Capitulo 29
O som de um toque de telefone cortou a tensão. Ambas se afastaram rapidamente, mas a sensação de calor e desejo ainda pairava no ar, quase palpável. Gabriela olhou para o celular em suas mãos, a tela iluminando seu rosto, mas seu olhar estava vago, perdido, como se tentasse entender o que acabara de acontecer.
"Eu vou atender", Gabriela murmurou, sua voz ainda carregada pela intensidade do momento. Ela estava tentando se recompor, mas algo dentro dela parecia mais confuso do que nunca.
Olívia não disse nada. Ela apenas deu um suspiro abafado e se afastou, encostando-se na parede. Estava claramente irritada, mas também se mostrava relutante em quebrar o clima entre elas, mesmo que o toque do telefone fosse uma interrupção indesejada. O olhar de Olívia seguia Gabriela com uma intensidade que quase provocava desconforto, como se estivesse esperando a próxima movimentação, o próximo passo que ambas sabiam que ainda estava por vir.
Gabriela respirou fundo antes de atender, com os dedos ligeiramente trêmulos ao tocar na tela. Ela sabia que, seja quem fosse do outro lado da linha, nada seria simples agora. A pessoa que ligava era Hugo, o chefe, e o tom grave e profissional no outro lado da linha cortou abruptamente a atmosfera tensa.
"Gabriela, precisamos de você. Temos um novo caso e a situação está se complicando." A voz de Hugo soou urgente, sem espaço para hesitação.
Ela se afastou um pouco mais de Olívia, tentando encontrar a calma, mas era difícil, muito difícil. Seu corpo ainda estava tenso, sua mente caótica. "Entendido, chefe. Vou para aí já."
Enquanto falava, seus olhos se encontraram com os de Olívia, que parecia furiosa com a interrupção, mas não disse nada. O peso de tudo o que havia acontecido parecia se infiltrar entre elas, como se a verdade estivesse prestes a ser exposta, mas Gabriela não sabia como lidar com isso. Não agora.
Desconfortável, Gabriela desligou o telefone e guardou o celular no bolso. "Vou ter que ir", ela disse, quase como uma desculpa, embora soubesse que nada daquilo era algo que se pudesse resolver com palavras simples.
Olívia fez um movimento impaciente com a cabeça, seus olhos queimando com uma mistura de frustração e desejo reprimido. "Obviamente", ela respondeu, mas o tom era mais ácido do que Gabriela esperava. Ela caminhou até a porta, mas parou antes de sair.
"Você... vai me deixar assim, e se eu não sobreviver?" Olívia perguntou, a voz carregada de uma ironia que não disfarçava o que estava por trás da pergunta. "Porque eu não sei se vou conseguir."
Gabriela hesitou por um momento, o peso das palavras de Olívia se infiltrando em sua mente, mas sua resposta foi simples. "Eu gosto dessa sua versão soltinha."
Olívia sorriu, o olhar desafiador. "Gatinha, você gosta de todas as minhas versões, até as que ainda não viu."
Gabriela ficou sem palavras, surpresa pela ousadia de Olívia. A provocação em sua resposta deixou a atmosfera ainda mais carregada.
Olívia saiu da sala sem olhar para trás. Gabriela, por outro lado, ainda estava em choque. Ela caminhava pelos corredores da delegacia, tentando afastar o tumulto em sua mente. A distração do telefone não havia sido suficiente para apagar a sensação de que uma linha tênue havia sido cruzada, e que, no fundo, ambas sabiam que nada seria o mesmo depois daquele momento. Olívia, de alguma forma, havia cruzado um limite que parecia intransponível, e Gabriela ainda estava tentando processar isso.
Sentindo-se desconfortável, Gabriela pegou o celular e mandou uma mensagem para Olívia:
"Você sempre beija suas parceiras de trabalho assim?"
A resposta de Olívia foi quase imediata: "Só as mais gatinhas."
Gabriela ficou surpresa com a cara de pau de Olívia e, por um momento, sentiu uma mistura de raiva e curiosidade. "Sua cara de pau", respondeu, com um sorriso nervoso.
Olívia, com um tom ainda provocador, respondeu: "Relaxa, gatinha. Você é minha única namoradinha."
Gabriela ficou chocada. O tom de Olívia a deixou sem palavras. Seu rosto corou, e ela sentiu que, de alguma forma, as coisas estavam indo rápido demais. "Isso já tá passando dos limites", pensou, ainda atordoada.
O que aconteceu com Olívia? O que significava tudo isso?
Ainda sem entender completamente as intenções de Olívia, Gabriela guardou o celular no bolso e respirou fundo. Ela tinha trabalho.
Fim do capítulo
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