DESPIDA
HELENA
Quando Rafaela disse que eu deveria entrar naquele banheiro e tirar a roupa titubeei e minha vontade era sair correndo dali. Eu tinha um grande trauma da minha nudez e o fato de ter que ficar seminua na frente daquela mulher que parecia ter o corpo esculpido pelos Deuses me fazia tremer ainda mais.
Mas porque eu estava tão nervosa? Eu não mostraria nada que ela já não tenha visto, afinal ela trabalhava com isso diariamente.
Entrei no banheiro e deixei o vestido deslizar pelo meu corpo, pendurei em um cabide e parei de frente a um espelho. O meu reflexo não me agradava, apesar de me achar uma mulher bonita, o conjunto parecia que faltava algo. Respirei fundo, abri a porta do banheiro e fui andando com as mão entrelaçadas diante do corpo.
Rafaela estava de pé próxima a porta. Tinha uma balança em seus pés e uma espécie de alicate na mão. Eu estava tomada de vergonha e tentava me convencer de que ela deveria ter visto corpos piores do que o meu. Ela parecia estar perdida em algum pensamento e olhando em minha direção. Será que tinha alguma coisa errada comigo? Eu sabia do sobrepeso, mas não era algo tão ruim a ponto de assustar uma profissional de Educação Física. Ela analisava meu corpo de cima a baixo e pareceu corar. Seus olhos estavam mais claros e ao redor do verde se formava uma sombra vermelha. A sensação era a mesma de quando pisei nas areias da praia pela primeira vez a quase treze anos atrás. Porque meu coração batia tão rápido? Será que se eu chegasse mais perto ela ouviria? A sala estava fria, mas eu sentia um calor subir pelo ventre.
- Vamos começar?
Ela disse e eu dei graças a Deus por ela ter cortado o silêncio.
- Vamos. O que preciso fazer?
- Pode subir na balança.
- Tem certeza que não vou quebrá-la?
- Claro que não. Ela disse me dando a mão para subir.
Mediu também minha altura e depois pegou aquele alicate e uma fita métrica.
- Se me der licença, agora irei aferir suas dobras cutâneas.
- Fique à vontade.
Eu disse, mas na verdade a última coisa que eu mesma estava era a vontade.
Rafaela encostou suas mãos em minha barriga de forma totalmente profissional, mas aquele contato foi como um choque e eu dei um sobressalto.
- Te machuquei? Perguntou com expressão preocupada.
- Não. Senti cócegas.
Não era a verdade. Nunca fui uma pessoa sensível a cócegas, mas eu não compreendi aquela sensação, então também não conseguia explicá-la.
- Vou ter mais cuidado. Ela disse concentrada em aferir minhas dobras cutâneas que até horas atrás eu chamava de pneuzinhos.
Parece que o cuidado contribuiu para que piorasse a minha situação. Rafaela me tocava com delicadeza e suas mão era quente e úmida, além de eu ter percebido que sua mão era grande o suficiente para quase envolver a lateral da minha cintura. Ela sempre era educada e explicava o procedimento antes de dar o próximo passo. O cheiro que exalava dos seus cabelos era doce. Fechei os olhos e deixei que ela terminasse o trabalho. Quando ela foi medir uma de minhas dobras próximas ao seio foi inevitável o arrepio. Apertei os olhos como se tivesse dado uma mancada. Ela perguntou:
- Cócegas novamente?
- Uhum… Respondi ainda de olhos fechados e agradeci pela desculpa das cócegas terem colado mais uma vez.
Ela continuou suas medições.
- Prontinho Helena, pode se sentar enquanto concluo aqui.
A segurança que eu tinha desenvolvido se foi pelos ares ao ouvir que poderia me sentar. Com que cara eu me sentaria de calcinha e sutiã e ficaria esperando? Fui ficando vermelha e ela perguntou:
- Tudo bem Helena?
- Tu… Tudo sim. Se incomoda se eu for me vestir?
- Não. Fique à vontade.
Falou sorrindo e eu prontamente atendi indo o mais rápido possível sem parecer uma desesperada.
Coloquei o vestido e retornei à sala.
- Prontinho Helena, agora é só você ir na recepção e formalizar a matrícula. Você pretende começar quando?
- Amanhã, se possível.
- Vou te encaixar em um período da tarde que tem pouco movimento.
Ela leu meus pensamentos.
- Ótimo. Então vou indo. Até amanhã.
Ela rodeou a mesa, se aproximou para me abraçar e se despedir. Envolveu meu corpo com os braços e neste momento eu não sabia como agir, então dei três tapinhas em suas costas. Seu perfume subiu nas minhas narinas impactando todo o meu consciente. Eu não pude agir de forma racional. Me deu 2 beijinhos no rosto e disse:
- Nos vemos amanhã. Não se esqueça de ligar para Alexandra.
- Ligarei.
Desci as escadas tão rápido que quando percebi já estava na recepção fazendo o pix da matrícula.
Quando entrei no carro já liguei para a nutricionista que marcou uma consulta para o dia seguinte. Fui para casa pois Davi e Stella já deveriam ter chegado e eu disse que pouco tempo depois que chegassem eu voltaria para casa.
Assim como planejado os dois tinham recém tomado banho e me aguardavam na sala. Sentei-me no chão da sala e começamos a me contar as aventuras do dia. Depois se envolveram na saga de montar um quebra cabeça de mil peças.
Enquanto eles se divertiam, pedi licença e subi até o meu quarto para tomar um banho.
Quando tirei a roupa e me vi novamente com aquele sutiã e calcinha lembrei dos olhos de Rafaela sobre o meu corpo e novamente senti o ventre aquecer. Quando me despi completamente para entrar no chuveiro senti que minha zona íntima estava úmida. O que estava acontecendo comigo? Eu nunca me interessei por mulheres. Por que eu tinha me excitado só de lembrar do olhar daquela personal? Ela estava com o braço imobilizado. Cheguei a imaginar que se com o toque de uma mão eu fiquei daquele jeito, imagine com duas. Entrei no chuveiro e deixei a água escorrer pelo meu corpo, a água estava quente e o contato com o sabonete frio fazia minha pele se arrepiar. Ao tocar os seios fechei os olhos e imaginei como seria se no lugar daquele sabonete fossem as mãos de Rafaela. Abri os olhos em desespero. Isso não deveria estar acontecendo.
Fim do capítulo
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