido". Acho que a fé é algo leve que nos faz bem e nos agrega como pessoa, não deve ser algo para fazer com que nos sintamos mal.

Outro ponto, eu nunca imaginei que a mãe dela tivesse ido embora, na minha cabeça eu estava certa de que ela tinha morrido. Como ela mesma disse, o luto de uma pessoa em vida acaba sendo pior que a morte de fato. A Amanda é uma figura extremamente acolhedora e fantástica, uma figura materna que ela nunca teve em sua vida, fico feliz por Maya poder ter a ela como apoio nesse momento, tal qual uma mãe (teoricamente) deveria ser. Não consigo imaginar o porquê dela ter ido embora, talvez fosse muito jovem? Ou talvez o ex-marido fosse extremamente controlador e abusivo e ela tenha fugido? Talvez nunca saberemos rsrs

Já em relação a Piper não saber que Chloe também fazia parte do voluntariado levanto algumas suposições como, será que a loira manteve em segredo por medo de julgamento de Piper? Será que Chloe é obrigada a ir por algum motivo? Ou talvez ela apenas queira manter uma parte de sua vida em segredo e fim de papo.

Adorando o rumo da história!

Nos vemos no próximo capítulo!

Até breve!


asuna

asuna Em: 30/03/2025 Autora da história
Olá! Que comentário magnífico!

Em relação à tua pergunta, cresci introduzida na religião católica, sim. Mas hoje, não sigo nenhuma crença em específico. Não creio propriamente na figura de um Deus como é apresentada nas religiões tradicionais, embora respeite profundamente quem o faz.
Acredito, sim, que há algo maior do que nós, algo que nos transcende e que talvez nem tenha nome. Acredito muito na energia que colocamos no mundo, nas escolhas que fazemos, nos pensamentos que cultivamos e em como tudo isso se reflete na nossa vida. Quando nos alinhamos com aquilo que nos faz bem, parece que as coisas começam a fluir de outro modo.

Maya é uma personagem muito reflexiva, extremamente introspectiva. Move-se num mundo feito de perguntas, embora rodeada por certezas frágeis. E, como tão bem disseste, a fé não precisa de ser um peso. Pode ser abrigo, pode ser liberdade. E eu acho que a Maya começa, aos poucos, a entrever isso.

Amanda é uma figura estratégica nesta história. Quanto à mãe da Maya, sim, há razões para aquela partida ;) E talvez, mais à frente, essas sombras comecem a ganhar contornos.

A Chloe, por sua vez, guarda muito dentro de si. Mas, conforme a história avança, algumas dessas camadas vão-se abrindo e o que há por dentro começa finalmente a revelar-se.

Obrigada por esta troca tão rica!!


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