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o nosso recomeco (EM REVISAO) por nath.rodriguess

Ver comentários: 4

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Palavras: 4576
Acessos: 1373   |  Postado em: 07/02/2025

capitulo quarenta e três: colisão

POV ANNA

Depois que nossas fotos chegaram até nós veladas de ameaça, Fernanda ficou muito mais agarrada em mim do que antes. O que aconteceu em relação à Maria Rosa nem me importava mais, eu só queria ter nossa vida de volta, pois sei que ela me amava e vice-versa e ninguém iria mudar isso.

Eu também não tinha sossegado. Eu contratei um detetive particular escondido da Dra. Baldez e da polícia para que eu pudesse ir atrás desse maluco antes que a próxima vítima fosse Fernanda. Ela estava muito assustada nos últimos dias e eu quase não tenho ido trabalhar para ficar em casa com ela.

Eu gostava do jogo de poder, realmente se eu tivesse sozinha, como sempre fui, seria até interessante ser perseguida, mas agora eu tinha alguém. E queria construir uma vida com esse alguém. O fato de estarem ameaçando a vida da minha noiva me deixava pior, com medo. Mas eu não poderia demonstrar fraqueza na frente dela, ela já estava vulnerável o suficiente.

Fernanda e eu estávamos tomando café na cozinha, entre risadas e brincadeiras. O Senhor Mauro tinha trazido León para morar conosco, pois segundo ele, o gato o odeia. Ele estava se adaptando à nossa casa, eu até ia comprar alguns brinquedinhos como aqueles playgrounds de casinha para gatos. É, eu estava querendo mimar "meu filho". Fernanda incentivava nossa interação o tempo todo, mas ele não era um gato muito adepto às pessoas, ele literalmente cagava pra gente o tempo inteiro. Não brincava comigo e com nenhum segurança da casa que tentou brincar com ele e quando brincava, mordia e arranhava. Numa dessas, ele mordeu Maria Rosa, confesso que eu ri. Tá, não era pra rir, mas foi inevitável.

— Não acredito mudaram as regras de sustentação oral — Digo, enquanto olho para a notícia que a Resolução do CNJ mudou, agora a sustentação oral iria ser gravada nas audiências virtuais 

— No que isso implica? — Fernanda pergunta 

— A sustentação oral é uma prerrogativa da advocacia, temos que resguardar os direitos de quem estamos defendendo da melhor forma possível e acho que uma sustentação oral gravada é uma péssima forma de assegurar a justiça e o Estado Democrático de Direito. Péssimo para a nossa profissão, principalmente criminalistas.

Fernanda olha para mim com um ar de devoção, me puxa e me dá um beijo rápido nos lábios.

— Você fica tão linda falando sobre a sua profissão... — Ela sorri, fazendo um carinho no meu rosto. 

— Você acha? Eu acho que eu fico muito chata. — Reviro os olhos

— Acho sim. É linda, inteligente, competente, astuta e, ainda por cima, se importa com seus clientes, por mais abomináveis que sejam. 

Dou um sorriso tímido pra ela e trato logo de mudar de assunto antes que ela me deixe com mais vergonha ainda.

— E a prova, amor? Como você acha que vai se sair? 

— Amor, tá bem difícil estudar tributário, acho que vou desistir dessa matéria e me garantir nas outras. Eu não entendo nada sobre isso. Está sendo estressante estudar com tudo que está acontecendo, mas acho que tô conseguindo. 

— Hoje à noite vamos revisar tributário, tá bom? — Pego na sua mão e aperto — Não se preocupe, pelo menos o básico da matéria você vai conseguir pegar. Acertar umas duas ou três questões já nos adianta. 

Ela ia falar alguma coisa, mas fomos interrompidas do nosso momento por Maria Rosa. 

— Dra. Florence, sua amiga Bruna está aqui, acompanhada da namorada. Posso mandá-las entrar? 

O quê? Eu vou matar a Bruna.

Olho para Fernanda, que me encara também. Estou em um dilema se quebro a cara de Bruna ou se quebro a cara da ex de Fernanda.

Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, Bruna entra pela sala sem esperar autorização, os olhos arregalados e a respiração ofegante. Ela me agarra com força, enterrando o rosto no meu ombro enquanto seu corpo treme.

— Meu Deus, Anna... — a voz dela sai embargada, quase sem fôlego. — Eles estavam me seguindo...

— Do que você está falando, Bru? — pergunto, sentindo um arrepio forte percorrer minha espinha

— Os bandidos que estão te ameaçando queriam pegar Bruna essa manhã. — Alessandra responde, fria e direta. Como se a culpada por isso fosse eu e de certa forma, era.

Bruna me solta devagar, respirando fundo como se precisasse se recompor. Ela passa a mão pelos cabelos, visivelmente abalada.

— Hoje de manhã, quando estava chegando na escola, percebi um carro estranho me seguindo. Achei que era coincidência no início, mas ele estava atrás da gente em cada curva. Se não fosse a Alessandra dirigindo, eu nem sei... — Ela engole em seco, o olhar assustado. — Ela percebeu e acelerou. Conseguiu despistá-los, mas... eles estavam me seguindo, Anna. E não era coisa da minha cabeça.

Meu coração começa a bater mais rápido, e minha mente imediatamente faz a conexão com tudo o que vem acontecendo. Com as ameaças. Com os ataques.

Porr*. Minha irmã.

Minha mão fecha em punho. Eu podia lidar com ameaças contra mim mesma, podia lidar com o jogo sujo do inimigo, mas agora? Agora estavam mexendo com quem eu amava. Fernanda, Bruna… Isso ultrapassava qualquer linha.

— Eu vou descobrir quem são esses desgraçados — digo, a voz fria, determinada.

— Anna, isso é sério. Eles não vão parar. Eu vi o quanto aquele motorista estava determinado a me ferir pelo retrovisor, Anna. Não era qualquer um. Era um aviso. Eles querem nos assustar.

Fernanda me encara, e eu vejo o mesmo medo que estou sentindo refletido nos olhos dela.

— Ninguém vai te machucar, Bru. Eu prometo. — Dou um beijo em sua cabeça e faço um cafuné em seus cabelos enquanto ela me abraça forte

Faço uma ligação para a Dra Baldez para relatar o ocorrido, que entra em contato com o delegado do caso e ele pede que Bruna compareça à delegacia para prestar depoimento.

Céus, quando isso vai ser resolvido? Eu já não aguento mais.

Enquanto Bruna e Fernanda conversam sobre algo aleatório, posso observar Alessandra. Ela estava calada, pensativa, como se quisesse tomar coragem para falar algo. A presença dela me incomodava bastante, mas... O que eu ia fazer? Ela acabou de salvar a vida da minha irmã, a quem ela diz gostar. Mas eu não conseguia acreditar nisso, eu acho que ela amava era Fernanda. Ou achava que amava. Não qual foi minha surpresa, quando ela começou a falar:

— É... Fernanda? Será que eu poderia falar com você a sós?

Fernanda engole seco. Olha para Bruna e para mim, como quem pede autorização. Dou de ombros e ela assente com a cabeça. As duas saem em direção ao escritório e eu mordo a minha bochecha por dentro de nervoso e curiosidade. E ciúme também. Sem falar que se ela machucasse a minha noiva novamente, eu ia dar tanta porr*da nela que eu ia acabar perdendo meu réu primário.

Assim que Fernanda e Alessandra saem da sala, Bruna se remexe no sofá, mordendo o lábio. Eu a conhecia bem o suficiente para saber que ela queria me contar algo, mas não sabia como.

— Fala logo, Bruna. — Cruzei os braços, erguendo uma sobrancelha.

Ela suspirou, ajeitando os cabelos para trás.

— Alessandra passou em um concurso. Em Araruama. — Ela disse devagar, como se estivesse testando as palavras antes de soltá-las.

Fiquei em silêncio por um instante.

— Bom pra ela. — Dou um sorriso amarelo

— É... é ótimo pra ela. — Bruna desviou o olhar, brincando com a manga da própria blusa. — Ela me chamou pra ir... morar... junto.

Me inclinei um pouco para frente, tentando entender.

— E você quer?

Ela abriu um sorriso hesitante, que logo sumiu.

— Eu disse que não, mas... morrendo de vontade de dizer que sim.

— Por quê?

Bruna respirou fundo, olhando para cima como se procurasse uma resposta, mas eu sentia que seus olhos já estavam enchendo d’água.

— Porque é cedo. Porque minha vida está aqui. Porque... eu tenho medo. Essa conversa que ela vai ter com Fernanda agora é para resolver algumas coisas. Coisas do passado que ainda a machucam muito. Machucam as duas, na verdade.

Assenti lentamente, processando suas palavras e ela continua:

— Eu sei que você não suporta Alessandra e talvez nunca irá suportar e nem perdoar o que ela fez, mas não tem um dia que ela não se arrependa. Ela amava Fernanda de verdade. Ela está fazendo terapia, ela mesma não se perdoa. Ela está tentando se curar da dor que causou em Fê e nela mesma.

Senti um peso no meu peito. Morria de medo de ver Fernanda magoada, novamente.

— Questões inacabadas? Fernanda não a queria por perto. Tenho medo dessa conversa trazer feridas antigas a ela. Fernanda não fez terapia, ela lidou com isso sozinha. Ela não contou nem para os pais.

Bruna suspira, vencida. Ela sabia que não ia me convencer da situação da Alessandra e que eu apenas tolerava pois ela era minha melhor amiga e eu a amava. Além do mais, estava fazendo um esforço enorme para respeitar as escolhas dela.

— As duas ainda carregam algumas dores desse relacionamento. Acho que Alê precisa encerrar isso direito com a Fernanda, pra seguir em frente de verdade.

Fiquei em silêncio, assimilando aquilo. Não sabia exatamente o que isso significava, mas a ideia de minha noiva e Alessandra revirando o passado juntas não era algo que me agradava.

E, pelo visto, Bruna também não parecia muito confortável com isso. Só estava disfarçando estar bem para que eu não atacasse Alessandra.

Depois de um tempo, Alessandra e Fernanda saíram do escritório. Retornaram para a sala com os olhos inchados, as duas. Parecia que haviam chorado. Eu olhei para Fê com preocupação, mas ela me lançou um olhar que dizia que estava tudo bem.

— Bruna, você pode vir aqui conversar? — Fernanda perguntou à ela, que rapidamente se levantou e foi em direção ao escritório, me deixando sozinha com essa... pessoa.

Fiquei em silêncio por alguns segundos, logo, comecei a mexer no celular para trocar mensagens com a Dra. Baldez, afim de saber se havia novidades sobre o tal carro que perseguiu Bruna mais cedo.

— A gente precisa conversar.

Alessandra diz, automaticamente cruzei os braços, já sentindo o peso do que estava por vir.

— Sobre o quê?

— Sobre Bruna. — O tom dela era firme, direto. — E sobre o que você vai fazer a respeito dessa perseguição.

Suspirei, mantendo a calma.

— O que eu podia fazer, eu já fiz. Registrei queixa, contratei um detetive particular e estou cooperando com a polícia. Agora, temos que aguardar.

Alessandra riu com descrença, cruzando os braços.

— Aguardar? Enquanto isso, Bruna continua sendo alvo. Isso não é suficiente.

Minha paciência começou a se desgastar.

— E o que mais você sugere? Que eu saia por aí intimidando as pessoas na marra? Pra saber qual dessas pessoas está fazendo isso comigo? Qual é!

Ela deu um passo à frente, o olhar afiado como uma lâmina.

— Eu sugiro que você pense nas pessoas ao seu redor. Você tem noção de que isso tudo está acontecendo por sua causa? Que se não fosse por você, Bruna não estaria correndo risco?

Fechei as mãos em punhos, sentindo o sangue ferver. Eu queria socar aquela filha da puta todinha. Que garota repugnante.

— Isso não é culpa minha! Quem está por trás disso é o criminoso, não eu!

Ela bufou.

— Você realmente acha que tem essa escolha? Alguém quer te atingir e está machucando todo mundo ao seu redor. Se você tivesse um mínimo de consideração, já teria saído da reta.

Ri, incrédula.

— Então o que você quer que eu faça, Alessandra? Que peça demissão? Que fuja como uma covarde?

Ela revirou os olhos.

— Sim.

Um silêncio pesado tomou conta do ambiente.

— Você está brincando, né? — minha voz saiu baixa, mas afiada.

— Não estou. Você devia sair dessa empresa. Pedir demissão. Sei lá, sumir por um tempo. Se você não estivesse no meio disso, os ataques parariam. Seria melhor para todo mundo.

A raiva subiu como fogo dentro de mim.

— A sua sugestão é inacreditável. Além de ser uma sugestão de merd*, é isso que eles querem. Aliás, quem me garante que não é você por trás dessa coisa toda?

Alessandra deu um passo ainda mais próximo, o olhar transbordando desprezo.

— O que é inacreditável é a sua arrogância, Anna. Você não consegue admitir que o mundo não gira ao seu redor. Você é uma patricinha mimada que só pensa em si. Eu não sei como a Fernanda aguenta estar com você. E se eu quisesse te machucar, teria feito isso com um soco. Aliás, aquele carrinho que te dei foi pouco, deveria ter seguido meus pensamentos intrusivos e ter te deitado na porr*da pra você nunca mais levantar esse seu narizinho em pé ridículo.

Um silêncio cortante.

Minha respiração ficou pesada. Meu coração batia tão forte que eu podia ouvir o eco nos meus ouvidos.

— Você não tem ideia do que está falando — falei entre dentes

— Tenho, sim. — Alessandra retrucou. — Você só se importa com você mesma.

Bruna e Fernanda ao escutarem a discussão, interviram, colocando-se entre nós.

— Alê, amor, já chega. — Diz Bruna, colocando a mão no peito dela afim de suavizá-la.

Mas eu já tinha tomado minha decisão.

Sem pensar duas vezes, dei meia volta e saí da sala, ignorando os chamados de Fernanda. Peguei minhas chaves e saí de casa sem olhar para trás.

Minha visão estava turva de raiva. O peito subia e descia rápido.

Assim que entrei no carro, pisei no acelerador, sem um destino certo.

Os seguranças tentaram me alcançar, mas já era tarde. Eu só precisava sair dali.

As palavras daquela loira oxigenada, projeto de piu piu ainda ecoava na minha cabeça, repetindo a sugestão insuportável de pedir demissão. A culpa me corroendo por dentro. E se pegassem a Bru? E se fizessem alguma maldade com ela? Eu nunca me perdoaria. Talvez eu realmente devesse... merd*. Concentra, Anna. Você não quer bater num poste de novo.

Vou dirigindo para cada vez mais longe, eu não faço ideia para onde vou, mas quando vejo estou na Francisco Bicalho, no Centro do Rio. Eu tentava me concentrar na estrada, mas estava com puro ódio. O peso da conversa me deixava mais impulsiva do que nunca. É, eu tinha esse péssimo defeito: quando as coisas pesavam, eu precisava fugir para organizar meus pensamentos. Dirigir me relaxava, mas eu não conseguia sentir nenhum tipo de relaxamento agora. Eu estava com um sentimento ruim no meu peito, um pressentimento.

Paro no sinal de trânsito antes do Viaduto da Perimetral e vejo um carro preto, parecia ser um Onix, tentando furar o trânsito. Franzo o cenho e continuo a observá-lo pelo retrovisor interno. O sinal se abre e eu posso observá-lo cortando todos os carros a fim de se aproximar de alguém.

Porr*.

Saio na primeira marcha, acelerando o carro aos poucos para o carro não morrer. Em seguida, já engato a segunda para ganhar mais velocidade. Conforme eu acelero, ele acelera também.

Aperto o volante com mais força, olhando para a pista para decidir qual caminho tomar. Decido optar pela Avenida Brasil, a pista mais larga e naquele horário não tinha trânsito, eu poderia tentar despistar quem está me perseguindo. Habilidosamente, ativei o Bluetooth do carro e fiz uma ligação rápida para a equipe de segurança, que pediu para deixar a localização ligada, que eles já estavam por perto, logo atrás de mim pelo meu GPS. Agradeci a Deus pela Dra. Baldez tê-los contratado, eles eram muito perspicazes. Falei a placa do Ônix com dificuldade, ele se movia tanto que eu quase não consegui pegar a placa e dirigir ao mesmo tempo. Maria Rosa interrompeu Murillo e pediu para que eu tivesse calma e cautela, para não agir por impulso e assim eu fiz, continuei seguindo em frente, sem parar.

Mas o que era um simples jogo de gato e rato rapidamente se tornou uma perseguição mais perigosa quando o Onix começou a disparar tiros. Eu só conseguia ouvir os barulhos e automaticamente meu corpo começava a desviar das balas, mesmo que elas não tenham acertado o meu carro. O caos tomou conta da Avenida Brasil.

Eu só pensava que, a qualquer momento, o Globocop ou o Mosquito Fofoqueiro, da Record, iriam sobrevoar por cima da minha cabeça falando para o Carioca que era mais um dia difícil no Rio de Janeiro: carros se chocavam, motoristas faziam manobras desesperadas para evitar serem atingidos, e a sirene da polícia se misturava ao barulho dos tiros.

Eu tinha que fazer alguma coisa ou essa merd* não ia acabar nunca.

Dei a volta com o carro, fazendo um cavalo de pau melhor que o Dominic Toretto, ficando de frente para o Onix preto, que vinha na minha direção. E eu esperava, sinceramente, que meus anos assistindo à Velozes e Furiosos surtam algum efeito.

Os disparos continuavam, eu só queria que tudo acabasse. Segurei o volante com mais firmeza, olhei para minha aliança, lembrei de Fernanda e de tudo que estávamos vivendo. Como o amor dela me salvou de todas as maneiras que eu podia ser salva. Ela era meu ar, meu alicerce, minha vida.

Os disparos do Onix continuaram, mais frenéticos, um acabou pegando no vidro do lado do carona, mas eu não hesitei. Isso só me deixou com mais raiva. Engatei a primeira, a segunda, a terceira e eu só acelerava de encontro a ele.

Ele não me queria? Então teria.

O impacto foi brutal.

Nossos carros se chocaram de frente.

Me senti sufocada com a ativação do airbag do meu carro, que amenizou o impacto, mas ainda assim, assustador. Só deu tempo de fechar os olhos. Quando abri, retirei o cinto devagar, senti alguém abrindo a porta do carro e era um policial. Ele me ajudou a sair do carro e me perguntou se eu estava consciente naquele momento, eu disse que sim. Para evitar demais perguntas, só apresentei minha carteira da Ordem a ele, que automaticamente mudou de postura.

Quando fui até a frente para ver quem estava por trás do Onix, fiquei horrorizada.

Puta que pariu, meu carro. De novo, não!

Quem é o filho da puta que me perseguiu ao ponto de eu fazer isso com meu bebê? Se ele não tivesse morrido com a batida, eu mesma o mataria com as minhas próprias mãos.  

O Onix estava parado, e a motorista, que parecia ser uma mulher, estava presa nas ferragens. Minha visão estava começando a ficar turva, acho que eram os efeitos da adrenalina passando. A pessoa estava de máscara, com o pescoço coberto de sangue, e eu não conseguia identificar quem era.

Outros policiais me faziam perguntas, mas a equipe de segurança chegou e tomou para si o controle da situação. Eu não conseguia processar tudo que estava acontecendo, meu corpo ainda estava tremendo por toda essa loucura. Caralh*.

Começo a ouvir a sirene da ambulância, os paramédicos vêm até mim checar se eu estou bem, mas tudo que havia acontecido comigo, felizmente, eram alguns arranhões de estilhaços do vidro com o impacto, mas isso não queria dizer que a minha cabeça estava menos fodida pra caralh* nesse momento.

Eu andava de um lado para o outro, Maria Rosa me fez companhia enquanto Murillo e Robson conversavam com a polícia.

— Acho que você deveria ligar para Maria Fernanda — Ela diz, receosa

— Obrigada, vou ligar sim.

Ela estava com receio de quê? De levar um tiro por citar o nome da minha noiva que ela estava dando em cima descaradamente há uma semana? Francamente...

— Amor! — Ela atende, com a voz embargada — Onde você está, Anna?

— Fernanda... — minha voz estava fraca, ainda tentando me recompor. — Eu peguei o carro que estava perseguindo a Bruna mais cedo. A pessoa está presa nas ferragens, mas não sei quem é ainda... estou esperando os bombeiros chegarem.

Fernanda não demorou a responder, a preocupação clara em sua voz.

— Anna, você está bem? Por favor, me diz que está bem.

Respirei fundo antes de responder.

— Eu estou bem. Só estou... um pouco tonta.

Fernanda ficou em silêncio por um momento.

— Eu estou vendo na televisão, Anna!

Olho para cima, um helicóptero filmando tudo, como eu previa.

— Anna Florence! O que você fez? — a voz da Fê estava carregada de irritação — Eu não acredito que você quase se matou num acidente. DE NOVO. Se eu estivesse aí, eu mesma te daria um soco! A gente nem se casou e você já quer me fazer viúva, Florence? Olha, eu estou indo pra aí, por favor, não faça nada que vá colocar você em risco!

Ela desligou.

Pera... ela desligou na minha cara???

Meu telefone toca novamente e no visor o nome “Roberta Baldez” me faz dar um suspiro.

— Oi — Digo com um sorriso na voz

— Você perdeu completamente o juízo, Anna? Jogar o carro na contramão? E se tivesse dado errado?

— Ei, como você sabe disso? — Digo, com voz de enfado

— Está passando na televisão, Anna. Inclusive, vídeos da sua loucura já estão circulando na internet. Você é louca? Você fez os carros se chocarem! E se você tivesse morrido, Anna Florence? Como eu ia me sentir?

Sua voz embarga e eu sinto a necessidade de acalmá-la.

— Ei, eu estou bem... já passou. Eu estou aqui. Roberta, fica calma.

Ela faz silêncio por algum momento e logo depois retoma sua postura de chefe.

— Os policiais estão no local? Alguma identificação do motorista? Quero que me conte tudo assim que chegar aí, estou a caminho.

Em seguida, o corpo de bombeiros chega no local para fazer o trabalho de tirar a pessoa presa das ferragens. Ao olhar para aquele ser humano ali, naquela situação, senti pena. Como poderia alguém chegar ao ponto de querer fazer mal a uma pessoa só por conta de um jogo de poder? Um cargo era realmente assim tão importante? Eu era Whorkaholic, mas isso já ultrapassava de todos os limites.

Uma hora e meia depois, os bombeiros ainda não haviam conseguido tirar a tal mulher das ferragens, ela ainda estava inconsciente, por algum motivo, não haviam retirado a máscara dela. Eles estavam trabalhando arduamente, mas eu só conseguia pensar em eles tirarem a pessoa dali para eu finalmente descobrir quem é que está por trás disso.

A mulher finalmente acordou, retomando sua consciência aos poucos. Seu gemido era de dor, mas eu não conseguia sentir pena. Os bombeiros falaram alguma coisa com ela que eu não consegui identificar. Quando eu olho para trás, vejo a Dra. Baldez conversando com o policial, ao lado de Fernanda. Ela me encara e eu vejo o brilho nos seus olhos e o alivio em seu rosto por saber que eu estava inteira e bem.

Quando finalmente o policial decide liberá-las, ela vem correndo ao meu encontro e pula no meu colo e me dá um abraço, a rodopio no ar e ela sorri, logo depois coloca as duas mãos no meu rosto e me dá um beijo rápido nos lábios.

— Meu amor... eu tive tanto medo de te perder. — A abraço fortemente, tentando fazer com que aqueles pensamentos de perda se dissipem da sua cabeça

— Não perdeu, monstrinha. E não vai me perder. — Seguro sua mão firme, como uma promessa.

— Anna... Sua louca. — Roberta me puxa para um abraço maternal — Não faça mais isso.

Os bombeiros gritam em comemoração e nosso olhar vai diretamente para o carro. Eles haviam conseguido tirar a pessoa das ferragens, o que me faz com que eu me aproxime. Eles a colocam na maca e eu posso ver as luzes vermelhas e azuis dos carros de emergência, tal como aquela sirene irritante que chegava a doer meus ouvidos.

Eles tiram a máscara da tal mulher para examiná-la e eu pude ver seu rosto.

Não acredito.

Eu deveria sentir raiva.

Deveria sentir alívio por finalmente ter um rosto para associar às ameaças, aos atentados, à perseguição que eu e as pessoas que amo vinham sofrendo, mas naquele momento senti cansaço.

Cansaço daquele jogo sujo enquanto eu só queria viver minha vida, fazer meu trabalho, construir algo meu.

— Dra. Florence? — O bombeiro me chamou para ir até a maca e naquele momento, percebi que estar em contato com a pessoa que tentou me matar (ou uma delas até então), fez com que a minha cabeça doesse.

Pude ver seu peito subindo e descendo com esforço. Seus olhos se abriram por um segundo e me encontraram.

E então ela sorriu.

Um sorriso fraco, torto, de quem já perdeu tudo.

— Eu... — ela murmurou, a voz engasgada de dor. — ...te odeio.

— Por quê, Cecília? Eu não te fiz mal algum. Você quem deveria me agradecer. — Digo, observando a esposa do Dr. Proetti, que aparentemente resolveu tomar suas dores e tentar se vingar pelo marido.

Ué, ela não estava com câncer?

— Seu marido lhe traía. Com a nossa funcionária do previdenciário. Desviava dinheiro da empresa e fingiu para Roberta que o dinheiro que desviava era pra custear seu tratamento. Por que tomou as dores dele?

— Acha que eu não sabia das traições? — Ela ri, ironicamente com dificuldade — Você e Baldez deixaram meu marido sem nada. Depois que o forçaram a sair da empresa ficamos pobres. Eu não posso morrer sendo pobre!

Ih, maluca.

Eu encaro Cecília por algum momento. Sério que essa corna tentou me matar por dinheiro? Que lógica tem isso? Uma mulher, jovem, com câncer terminal tentando matar porque... não gostava de ser pobre (?)

— Você quase me matou… por dinheiro? — minha voz sai fria, incrédula.

Ela sorri de novo, um riso fraco, sem vida.

— Por sobrevivência.

— O câncer é mentira, então? — Pergunto

— Não. Eu tenho poucos meses de vida.

Olho para ela com uma cara tediosa.

Tá de brincadeira?

Os paramédicos trocam olhares entre si, mas continuam o trabalho de estabilizá-la para a remoção. Eu respiro fundo, tentando controlar o pouco da paciência que restava no meu corpo.

— Você sabe que nunca teve chance, não é? — murmuro, ainda sem processar completamente. — Nem você, nem seu marido.

Cecília fecha os olhos por um momento, o peito subindo com dificuldade. Quando os abre novamente, sua expressão não tem ódio. Apenas exaustão.

— Ele não sabe de nada. Quando a polícia me prender, irão investigar e... verão que ele não tem nada com isso.

Balanço a cabeça negativamente, tentando entender aquela loucura. Ela era corna, o marido a traía, tinha câncer terminal e ela estava tentando acabar comigo e com Roberta por que tinha medo de morrer pobre?

— Eu sei que não tinha chance de lhe matar. — Sua voz falha. — Mas eu precisava tentar.

Ela vira o rosto, parecendo incapaz de me encarar por mais tempo. A sirene da ambulância ecoa na avenida, e os paramédicos sinalizam que precisam levá-la. Me afasto, sentindo uma confusão dentro de mim.

Eu deveria ficar bem.

Dizer que venci.

Mas a verdade, era eu sentia que tinha algo por trás disso ainda.

Algo que Cecília ainda não mencionou.

E eu ia descobrir o que era.

Fim do capítulo

Notas finais:

Oi, galera! Estou sumida, certo? Porém, essa semana a rotina chamada "volta às aulas" estava me chamando e eu não tive como recusar kkkkk além do mais, comecei na academia e estava completamente sem forças para postar algo. 

Gostaram do capítulo? 

E sobre a mandante dos crimes ser Cecília? Vocês gostaram? Esperavam por isso? Acham que tem mais alguém por trás? 

Até domingo =) 


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Comentários para 43 - capitulo quarenta e três: colisão :
Lea
Lea

Em: 14/02/2025

Surpresa estou!!

Responder

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HelOliveira
HelOliveira

Em: 08/02/2025

Totalmente surpresa......por essa eu não esperava, mas tenho certeza que existe algo mais....

Até amanhã 


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 09/02/2025 Autora da história
até, meu amor! o capítulo deve sair tarde hoje, ontem fui pro show da minha cantora fav e estou morta e com insolação kkkkkkk preciso descansar


Responder

[Faça o login para poder comentar]

Dan_ny
Dan_ny

Em: 08/02/2025

Não esperava que era a Cecília, corna doida uai kkkk


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 09/02/2025 Autora da história
né? ao invés de se conformar com os chifres kkkkkk


Responder

[Faça o login para poder comentar]

Mmila
Mmila

Em: 07/02/2025

Uau!!!!!!

Nao esperava ser essa pessoa. Que reviravolta!!!!!!!!!!!!

Casal agora conhecido nacionalmente.... 

Kkkkkkkkkkkkkkkkk


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 09/02/2025 Autora da história
hahahahaha eu tive essa ideia assim que comecei a escrever a historia


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