Capitulo 25
A noite caía lentamente sobre a cidade, e o som distante das ruas estava abafado pelo silêncio pesado dentro da delegacia. Gabriela estava sentada em uma das mesas, revisando os arquivos do caso de 2010, os mesmos detalhes que pareciam persegui-la. Mas a cada nova página, a sensação de que algo ainda estava fora de lugar só aumentava. Olívia não estava na sala, o que era estranho, considerando que a policial parecia sempre estar a um passo de onde as coisas aconteciam.
Gabriela soltou um suspiro frustrado e se levantou, decidida a buscar alguma resposta no depoimento da última testemunha, quando a porta se abriu de repente. Olívia entrou, os passos firmes ecoando na sala vazia, seu olhar sério como sempre. Ela parou por um momento, notando a expressão de Gabriela. Havia algo de tenso no ar, algo que as duas não podiam mais ignorar.
"Você está aqui sozinha?", perguntou Olívia, sua voz suave, mas com um tom de preocupação que Gabriela não conseguia identificar.
"Sim, só estou revisando as coisas, o pessoal foi jantar", Gabriela respondeu, tentando disfarçar a inquietação que sentia. Ela não sabia se estava mais frustrada com o caso ou com a proximidade cada vez maior entre ela e Olívia.
Olívia se aproximou lentamente da mesa, como se pesasse cada movimento que fazia. "Isso não vai ser fácil, Gabriela. O caso é complexo demais, e já faz anos. Mas você está fazendo o certo em continuar. Eu vou revisar os depoimentos também."
Gabriela não sabia como reagir àquelas palavras. Parte dela estava grata por Olívia ter se mostrado tão preocupada, mas, por outro lado, não conseguia evitar o nó na garganta ao perceber o quanto aquelas palavras soavam como um toque sutil de proteção. Gabriela não sabia se isso a fazia sentir-se segura ou vulnerável.
"Você acha que podemos realmente resolver isso?", Gabriela perguntou, a voz mais baixa do que o normal. Ela olhou para Olívia, buscando algum sinal de confiança, algo que a fizesse acreditar que, apesar de tudo, havia uma solução.
Olívia hesitou por um instante. Seu olhar fixo em Gabriela transmitia uma mistura de força e dúvida, algo que Gabriela nunca tinha visto antes. "Eu não sei", Olívia respondeu, e pela primeira vez, havia uma vulnerabilidade em sua voz, uma franqueza que nunca foi revelada. "Mas... podemos tentar. E se você precisar de ajuda... eu estou aqui, Gabriela."
Aquelas palavras pareciam pesar mais do que qualquer investigação. Gabriela sentiu uma onda de emoções conflitantes, um misto de alívio e confusão. Olívia estava ali, pronta para proteger, mas a sensação de que isso era mais do que apenas trabalho começava a se intensificar.
"Eu sei," Gabriela respondeu, mais suave do que gostaria de admitir. Ela se sentiu estranhamente exposta, como se Olívia soubesse exatamente o que estava pensando, e, naquele momento, tudo parecia mais complexo do que apenas o caso. "Mas... e você? Vai ficar bem?" Gabriela perguntou, sem realmente saber de onde veio a preocupação. Era uma pergunta que não deveria ser feita, mas estava lá, no fundo de sua mente, querendo saber mais do que o que Olívia estava disposta a mostrar.
Olívia olhou para Gabriela, seus olhos suavizando por um instante, como se a pergunta tivesse sido um espelho para seus próprios pensamentos. "Eu sempre fico bem", respondeu Olívia, com um sorriso quase imperceptível. Mas havia algo nos seus olhos, um reflexo de algo mais profundo. "Mas obrigado por perguntar."
Gabriela não sabia o que responder. Ela queria perguntar mais, queria saber o que realmente se passava pela cabeça de Olívia, mas, ao mesmo tempo, sabia que algumas perguntas não tinham respostas fáceis.
Fim do capítulo
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