Capitulo 4
Quando entrou na sala para a terceira aula com Luisa, o clima estava diferente. Luisa estava em pé ao lado da mesa, como sempre impecável, seu olhar frio e atento, como se já soubesse o que todos estavam pensando. Mas, naquela manhã, havia algo em seu olhar que Bianca não conseguia decifrar. O que ela não sabia era que Luisa tinha notado sua atitude mais determinada na aula anterior. Bianca havia levantado a mão, pronta para se inscrever no projeto, e Luisa, embora parecesse indiferente, estava prestando atenção.
“Vamos começar”, Luisa disse, sua voz firme, sem um sorriso. “Hoje, vamos discutir um dos conceitos mais importantes do curso: Balanço de Reatores. E, para isso, dividirei vocês em grupos.”
Bianca sentiu uma leve tensão na sala. Normalmente, os alunos não gostavam de grupos. Eles significavam trabalho em equipe, discussões intermináveis e a chance de ser forçado a falar com pessoas que talvez não se encaixassem no seu ritmo. Mas Bianca não se importava, não hoje. Ela estava determinada a mostrar algo, para Luisa e para si mesma.
“Bianca”, Luisa disse, olhando diretamente para ela com um sorriso que não era exatamente amigável, mas também não era cruel. “Você ficará com o assunto do grupo de pesquisa do projeto. Já está claro que você tem interesse em participar.”
Bianca ficou sem palavras por um momento, surpresa pela atitude direta de Luisa. Mas isso não era um convite gentil. Era uma prova. Uma prova de sua dedicação, e Bianca sabia que estava prestes a ser testada.
A sala parecia ter ficado em silêncio por um segundo, mas ninguém ousou interromper. Todos sabiam que, quando Luisa falava, o melhor era ouvir e aprender. Ou, no caso de Bianca, tentar não parecer ainda mais nervosa.
Depois de uma pausa, Luisa continuou, agora olhando para todos. “Os grupos vão começar a trabalhar no projeto logo após esta aula. Os membros serão responsáveis por apresentar resultados sobre as primeiras etapas da pesquisa dentro de duas semanas. Se alguém não se sentir preparado, pode sair agora.”
Ninguém se mexeu. Mas o olhar de Luisa parecia, de alguma forma, insistir em cada um dos alunos. Era como se ela fosse uma cobra que estudava cuidadosamente sua presa.
Bianca respirou fundo e se preparou para o que viria a seguir. Ela estava em uma corda bamba. O trabalho no projeto a colocava mais perto de Luisa, mas também a empurrava para um território perigoso.
No intervalo da aula, Ana apareceu ao seu lado, mais uma vez com um sorriso malicioso. “Viu só? A professora não brinca. Agora você está na ‘caverna do leão’. E então vai deixar ela te comer?”
Bianca riu nervosamente. “Meu Deus Ana, menos.”
“Se não aguentar, me avise que eu te resgato, sei lá, me ofereço no seu lugar como sacrifício, ia fazer miséria com aquela gostosa”, Ana brincou, piscando para ela. “Eu não posso deixar minha amiga na mão de uma mulher dessas, afinal, que tipo de amiga eu seria?
Bianca nao se aguenta e gargalha alto “ Você é tão benevolente Ana” diz sarcastica
“Sério, mas agora acho que já entendi o jogo da gostosona. Ela só quer ver até onde você vai. Pra ver se aguenta o tranco” Ana diz mexendo os ombros como quem diz “ E aí vai encarar. ”
Bianca não respondeu. Ela estava mais concentrada do que nunca no que aconteceria a seguir. O que Ana não sabia era que, em algum nível, Bianca também estava querendo ver até onde Luisa iria levá-la.
Quando a aula recomeçou, a tensão na sala aumentou. Os grupos começaram a se organizar, e o silêncio pesado que se seguiu fez o ar parecer mais espesso. Bianca olhou para Luisa, que estava na frente, observando cada um dos alunos com uma calma desconcertante.
“Bianca, você e o restante do grupo irão lidar com balanço no ambiente de pressão variável”, Luisa disse, sua voz firme e implacável. “ trabalho em equipe. Não quero ver nenhum dos meus alunos se desviando do foco. A pesquisa precisa ser precisa, e o tempo, limitado.”
Bianca engoliu em seco. Não sabia se estava mais nervosa com o projeto em si ou com o fato de que estava sendo observada tão de perto. O olhar de Luisa, frio e calculista, parecia entender o que se passava dentro dela. Você quer provar algo, não quer? parecia dizer o olhar de Luisa.
E Bianca, de alguma forma, sabia que Luisa tinha razão. Ela estava ali para provar algo. Para ela mesma, mas também para Luisa. Ela não podia deixar que esse desafio a derrubasse, nem poderia ceder à atração crescente que sentia por sua professora. Isso era mais do que uma simples reação química. Era uma reação de poder, controle e domínio.
No decorrer das semanas, Bianca se dedica intensamente ao projeto. Os encontros em grupo se tornam mais frequentes, e a pressão aumenta. Ela percebe que, apesar de sua determinação, Luisa observa cada movimento seu, como uma águia, esperando um deslize, uma falha, algo para testar sua resistência.
Durante uma das reuniões, Bianca sente o peso do olhar de Luisa, mesmo quando a professora não diz uma palavra. Havia algo hipnotizante em sua presença. Ela era distante, imperturbável, mas Bianca não conseguia deixar de se sentir atraída por aquela postura de controle absoluto.
Na aula seguinte, Luisa surpreende a todos com um teste prático sobre os conceitos que estavam estudando. Era uma simulação complexa sobre reações catalíticas sob alta pressão. Todos os alunos estavam nervosos, mas Bianca sabia que essa seria sua chance de se destacar. Ela precisava mostrar que não era apenas mais uma aluna. Era algo mais, algo que Luisa ainda não havia percebido.
O laboratório estava em um silêncio profundo, apenas interrompido pelo som de ferramentas sendo ajustadas e de cálculos rápidos sendo feitos. Luisa andava entre as mesas com uma calma perturbadora, seus olhos frios avaliando cada movimento. Quando chegou à mesa de Bianca, o olhar de Luisa se fixou nela por um segundo a mais do que o necessário. Era como se ela estivesse esperando algo de Bianca, algo que ainda não tinha sido mostrado.
Bianca, sem hesitar, começou a mexer com os equipamentos com precisão, explicando o que estava fazendo para os outros membros do grupo, sempre com um tom de voz claro e confiante. Ela sabia que Luisa estava observando cada palavra e cada gesto.
“Interessante”, Luisa comentou, finalmente quebrando o silêncio, ao se aproximar de Bianca.
Bianca, surpreendida pela observação, respirou fundo. “Nós já estamos avançados no trabalho.”
Luisa a observou mais uma vez, sem dizer nada, e então se afastou, voltando a sua postura impassível. Bianca não sabia se Luisa havia percebido o que ela realmente queria mostrar ou se a professora simplesmente estava testando seus limites.
Fim do capítulo
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