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ACONTECIMENTOS PREMEDITADOS por Nathy_milk

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Palavras: 4698
Acessos: 594   |  Postado em: 16/03/2025

Capitulo 70

Capítulo 69


         O silêncio da Beatriz era sepulcral, estava me incomodando de um jeito que não consigo descrever . Ela não estava nem olhando pra mim. O carro de aplicativo parou na porta do nosso prédio e eu desci rapidamente para pegar nossas malas do porta malas. Isso é meu, sou solicita, não deixaria a Bia carregar as malas dela ou peso. 

- Não precisa carregar minhas malas. Eu levo. 

- Bia, para com isso. Sabe que sempre levaria sua mala. Eu sou assim. Vai na frente e chama o elevador. Vou logo atrás - ela não me respondeu, apenas seguiu em frente, com sua mochila nas costas e eu a seguindo com as malas de rodinhas. Entramos no elevador em silêncio e do mesmo jeito no apartamento. 

Abri a porta e dei espaço para que ela entrasse, logo em seguida entrei e fui empurrando as malas para o meu quarto, a minha e a dela. Pensei comigo: nossa, quero uma água gelada e um café fresco, brasileiro. Vou passar um. E assim eu segui, antes mesmo do banheiro ou outras condutas. Lavei a mão  na lavanderia e coloquei a água no fogo.  Só depois disso que fui tirar o sapato e colocar uma roupa confortável. 

Arrumei rapidinho a pequena mesa da cozinha e coloquei 2 canecas. Abri a geladeira em procura de alguma coisa para comermos, mas nem sei se tem. Quando tive alta do hospital, passei só pra pegar umas roupas. Até tinha um pão de forma e uns ovos, preparei pra gente. Para o almoço dá para sairmos ou eu ir rapidinho comprar algo. Quando estava tudo pronto, chamei a Bia. 

- Bia, amor, tem um café pronto. Vem! - não houve nenhuma resposta - Amor, passei um café pra gente - novamente sem nenhuma resposta. Será que está tudo bem? Fui em direção ao quarto dela. A porta estava fechada. Ela estava brava comigo, mas chega né?! Coisa chata.

Dei duas batidinhas na porta e abri. A Beatriz me olhou, mas continuou. Em cima da cama estavam várias roupas e duas malas. A Bia está indo embora? Ah não cara. 

- Bi, o que é isso? - precisei perguntar 2 vezes. 

- Eu tô indo embora Flávia. Não vou ficar mais aqui. 

- BI, para com isso amor. Vem tomar um café e conversar.

- Não, Flávia. Tô muito chateada, não quero ouvir você. 

- Bia, vem tomar um café e comer, vem!

- Não quero - essa birra me aqueceu o sangue de uma forma, sou muito madura em não estourar. 

- Bia - cheguei perto, falando bem firme - vem comer. Estamos muito cansadas, a viagem foi longa, vem comer. 

- Não quero. Estou muito chateada com você. 

- Amor, olha pra mim - falei bem firme, com a paciência quase sumindo - não precisa me ouvir se não quiser. Mas vem, senta na cozinha, toma um café e come um ovo. Depois você volta e arruma suas malas. 

- Sabe o que me incomoda? - respondi não - Você vem com essa voz doce, macia, acha que me leva. Não vai me enganar. 

- Bia, eu nunca te dei motivo para achar que estou te enganando. Nunca - perdi a paciência - preparei um café pra gente. Vem comer! - respirei fundo, mas não consegui segurar -  Você fala que estou te enganando, mas me deu a chance de me explicar? Não dá para a gente ter um desentendimento e você sair de casa, eu não sou assim - ela finalmente virou o corpo e me olhou - Não vou prender ninguém aqui, nunca fiz e nunca vou fazer isso. Se quiser ir embora, pode ir, pega tuas coisas e vai. Mas se quiser tentar um relacionamento maduro e saudável eu vou estar tomando um café na cozinha - virei o corpo, sem olhar novamente, chateada, mas muito firme.  

Na cozinha, enchi minha caneca de café, montei um pão com os ovos e sentei. Meu corpo doi da correria e pressão física desses dias. O local do dreno às vezes ainda pulsa e dá pontadas. Deve levar um tempo para absorver o restinho do sangue ou o machucado em si do tal drenagem. Peguei a xícara de café morna, senti o calor nas minhas mãos. Quando o líquido desceu na minha garganta quase fui ao céu. 

A Beatriz entrou na cozinha em silêncio, me mantive em silêncio também. Ela foi na pia, encheu uma caneca de café. Eu fui acompanhando de rabo de olho. Depois colocou um pouco de ovo no prato e um pão ao lado. Sentou de frente pra mim: Pronto, pode falar. 

- O que você quer saber? Eu só não queria ter essa conversa no avião, com a Mayra lá, nem com uma delegada para PF. Sou sem noção, mas tem limite. 

- Não sei, Flávia. Quer começar por onde? Você em um caso que envolve sua ex namorada, você defender sua ex namorada, continuar falando com ela. Ah, inclui também você saber do envolvimento do Ricardo em diversas coisas - respirei fundo, não vou surtar - Você não me contou nada, não se abriu comigo. Caramba eu era sua namorada. 

- Era minha namorada? Estamos terminando? É isso? 

- Não sei Flávia, não sei. 

- Bia, me desculpe, mas não sei qual tipo de relacionamento você estava acostumada. E nem quero me comparar ao Ricardo, acho que nem cabe. Eu cuido de você, te protejo, olha pra mim, meu rosto verde e você me acusando de falta de honestidade! 

- Não é isso Flávia, estou chateada por ser pega de surpresa. Você não me conta nada. Me senti traída.

- Bia, era um caso sigiloso. Eu não poderia te contar exatamente pelo seu envolvimento com o Ricardo. Imagina eu chegando em casa falando que estava investigando o cara que estava te ameaçando. Não tem isso. 

- Você não deveria nem estar no caso. 

- Nem sempre é branco no preto. Eu estava investigando o caso do matão do fundo, você estava comigo. Tinha um corpo fora do padrão, aguardando identificação. A Isabelle… 

- Ah, a Isabelle. Tá vendo Flávia, tudo envolve mulher. Sempre tem mulher. 

- Cara, a Isabelle é uma delegada, delegada do mesmo DP. Me pediu ajuda profissional. Eu falaria o que? Se vira delegada!  Ah, você é  mulher, não trabalho com você! Sem contar que nem estava com você nessa época. Eu ajudei ela em um caso e ela me ajudou com uma pulga atrás da orelha. A merd* é que as coisas se encaixaram. 

- Como assim? 

- O corpo diferente do matão do fundo, sem identificação, foi identificado como sendo do jornalista Marcius Evangelista. Esse jornalista trabalhava com a Mayra no Dói Notícia. Eu tinha uma pulga atrás da orelha com a Mayra, sempre tive. 

- Por causa da Bruna! 

- Não amor, por ser investigadora. Carro caro, apartamento chique, ganhos não condizentes com condizem com o dinheiro que aparentava ter. Isso por aí já dá um alerta. E convivendo com a Bruna fui ouvindo, vendo coisas que me levantaram mais a orelha. 

- Como o que? - perguntou ainda em tom agressivo. 

- O padrinho da Bruna não gostava de mim, falava que a minha presença iria atrapalhar eles. Que a Bruna era uma péssima pessoa por estar comigo, que eu só estava com ela para investigar. Depois teve um dia que o padrinho dela me expulsou, brigou comigo porque não era para eu estar lá. Esse não é um bate papo de alguém sem problemas. 

- Não sabia disso. 

- Bia, o tempinho que fiquei com a Bruna não foi mil maravilhas não amor. Não mesmo. Enfim, conforme a Isa ia investigando o caso do Jornalista, mais íamos nos aproximando da Mayra. Sem contar que o Grilo, preso no caso do matão de dentro. 

- o chefe né?! 

- Isso, o cara que atirou em mim e eu quase morri. No depoimento dele falou que esse corpo, que depois identificamos como do Evangelista, foi pedido da Das Letras. 

- Das Letras? 

- A investigação foi mostrando que Das Letras era a Mayra.

- Então a Mayra estava envolvida na vala do matão? 

- Isso, a investigação foi indo e nos fomos cada dia mais encontrando mais pulga na Mayra. Para ter ideia, tem imagem do aeroporto com o Marcius Evangelista tirando foto da Mayra. O caso dela é bem consistente, não tem por onde correr. Ou melhor, ela poderia fugir, mas por burrice dela, fugiu para o lugar onde estávamos. 

- Tá, ok, a Mayra está envolvida em tudo isso.  E você não se afastou? Não lembrou que namorava com a Bruna? 

- Eu já discuti muito isso com a Isa. Decidimos que eu conseguiria manter o caso. 

- Você ficou com a Bruna pra poder prender a Mayra? - já estava entendendo o raciocínio, antes dela completar, já falei. 

        - Nem começa amor, eu não aceito esse tipo de acusação. Eu nunca fiquei com ninguém para conseguir algo. Nem com você e nem com a Bruna. Se quiser me pergunte! Mas a resposta também vai ser: não estou com você pra prender o Ricardo. O problema é que eu atraio as coisas, tudo vem pra mim. 

             - Não iria perguntar isso. 

         - Bia, eu tenho um respeito enorme por você, mas tenho um respeito pela minha consciência, nunca estaria com alguém pra isso, se pensa isso de mim, não me conhece. Eu fico chateada quando você tem esses picos de ciúme. Você me conhece antes de termos alguma coisa, você foi quem eu falei eu te amo depois da Fabíola. Sabe a importância que você tem pra mim. 

            - Claro que sei Fla. Mas o que aconteceu no avião foi muito pra mim! 

-  Você entendeu o que estava acontecendo? Uma detenta, com raiva da vida e de tudo, estava acusando uma pessoa inocente, que é a Bruna. Essas acusações foram feitas na frente de uma delegada da PF. Eu fiz o que eu pude pra proteger a Bruna. E faria de novo. A raiva da Mayra poderia gerar uma prisão pra Bruna. Imagina, se essa denúncia vai a frente, como a Bruna vai se defender de ter emprestado a moto para uma fugitiva?

           - Tá, mas a Bruna deve arcar com os erros dela, dar um jeito. Foi idiota de namorar com uma traficante de pessoas - quando a Bia falou isso, ela própria entendeu o conteúdo desconexo da frase. 

            - Eu faria e faço o mesmo por você. A todo o tempo. 

            - Eu nunca me envolvi nas coisas do Ricardo - foi firme, categórica.  

- Eu sei amor e por isso eu te protejo. Imagina você explicar para um juiz porque você nunca denunciou ele? Você nunca suspeitou de algo ilícito dele? Nunca percebeu que ele se esquivava de perguntas específicas? Entendeu? No que estiver ao meu alcance eu vou tentar te proteger. Fiz isso com ela também, estou tentando na verdade. 

- Me assusta você defender ela da forma como me defendeu. 

- Bia… meu amor, eu estou com você. Não estou com a Bruna. Eu terminei com ela antes de começar alguma coisa com você. E eu continuo com você. Confia mais nas suas calcinhas rendadas Se estou com você é por que gosto de você e delas, as calcinhas rendadas - ela ficou sem graça por um segundo, silêncio por 2 segundos. Deu tempo de eu tomar um gole de café, mas não tive tempo de engolir. 

 - Eu quero fazer mais uma pergunta: porque a Mayra falou que matou o Ricardo? E porque a morte dele foi um presente pra você? - engoli o café e voltei a falar. 

- Humm, então… conforme a investigação foi avançando, percebemos que as pessoas que a Mayra levava para fora do país não saiam daqui com os nomes delas. Então recebiam passaporte de outra pessoa ou identidade falsas. Ok! Quem fazia ou organizava essas identidades? 

- O Ricardo - a expressão dela mudou, parecia que sentia algum tipo de dor. 

- Isso, aí começamos a investigar ele especificamente. Ele tem o codinome de Juba. E esse Juba aparecia várias vezes na investigação, como agiota, como aliciador das pessoas traficadas, como mandante da morte de alguém, como matador de aluguel. Mas até aí eu não tinha nada a ver com isso, só estava investigando, meu trabalho. Mas quando a condição da Mayra começou a apertar ela começou a me pedir favores. 

- Tipo? 

- Me passa dados do meu processo, apaga meu processo. Sempre perguntando se eu queria dinheiro em troca, o que eu queria em troca. Quanto você quer pra liberar meu processo? Eu não negociei com ela, nunca negociaria. E aí a merd* começou a acontecer, eu comecei a ser seguida, a ter gente me ameaçando, ligações estranhas. 

- Porque você não me contou isso? Pô, Flávia. 

- Não queria te envolver, te preocupar, jamais. E lembra que é um caso sigiloso, ne?! E teve um dia que fomos, eu e você, se não me engano tomar um café aqui perto, a Mayra entrou e me viu com você. Claro que ela sabia que você foi namorada do Juba. 

- Por isso ele veio atrás de você?

- Isso! Veio atrás de mim a mando dela. Mas ele já tinha um problema pessoal comigo, óbvio. Eu estou com você, por si só já é motivo de problema com ele. Mas a mando dela ele me desceu o cacete. Como eu já estava prevendo isso, por feeling, deixei a Isa avisada e ela conseguiu mandado para filmar e criar um flagrante para ele. 

- Puta merd*, tudo faz sentido. Porr* Flávia. Eu não consigo entender por que você se sujeitou a isso! Enquanto estávamos lá em Portugal pensei tanto nisso. Perdi o chão vendo você machucada em uma sala de emergência, toda sangrando. Achei que perderia você. Como você apanhou propositalmente?! Por que isso?

- Bia, não apanhei porque gosto. Foi uma emboscada. Resolveu três problemas. Fiz um flagrante, ele parou de te encher o saco e eu não abaixei a guarda pra MAyra. É isso! Podem ter sido meios estranhos, mas deu certo. Talvez eu fizesse diferente? Não sei. 

- Eu não sei se faria o mesmo por você.

- Nem espero que faça isso por mim. O que eu fiz foi loucura, poderia ter dado muita merd*. Eu poderia ter me machucado feio, ter morrido. Sem contar minha carreira agora, se a Marjorie levar isso pra cima eu perco meu emprego, enfrento algum processo civil. Olha a merd*. Foi por isso que no avião eu conversei com a delegada, expliquei pra ela tudo, pedi vista grossa. Estou na mão da consciência da Marjorie. 

- Puta merd* Flávia! Que buraco você se enfiou e sozinha! Eu sou sua namorada, tem que me contar as coisas. Você não está mais sozinha no mundo, eu estou com você, nem que seja pra te dar colo no final do dia, te ouvir chorar. Sabe o que eu fiquei puta? Fui pra Portugal pra poder cuidar de você e não consegui fazer isso. Você não parou um segundo. Ainda bem que alguém te protege, imagina se você piorasse desses machucados!

- Bia… não tem ideia de como me sinto mal em te deslocar pra lá, não termos tido tempo nem de passear. Eu entrando em depoimento, depois correndo pra lá e pra cá. Praticamente te deixei sozinha em outro país, não imagina como me sinto culpada. Mas eu estava a trabalho, resolvendo o que fui para resolver. Eu só quero acabar esse caso, conseguir levantar para respirar. Eu sinto como se estivesse no mar e bateu tanta onda que eu não consigo respirar, estou me afogando. 

- Amor, você pegou um caso muito pesado, seguido de outro bem pesado. Eu me sinto atrapalhando você na maior parte das vezes, sinto sendo mais uma complicação do seu dia a dia. O Ricardo finalmente não vai mais incomodar a gente, não vai mais incomodar você. Eu via como você ficava quando ele aparecia ou me agredia. 

- Claro! Não se faz o que ele fez com você, nunca. Nem no momento de maior raiva. Sempre se senta e conversa, não é pra sair dando tapa. Então, se depois dessa conversa, você não me quiser mais, eu mesmo te levo até a porta, nunca te prenderia a mim. 

- Ele se matou mesmo? Não consigo imaginar ele fazendo isso. Ele era ardiloso demais para abandonar o que ele queria. 

- Então… quando estávamos na investigação em Portugal, a Milena, que atacou a Dra Carol, soltou que vai morrer na prisão, por suicidio. Mas que ela não quer se matar, essa é a tecnica de queima de arquivo dessa quadrilha. 

- Por isso estavam brigando pra trazer ela para o Brasil - comentou para si mesma, como se começasse a fazer sentido. O Ricardo não se matou então? 

- Não, ele foi suicidado por alguém. Só que a Mayra é tão burra, que tem áudio dela confirmando que ela mandou alguém suicidar ele. Não sei como vai  ficar a investigação, mas possivelmente vai confirmar assasinato. É o modus operandi dessa quadrilha. 

- Não encaixava ele se matar, ele cometer suicidio - falou novamente pra dentro, para ela propria. 

- Não encaixa, ele era um dos líderes. Tem um áudio da Mayra confirmando a ordem. O corpo vai passar por pericia, essas coisas, mas a linha de investigaçaõ inicial é assassinato. 

Ela puxou o ar bem fundo, como se tentasse se livrar daquela conversa. Logo depois tomou um gole do café, olhou pra frente, para o nada, como se não quisesse pensar em nada. Sei que ela está chateada comigo, da minha forma também machuquei ela. Claro que não fiz por mal, tentei ajudar, mas posso ter feito errado. Estiquei minha mão na mesa, na expectativa que encostasse na minha mão de volta, abrindo o caminho de um acerto. 

- Bia, me desculpa não ter te contado nada, mas era uma bomba e sigilosa. Imagina que merd* seria se eu tivesse te contado? Você com medo de estar sendo seguida, medo de ser atacada. Eu quis te proteger e proteger o processo, talvez esteja errado, mas tentei fazer isso. Fiz o que eu achei certo para te proteger - a Beatriz aparentemente mais calma, mas ao mesmo tempo saturada com o tanto de informações, olhou pra mim, seria, firme. Encostou a mão dela na minha, sem entrelaçar os dedos, só apoiando e falou:

- Você gosta da calcinha rendada mesmo? 

- Bia!! - Soltei o ar que estava preso no meu peito - claro que gosto! A azul é a mais bonita, a verde não perde em nada. Acho que gosto de todas. 

- Eu tinha preparado uma surpresa pra você para quando voltássemos do restaurante. 

- Que restaurante?  Em Portugal? 

- Não, fomos na pizzaria antes de tudo isso acontecer, lembra?! Era pra ser um jantar romântico, gostosinho. Eu preparei uma surpresa pra depois do jantar, quando chegássemos em casa. 

- Mas agora você indo embora nunca vou saber o que seria essa surpresa - joguei um charme, afinal ela estava arrumando a mala  para ir embora. 

- Desculpa. Não vou embora. Eu sou muito infantil, imatura. Em um simples problema, já quis pular fora. Desculpa. 

- Amor, eu nunca vou te prender aqui, sabe disso. Eu não sou ele, sou diferente. Mas te peço que se um dia decidir ir embora, não vá em um momento de raiva, vá com certeza  do que quer. Não vou te prender aqui, mas não vou ficar correndo atrás. Não tenho mais emocional pra isso. Quero um relacionamento seguro, saudável. Eu sou viúva, não dá mais pra brincar. 

- Eu sei  Fla, eu errei, mas uma vez. Eu acabo tendo medo.

- Medo do que?

- Ah, não sei, ser traída, ser jogada fora, sair machucada. 

- Bia, eu não sou o Ricardo. Sei dos medos, entendo, mas quando tiver esses medos pensa em mim, pensa que sou eu. Lembra de quantas vezes já te pedi abraço, já pedi carinho, já chorei ao seu lado. Se tiver medo mesmo lembrando disso, não posso fazer mais nada. 

- Desculpa, não quero  te perder. Você me faz muito bem Flávia e sabe que eu te amo muito. 

- Então começa a confiar nesse amor todo. Agora chega de DR, detesto isso. O ovo já está frio. Depois que você comer vou tomar um banho, estou exausta. Se quiser, pode deitar comigo, gostosinho na cama e ganhar um monte de cafuné. 

Trinta ou quarenta minutos depois que a DR finalizou já estávamos na minha cama, tão cansadas que não conseguimos nem namorar após a DR. A Bia encaixou o corpo em mim, a cabeça no meu ombro, passei meu braço por ela e apagamos, exaustas da minha internação, da viagem e da discussão. 



            Eu entrei no casarão tombado que acomodava o DP. Parece que faz uma vida que eu não entro aqui, mas na verdade tem uns 10 dias. Não passei pelo corredor da copa, fui direto ao andar da sala dos investigadores e consequentemente a sala dos delegados, no caso na sala da Isabelle. Quando ela me enxergou lá do fim da sala dela, levantou da cadeira e veio em minha direção. 

- O que você está fazendo aqui? Vai pra casa porr*. Não tá afastada por causa das porr*das?

- Oh grossa, não fiquei parada nem quando eu precisava. Tava toda quebrada e fui pra Portugal. Agora que tô melhorando vou seguir minha vida. Inclusive hoje tem faculdade, antes que eu reprove nessa porcaria. 

- Falta quanto tempo? 

- Se não reprovei de falta, mais umas 5 semanas. Contagem regressiva - fomos conversando e entrando na sala dela. Fechou a porta e continuamos conversando - E aí?

- Cara, que sorte a nossa e que burrice dela. Vocês estavam lá perto. E o bom é que a Marjorie estava junto, já deu essa margem de negociação. 

- Ela ainda está aí? Já disseram depoimento? 

- Flávia, ela bateu aqui ontem a tarde, eu mesmo coletei o depoimento. Pesado hein? Pesado. Até quero conversar com você sobre o depoimento dela. 

- Falou de mim? 

- Nada! Nem uma palavra. 

- Estranho! Achei que fosse querer me quebrar no meio. 

- Também achei, mas não. Nenhuma palavra sobre você. Mas falou da Bruna, e falou muito. 

- Caracas! - quase esbravejei - ela quer o que? Prisão conjunta? Amor atrás das grades? 

- Tudo que ela falou pra mim foram queixas infundadas. Quando peço detalhes, exploro um pouco mais, não sai nada. Mas como é um caso grande e houve formalmente um depoimento, a Bruna vai ter que vir. 

- Consegue segurar um pouco, até eu conversar com ela? - perguntei

- Consigo segurar hoje e amanhã, o tempo de eu apresentar a denúncia de envolvimento. Vai dar inconsistência,  é algo que acho que vai parar no próprio processo. 

- Mas é bom ela ter um advogado e se preparar para a parte emocional. De verdade, eu espero que ela amadureça durante esse processo, que saia mais forte. 

- Ou vai amadurecer ou vai desistir. Depois dá uma lida no depoimento em off, dava para sentir o ódio dela na fala, no ciúmes. Foda, a Das Letras prefere levar a outra de apoio em uma detenção do que livrar ela. 

- Relacionamentos doentios e abusivos acontecem de todos os lados. Quem pensa que é só em relacionamento hetero que tem isso se engana muito. Infelizmente acontece e muito. Realmente espero que a Bruna amadureça nesse processo, o ideal era amadurecer sozinha, mas dá pra ser na dor também. Ela falou comigo antes da abordagem da Mayra, aparentou medo, apreensão. Mas aí não sei se pela fuga, medo do envolvimento. 

- Dos dois!

- Sei lá. Mas velho, agora um comentário em off, nosso, que prazer inenarrável de ter detido ela! 

- Como foi? - a excitação extrapolava a voz da Isa - Nunca abordei com a PF. 

- Nem foi abordar com a PF, a coitada da Marjorie nem pode fazer nada, o delegado de lá, na verdade o inspetor de polícia - falei irônica - ele que fez tudo. A Marjorie foi apenas a formalização da polícia brasileira. Como eu conhecia a Mayra, eu entrei no avião para identificar, o olhar dela foi impagável. Ela estava assustada quando entramos no avião, sabia que tinha caído já. 

- Saiu de boa do voo?

- Saiu, foi dar show depois, quando foram algemar. Mas nem dava pra fugir, subimos por trás e pela frente, e era um avião. Só se fugisse pela turbina, sabe?!

- Sem chance de fugir. Ela caiu no reconhecimento facial e porque estávamos em alerta já. Ficou estranho aquele loiro dela. 

- Mal feito né?! Cara foi tranquilo deter ela, foi difícil aguentar ela no voo, o olhar de ódio dela era difícil de aguentar. Pra mim, ela ainda vai aprontar alguma coisa, tentar me prejudicar, tá muito estranho. 

- Eu acho que não, se ela estragar a vida da Bruna, de certa forma não vai estragar a sua? 

- Estragar a minha em si não, mas acho que vou ficar bem chateada, preocupada, talvez culpada. Não sei. 

- Então, eu acho que a técnica dela é essa. Se prejudicar a Bruna, prejudica você. Se te prejudicarem, a Bruna não vai nem saber, nem se importar. 

- É uma pessoa ruim! Caramba! Ela ainda está aí? - perguntei. 

- Não, bateu aqui, coletei o depoimento e mandei embora. Não é seguro ela aqui. 

- Mandou embora? - levantei o tom - Ela vai fugir de novo! Porr* Isa. 

- Mandei embora pro CDP. Mandei pra detenção - a Isa falou bem firme, em tom alto e nítido - Vai ficar no centro de detenção provisória até o julgamento, ela não tem direito a fiança não. E mesmo sendo formalmente réu primário, ela tem crimes qualificados, não permite esperar o julgamento em liberdade. 

- Nossa, achei que ela tinha saído. 

- Deu uma surtadinha ai hein sapatão. 

- Não confio na nossa justiça, não duvidaria se ela tivesse sido liberada depois do depoimento. 

- Comigo não tem isso Flávia, e sei que quando você for delegada também não vai existir isso. Esse caso estava tão bem amarrado, tão bem cuidado, que se depender de nós duas, vai ganhar uns bons anos para aprender a ser gente. 

- Fico mais calma em ver ela presa. 

- Ela presa e o Ricardo morto não? 

- Isa, Isa, eu sei que é errado comemorar que alguém morreu, mais ainda que foi assassinado, mas posso dizer que eu senti um alívio tão grande. Porr*, eu quase morri com as porr*das dele, a Bia é toda traumatizada, toda machucada. Ele morto é uma paz que eu não imaginava. 

- Se eu que não tenho nada a ver, sai pra beber e comemorar. Eu fiquei pensando em vocês quando recebi a notícia. A Bia está bem? Como ela reagiu à notícia? 

- A Bia tem uma questão com ele bem complicada. Deu pra sentir que ela ficou triste pela morte, mas aliviada também. 

- É o clássico de quem sofre violência. Nem tudo foi ruim, acaba sendo ambíguo.

- Exatamente, tenho certeza que em algum momento ele foi gente boa pra ela, foi um namorado legal, essas coisas. Mas dava para ver o alívio dela em saber que ele morreu, em descobrir que ele não vai mais incomodar - respirei, esperei uns segundos e completei - ela vai precisar de carinho para fechar as feridas, eu tenho que ter muita paciência com ela. 

Conversei com a Isa algumas coisas importantes e meia hora depois já estava saindo do DP. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para a Bruna:

- Bom dia Bru, tudo bem? Podemos conversar rapidinho hoje? É importante - pouco tempo depois ela me respondeu. 

- Consegue vir aqui no jornal? Estou o dia todo aqui. 

- Consigo sim, estou indo aí. Prometo ser rápido. 

 

- Quando chegar fala pra secretária me avisar. Vou estar te esperando - sai do DP em direção a Av. Paulista para ter uma conversa, nada confortável, com a Srta. Bruna Raissa.             


Fim do capítulo


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Comentários para 70 - Capitulo 70:
jake
jake

Em: 17/03/2025

Olha que por um momento pensei que a Bia ia jogar tudo pro alto.

Parabéns mais uma vez Nathi pela história maravilhosa... Você é incrível!!!

Responder

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Mmila
Mmila

Em: 16/03/2025

Eita que agora a Bruna vai pirar.

Responder

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