Capitulo 14
Luísa parou abruptamente na porta da sala, me encarando com um olhar frio, como se estivesse decidindo se deveria continuar ou não. O silêncio entre nós parecia ter se estendido por uma eternidade, cada segundo carregado de tensão. Ela respirou fundo, parecendo tentar se controlar antes de falar.
“Eu não posso, Bianca,” disse ela, a voz baixa e controlada, mas com um toque de firmeza que não escondia o conflito interno. “É contra as regras. Não podemos fazer isso, seja lá o que for.”
Eu levantei uma sobrancelha, não acreditando no que ela estava dizendo. “Pra começar as regras foram feitas para serem quebradas. E.... nós nem temos aula juntas. O projeto não é responsabilidade sua, e se você quiser ser honesta, você só está me supervisionando porque a professora Mariana não aguenta mais a sua neura, e eu sou só mais um trabalho que você está tentando controlar. Ninguém vai saber de nada, não vou sair por aí contando.”
Ela olhou para mim, claramente surpresa com minha resposta, como se estivesse esperando que eu me rendesse às regras, ao que seria ‘certo’. Mas eu estava além disso agora. Eu queria entender o que estava acontecendo entre nós, e as regras... bem, as regras não se aplicavam mais.
“Bianca...” Luísa começou, a voz tensa, como se tentasse encontrar uma saída. “Não é só isso. Eu tenho uma carreira, uma reputação... E você, é jovem. Você não entende as consequências de se envolver comigo. Eu sou a professora, você é minha aluna. Não podemos cruzar essa linha.”
Eu não desisti. Não podia. O que quer que fosse aquilo, eu não queria deixar escapar. “Mas quem disse que estamos cruzando a linha? Eu estou pedindo para conversar. Só isso. O resto... o resto está na sua imaginação, e eu não tenho controle disso e acho que nem você. E você sabe disso, Luísa. Você sabe que está se segurando por algo que já não faz mais sentido. Não tem mais essa ‘linha’. Só tem o que a gente sente, o que a gente quer.”
Eu via seus olhos, a luta interna clara em seu rosto. Luísa não sabia como reagir, como controlar a situação quando eu estava tão certa, tão ousada. A tensão se acumulava entre nós duas como um fio prestes a se romper.
“Eu não quero te machucar,” ela murmurou, finalmente cedendo. “Não quero que você se arrependa disso, Bianca.”
“Eu não vou me arrepender,” respondi com uma confiança que nem eu mesma sabia de onde vinha. “Eu só quero entender o que aconteceu. O que realmente está acontecendo entre a gente.”
Luisa permaneceu em silêncio por um momento, como se estivesse pesando suas palavras. Então, com um suspiro profundo, ela finalmente deu o braço a torcer. “Você é tão teimosa”
“Dizem que isso é uma virtude,” eu disse, com um sorriso provocador. “Agora, qual é a sua verdadeira desculpa? O que está te impedindo?”
Ela ficou quieta, como se ainda tentasse se convencer a não continuar essa conversa. Mas finalmente, com um olhar que misturava resistência e desejo, ela disse, quase em um sussurro: “Eu não sei como lidar com isso. Eu não sei o que isso…. significa para mim. Para nós.”
Eu me aproximei mais um passo, sem palavras, deixando que o silêncio dissesse tudo. O jogo estava em andamento, e eu sabia que não havia mais volta. O que aconteceria a seguir dependia de nós duas.
A distância que restava entre nós foi anulada por um simples movimento, um gesto espontâneo, como se não houvesse mais espaço para hesitação. Ela parecia tão confusa quanto eu, quase inocente, mas, no fundo, sabia que estava tão perdida quanto eu nessa atração estranha que a gente tinha.
Ela fechou os olhos por um momento, como se estivesse tentando se afastar do que estava sentindo. Quando os abriu novamente, seu olhar foi direto, sem rodeios. “Você não vai desistir né… Você é terrível, sabia?.”
Eu sorri, embora soubesse que não era o momento para isso. Mas não conseguia deixar de achar um pouco engraçado como ela ainda tentava me afastar, mesmo quando sua própria resistência estava começando a desmoronar. “Desistir? Eu não sou do tipo que desiste fácil, Professora, foi você que me disse que eu tinha que ter atitude e persistir não foi?”
Ela suspirou, claramente exausta, como se estivesse lutando contra algo muito maior do que ela mesma. Eu podia ver a luta interna no seu olhar, mas algo na maneira como ela me olhava agora parecia ter mudado. O que quer que estivesse acontecendo, ela já não conseguia esconder completamente o desejo que crescia cada vez mais.
“Você tem ideia do que está pedindo?” perguntou ela, com uma ponta de desespero na voz, como se estivesse tentando fazer com que eu enxergasse a gravidade da situação. "Eu não sou alguém fácil de lidar, Bianca. Eu não sou como esses pirralhos que está acostumada."
“Eu sei, eu gosto de você assim,” respondi, minha voz suave, mas firme. “Vamos lá, você também sabe que não tem como voltar atrás. Isso é maior do que as regras.”
Eu dei um passo à frente, observando como o corpo dela reagiu à minha aproximação. Seus olhos estavam agora completamente dilatados, e o ar entre nós estava carregado com uma eletricidade impossível de ignorar. Ela não recuou, nem deu um passo para longe. Pelo contrário, ela permaneceu ali, imóvel, como se estivesse aceitando o inevitável.
Luisa olhou para mim com um sorriso amargo, mas havia algo nele que não parecia tão resistente quanto antes. “Você é realmente incansável, não é? Sempre buscando mais, sem nunca se contentar com o que já tem.”
Eu não soube o que responder, então apenas a observei em silêncio, sentindo a tensão aumentar. O que quer que fosse, agora estávamos mais perto do que nunca de descobrir o que essa atração significava. A linha que ela tanto temia já estava atrás de nós, e eu sabia que não havia mais volta. O que acontecesse a seguir, seria algo que nós duas teríamos que enfrentar juntas.
Ela se aproximou um pouco mais, sua respiração agora audível, pesada, como se também não soubesse mais como lutar contra aquilo. Eu pude sentir sua mão ligeiramente tremendo, mas ela não hesitou em tocar meu rosto, com um gesto suave, mas carregado de uma força que era impossível de ignorar.
“Se você continuar com isso...” ela sussurrou, a voz rouca, mas com um toque de rendição. “Eu não vou conseguir parar, Bianca.”
Eu olhei em seus olhos, sem hesitar. “Eu não quero que você pare.”
Fim do capítulo
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