Capitulo 8
O silêncio na sala de reuniões foi rompido por Gabriela, que bateu as mãos na mesa, frustrada.
— Nós somos policiais! Não podemos começar a decidir quem merece ou não enfrentar as consequências da lei. Isso não é justiça, Olívia, é arrogância!
Olívia, com os braços cruzados, permaneceu impassível.
— E você acha que jogar uma senhora idosa no sistema penal é o que vai fazer justiça, Gabriela? Porque, para mim, isso parece preguiça. Resolver um problema no papel sem considerar as vidas que ele impacta.
Lucas interveio, levantando-se da cadeira com uma expressão séria.
— Olívia, Gabriela tem um ponto. Não podemos simplesmente decidir ignorar um crime. É um precedente perigoso. O sistema pode ser imperfeito, mas é o que temos.
— O que temos, Lucas? — Olívia rebateu, com uma risada amarga. — O que temos é um sistema que vai arrancar qualquer chance de sobrevivência daquela família. Você pode ficar no seu pedestal moral, mas isso não ajuda ninguém!
— Isso não é sobre pedestal moral! — Lucas elevou o tom, claramente irritado. — Isso é sobre fazer o certo. A lei existe por um motivo, e se começarmos a dobrá-la para cada caso emocional, paramos de ser policiais.
— E começamos a ser humanos? — Olívia retrucou, o sarcasmo evidente.
Ricardo, que até então estava em silêncio, decidiu intervir.
— Ei, ei, calma lá, pessoal. Não estamos resolvendo nada assim. — Ele gesticulou entre os dois. — Talvez a gente precise respirar fundo e pensar. Dona Irene errou, mas o motivo dela é compreensível. Isso não significa que a gente possa simplesmente ignorar.
Fernanda, sentada no canto da sala, balançava a cabeça enquanto falava com um tom mais leve, mas direto.
— Honestamente, acho que vocês dois estão errados. Olívia, você não pode simplesmente decidir o destino de alguém sozinha, e Lucas, às vezes a lei precisa de um pouco de flexibilidade. Tá na cara que esse caso é mais sobre o coração do que sobre um crime.
Hugo, que havia entrado na sala para acompanhar a discussão, ergueu as mãos em rendição.
— Vou dizer o óbvio aqui: nenhum de vocês está 100% certo ou errado. Mas precisamos tomar uma decisão como equipe. Essa discussão toda está só alimentando o ego de vocês.
Gabriela olhou para Hugo, claramente irritada.
— Então qual é a sua solução brilhante, Hugo? Fingimos que nada aconteceu, como a Olívia quer?
— Não — ele respondeu com calma. — Eu acho que precisamos falar com a própria Dona Irene e ver como ela pretende reparar o erro. Talvez haja um meio-termo.
O comentário de Hugo trouxe um breve silêncio à sala, mas Olívia logo retomou.
— Eu já sei o que fazer. Eu vou devolver as joias e encerrar o caso. Dona Irene não vai ser processada.
— Você não pode decidir isso sozinha! — Lucas respondeu imediatamente, a raiva evidente.
Olívia aproximou-se dele, os olhos frios.
— E quem vai me impedir, Lucas? Você? Vai me denunciar por tentar fazer algo certo?
Lucas hesitou por um momento, a intensidade no ar crescendo.
— Talvez eu devesse — ele respondeu, a voz mais baixa, mas cheia de determinação.
Nesse instante, Ricardo se colocou entre eles.
— Chega! Estamos perdendo o foco aqui. Não se trata de quem está certo ou errado. Trata-se de encontrar uma solução que respeite a lei e, ao mesmo tempo, não destrua vidas desnecessariamente.
Gabriela revirou os olhos, ainda incrédula com a posição de Olívia, mas cedeu.
— Certo. Mas eu vou acompanhar isso de perto. Se algo sair do controle, eu não vou hesitar em agir.
Fernanda suspirou, gesticulando dramaticamente.
— Alguém mais quer jogar gasolina na fogueira, ou podemos seguir em frente?
Todos se entreolharam, ainda tensos, mas o tom de Fernanda pareceu aliviar um pouco o clima. Olívia virou-se e saiu da sala sem mais uma palavra, enquanto Lucas permanecia, visivelmente frustrado, mas controlado.
Fim do capítulo
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