Capitulo 11
O dono da joalheria finalmente cedeu, mas com uma condição. Ele não iria registrar queixa, mas não queria mais ver Dona Irene trabalhando em sua loja. A mulher, que se dedicava ao trabalho há anos, havia cometido um erro, mas sua intenção nunca fora prejudicar ninguém. Agora, o dono queria seguir em frente, mas sem ela por perto.
Gabriela, Lucas e a equipe retornaram à delegacia após a conversa com o proprietário. Quando entraram, viram a figura de Dona Irene esperando na recepção. Ela estava com o rosto cansado, mas havia uma expressão de alívio nos olhos.
Gabriela se aproximou e, com um sorriso gentil, disse:
— Dona Irene, o senhor da joalheria não vai prestar queixa. Ele entende que foi um ato de desespero, e, apesar da situação, não pretende fazer nada legal contra a senhora. No entanto, ele pediu que você não voltasse a trabalhar lá.
Dona Irene respirou fundo, parecendo querer chorar, mas se controlando.
— Muito obrigada, moça. Eu... eu sabia que estava fazendo algo errado, mas não sabia mais o que fazer. Minha neta... Eu nunca quis causar problemas, e nunca imaginei que fosse acabar assim. — A voz dela vacilou, mas ela se manteve firme.
Gabriela deu um leve sorriso de compreensão.
— A senhora fez o que achava certo. Mas talvez seja hora de procurar algo mais tranquilo, não acha?
Dona Irene assentiu, já parecendo mais tranquila, embora a decisão ainda pesasse sobre ela.
Antes de sair, ela se aproximou de Olívia, que estava parada observando o desenrolar da situação. Com um olhar grato, Dona Irene disse:
— A senhora... A senhora foi muito boa comigo. Não sei o que teria feito sem vocês. Muito obrigada.
Olívia apenas acenou com a cabeça, seu semblante calmo, mas seus olhos mostrando uma suavidade rara. Ela não dizia nada, mas seu gesto e presença eram o suficiente para transmitir sua mensagem.
Quando Dona Irene finalmente saiu, a equipe se reuniu novamente na sala de descanso, sentando-se para um momento mais descontraído. As conversas começaram a fluir, mas, como sempre, Fernanda não perdeu a chance de alfinetar Olívia.
— Olha, pessoal, parece que a Olivia tem até sentimentos, quem diria, hein? — Fernanda disse, com um sorriso travesso. — Não é todo dia que ela se mostra tão... humana.
Os outros riram, com exceção de Olívia, que mantinha seu ar impassível.
— Pois é, Olívia, eu diria que até você tem um coração, mas não quero ser ingênuo demais. — Ricardo completou, com um sorriso largo, tentando descontrair.
Olívia olhou para ele com um sorriso seco.
— Isso é só um bom trabalho. Não leiam demais nisso.
Gabriela, ainda se sentindo um pouco tensa com toda a situação, decidiu intervir, tentando cortar o clima.
— Acho que o mais importante é que a situação foi resolvida. Dona Irene não terá que enfrentar mais problemas. Isso que importa.
Lucas, sempre mais sério, olhou para Olívia, agora com um olhar mais curioso.
— Você sabe que não é capaz disso, não é? — disse ele, com um sorriso irônico. — Ajudar alguém sem esperar nada em troca? Você provavelmente fez isso só porque sabe que todo mundo vai falar sobre isso agora, né?
Olívia ergueu uma sobrancelha, um olhar desafiador no rosto. A resposta foi direta, mas carregada de um certo sarcasmo.
— Claro, Lucas. Eu sempre ajudo as pessoas para que os outros falem sobre isso. O que seria de mim sem uma reputação de "boa pessoa"?
Ricardo não conseguiu segurar o riso.
— Bem, pelo menos você consegue ser sarcástica e manter a classe ao mesmo tempo. Impecável.
A sala inteira explodiu em risadas, e por um momento, a tensão que havia se formado entre os membros da equipe pareceu dissipar. Gabriela sorriu também, embora fosse um sorriso discreto, percebendo que, no fundo, apesar das diferenças, estavam todos ali para algo maior do que os pequenos desentendimentos.
O riso na sala de descanso foi um alívio momentâneo, e, por mais que todos soubessem que a situação com Dona Irene não havia terminado completamente, havia algo reconfortante na leveza daquele momento. Gabriela observou Olívia com um olhar mais suave, percebendo que, embora ela não fosse de demonstrar muito, algo dentro dela parecia ter se suavizado ao lidar com a mulher.
Fernanda, sempre pronta para continuar o jogo de provocações, não demorou em lançar outra piada.
— Vai ser difícil, pessoal, ver a Olívia como uma vilã depois de tudo isso, hein? Está mais para heroína do que para dona de um manual de vinganças.
Olívia, com um leve suspiro, finalmente se soltou um pouco mais. Ela deu um sorriso quase imperceptível, o tipo que raramente aparecia, mas que, quando surgia, indicava que algo dentro dela estava, talvez, mais em paz do que o habitual.
— Eu não sou vilã, Fernanda — Olívia disse calmamente, ainda com a frieza característica, mas com um toque de humor. — Só sei quando a situação exige algo mais do que o simples cumprimento de regras.
Gabriela cruzou os braços, tentando esconder um sorriso. Ela sabia que Olívia nunca seria fácil de entender, mas algo na interação dela com Dona Irene parecia ter tocado um ponto que ela não demonstrava.
Fim do capítulo
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