Capitulo 24 - PSIQUE: feita para o amor
Capitulo 24 — Psique: feita para o amor
A mitologia grega é riquíssima de histórias incríveis, uma dessas histórias conta sobre o mito de Psique, uma princesa cuja beleza impressionante causou inveja a própria Afrodite. Psique precisou passar por algumas provações até que pudesse ter seu final feliz ao lado de seu grande amor, Eros, o próprio Cupido, deus do amor. E como qualquer história de amor que se preze, houve promessas, momentos felizes, uma trama de inveja, quebra de confiança e, claro, redenção. Curiosamente, Psique, tornou-se uma divindade que passou a representar a ALMA humana, daí o seu significado. E nesse contexto, é quase impossível não pensar que a alma humana foi feita para amar e ser amada, mesmo e apesar dos percalços investidos nesse intuito.
O sol forte atingiu minha visão violentamente, apertei os olhos e inspirei profundamente, a barulheira dos carros e das pessoas que iam e vinham era impossível de ser ignorada, mas ainda assim era revigorante poder respirar o ar fora do hospital, principalmente depois de ouvir tanta informação. Atravessei o estacionamento e me sentei num banco que repousava a sombra de uma enorme e frondosa mangueira, repassei na mente tudo que tio Henrique acabou vomitando em mim, “tio”, era tão irônico chamá-lo assim. No fim as inseguranças de Mariana tinham total fundamento. Como poderia imaginar que eu seria a culpada pelo repentino afastamento entre ela o pai.
Esfreguei as têmporas tentando amenizar a dor de cabeça, nunca pensei que os sentimentos que dividi com Mariana pudessem parecer tão errados, era como se tudo que havíamos compartilhado fosse apenas uma grande fonte de dor, sofrimentos e decepções, para ela, para mim, para os pais dela. Tão confusos que os momentos felizes agora, pareciam mais uma lembrança mórbida e obscura. Coração apreensivo e a cabeça cheia, era assim que estava me sentindo naquele momento. Tentei ignorar o fato de arriscar me colocar no lugar de Mariana e não pensar em tudo o que ela vinha passando ao longo dos anos, mas era impossível imaginar uma coisa assim e ainda desejar que a essência dela não estivesse partida em milhões de pedaços. “Puto”, xinguei tio Henrique em pensamento. Também me faz pensar que talvez, uma parte dessa culpa é toda minha por nunca dar a devida atenção que ela merecia. Por sempre estar olhando para o meu próprio umbigo, sem nunca perceber como ela se sentia ou era tratada. Só achava que ela era mimada. Algumas horas haviam se passado e estava tão envolvida nesse turbilhão que nem vi Luna aproximar-se.
— Oi, amor. Estava entrando quando te vi aqui... – Luna saudou me fazendo encarar seus saltos antes de erguer meu corpo para olhá-la nos olhos. Sorri fraco. — ...o que aconteceu? — emendou em uma pergunta, já que obviamente minha cara não devia estar das melhores. Luna assentou-se ao meu lado esperando por uma resposta.
— Eu sou uma namorada horrível?! — indaguei ignorando sua pergunta.
— Quê?!
Luna me olhou confusa e desatei a falar. Contei a ela tudo ou tudo que conseguia me lembrar do que o senhor Henrique Aland despejou em cima de mim. — E com isso tudo que ele disse finalmente caiu a ficha de que sempre fui uma namorada/ficante, amiga ou sei lá o que eu era pra Mariana, sou tão imbecil que nem ao menos consigo definir o que havia entre nós. — Continuei a desabafar. — E ao mesmo tempo eu tô com tanta raiva de mim porque eu não fazia ideia de como o pai da Mariana vinha sendo nocivo pra ela, pra gente. Não consigo deixar de pensar que talvez tivesse sido tudo diferente entre nós se eu tivesse enxergado a Mariana do jeito que ela merecia e precisava. E agora se acontecer alguma coisa com ela, a culpa também é minha, sabe? Eu deixei que chegasse a esse ponto, que nossas vidas fossem transformadas numa merd* de clichê dramático. E CACETE! Eu não tô preparada pra perder ela pra sempre, depois dos meus pais ela foi a única pessoa importante que me restou em muitos anos. Até encontrar você é claro, mas se acontecer o pior não sei se continuarei inteira pra você também, entende? E nesse momento isso me faz sentir tanto medo e revolta que tudo que eu queria era gritar ou quebrar alguma coisa.
No fim do desabafo os olhos ardiam e as lágrimas lutavam para cair, limpei algumas que não consegui segurar e Luna me abraçou forte, esperou longos minutos até que eu me acalmasse antes de falar qualquer coisa.
— Eu tenho que dizer: você virou uma molenga chorona — ela dissera sorrindo e me fazendo sorrir também, não como ela, um sorriso fraco, eu sabia.
— Não enche!
— Bom, ainda consegues sorrir, é um avanço — ela suspirou solicita antes de continuar. — Amor... Você não pode e não deve se culpar pelo que não podes controlar. As atitudes dos pais da Mariana são injustificáveis, no entanto, nada novo num mundo cheio de hipocrisias — ela deu de ombros e depois acariciou meu rosto de forma suave enquanto falava. — O fato é que você não é responsável pelo modo como eles escolheram tratar a própria filha. E agora, eles terão de lidar com as consequências dessa desconstrução familiar que eles já vêm sustentando a tanto tempo. — Luna fez uma pausa dramática encarando meus olhos antes de continuar e com aquele sorriso acolhedor de sempre me fez uma pergunta. — Sabes por que o futuro não importa? — Foi uma pergunta retórica. — Porque é o que fazemos no presente que define esse futuro, sempre há uma escolha e sempre há uma saída para tudo. Por mais que você tenha tido atitudes e tomado decisões que afetaram o seu relacionamento com a Mariana, seja por egoísmo ou por falta de maturidade, agora já não há como voltar, resta juntar os pedaços e tentar construir algo novo e melhor. Mas... — ela suspirou — será um processo doloroso, principalmente para a Mariana, e eu não impedirei que você esteja ao lado dela, se assim, você decidir e, prometo, farei tudo que puder pra ajudar da melhor maneira. Então, meu amor, eu proíbo você de carregar um fardo que não é seu e mais chega de pensamentos negativos, a Mariana vai ficar bem, ok. Vai dar tudo certo.
Apenas assenti e Luna me abraçou novamente. Me aconcheguei em seu ombro e ficamos assim até que meu que celular tocou.
— Oi, tia... Já estou indo... obrigada.
Peguei a mão de Luna e saí apressada de volta ao hospital, tia Verônica dissera que o médico estava dando notícias sobre Mariana. Quando nos aproximamos, fui direto ao ponto, precisava desesperadamente saber como ela estava.
— Então, o que ele disse?! Como ela está?! Me diz que não aconteceu nada pior!!
Atropelei as palavras e tia Verônica me abraçou pedindo que eu me acalmasse. Nem vi em que momento Luna se afastara, só a notei novamente quando me estendera uma garrafa de água, depois que me fizeram sentar.
— Fica calma, filha. Não aconteceu nada com a Mariana, ela vai ser operada, pois tem duas costelas quebradas e pra não correr o risco de perfurar algum órgão a cirurgia se fez necessária, então o médico veio pedir autorização para induzir um... — ela pareceu medir as palavras antes de completar — ... um aborto — não pude evitar que uma lágrima se formasse com aquela realidade. — Ele explicou que nessa fase, durante os três primeiros meses, quero dizer, qualquer trauma ou mesmo a anestesia, cria um risco grave de lesão fetal, além disso ela teve hemorragia. Por isso, é provável que ela perca o bebê de qualquer jeito. Ela vai pra cirurgia agora e depois eles administrarão as medicações para a indução.
Bebi um grande gole da água que Luna me trouxera, em parte me senti aliviada que Mariana estava... bem, um “bem” muito entre aspas. A quem eu queria enganar? O meu alivio mesmo era saber que ela estava viva, pois esse era o meu maior medo naquele momento. Senti novamente a vertigem tomar conta de mim, e mal conseguia enxergar Luna tentando me ajudar a respirar abaixada bem na minha frente. Uma eternidade depois, a bolha invisível que sempre parecia nos envolver quando estávamos juntas fez com que Luna conseguisse finalmente me acalmar.
— Tá tudo bem, amor, só respira... — Luna acariciava meu rosto com delicadeza.
— Obrigada — sibilei para Luna e ela sorriu para mim, o sorriso que eu amava e fazia com que eu me sentisse a pessoa mais sortuda do universo. — Acho que ela iria querer que o bebê tivesse uma chance — emendei me virando para a mãe da Mariana.
— Eu sei, minha filha — ela deixou uma lágrima rolar pelo rosto anguloso e profundamente triste naquele momento, enxugou-a antes de continuar — ... o médico não disse com clareza, mas eu entendi nas entrelinhas que não havia como o bebê resistir. Sabe o que é engraçado? Eu já estava me acostumando com ideia de ser avó — tia Verônica sorriu de forma triste e desolada.
— Acho que foi melhor assim... — disse o pai de Mariana ao se aproximar. O que me causou imensa fúria.
— MELHOR!!!!! Melhor???? O senhor seria incapaz de entender o que a palavra MELHOR significa! Se existe um culpado por todas essas merd*s, esse alguém é o grande senhor Henrique Aland!!! — me exaltei exasperada.
— Eu sei... eu sei, minha filha... não há um só minuto em que não me culpe — ele tentou chegar perto e eu me afastei de súbito.
— Não me chame de filha, seu hipócrita do caralh*!!!
— Chega, Henrique, vai dar uma volta. — Tia Verônica interveio e ele se afastou.
— Amor! Por Deus, não é o momento e não vale a pena! — Luna me repreendeu de forma educada, fazendo com que eu olhasse em seus olhos. Soltei uma lufada de ar ainda exasperada e me forcei a acalmar. Ela tinha razão, como sempre.
— Me desculpem... eu... passei do ponto.
— Não se desculpe, filha, você está certa. Somos tão hipócritas. Mas, de fato, não podemos discutir isso aqui e agora. E outra coisa, a cirurgia vai levar pelo menos três horas e você está aqui desde cedo, que tal você ir para casa, tomar um banho e esfriar um pouco essa cabeça. Prometo que assim que ela sair do centro cirúrgico te aviso. — Tia Verônica disse, afagando minhas mãos entre as suas, tentando ser razoável.
Eu não queria deixar o hospital, mas Luna acabou me convencendo, então apenas assenti, me despedindo logo em seguida. Quando chegamos ao meu apartamento já passava das 3h da tarde, não havia almoçado e ainda assim não tinha vontade alguma de fazê-lo. Fui direto para o banho, não troquei mais que duas ou três palavras durante a vinda para casa, eu não estava para conversas e Luna já me conhecia tão bem que não precisei dizer nada. Ela simplesmente me dera espaço.
Fiquei embaixo do chuveiro com a água caindo sobre mim e não pude evitar pensar em toda a minha história com Mariana, também não pude evitar que as lágrimas surgissem com cada lembrança, boa ou ruim. Com cada palavra, dita ou não dita. Com cada sorriso. Com cada desentendimento. Com cada maldita promessa que jamais consegui cumprir. Inevitavelmente senti-me novamente culpada por toda falta de responsabilidade afetiva que permeou nossa relação de anos. Senti meu corpo sacudi em soluços, escorreguei até encontrar o chão e abracei os joelhos chorando, sem que eu pudesse aplacar a dor profunda que senti quando a compressão do mal eu lhe causara me atingiu.
Deixei-me ficar ali por tanto tempo que só recobrei a consciência quando vi Luna invadir o box, já desligando o chuveiro. Mecanicamente me deixei ser puxada e envolvida em um roupão para logo depois ser conduzida até o quarto. A essa altura as lágrimas já haviam cessado, Luna secava meus cabelos em silêncio, vi que ela trouxera uma bandeja com sanduiche e suco, torci o nariz com o pensamento de que ela queria que eu comesse algo e que teríamos um debate tão logo eu confessasse minha falta de vontade em comer qualquer coisa.
— Amor, você precisa comer alguma coisa.
Luna dissera assim que externei meu último pensamento sobre minha falta de apetite. Em certa altura a paciência dera lugar a exasperação e vi algo como insatisfação ou ciúmes refletido no olhar de pérola negra. Sei que ela odiava sentir-se ciumenta, ainda mais diante de toda a situação em que nos encontrávamos.
— Vou tentar comer. — Disse por fim.
— Não me olha como se você soubesse o que estou pensando, porque você não sabe — Luna soltou exasperada indo até a cama, quando viu que eu a analisava.
— Não é porque eu não sei que eu não sinta, amor. — Respondi mordendo a contragosto um pedaço do sanduiche.
Luna sentou-se sobre a cama com as pernas cruzadas em posição de lotus, riu de forma quase irônica e me respondeu com uma pergunta retórica antes de continuar. — Sente? Eu duvido que tenha espaço na sua mente pra entender como eu me sinto. — Inspirou profundamente tentando se controlar — Olha, Patrícia, eu não quero brigar, ok e, não acho que estejamos em condições de conversar sobre isso. Então, que tal nos concentrarmos em descansar um pouco?
Verti quase todo o conteúdo do copo e deixei de lado bem mais que a metade do sanduiche antes de caminhar até a cama e me sentar de frente para ela. Luna mirava as próprias mãos evitando me encarar, ajeitei uma mecha de seu cabelo que caia sobre os olhos e aproveitei para acariciar seu rosto, encostei a testa na dela, e depois de um longo suspiro nossos olhos finalmente se encontraram.
— Eu posso não saber o que você está pensando e talvez eu realmente não entenda o que você está sentindo, amor. Você é advogada e já deve ter visto muita coisa ruim nessa vida, coisas que te ensinaram que a melhor forma de lidar com tudo é ignorar, se fechar e se manter séria, forte como uma rocha. Mas eu também sei que você é uma pessoa, incrível, diga-se de passagem, uma pessoa real que tem sentimentos e eu não quero voltar aos erros que cometi no passado, por isso, nós duas sabemos que isso entre nós, só vai dar certo se a gente conversar e alguma hora você vai ter que me falar. Então, eu realmente gostaria de saber e entender, por que você não começa me dizendo o que está afligindo seu coração e seus pensamentos?
Seus olhos brilharam denunciando que algumas lágrimas teimavam em querer se formar a qualquer momento, mas Luna era a Luna, logicamente que ela as conteve a todo custo.
— Eu não queria ter essa conversa, não agora, quer dizer... Nossa, tô me sentindo tão estúpida... tão egoísta... e ao mesmo tempo tão... cansada.
Seus ombros caíram e ela assumiu uma postura de derrota que raramente havia presenciado.
— Amor...
— Você disse que queria saber, então só me deixa terminar, por favor... — ela me interrompeu fungando, como se a qualquer momento fosse chorar. Assenti e ela continuou — ... sei que não deveria estar enciumada e, por isso me sinto tão infantil e ridícula, mas também não posso evitar me aborrecer e me frustrar ao saber o quanto ela ainda mexe com sua cabeça, o quanto qualquer coisa que aconteça com ela te deixa mal ao ponto de até o apetite perder. Não suporto esse sentimento e fazia muito tempo que não me sentia assim a respeito de alguém. Ao mesmo tempo isso tudo me deixa tão exausta... ter que equilibrar o turbilhão aqui dentro pra que o monstrinho do ciúme não seja alimentado aliado a preocupação com você e o sentimento de culpa por estar sentindo ciúmes de uma pessoa que está completamente alheia, por estar em uma cama de hospital é verdadeiramente desgastante... e eu só... só queria não sentir tudo isso. E depois eu... tenho tanto medo de não ser suficiente pra você. De perder você. De você... sei lá... cair na real e descobrir que na verdade nunca esqueceu a Mariana. E eu sei... eu sei... é pueril e idiota esse pensamento, mas realmente não consigo evitá-lo.
Luna escondeu o rosto entre as mãos enquanto balançava a cabeça em negativa. A última coisa que queria era que Luna estivesse se sentindo daquela forma e não poderia deixar que isso acontecesse. Puxei-a para mim e a abracei da forma mais afetuosa que consegui. Depois de alguns minutos fiz ela me olhar antes de começar a falar.
— Amor, você não é e nunca será idiota. Quantas vezes terei que repetir? Eu tenho muitas coisas a que lamentar, sabe? Coisas que fiz, coisas que me fizeram, coisas que aconteceram e ferraram com a minha cabeça. Mas eu realmente lamento mesmo por fazer você se sentir dessa maneira. Dizem que eventualmente em algum momento da vida a gente se torna o vilão de alguém. E sinceramente eu não quero me tornar a sua vilã. Eu nunca amei ninguém como eu amo você, nem mesmo a Mariana. E morro de medo de estragar tudo entre nós, que você nem faz ideia. E... eu... eu não quero estragar tudo... porque você é a melhor coisa que já me aconteceu e eu te amo tanto... amo tudo em você. Seu jeito de mandona, seu sorriso, seu jeito de revirar os olhos, exatamente como agora — rimos juntas. — Essa sua armadura pra se proteger, que nunca quer parecer fraca, e isso eu também amo em você, parece sempre durona, mas eu sei e sinto que lá no fundo também é frágil e precisa de cuidados, tens a alma mais linda que eu já conheci. E eu poderia passar um tempão aqui, falando de todas as suas qualidades e de cada parte que eu amo em você, mas nenhuma palavra poderia expressar o sentimento tão incrível que aprendi a sentir por você, porque você merece todo amor do mundo. E... eu ia esperar e talvez fazer algo bem mais elaborado, só que eu não quero mais esperar...
Algumas lágrimas caíam tanto dos olhos de Luna quanto dos meus, ela limpou-as com o dorso da mão e me olhou com a confusão estampada no rosto. Fui até o guarda-roupas e alcancei uma pequena caixa de veludo e caminhei de volta até ela.
— Eu não vou ajoelhar, se é o que pensas — disse assim que me aproximei e comecei a rir.
— Besta! — ela rebateu fazendo o que eu mais achava adorável, revirando os olhos e me empurrando de leve.
Sentei-me de frente para ela novamente e o sorriso morreu, nós duas ficamos com a respiração em suspenso. Soltei o ar.
— Queria muito fazer algo bem mais sofisticado, como você merece e estava esperando o momento certo pra isso, mas quer saber? Acho que não teria momento mais oportuno pra fazer isso. Então, escuta, sei que faz poucos meses que estamos juntas de fato, meio clichê, eu sei. Mas parece que já faz um século, sinto que você me conhece mais do que eu poderia me deixar conhecer por alguém, e eu não digo isso só pelo fato de você ter segurado todas as minhas barras no último ano, mas porque sinto que você me compreende como ninguém, até mesmo quando nem eu mesma consigo me compreender. Um tantinho de tempo e um montão de coisas compartilhadas. Eu sei da maioria dos seus sonhos e você sabe dos meus. E eu prometo, farei o possível pra viver cada um dos nossos sonhos com você. Por isso quero começar por um em especial, se você aceitar é claro. Maria Luna Albuquerque de Medeiros, quer casar comigo?
Abri a caixinha com as mãos tremulas, sorri em expectativa e vi os olhos de Luna marejarem e finalmente libertando algumas lágrimas antes da eternidade que ela levou pra responder.
— Você... Você não existe, — ela sorria em meio as lágrimas — é claro que eu aceito!
Luna me puxou para um beijo antes mesmo que eu pudesse colocar o anel. Tirei o anel de ouro que reluzia com uma pedra de brilhantes, perfeitamente esculpida.
— Esse anel, pertenceu a minha mãe, foi a primeira coisa que o meu pai comprou, lá em mil e novecentos e dinossauros — sorri enquanto relatava e o posicionava em seu dedo anelar direito — quando ele fechou o primeiro contrato da empresa de engenharia que ele montou com um amigo. Então ele pediu minha mãe em casamento e dois anos depois eu nasci. Sabia que valia uma boa grana, mas nunca consegui me dispor dele. Internamente sempre imaginei dividindo-o com a pessoa certa. A minha pessoa certa.
Sorri novamente e beijei o anel já em sua mão, Luna estava radiante e meu coração aqueceu, pois meu único desejo naquele momento era poder ser o motivo daquele sorriso que eu tanto amava todos os dias enquanto a vida nos permitisse.
— Eu te amo.
— Eu também amo você, Patrícia de Almeida Góes, e você também é a minha pessoa certa!
Luna respondeu pulando para meu colo, circundando meu pescoço e selando o momento com um beijo intenso que logo se tornou exigente, assim como o desejo que depressa nos consumiu.
Fim do capítulo
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