Capitulo 22
O laboratório estava silencioso demais. Silencioso daquele jeito que só acontece quando todo mundo percebe que alguém está ferrado e ninguém quer ser o próximo.
Eu podia sentir os olhares sobre mim. Não era só imaginação – vi um dos alunos desviar o olhar rápido quando tentei encará-lo. Outro mexeu nos tubos de ensaio sem necessidade, claramente fingindo estar ocupado. Ninguém queria ser cúmplice do desastre anunciado que estava prestes a acontecer.
Mas, pelo visto, tinha gente se divertindo.
A Professora Mariana, por exemplo, parecia ter conseguido um ingresso VIP para o show do Calypso, edição especial João Pessoa 2015, com direito a vídeos de traição do Ximbinha no telão. Se ela estivesse com pipoca nas mãos, não seria surpresa nenhuma.
Já Luisa… Luisa Saito estava impassível. Braços cruzados, olhar semicerrado – não por cansaço, mas pela maldade natural que parecia vir de fábrica, junto com a gostosura. Os olhos dela cravados em mim eram uma mistura de cobrança e diversão, como se me desafiasse a dar um único passo errado.
E claro, eu dei.
"Bianca." A voz dela cortou o ar como um chicote – e eu não deveria estar pensando em chicotes agora, mas a culpa era da Ana. A culpa era totalmente da Ana e do bendito comentário sobre a Luisa ser uma sádica gostosa. Porque agora, nesse exato momento, minha mente fez o favor de imaginar Luísa com um chicote de verdade.
O que, honestamente, não ajudava.
"Você pode me dizer o que está fazendo?"
O problema? Eu nem sabia mais. Minha mente estava em curto-circuito desde que ela me desmontou como um brinquedo no encontro anterior.
"Eu…"
Eu precisava ser tão fácil? Precisava virar gelatina na mão dela?
Respirei fundo, tentando recuperar um mínimo de dignidade. Mas antes que eu conseguisse formular qualquer desculpa, Luisa soltou um suspiro impaciente e caminhou até mim. Cada passo dela era medido, predatório, como se já soubesse que eu não ia a lugar nenhum.
Os alunos desviaram os olhos.
Mariana brilhou de emoção.
Eu quis morrer. Mas antes disso, queria matar Luisa.
E talvez, só talvez, me matar um pouquinho também.
"Você pode me dizer o que está fazendo?"
A voz dela era pura lâmina, fria e precisa.
Eu engoli em seco.
"Eu só estava—"
"Errando?" Ela arqueou uma sobrancelha, e eu senti meu estômago afundar. "Porque, sinceramente, Bianca, isso está vergonhoso."
O olhar dela me varreu de cima a baixo, como se estivesse analisando um erro de cálculo ridículo, algo que ela esperava mais de um calouro perdido do que de mim. Mas não era só isso. Tinha algo ali, um brilho no canto do olhar que me dizia que ela sabia exatamente por que eu estava errando.
E estava adorando.
As mãos dela foram diretas para a bancada, bem ao meu lado. Não me tocou, mas o calor dela era palpável, o suficiente para me fazer prender a respiração.
"Vamos lá," Luisa murmurou, inclinando-se levemente, apenas o bastante para que a voz baixa soasse só para mim. "Me mostra que você consegue, Bianca. De novo"
Filha da mãe.
Eu pisquei rápido, tentando me concentrar nos compostos na minha frente, tentando ignorar a memória ainda viva do toque dela, da boca dela, do peso dela contra mim.
Mas o problema era esse.
Era impossível ignorar Luisa Saito.
Fiz um esforço hercúleo para pegar o frasco correto e medir a substância certa, mantendo minha postura reta, fingindo que não sentia sua presença queimando ao meu lado. Mas minhas mãos ainda tremiam um pouco, e, claro, ela percebeu.
Ela sempre percebia.
"E agora?" Sua voz veio outra vez, carregada de expectativa e diversão. "Vai continuar tremendo, ou vai terminar o experimento?"
Eu quis responder, mas se abrisse a boca, provavelmente sairia um gemido frustrado ou um pedido desesperado para que ela me deixasse em paz.
Nada disso era uma opção válida.
Então apenas apertei os dentes e continuei.
Mas não perdi a oportunidade de rosnar, baixinho, o suficiente para que só ela ouvisse:
"Eu te odeio."
O sorriso dela cresceu um pouco.
"Se esforçando tanto assim para me odiar, Bianca?" Ela inclinou a cabeça, os olhos puxados e perigosos. "Cuidado. Esforço demais em uma coisa pode acabar virando o contrário."
Eu odiava quando ela fazia isso.
Pior ainda?
Ela estava certa.
Mariana continuava assistindo ao espetáculo com um brilho maldito nos olhos, e os outros alunos mantinham uma distância segura, provavelmente temendo que a radiação da minha humilhação os atingisse também.
Isso precisava acabar. Rápido.
O vidro tilintou quando coloquei o frasco de volta na bancada com mais força do que deveria. Minha paciência já estava por um fio, e Luisa estava claramente empurrando cada limite.
"Isso foi uma tentativa de erro ou só incompetência mesmo?" A voz dela cortou o laboratório como um chicote, e eu senti cada olhar dos outros alunos queimando na minha pele.
Respirei fundo. Controle, Bianca. Controle.
"Não quero desculpas." Luisa se endireitou, os olhos puxados semicerrados, carregados de impaciência. "Quero resultados. Mas pelo visto, pedir que você se concentre no básico já é demais."
Eu cerrei os punhos, minha mandíbula travada de frustração. Ela sabia por que eu estava errando. Sabia exatamente por que minhas mãos estavam trêmulas e minha cabeça era um borrão. E, claro, ela estava se divertindo com isso.
Filha da mãe.
"Vamos tentar de novo," ela continuou, agora com um tom exageradamente didático, como se estivesse falando com uma criança de cinco anos. "Dessa vez, sem estragar tudo. Consegue, Bianca? Ou quer que eu segure sua mão também?"
O laboratório ficou em silêncio.
A provocação pairou no ar, afiada e venenosa.
Eu senti meu rosto esquentar, e não soube dizer se era de raiva ou... outra coisa que eu me recusava a nomear naquele momento. Definitivamente raiva, olhando agora na luz ela nem era tudo isso, não de jaleco, com o cabelo preso nesse coque frouxo e esses óculos de professora gata, ela era bem baranga olhando assim, assim.. com muita força de vontade.
Fim do capítulo
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Joh olliveira
Em: 23/02/2025
Essa Luisa é o diabo kkk. Gosto dela.
É esse final kkk professora gata e baranga. Eita Bianca vc tá muito ferrada..
Próximo por favor.
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