Gabriela e Olívia continuaram no carro, o som do motor ainda preenchendo o ambiente silencioso, mas o peso das palavras trocadas parecia pesar mais a cada segundo. A conversa com Dra. Eleanor tinha deixado um clima tenso, e Gabriela, tentando aliviar a pressão, soltou mais uma tentativa de comentário.

"Então, sua mãe é bem legal", disse Gabriela, tentando sorrir e dar a impressão de que estava tudo sob controle.

Olívia bufou, mantendo os olhos fixos na estrada à frente, sem demonstrar muito interesse. "A gente não teria passado por isso se seu namoradinho não tivesse ido embora, sabia?" Ela soltou uma risada amarga, a voz carregada de desdém.

Gabriela não deixou barato e virou-se rapidamente para Olívia, seu olhar afiado. "A gente não teria passado por isso se você não tivesse me agarrado na sala de descanso do hospital da sua mãe, sua pervertida imatura", disse, tentando não perder o controle da raiva que sentia. "E ele não é meu namoradinho! Lucas nunca nem chegou perto disso. Na verdade, você devia assumir esse título, já que era a sua língua venenosa que estava na minha boca."

Olívia deu uma risada curta, mas sem humor, mantendo-se firme. "Eu não te agarrei, você me provocou. O hospital é meu também, sabia? Eu sou filha dela, a filha favorita."

Gabriela deu um sorriso cínico. "Você é a única filha, o bebêzao da mamãe não tem nem competição."

Olívia a olhou com um brilho de desafio, o olhar fixo no retrovisor. "Eu tenho um irmão, sabia?"

O silêncio voltou a tomar conta do ambiente por um momento, mas logo Olívia quebrou o tenso silêncio ao fazer uma curva brusca na estrada. "Talvez devêssemos não deixar esse detalhe tomar um tamanho de maior importância ."

Gabriela revirou os olhos, não acreditando no que acabara de ouvir. "Talvez, se você não fosse tão... instável, as coisas poderiam ser mais fáceis."

Olívia virou a cabeça rapidamente, lançando um sorriso sarcástico. "Instável? Eu? Você é que tem problemas em lidar com a realidade? Não é fácil ser uma Santori, sabia?"

Gabriela, agora claramente irritada, olhou fixamente para a janela, tentando se controlar. O carro logo virou a esquina, e a delegacia apareceu à vista. Ela respirou fundo e, antes de sair do carro, disse com um tom ácido:

"Sim, tão difícil ser você, Olívia."

Ela saiu do carro com passos firmes, indo em direção à delegacia, sem olhar para trás, tentando não deixar transparecer a raiva que ainda fervia dentro de si.

Fim do capítulo