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Sombras e neon por thays_

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Palavras: 4039
Acessos: 168   |  Postado em: 07/02/2025

À Queima-Roupa

O ronco do motor preenchia o silêncio entre as duas no caminho de volta para o apartamento de Judy. Do lado de fora, agora a chuva caía incessante, batendo contra o vidro e escorrendo em trilhas distorcidas pela luz de neon das ruas.  Lux mantinha os olhos fixos no pequeno chip entre os dedos, girando-o nervosamente com a cabeça a mil. A cada curva que o carro fazia, a ansiedade parecia crescer.  

 - Você vai ter que assistir isso? - Perguntou, a voz baixa, quase como se temesse a resposta.  

Judy deu uma rápida olhada para ela, antes de focar de novo na estrada.  

- Espero que não seja preciso... Vou tentar decodificá-lo. 

- Se for preciso encontrar mais pistas eu vejo essa merd*. - Lux disse com a voz firme. - Não vou deixar você se expor a esse tipo de coisa.  

No fundo, Lux tinha medo de Evelyn estar naquela gravação. Era uma probabilidade pequena, mas não sabia como Judy reagiria se visse sua amiga naquela ND. 

- Isso vai te deixar sem dormir por semanas. - Judy disse. 

- Já vi coisas como mercenária que até hoje me tiram o sono.  

Judy não respondeu de imediato. Apenas manteve as mãos firmes no volante, sua expressão estava tensa. Agora que tinham a ND, parecia que a realidade tinha caído dura e pesada sobre elas. 

- Eu tenho medo dela não estar mais viva, sabe. Já se passou muito tempo.  

- Eu prometi que vou trazer ela viva pra você. 

Judy deu uma risada sem humor. 

- Você não pode me prometer esse tipo de coisa, Lux. Nós não temos a menor ideia. 

Lux não respondeu de imediato. Apenas desviou o olhar para Judy. Então, sem dizer nada, colocou o chip no bolso e voltou a encarar a estrada.  

Disse num fio de voz: 

- Eu sei. Mas isso não vai me impedir de tentar. 

O silêncio se instalou novamente entre elas, mas dessa vez não era mais apenas silêncio, a dor do desconhecido, o medo da perda, o medo de que, talvez, Evelyn já não fosse mais uma possibilidade. 

Judy parou o carro em frente ao prédio, desligando o motor com um suspiro pesado. Sem trocar mais nenhuma palavra, as duas desceram, a chuva fina esfriando o ar ao redor. Judy tomou a frente, subindo as escadas com passos rápidos e firmes, como se o simples movimento a mantivesse no controle da situação. 

Ao destravar a porta do apartamento, ela entrou primeiro, indo direto para seu escritório. Lux a seguiu em silêncio. Ligou o computador de mesa e Lux a entregou o pequeno chip.  

Por um momento, elas apenas ficaram ali, encarando-o. 

Ela plugou o chip e abriu um terminal cheio de linhas de código em movimento. A tela piscou por um instante antes de exibir uma interface escura, preenchida por sequências intermináveis de caracteres alfanuméricos em neon. Judy digitou comandos rápidos, as letras coloridas se reorganizando conforme o programa analisava os dados.  

- Tem cerveja na geladeira se quiser. – Judy disse, ainda compenetrada na tela a sua frente. – Eu vou demorar um pouco por aqui. 

Sem dizer nada, Lux se afastou, seguiu até a cozinha e pegou uma cerveja. Depois, atravessou o apartamento em direção à sacada. A chuva continuava a cair. Ela encostou-se ao parapeito, abriu a cerveja e acendeu um cigarro. 

Ficou ali, deixando o tempo escorrer ao seu redor, perdida nos próprios pensamentos. 

Um bipe discreto soou em seu comunicador. Lux ergueu o braço e lançou um olhar rápido para a tela holográfica que se projetou sobre seu antebraço. Uma nova mensagem de sua contratante. 

Ela não abriu. 

Já fazia dias que ignorava aquelas mensagens que eram no geral pedidos, detalhes de contratos e cobranças do seu sumiço repentino. Nada daquilo parecia importar agora para ela. Com um gesto, desligou a interface. 

Lux deu um trago longo no cigarro e soltou a fumaça devagar, observando as luzes de Night City pulsarem à distância.  

O som da porta deslizando a tirou de seus pensamentos. Judy surgiu na sacada, os braços cruzados contra o frio úmido da noite.  

- Agora é só esperar. - Ela disse, encostando-se ao parapeito ao lado de Lux. 

- Quanto tempo? 

Judy suspirou, o olhar perdido na cidade abaixo. 

- Não sei… algumas horas. 

O silêncio se instalou entre elas, pesado, mas não desconfortável. O comunicador de Lux vibrou novamente, mas ela não se deu ao trabalho de olhar. 

- Quem é? 

- Minha contratante. 

- Não vai atendê-la? 

Lux negou com a cabeça, deu um último trago e, com um gesto brusco, arremessou o cigarro pela sacada. 

- Por quê? 

Ela demorou um pouco para responder, como se estivesse formulando os pensamentos antes de colocá-los em palavras. 

- Não quero mais saber dessa vida, Judy. Matar por dinheiro... acho que já deu pra mim. 

Judy arqueou as sobrancelhas, surpresa. 

- É sério? 

- Nunca falei tão sério na vida. 

Ela riu, mas sem humor. 

- Você tá falando como se fosse um último trabalho antes da aposentadoria. 

- E talvez seja. 

Judy ficou observando-a por alguns segundos, o vento bagunçando seus cabelos curtos. 

- E o que vai fazer depois disso? 

Lux deu de ombros, apoiando os cotovelos no beiral. Seu tronco estava voltado para Judy. 

- Tenho uma boa grana guardada. Acho que quero sossegar um pouco. 

Dessa vez, disse aquilo olhando diretamente para ela. 

Judy desviou o olhar para a cidade, como se absorvendo aquela resposta. 

- Sossegar, hein? - murmurou. 

Lux sustentou o olhar por um instante a mais antes de desviar. 

- E você? - perguntou, quase sem perceber. - Nunca pensou em sair daqui? 

Judy sorriu.  

- Todo dia. Mas sair pra onde? Esse lugar é um lixo, mas é o único lixo que eu conheço. 

O silêncio se estendeu entre elas. Lux respirou fundo. Sua mente girava com perguntas que talvez nem devesse fazer, mas, de alguma forma, queria as respostas. 

- Posso te perguntar uma coisa? 

Judy virou o rosto para ela, curiosa. 

- Claro. 

- Você já se envolveu com alguém do seu trabalho? 

Judy pareceu ponderar antes de responder. 

- Já. Mas nunca foi mais do que uma noite. 

Lux assentiu lentamente. 

- Ah. 

Ela baixou o olhar, um sorriso leve surgindo em seus lábios. 

- Eu não sou muito chegada a casos de uma noite só. Sei lá… comigo as coisas não são assim. 

Judy permaneceu em silêncio, apenas observando-a. O jeito como Lux disse aquilo… não parecia um comentário aleatório. 

Lux sentiu a atenção dela e um leve calor subiu pelo seu peito. Talvez tivesse dito mais do que queria. Ou talvez não. 

- Mas e você? - Judy perguntou depois de um tempo.  

Lux hesitou. 

- Aurora já era minha parceira antes. Não foi algo planejado, simplesmente aconteceu. A gente começou a se aproximar mais no dia a dia… e quando percebi, já tava envolvida.  

O silêncio se instalou novamente. 

- E Evelyn? - Lux perguntou. 

Judy franziu a testa levemente antes de responder achando curioso o teor daquelas perguntas, quase como um interrogatório. 

- O que tem ela? 

Lux hesitou. 

- Sei que já te perguntei sobre isso, mas o que exatamente ela é pra você? 

Judy deu uma pequena pausa, como se tivesse que pensar na resposta antes de falar. 

- Evelyn é minha melhor amiga. Quando a conheci, eu achei que talvez... sei lá, que poderia ser algo mais. Mas, com o tempo, fui aceitando que ela nunca me veria como algo além de uma amiga e acabei desencanando, sabe? 

Lux assentiu. Judy continuou: 

- Ela é completamente hétero, só pra deixar claro. E ela é uma pessoa maravilhosa. - A feição de Judy ficou preocupada. - Espero muito que ela esteja bem. 

Ela ficou em silêncio durante algum tempo e então inclinou levemente a cabeça para o lado, estreitando os olhos de leve e perguntou: 

- Tá querendo saber se é seguro ficar comigo? 

Lux abriu a boca para responder, sendo pega de surpresa, mas não disse nada, não conseguiu. Um segundo de silêncio se arrastou entre elas. Judy deu um passo em direção a ela, sua voz suave, mas firme. 

- Se você está se perguntando se eu vou te machucar, a resposta é não.  

Lux olhou para ela, surpresa com a sinceridade e a calma na resposta de Judy. Era uma sensação nova, algo que ela não costumava esperar de outras pessoas. 

- Eu… - Lux começou, mas a voz falhou por um instante. - Eu não sou do tipo que entra em algo só por entrar, sabe? E eu meio que adquiri um medo de me envolver de novo com outra pessoa...  Eu... sei lá...  

Judy deu um sorriso tranquilo. 

- Não sou perfeita, mas quero te dar tudo o que eu puder, e isso inclui segurança. 

O peso das palavras pairou no ar por um momento, e Lux sentiu algo dentro de si se suavizar. Ela estava começando a acreditar, mesmo que fosse aos poucos. Afinal, o que teria de errado com ela se envolver novamente com alguém?  

Em um impulso, tomou coragem de fazer algo que queria há muito tempo. 

Se aproximou de Judy e segurou suavemente seu rosto. Uniu seus lábios com os dela durante alguns segundos até se afastar ligeiramente, como se estivesse apenas provando o sabor daquele beijo. Aproximou-se novamente, aprofundando o beijo, dessa vez mais determinada e Judy sentiu um arrepio percorrer sua pele ao ser encostada contra a parede da sacada. Seu gemido escapou antes que pudesse conter, misturando-se ao som abafado da chuva do lado de fora que começava a engrossar. Beijaram-se de forma lenta, demorada, necessitada. Ficaram longos minutos ali apenas curtindo aquele momento até a chuva aumentar de proporção. 

Lux se afastou devagar, os lábios ainda quentes. Seus olhos encontraram os de Judy, e por um instante tudo pareceu silencioso, como se o mundo tivesse desacelerado ao redor delas. 

Judy sorriu suavemente, sem pressa de quebrar o momento.  

- Acho que eu devia ter feito isso antes… - Lux sussurrou, com a respiração entrecortada. 

Judy encostou a testa na dela, os lábios ainda próximos. 

- Eu também acho… 

Judy deslizou os dedos pelo rosto de Lux, como se quisesse memorizar cada detalhe.  

A chuva caía com mais força agora. 

- Vem comigo… - Judy murmurou. 

Lux puxou Judy para perto novamente, beijando-a com mais intensidade, como se tentasse gravar aquele momento antes que a realidade a alcançasse. Elas riram entre um beijo e outro, sentindo o gosto do desejo e daquilo que ainda não tinham nomeado. 

 Judy a puxou pela mão para dentro do apartamento. Judy deslizou as mãos pelos ombros de Lux, sentindo os músculos sob seus dedos enquanto aprofundava o beijo e caminhavam até o sofá da sala. Lux retribuiu com a mesma intensidade, deixando de lado qualquer hesitação.  

O calor entre elas crescia a cada beijo, a cada toque hesitante que logo se tornava mais certo. Lux se sentou no sofá, puxando Judy para o seu colo sem quebrar o contato. Judy encaixou-se contra ela, sentindo as mãos da outra explorarem sua pele por cima da roupa, como se buscassem descobrir cada contorno de seu corpo. 

Por um instante, Lux se permitiu esquecer. Esquecer o mundo lá fora, esquecer o motivo que a trouxe até ali, esquecer a própria hesitação que sempre a fazia recuar.  

Mas então... 

Bip. 

O som mecânico cortou o ar como uma lâmina. 

As duas ficaram imóveis por um segundo, respirando pesado. Judy piscou, como se demorasse a processar o que tinha acabado de acontecer. Lux foi a primeira a reagir, se afastando um pouco, ainda sem tirar as mãos da cintura de Judy. 

- Deve ter concluído... - Judy murmurou, a voz rouca pelo momento que acabavam de compartilhar. 

Lux expirou devagar, o olhar oscilando entre Judy e o escritório ao lado.  

A bolha em que estavam tinha estourado.  

- Ta tão gostoso... - Judy disse baixinho, parecendo lutar contra a frustração. 

Ela então passou uma das mãos pelo rosto, tentando recuperar a clareza.  

- Vamos ter bastante tempo depois que encontrarmos ela. - Lux disse e se afastou, sentindo a pele formigar onde Judy tinha a tocado. Sem dizer mais nada, as duas se levantaram e foram até o computador. 

A realidade as chamava de volta. 

Judy sentou-se em sua cadeira, correndo os olhos pela tela. Ficou durante alguns segundos em silêncio, analisando os dados que tinha encontrado. 

- É uma empresa clandestina. - Ela disse. - Nós passamos por ela hoje.  

- O que?  

- Fica lá nas Docas. 

-  Eu vou pra lá agora. - Lux disse determinada. 

- Não, precisamos bolar um plano primeiro. 

- A gente não sabe quanto tempo Evelyn tem. Eu posso me infiltrar. Ninguém vai me ver. 

- Nem sabemos o que nos espera lá, Lux... Ou quantas pessoas estão envolvidas.  

Lux ficou em silêncio por alguns segundos analisando a fala de Judy. 

- O que você sugere?  

Judy passou a mão nos cabelos, num gesto nervoso. Então voltou a digitar. 

- Vamos ver se conseguimos acesso às câmeras da área. 

Lux observou a tela enquanto linhas de código corriam rápido demais para seus olhos acompanharem. Judy digitava com precisão, os dedos se movendo em uma cadência frenética. O nervosismo dela era palpável, mas o foco permanecia intacto. 

- Conseguiu? - Lux perguntou, a voz mais baixa do que pretendia. 

Judy não respondeu de imediato. Os olhos dela estavam fixos na tela, a mandíbula tensa. Então, um bip soou e várias janelas se abriram, exibindo imagens em tempo real de corredores escuros, um armazém repleto de caixotes e algumas figuras circulando pelo local. 

- Aí está - Judy murmurou. 

Lux se inclinou para ver melhor. A qualidade da imagem não era das melhores, mas era o suficiente para dar uma ideia do que estavam enfrentando. 

- Seis guardas do lado de fora… - Judy começou a contar, a voz ficando mais fria à medida que analisava. - Mais dois aqui dentro. Esse corredor leva a uma porta trancada. 

Lux franziu a testa. 

- Se Evelyn estiver ali, não vai ser fácil chegar até ela sem chamar atenção. 

Judy mordeu o lábio. A angústia dela era evidente. 

- Eu posso me infiltrar sozinha - Lux insistiu.  

Judy soltou um suspiro, cruzando os braços. 

- Você tem ideia de quantas coisas podem dar errado? 

Judy girou a cadeira para encará-la e disse: 

- Eu quero que me ensine a atirar. 

Lux piscou, surpresa com a declaração. 

- O quê? - A palavra escapou antes que ela pudesse segurar. 

Judy manteve o olhar firme, determinada. 

- Não quero mais só ficar olhando enquanto você arrisca sua vida. Posso cobrir sua saída.  

Lux respirou fundo. 

- Tá bom. Mas eu te ensino do meu jeito. E você me escuta, entendeu? 

Judy assentiu sem hesitar. 

Lux olhou novamente para a tela. Se Evelyn estivesse ali, o tempo delas estava se esgotando. Ela balançou as chaves do carro e olhou para Judy. 

- Vamos. 

- Aonde? 

- Num stand de tiro. 

Judy piscou, parecendo levar um segundo para processar. 

- Agora? No meio dessa chuva? 

- Não temos tempo a perder. 

Lux se levantou, pegando a jaqueta e checando a arma no coldre e disse: 

- Você disse que queria aprender. Então vai aprender. 

Judy hesitou por um momento, mas depois assentiu, determinada. 

- Certo. 

Elas saíram do apartamento em silêncio, lux girou as chaves entre os dedos por um momento, então, sem aviso, as arremessou para Judy. 

Judy pegou no reflexo, e, por um instante, ficou paralisada. Seus olhos brilharam, e um sorriso surgiu em seus lábios antes mesmo que ela percebesse. 

As duas correram até o carro, molhando um pouco suas roupas. Ela se acomodou no banco do motorista e esperou Lux se acomodar ao seu lado. Ficou parada ali durante alguns segundos e então tocou suavemente a coxa de Lux. As duas se olharam em silêncio, como se o mundo ao redor tivesse desaparecido. No instante seguinte, como se fosse inevitável, se aproximaram. O beijo veio de novo, fácil, sem pressa, quase como se fosse a coisa mais natural do mundo. Quando se separaram, suas testas se encontraram, os olhos ainda fechados, como se ainda quisessem prolongar o momento. 

  • Melhor irmos. - Lux disse baixinho. 

 

O stand de tiro ficava em uma área menos movimentada, um local discreto operado por um velho ex-mercenário que não fazia perguntas. O cheiro de pólvora impregnava o ar assim que entraram e o som de disparos ecoava nas baias. 

 Lux foi direto ao balcão e acertou o valor da hora.  Tirou a própria pistola de seu coldre e entregou ela, viu os dedos de Judy apertarem o cabo com força. 

 - Você já segurou uma antes? - Lux perguntou. 

 Judy negou com a cabeça. 

 - Certo. Primeiro, segurança. Nunca põe o dedo no gatilho até estar pronta para atirar. Segunda coisa: controle a respiração. Não adianta apertar o gatilho se sua mão estiver tremendo. 

 Judy assentiu, engolindo seco. 

Lux ficou atrás de Judy, suas mãos envolvendo as dela de forma suave, mas firme, ajustando a postura dela. O toque parecia simples, mas havia algo mais no ar. As palmas de Lux roçaram nas de Judy, um calor crescente entre as duas, e a proximidade repentina fez o espaço parecer mais apertado. Judy podia sentir a respiração de Lux perto de seu pescoço, e, por um momento, o tempo pareceu desacelerar. 

Lux não soltou suas mãos, e o silêncio que se seguiu fez o ambiente ficar carregado de uma tensão suave. 

 - Mira naquele alvo. - Lux indicou o boneco de treino à frente. - Devagar. Sem pressa. 

 Judy inspirou fundo e puxou o gatilho. 

 O disparo ecoou, mas o tiro passou longe do alvo. 

 Ela resmungou, frustrada. 

 Lux sorriu de lado. 

 - Relaxa. Você não vai acertar de primeira. De novo. 

 Judy ajeitou a postura, os lábios pressionados. Tentou não pensar na proximidade, na respiração quente contra sua pele, na forma como Lux parecia completamente confortável com aquilo.  

 E então atirou outra vez. 

 Lux observou. Aquilo ia levar um tempo. 

Judy ajustou a posição das mãos, focando no alvo à sua frente. Ela estava tensa, cada músculo do corpo puxado pela concentração, mas a frustração ainda se fazia presente. O silêncio de Lux, seu olhar fixo e paciente, fazia tudo parecer mais intenso. 

- Não é fácil, eu sei - Lux disse, a voz suave, mas cheia de uma autoridade silenciosa que sempre a acompanhava. 

Judy mordeu o lábio inferior, segurando a respiração antes de puxar o gatilho mais uma vez. O som do disparo ecoou pela sala, mas novamente, o tiro foi desviado. 

Ela soltou uma risada baixa, meio sem humor. 

- Isso é frustrante. 

Ela podia sentir o calor da proximidade de Lux, e isso a desestabilizava , mas Lux parecia tão centrada, tão calma, que isso a fazia querer tentar mais uma vez. 

- Relaxa, Judy. - Lux tocou seu ombro levemente, o gesto suave, mas que transmitia uma confiança inabalável. - Você está indo bem. Só precisa de mais controle. 

Judy olhou para ela, a intensidade nos olhos de Lux refletindo algo que ela não podia identificar exatamente, mas que a fazia sentir um calor crescente, uma vontade de mais, de não apenas acertar o alvo, mas de sentir Lux por cima dela, dentro dela... 

- Eu não sei se isso vai dar certo. - Judy disse, sua voz baixa, como se aquilo fosse uma confissão. 

- Você precisa apenas de mais treino – A outra respondeu. 

- Eu não consigo me concentrar com você tão perto de mim...  

Lux sorriu e então deu um passo para trás, afastando-se. 

- Melhor assim? 

Judy soltou o ar que nem percebeu estar prendendo. Seus dedos deslizaram nervosos pelo cabo da arma enquanto tentava se concentrar. Sentiu um frio percorrer seu corpo com a ausência do toque da outra, mas, ao mesmo tempo, conseguiu respirar melhor. 

- Talvez - respondeu, ainda sentindo a presença de Lux, mesmo com a distância entre elas. Tentou ignorar a forma como o olhar da outra queimava sua pele. 

Lux cruzou os braços, inclinando levemente a cabeça. 

- Então, vamos lá. Mira no alvo. Devagar. Sente o peso da arma nas mãos. 

Fechou os olhos por um segundo, então fixou o olhar no alvo. Agora era só ela e o disparo. 

Inspirou fundo. Sustentou a mira. 

Puxou o gatilho. 

O estampido ecoou e, desta vez, o impacto foi certeiro. O tiro atingiu o centro do alvo. 

Judy arregalou os olhos e abaixou a arma, piscando algumas vezes como se precisasse confirmar que tinha mesmo conseguido. 

- Eu acertei? - perguntou, girando o rosto para Lux, a expressão entre surpresa e empolgação. 

Lux arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços. 

- Parece que sim. 

O sorriso de Judy surgiu antes mesmo que pudesse conter. Ela abaixou um pouco a cabeça, mordendo o lábio, tentando esconder o orgulho evidente. 

 

Ficaram no stand de tiro até o cansaço começar a bater nas duas. Judy realmente parecia levar jeito para aquilo. A chuva tinha cessado do lado de fora e era madrugada quando rumaram novamente para o apartamento de Judy.  

  • - É isso então. - Lux disse. - Você preparada ou não, amanhã será o grande dia. 

- Dorme comigo essa noite. - Judy pediu. 

Lux ficou em silêncio por alguns segundos. 

- Você tem certeza? - perguntou, a voz mais baixa, como se quisesse ter certeza de que aquilo não era um impulso. 

Judy assentiu, mordendo o lábio antes de falar. 

- Eu não quero ficar sozinha hoje. 

Lux permaneceu em silêncio por um momento, como se ponderasse. Então, soltou um suspiro leve e assentiu. 

- Tudo bem. 

O caminho de volta foi silencioso, mas não era um silêncio desconfortável. Pelo contrário, parecia carregado de algo novo, algo não dito, mas que pairava entre as duas. 

Quando chegaram ao apartamento, Judy abriu a porta e jogou as chaves sobre a mesa. 

- Pode tomar um banho primeiro, se quiser - disse, sem encará-la diretamente, enquanto tirava o casaco. 

Lux observou-a por um instante antes de se mover. 

- Tanto faz. Eu durmo no sofá, não se preocupa. 

Judy franziu a testa, finalmente olhando para ela. 

- Não quero que você durma no sofá. Quero que durma comigo. 

Aquela frase ficou suspensa no ar por um momento, e Lux sentiu uma onda elétrica percorrer seu corpo completamente. Ela abriu a boca para responder, mas nada saiu de imediato. Sentiu o rosto esquentar e desviou o olhar, como se precisasse de um segundo para processar o que Judy havia dito. 

Dormir com ela. 

Não no sofá. Não separadas. 

Ela engoliu em seco, cruzando os braços como se isso fosse ajudá-la a conter a súbita tensão que percorreu seu corpo. 

- Isso… - começou, a voz um pouco mais baixa que o normal. - Isso é uma boa ideia? 

Judy não respondeu de imediato. Em vez disso, deu um passo à frente, os olhos buscando os de Lux, como se quisesse entender o que se passava ali, naquela hesitação. 

- Você quer? - perguntou, e sua voz era mais suave agora, sem pressão, apenas esperando pela verdade. 

Lux umedeceu os lábios, sentindo o peso daquela pergunta. Ela queria. Queria o calor de Judy tão perto. Queria sentir seu cheiro tão de perto quanto sentia agora. 

Queria aquilo tanto que doía. 

- Eu… - Sua língua umedeceu seus lábios, um gesto involuntário, e Judy seguiu o movimento com os olhos. 

A mínima faísca naquele olhar fez Lux estremecer. 

Ela soltou um riso curto, balançando a cabeça, como se tentasse se livrar do que sentia. 

- Você faz ideia do que está pedindo? - murmurou, finalmente encarando Judy. 

Judy sorriu de leve, inclinando a cabeça. 

- Sei que não quero passar a noite sozinha. Sei que quero você aqui. 

Lux prendeu a respiração, sentindo o coração martelar forte no peito. O desejo veio quente, mas misturado com aquele incômodo familiar de estar vulnerável demais. 

- Então fica. - Judy insistiu, sua voz num sussurro. 

Lux hesitou por mais um segundo, então soltou um suspiro, como se estivesse cedendo à única decisão possível. 

- Tá bom… - disse, enfim, sentindo um arrepio subir por sua espinha. 

Fim do capítulo

Notas finais:

Oi pessoas lindas :D

Espero que gostem do capítulo!

Abraços e até breve!


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Comentários para 7 - À Queima-Roupa:
alexvause
alexvause

Em: 14/02/2025

amiga, posta mais ta muito bom

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Mmila
Mmila

Em: 07/02/2025

Momento "tranquilo" entre as duas.

Próximo momento, tiro, po..... e bomba.

Vamos ver o que a autora vai aprontar.

Responder

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