Parte III - Nos Braços do Agora
O som das sirenes parecia distante, abafado, como se viesse de um lugar muito longe dali. Maya piscou algumas vezes, tentando focar a visão, mas tudo ao redor parecia embaçado, os sons misturados em um zumbido constante. Beatriz ainda estava lhe abraçando. O medo ainda pairava no ar, mesmo depois que os tiros e os gritos cessaram.
Quando um policial bateu na porta e se identificou, ninguém se moveu de imediato. Os olhares se cruzaram, cheios de desconfiança.
- Vocês estão seguros, podem sair - Insistiu a voz masculina do outro lado.
Então elas se levantaram, mas Maya ficou paralisada, apenas ficou observando Beatriz e alguns rapazes a removerem as cadeiras e as mesas, com movimentos rápidos, mas cautelosos. Cada ruído das mobílias arrastando pelo chão parecia um estrondo ensurdecedor. Ela não tinha nem reparado em que momento a música tinha sido desligada.
A porta foi aberta bruscamente e um policial surgiu.
- Vocês estão bem? Estão feridos? - Perguntou, a voz firme, carregada de urgência. Todos negaram, parecia que ninguém conseguia dizer palavra alguma depois da cena que tinham presenciado.
- Vamos, eu vou acompanhar vocês até o lado de fora. A situação já está sob controle.
Elas foram guiadas para o corredor. O chão tinha marcas de sangue por vários locais.
- Alguém morreu? - Um rapaz perguntou.
- Felizmente não houve nenhuma baixa, mas temos algumas pessoas com ferimentos graves. Todos já estão sendo atendidos.
Lá fora, o cenário era ainda pior. Ambulâncias estavam estacionadas na frente da escola, paramédicos corriam de um lado para o outro, atendendo os feridos. Maya sentiu as pernas vacilarem, mas Beatriz não soltou sua mão nem por um segundo.
Seu olhar percorreu o caos até encontrar um rosto familiar. Dandara. Ela estava sentada na calçada, envolta em um cobertor térmico. Um curativo improvisado cobria seu braço, onde um tiro a havia atingido de raspão. Apesar do ferimento não ter sido invasivo, havia escorrido bastante sangue.
Maya sentiu algo dentro de si se romper ao ver a melhor amiga ferida.
Quando Dandara a viu, abriu os braços, e Maya se deixou cair neles. As duas começaram a chorar abraçadas. Beatriz se ajoelhou ao lado delas, uma das mãos pousando suavemente nas costas de Maya.
- A gente tá segura agora – Disse, tentando acalmá-la.
Mais tarde, naquela mesma noite, as três estavam na casa de Dandara.
Desde que tinha voltado para o Brasil, Maya estava hospedada ali, sem saber ao certo o que fazer da vida.
Já era tarde quando ela saiu do quarto da melhor amiga e encontrou Beatriz sentada no sofá, abraçando uma almofada junto ao peito.
- Como ela está? – Beatriz perguntou.
- Por sorte, foi só de raspão. Mas ela está bem abalada.
Bia deu uma olhada em uma mancha de sangue em seu vestido, que ela nem sabia de onde tinha vindo, mas acreditava que talvez fosse de Dandara.
Sugeriu:
- Que tal um banho quente? Ajuda a relaxar. Vai te fazer bem.
Maya hesitou, insegura.
- Você ainda vai estar aqui quando eu voltar?
Beatriz sorriu achando adorável aquela pergunta.
- Eu não vou a lugar nenhum.
Maya baixou os olhos, sorrindo de leve e se afastou pelo corredor. Beatriz ficou ali, rolando sua timeline sem prestar muita atenção. Sua mente estava inquieta, rodando em círculos.
O chuveiro já tinha sido desligado há algum tempo, mas Maya ainda não tinha aparecido. Ela resolveu dar uma conferida, para ver se estava tudo bem.
Caminhou até o banheiro e percebeu que a porta estava entreaberta. Maya estava parada em frente ao espelho, vestindo apenas um sutiã preto e uma calça de um tecido leve. Uma de suas mãos estava apoiada no vidro, como se tentasse se recompor, a respiração estava curta, difícil. Os pensamentos vinham com força, as lembranças do ataque surgindo em flashes desconexos. Como se o ar lhe faltasse, apoiou as duas mãos na pia. Os cabelos lisos e compridos caíam pelo rosto.
Então, sem aviso, sentiu dois braços a envolvendo por trás.
O toque era quente. Seguro.
Beatriz grudou seu corpo no dela, pousou o queixo em seu ombro, os braços apertando levemente sua cintura. Entrelaçou os dedos com os dela, trazendo-a para o momento presente de forma protetora, carinhosa. Maya fechou os olhos no mesmo instante, permitindo-se mergulhar dentro daquela sensação indescritível que a outra lhe proporcionava.
Conversar por telefone por horas a fio era bom, mas tê-la ali, com aquele corpo quente colado ao seu, era completamente diferente. Como se os gestos falassem por si, como se houvesse um entendimento silencioso entre elas. Nunca tinham colocado os sentimentos em palavras, mas eles estavam ali, transbordando.
Então Maya abriu os olhos e viu o reflexo das duas no espelho. Elas formavam um casal bonito, ela tinha que concordar. Bia depositou um beijo suave em seu rosto e então, guiada pelo desejo, deslizou o nariz pela curva de seu pescoço, respirando junto ao pé de seu ouvido. O toque fez Maya estremecer, um arrepio quente percorreu sua pele. O carinho, aos poucos, foi ficando mais... intenso. Mais urgente.
Maya segurou as mãos da outra, guiando-as pela sua barriga, subindo lentamente, até irem de encontro aos seus seios. Tombou a cabeça para trás, deixando seu pescoço livre, Beatriz percorreu cada extensão de sua pele sensível com beijos, mordidas suaves. Conseguia sentir os mamilos rígidos por cima do sutiã rendado e a vontade de tirar aquela peça era enorme.
Num ímpeto, Maya virou-se, não conseguindo mais suportar a distância entre elas, seus olhos se encontraram. Os corpos grudados. As respirações entrecortadas. Beatriz levou uma das mãos até seu rosto, o polegar traçou um caminho lento por sua bochecha, descendo até seus lábios. Deslizou o dedo pela boca dela, contornando o lábio inferior. Sem desviar o olhar, ela abriu levemente os lábios e, num gesto lascivo, envolveu o polegar de Beatriz com a boca, ch*pando lentamente. Beatriz prendeu a respiração. Seu olhar escureceu.
Suas bocas se encontraram de forma urgente. As línguas se entrelaçaram em um embate quente, misturando desejo e necessidade. Beatriz apertou sua cintura, fazendo seus corpos colidirem ainda mais, como se qualquer espaço entre elas fosse insuportável.
Então, um som discreto, o claro pigarro de alguém na porta, fez Maya congelar.
Ela abriu os olhos e encontrou Dandara encostada no batente, braços cruzados.
- Bom saber que vocês estão... se entendendo.
O rosto de Maya esquentou no mesmo instante. Beatriz, por outro lado, apenas sorriu de canto, deslizando os dedos pela cintura da outra antes de se afastar um pouco, sem pressa, como se não tivesse acabado de ser pega no flagra.
Dandara continuou:
- Mas esse é único banheiro da casa, e eu preciso muito fazer xixi.
Fim do capítulo
Oi, pessoas lindas que estão me lendo :D
Estamos entrando na terceira parte da história, e é uma pena que esteja chegando perto do final! Queria agradecer muito a cada um de vocês que tem acompanhado até aqui. Espero que continuem por aqui até o final.
Obrigada pelo carinho e pelos comentários que tornam essa jornada ainda mais especial!
Até o próximo capítulo!
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Cristiane Schwinden
Em: 15/03/2025
Que desculpa esfarrapada hein? ahhahahahahah
thays_
Em: 23/03/2025
Autora da história
Precisava de uma desculpa pra não ultrapassar muito as 1000 palavras! Rsrs
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Zaha
Em: 09/03/2025
Oie, Thays! Tudo bem?
Desculpe a demora...
Nossa, que capítulo lindo de ler, amei!! Eu preocupada com Dandara kkk. Que louca
Final bonito...Bia e Maya, se acertaram e Maya perdeu o medo e se soltou...vamos ao final!!
Beijos
thays_
Em: 13/03/2025
Autora da história
Oi Zaha!! Mas era pra causar um suspense mesmo o paradeiro da Dandara kkk Fico feliz que tenha gostado!! Obrigada!! :DDD
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jake
Em: 26/02/2025
Eita Dandara isso e hora de ir ao banheiro rsrs.
Olha Thais essa história merece ter uns 40 caps ... está maravilhosa....
thays_
Em: 27/02/2025
Autora da história
ela podia ter segurado mais um pouquinho, né? rsrs
fico muito feliz, de verdade, que você esteja gostando! :D
vamos ver, estou pensando em escrever alguns capítulos bônus depois que terminar esse desafio!
bjs!
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thays_ Em: 23/03/2025 Autora da história
Obrigada!! :DD