Capitulo 30
Gabriela entrou na sala de Hugo, sentindo o peso do caso que ainda não tinha respostas suficientes. O ambiente estava silencioso, como sempre, mas com a tensão do caso em andamento, ela sentia o ar mais denso. Hugo estava sentado à sua mesa, os papéis espalhados diante dele, completamente concentrado no trabalho. Seu olhar, sério como sempre, se levantou ao vê-la entrar.
"Gabriela, estamos aguardando mais informações sobre a cena do crime. Preciso que você continue com a perícia. A investigação se desenrola, e precisamos dessas respostas rapidamente", disse Hugo sem levantar os olhos dos papéis.
"Claro, chefe", Gabriela respondeu, tentando soar confiante, embora estivesse se sentindo exausta. A pressão do caso estava começando a afetá-la, mas ela não permitiria que isso a mostrasse.
Enquanto se sentava, preparando-se para mergulhar na papelada e analisar o que já tinham, Olívia entrou na sala. Ela apareceu como uma sombra, silenciosa, com seus passos rápidos e eficientes, como sempre. Quando seus olhos se encontraram com os de Gabriela, a tensão foi palpável, mas também havia uma sensação de respeito entre elas, ainda que envolta em desconfiança mútua.
"Bom dia", Olívia disse com sua voz suave, mas calculista. Ela parecia observar tudo, como se estivesse em constante avaliação do ambiente. Seus olhos pousaram em Gabriela por um momento a mais do que o normal.
Gabriela, tentando manter a calma, deu um sorriso discreto, mas internamente sabia que havia algo de diferente entre elas, algo que estava crescendo.
Logo após, Fernanda entrou com seu habitual entusiasmo. Ela se jogou na cadeira com um sorriso largo, um verdadeiro contraste com o clima sério da sala. "Então, alguém tem novidades sobre o caso? Ou vamos continuar com esse clima de mistério?", perguntou, enquanto mexia nos papéis em cima da mesa. Gabriela estava quase aliviada pela tentativa de descontração de Fernanda, mas a calma durou pouco.
De repente, Fernanda olhou com curiosidade para Gabriela e, com um sorriso travesso, apontou para o pescoço dela. "Gabi, isso no seu pescoço... É um ch*pão?"
O silêncio na sala foi instantâneo. Todos os olhos se voltaram para Gabriela, e ela sentiu seu rosto queimar de vergonha. Ela tentou disfarçar o desconforto com um sorriso nervoso, mas não conseguia evitar a sensação de todos a observando. Olívia, de braços cruzados, apenas observava, com uma expressão de quem estava mais do que ciente do que acabara de acontecer.
"É, parece que a 'Gabizinha' anda se aventurando por aí", Olívia disse com um sorriso que poderia ser interpretado como malicioso. Ela olhou para Gabriela com uma mistura de provocação e diversão.
Gabriela não queria que aquilo a abalasse, mas não conseguiu evitar a sensação de incômodo crescente. Ela olhou para Olívia, tentando controlar a raiva que estava se formando. "Você realmente não tem limites, né?"
Olívia, com sua calma característica, não perdeu a chance de cutucar ainda mais. "E parece que você perdeu Lucas", ela disse, quase com um tom de constatação, como se fosse algo já óbvio. "Não que você já tenha tido muita chance, né?" Sua voz era baixa, mas a cada palavra, parecia que ela saboreava a provocação.
O silêncio na sala foi pesado, todos os olhares agora se voltando para Lucas, que estava claramente tenso, seu olhar fixo no pescoço de Gabriela, mas sem dizer uma palavra. A situação foi desconfortável para ele também, mas ele não parecia disposto a entrar na discussão.
Gabriela, sentindo um aperto no peito, tentou manter a compostura. Não queria que as palavras de Olívia a atingissem daquela forma, mas sabia que a tensão entre elas estava ficando cada vez mais difícil de ignorar.
"Eu... não sei do que você está falando, Olívia", Gabriela respondeu com um tom baixo, tentando controlar a situação. "Vamos focar no caso, por favor."
Fernanda, ainda com um sorriso travesso, tentou aliviar o clima. "Calma, pessoal! Só estava brincando! Não levem tão a sério."
Mas a situação já havia saído do controle. Gabriela não conseguia tirar os olhos de Olívia, sentindo uma mistura de raiva e algo mais que ela não queria entender. O que estava acontecendo entre elas? Estaria Olívia fazendo aquilo apenas para provocá-la ou havia algo mais por trás de suas palavras?
Gabriela pegou o celular e, com os dedos um pouco trêmulos, enviou uma mensagem para Olívia. "Você fez de propósito!"
A resposta não demorou.
"Eu fiz? Não sei do que está falando, gatinha", Olívia respondeu, como se estivesse em total controle da situação.
Gabriela, mais irritada do que jamais imaginara que ficaria, digitou rapidamente: "Eu não sou um animal pra você marcar."
Olívia não hesitou. "Vê se cresce. Sério, todo esse drama por causa de um ch*pão? Você não parecia reclamar na hora, parecia até gostar."
Gabriela sentiu o rosto queimar, mas não queria ceder. Tentando manter a compostura, ela respirou fundo uma, duas, três vezes até que sentiu o celular vibrar de novo: "Se você se comportar, eu posso até pensar em um fazer de novo. Mas vou com jeitinho, em um lugar menos visível. Vai ser nosso segredinho." Olívia, com seu sorriso enigmático, enviou a mensagem com aquele sorriso de quem sabia o que estava fazendo.
Gabriela respondeu quase imediatamente: "Já temos segredinhos, Olívia."
Aquelas palavras pairaram no ar. Gabriela sabia que algo estava mudando, mas não sabia o que exatamente. Olívia estava desafiando-a, e ela sabia que a linha entre o profissional e o pessoal estava ficando cada vez mais turva. E Lucas... Ele parecia distante, mais distante do que nunca, não que esse seja o alvo de seu foco
A tensão na sala de Hugo era palpável. Enquanto Gabriela tentava manter a compostura, o que mais a perturbava era a sensação de que tudo ao seu redor estava se transformando em um campo minado emocional. As palavras de Olívia e a provocação de Fernanda haviam jogado combustível no fogo de uma situação que já estava difícil de controlar. Cada olhar, cada palavra parecia carregada de um peso maior do que o habitual.
Lucas, que até então havia permanecido em silêncio, parecia agora absorver tudo o que estava acontecendo, mas sem uma reação clara. Gabriela notou que ele olhava para ela, mas não falava. Talvez fosse melhor assim, pensou ela. Ele sempre fora um amigo, um aliado, mas naquele momento, não parecia mais tão fácil manter as coisas no nível de amizade. Não com Olívia sendo uma presença tão provocadora e desestabilizadora.
Fernanda, que tentava aliviar o clima com sua típica irreverência, logo percebeu que não conseguiria fazer isso. Ela olhou para Gabriela, provavelmente notando a tensão em seu rosto, e se calou, como se sentisse que já tinha ido longe demais.
Gabriela ainda estava com o celular na mão, a última mensagem de Olívia fazendo seu coração disparar. “Já temos segredinhos, Olívia”. As palavras não saíram como ela queria. O que começou como uma tentativa de manter o controle, agora só alimentava o jogo de poder e sedução que Olívia estava provocando.
Ela respirou fundo e tentou se concentrar no que Hugo estava dizendo, mas as palavras dele pareciam distantes. "Precisamos de uma estratégia clara" O que ele estava dizendo? Como poderia pensar na investigação, com tudo isso acontecendo dentro de sua mente?
Olívia, por outro lado, parecia imune à tensão crescente. Ela se recostou na parede com a mesma postura impassível de sempre, mas seus olhos não deixavam Gabriela em paz. A cada gesto, a cada palavra, Olívia parecia controlar o ritmo da situação, como se soubesse exatamente onde queria chegar. A provocação não era apenas física, mas também emocional, e Gabriela estava começando a perceber isso.
"Você está bem, Gabriela?" A voz de Lucas finalmente cortou o silêncio, mas era mais uma pergunta de preocupação do que de crítica. Ele estava tentando manter o foco, talvez preocupado com o impacto do que estava acontecendo ali.
"Estou bem", Gabriela respondeu rapidamente, mas sua voz soou mais curta do que pretendia. Ela sentiu a necessidade de se afastar, de fugir daquela sala que agora parecia cheia demais. "Só... preciso focar no caso."
Olívia deu um passo à frente, os olhos fixos nela. "Focar no caso, claro." Ela sorriu, mas o sorriso era vazio, como uma faca afiada escondida atrás da cortesia. "Mas às vezes, é mais complicado do que parece, não é?"
Gabriela sentiu o peso das palavras de Olívia como uma pressão em seu peito. O que ela queria dizer com aquilo?
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Fim do capítulo
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