Escolhas por anonimo2405
O começo
POV CRIS
Apertei os olhos pra ver quem era e pra minha surpresa era de fato quem eu pensei. O ditado que todos dizem, que mundo pequeno, fez todo sentido agora.
- Seu doido, já pensou se a vó já tivesse aqui. Doido.
Se abraçaram sorrindo. Apesar da implicância, dava para ver que os dois tinham uma boa relação.
- Ela ia correr pra dar um abraço no neto preferido dela. Fala cunhada! – Devolvi o cumprimento com um aceno de cabeça. Logo minha sogra e dona Carmen também faziam parte dos cumprimentos.
Andressa estava novamente ao meu lado e fomos apresentados à nova cunhada da minha mulher.
- Gente, essa é a Janaína, minha namorada. Minha gata!
Meu cunhado era um moleque de 34 anos, fazia alguns bicos mas ainda vivia as custas dos pais. Andressa fazia alguns vídeos pra redes socias e desde que decidimos morar juntas, assumi as despesas mais pesadas como aluguel e as prestações do seu carro, já que meu emprego era fixo e conseguíamos viver bem.
Ficamos ali fora trocando cumprimentos. O meu se limitou a um bom dia. Tentava esconder meu desconforto com aquela situação. Não imaginei que um dia esse encontro pudesse acontecer. Janaína foi meu primeiro beijo, aos 16 anos, que me gerou como consequências um tapa na cara e um sermão dos meus pais quando a escola toda ficou sabendo. Eles não aceitam meu relacionamento até hoje, o que me impede de levar Andressa pra conhecê-los.
- Vamos entrar então, daqui a pouco seu pai chega com os seus avós. Já sabe não sabe?
A pergunta veio da minha sogra, já caminhávamos pra dentro. Sem me dar conta, estava apertando forte demais a mão da minha noiva, que chegou a reclamar.
- Ai! Que isso Cris? Pra que tanta força?
Ela deu risada, levou na esportiva, pra minha sorte. Dei um sorriso me desculpando, entrelaçando nossos dedos, beijando sua mão consideravelmente menor que a minha. A abracei de lado e terminamos de subir as escadas. Estávamos subindo pro quarto, quando ouço minha sogra chamar a filha.
- Seu pai acabou de me ligar. Sua avô encontrou um conhecido de infância a rodoviária e convidou ele pra vir almoçar com a gente.
- Ah que legal mãe.
- Parece que eles vão ficar até amanhã. Não tem quarto pra todo mundo filha, você e a Cris se importam de dividir o quarto com seu irmão?
Não sei o quão bem consegui disfarçar minha decepção. Era óbvio que eu me importava. Nosso quarto era o único lugar ali em que eu podia ter alguma intimidade com a minha mulher e agora nem isso. Andressa também compartilhava da insatisfação, porém não fez questão de esconder.
- É sério? Poxa mãe, sendo sincera, eu preferia um quarto só nosso. A senhora sabe como o Rogério é. É chato né, mas...
- Eu sei filha, mas fui pega de surpresa também. Pensei em ceder a sala, mas com visita agora também não ia ficar legal, aqui é o acesso pra todo mundo.
- Então fazer o quê né? Se não tem jeito. Só não vem me dizer que vamos dividir a mesma cama.
Deu um sorriso irônico pra mãe.
- Andressa! – A repreendi.
- É claro que não Andressa. Vou pegar um colchão reserva que tenho e deixo no quarto de vocês.
- Tá bom. Vou subir. Vamos.
Me puxou pela mão. Me desculpei discretamente com minha sogra e subimos. Entramos no quarto, ainda só nosso.
- Não acredito nisso! Que raiva! Que ódio!
- Calma, não é o fim do mundo. E são só dois dias.
Me arrependi do que disse na mesma hora. Ela que pegava seus cremes da cômoda me olhou furiosa, se aproximando com passos rápidos.
- Dois dias. Dois dias tendo que aguentar aquele mala e a piranha dele. – Apontava um tubo de hidratante na minha cara, praticamente esfregando o produto no meu rosto.
Balancei a cabeça positivamente, sem movimentos bruscos. Já conhecia os ataques de raiva dela e não eram brincadeira. Ela se afastou e começou a guardando suas coisas na bolsa novamente.
- Aquela vadia, ai dela se eu ver ela chegar perto das minhas coisas. Aquele cabelo vermelho tingido. E ai de você se deixar ela usar qualquer coisa nossa. Tá me ouvindo Cristina?
- Tô ouvindo amor. Ela não vai usar nada usar nosso.
Disse com convicção, sentada na beirada da cama.
- E dois dias sem sex*. A gente já não transou ontem! Daqui a vamos virar amigas de tanto tempo sem sex*.
Ri de nervoso pelo volume não tão baixo daquela conversa.
- Não fala isso alto amor. Vai ficar tudo bem, tá? Vamos aproveitar e curtir de outra forma. Dois dias passam rápido.
Falei na intenção de ajudar mas me arrependi novamente.
- Não tô te entendendo Cristina, essa sua calma toda. Você já entendeu que vão ser dois dias sem nada? Sem Sexo, beijo de língua e se dermos sorte, no máximo um selinho! – Dizia apontando sua escova de cabelo na minha direção.
Eu me esforçava agora pra não rir do seu estado de desespero. Claro que eu também estava frustrada com a situação, mas também achava exagero da parte dela. Me levantei correndo um certo risco, mas não consegui resistir.
- Meu amor, calma tá bem? Você tá ficando vermelha igual um camarãozinho sabia?
Ela me olhou com um ar de fúria e se virou para bolsa, enfiando de qualquer jeito suas coisas da cômoda lá dentro. Segurei ainda mais a risada e me aproximei por trás, abraçando sua cintura.
- Minha bravinha. Deixa de exagero. Pensa pelo lado bom, pelo menos a cama é nossa ainda. - Comecei a beijar seu pescoço. Ouvia sua respiração mudar, sempre funcionava.
- Sai pra lá Cristina, você já me irritou. Nem vem com esses truques agora.
Eu não ligava, continuava beijando de forma lenta seu pescoço. Sua posição levemente inclinada pra frente também não me ajudava a cumprir sua ordem. E sabia que embora não admitisse, ela adorava quando eu fazia isso. Desci os beijos para seus ombros, o que fez com que ela deixasse a bolsa e se virasse.
- Não adianta vir com esses beijos agora. – Ela dizia sem intenção nenhuma de me fazer parar.
- Será que não adianta? Tenho minhas dúvidas sabia? – A puxei com força e consegui arrancar uma risada gostosa, senti um puxão no cabelo e sorri também. Me aproximei para um beijo quando a porta foi aberta abruptamente.
Nos separamos no susto e observamos um colchão atravessar para dentro. Era um tanto fino, mas grande, que dava pra ter dobrado. Vi minha noiva suspirar e dessa vez a acompanhei. Não seria tão fácil assim.
- Mana, foi mal! Fiquei sabendo agora que vamos dividir. Cunhada, não se preocupa a gente é discreto.
Ri um tanto cosntrangida e logo me ocupei em ajudar minha mulher com nossas coisas e evitar mais discussões. Nossos colegas de quarto faziam o mesmo. Não podia conter a curiosidade de olhar para a mulher que há 16 anos tornaria minha juventude tão difícil. Janaína também parecia curiosa e nossos olhares se esbarraram algumas vezes.
- É, Andressa não é? Se quiser colocar suas coisas aqui, dá pra dividir. Afinal vocês chegaram antes.
- Não tudo bem, eu não trouxe muita coisa.
Depois de uma resposta curta e grossa, desejei que aquele fim de semana passasse mesmo voando. Ia me deitar um pouco quando sou puxada novamente com certa violência.
- Onde nós vamos? - Perguntei na tentativa de calçar os chinelos.
- Lá fora.
Não perguntei mais nada, sai sem olhar pra trás, sendo praticamente arrastada. Descemos as escadas na mesma velocidade, o que quase me fez torcer o pé. Nessa hora tive que dar um basta.
- Andressa, chega, ok? Para com esse drama todo, tá agindo como uma criança! Mimada!
Disse com a voz firme, porém controlada. Ela me olhava com surpresa, eu não costumava agir dessa forma, mas as vezes era necessário.
- Sério que você tá dizendo isso? Pra mim? Tô achando que você tá adorando a situação, principalmente a hora que ela começar a esfregar os peitos e a bunda na sua cara!
Diferente de mim, ela não media o tom de voz.
- Pelo amor de Deus, fala, baixo! Olha só o tipo de coisa que você tá falando.
Nos olhamos por alguns segundos, até que ela suspirou e deu as costas.
- Quer saber, fica aí, vou sozinha mesmo.
Saiu batendo a porta. Respirei fundo, jogando o cabelo pra trás. Olhei pros lados e logo minha sogra e sua irmã apareceram.
- Já chegaram? - Dona Elisa chega secando as mãos com um pano de prato.
- Ah, não não, foi a Andressa, vamos dar uma saída.
Tentei desconversar.
- Bom, não demorem, o pessoal já deve estar chegando. O almoço tá praticamente pronto.
- Pode deixar, é só uma voltinha rápida, pra tomar um ar.
Dei um meio sorriso, já me despedindo e abrindo a porta. O sol continuava forte, olhei em volta, não a vi. Assim que desci o primeiro degrau, vi o carro do meu sogro e de seu cunhado. Mal podia acreditar, bendita hora eles foram chegar.
Os meninos sairam para abrir a porteira. Não sabia o que fazer, estava paralisada. Não podia mais entrar, ficaria chato e não tinha pra onde correr. Definitivamente de todas as cenas que imaginei para esse momento, me apresentar sozinha estava fora de questão. Vi os carros se aproximando, respirei fundo, enfiei as mãos nos bolsos e me munia de uma coragem que eu não tinha.
Desci o primeiro degrau, quando para meu alívio, ouvi as comemorações atrás de mim.
- Santo Pai, obrigada! - Agradeci aos céus.
Fiquei parada no mesmo lugar, mas agora ao menos teria algum apoio, já que minha noiva continuava desaparecida. Embora estivesse levemente preocupada com seu paradeiro, estava chateada, afinal, esse era um momento importante para o nosso relacionamento e ela sabia disso.
Não demorou muito e toda a família estava ali, o sol escondido entre as nuvens permitia ainda um pouco mais de exposição dos mais velhos. Me sentia de certa forma deslocada ali, ainda não fazia parte dos cumprimentos. Parecendo ler minha mente, minha sogra e suas irmãs lançaram seus olhares em mim. Logo, a senhora também começou a me observar. Era agora ou nunca. Desci os poucos degraus devagar e me aproximei.
Cumprimentei o segundo casal de idosos que também me olhava e segui para a senhora a minha frente. Era baixinha, talvez menor do que Andressa. Cabelos ralos e brancos pouco acima dos ombros. A pele bastante enrugada.
- Mãe, essa é a Cristina, de quem comentei com a senhora. - Minha sogra iniciou.
Esperei pela continuação, que não veio. De certa forma aquilo me cheteou também. Ouvi as apresentações da Janaína e foram bem diferentes.
- É um prazer conhecer a senhora Dona Neuza.
Não sei se disse muito baixo, mas não obtive resposta, ainda bem que não tomei a iniciativa de nenhum contato físico.
- Ela não escuta muito bem. - Minha sogra tentou amenizar, mas pude observar seu desconforto.
- Ainda mais com esse tamanho todo, até eu quase não te escuto.
Carmem conseguiu arrancar algumas risadas. Logo o sol estava de volta e resolvi ajudar a carregar algumas bolsas para dentro.
- E quem essa moça? - Ouvi uma voz rouca questinar sobre mim.
- Essa é a Cristina pai, a... Moça que veio com a Andressa, se lembra? - Meu sogro sogro completou.
- Ah sim, lembro lembro. E... onde está minha neta?
Não entendia bem o quão difícil era dizer a palavra noiva, mas tudo bem, não iria fazer daquilo uma tempestade. Cumprimentei senhor Agenor brevemente e segui para dentro. Conferi as horas e já eram quase 14h. Ainda não tinhamos almoçado, já que resiolveram esperar para comerem todos juntos. Sentia uma leve dor de cabeça. Resolvi subir pro quarto, aproveitando que estaria vazio.
Não foi difícil sair, já que minha presença ali parecia não ser importante. Cheguei no quarto e procurei algum remédio. Encontrei um antitérmico e tomei, deveria funcionar também. Fechei as cortinas, evitando ao máximo a claridade e assim que deitei, já sentia o peso do sono chegando.
Acordei assutada com alguém me chamando. Abri os olhos um tanto assutada, sem noção de que horas eram.
- Amor, sou eu. Fui buscar um lanche pra você, minha mãe disse que você não almoçou.
Só então vi um prato de comida em cima da cama. E um copo de suco do que parecia ser laranja em sua mão.
- Que horas são? - Perguntei esfregando os olhos.
- 15h. Você tá bem? O que aconteceu?
- Nada, só tava com um pouco de dor de cabeça. Tomei um remédio e acabei cochilando.
Respondi de forma seca. Estava chateada com toda aquela situação. Me levantei, indo até uma das gavetas, procurando uma toalha.
- Onde você vai?
- Tomar um banho.
Não falamos mais nada. Peguei uma muda de roupas e junto com a toalha, ia abrindo a porta.
- Cris...
Não esperei o final da frase e sai.
POV ANDRESSA
Ajeitei minha roupa e o cabelo. Respirei fundo e voltei pra estrada.
- Mas que droga Andressa.
Amassei a embalagem e enfiei no bolso. Não sabia das horas, mas imaginava que meus avós já tivessem chegado. E a Cris, com ceretza vai estar no mínimo magoada e com razão. Eu não deveria ter saído assim e ainda mais...
- OK Andressa, chega. Já foi. Já foi.
Repetia pra mim mesma, mas a culpa me consumia cada vez mais. Apertei o passo e alguns minutos depois finalmente abria a porta da sala. Estava suada e cansada, mas isso não me impediu de fazer a festa com meus velhinhos. Estava com tanta saudade deles. Tão lindos.
Ficamos conversando algum temo ainda, mesmo morrendo de vontade de falar com a Cris. Já tinha visto que ela não estava por ali, pelo menos nosso carro ainda estava estacionado.
- Filha, vem cá um pouquinho. - Me levantei do sofá.
- Oi mãe. - Nos afastamos um pouco.
- Acho que a Cris não tá bem. Ela subiu mais cedo, não almoçou e não desceu. Suni lá em cima, abri um pouco a porta mas ela tava dirmindo parece. Fiquei sem jeito de chamar.
Aquilo me entristeceu de uma maneira. Finalizei logo o assunto ali em embaixo e corri pro quarto. Ainda bem que vi meu irmão na psicina com aquela Janaína, assim teria privacidade. Abri a porta devagar, estava tudo escuro. Ela estava toda encolhida no canto da cama, o que fez meu coração doer, me senti a pior pessoa naquele momento. Dei a volta e me setei próxima a seu rosto. Fiquei alguns minuto fazendo carinho naquele rosto macio. Sem fazer barulho, sai do quarto.
- Voltei alguns minutos depois com um prato de vinagrete churrasco e um copo de manga.
Mas como imaginei, meus cuidado não foram bem recebidos. Logo eu estava sozinha no quarto. Respirei fundo, pensando em alguma maniera de reparar meus erros, se é que tinha reparo. Tive uma ideia arriscada, mas tinha que tentar. Não queria passar esse fim de semana brigada com ela. Peguei minha toalha e ia saindo, quando pra minha frustração, ela entra no quarto, secando o cabelo. Não devo ter conseguido disfarçar minha decepção.
- Já?
- Só joguei uma água no corpo.
Ela nem me olhava direito, fazia as coisas como se eu não estivesse ali. Eu dizia a mim mesma que merecia, mas doia aquela frieza tão rara dela. Suspirei fundo e resolvi seguir pro banho sozinha, tinha que me acalmar.
- Vou deixar minha roupa aqui de uma vez.
Falei tirando meus shorts me enrolando na toalha, em seguida tirei a calcinha, jogando em cima da cama. Em seguida tirei o restante da roupa e sai do quarto.
POV CRIS
Eu não consigo conversar no momento. Entre discutir e ficar calada, prefiro sem dúvidas a segunda opção, embora eu tenha certeza das investidas da Andressa, porém, vai ser um pouco mais difícil dessa vez.
Vi ela saindo do banheiro e sentei na cama. Fiquei alguns segundos ohando o nada a minha frente. Detestava brigar com a Andressa, mas algumas coisas me deixavam reakmente tristes. Penssava alto comigo mesma, quando comecei a observar as rouoas dela sobre a cama. Fui pegando a blusa, em seguida a calcinha, no entanto, notei algo diferente saindo do bolso traseiro do shorts. Larguei o restante das coisas e me dediquei somente à essa peça. Minha respiração se tornava ofegante, à medida que já ia identificando o que era aquilo. Até que senti meu coração doer, quando pude ter certeza do que eu estava segurando.
Fim do capítulo
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