Capitulo 3
O campus universitário fervilhava de vida, ainda mais nos primeiros dias do semestre. Bianca caminhava apressada pelos corredores, sentindo o peso da primeira aula de Luisa ainda fresco na mente. Determinada a não se deixar abalar pela professora enigmática, ela tentava manter o foco, embora a tarefa parecesse impossível.
Ao entrar na sala de aula, percebeu que muitos colegas já estavam acomodados ou conversando em grupos. A professora ainda não havia chegado, mas a tensão no ar era palpável, como se todos já se preparassem para a presença intimidadora de Luisa.
Ana, sempre animada, sentou-se ao lado de Bianca com seu sorriso habitual.
— Preparada para mais uma dose de terror acadêmico? — brincou, os olhos brilhando.
— Espero que não seja tão ruim quanto ontem — respondeu Bianca, tentando parecer relaxada.
Ana riu.
— Vai ser pior, com certeza. Aquela mulher não tem limites.
Antes que Bianca pudesse responder, a porta da sala se abriu. Luisa entrou com sua postura confiante, segurando uma pasta de anotações e um laptop. Ela seguiu direto para a mesa, sem olhar para ninguém, começando a organizar seus materiais. Quando seus olhos finalmente cruzaram os de Bianca, o tempo pareceu parar. Não havia frieza ou gentileza naquele olhar; era apenas atento. O suficiente para fazer Bianca sentir um calor inexplicável subir pelo pescoço.
— Bom dia, pessoal — disse Luisa, sua voz baixa e controlada preenchendo a sala. — Vamos começar.
Bianca tentou se concentrar na aula, mas algo nela não permitia. As palavras da professora carregavam um peso que Bianca não conseguia ignorar. E, mesmo enquanto Luisa explicava conceitos fundamentais e equações complexas, era como se a verdadeira lição estivesse em outro lugar — no jeito que ela movia as mãos, na precisão de suas palavras, na intensidade do olhar.
Perdida em pensamentos, Bianca não percebeu que estava encarando Luisa até ser abruptamente chamada de volta à realidade.
— Bianca, está me ouvindo? — a voz firme da professora a fez saltar.
— Sim... Claro! — respondeu, tentando esconder o embaraço. — Estava pensando na explicação. Está tudo claro.
Por um instante, Luisa apenas a encarou, avaliando-a. Então, com um aceno quase imperceptível, voltou-se para o quadro.
— Que bom.
Ao lado de Bianca, Ana não perdeu a oportunidade de provocar.
— Agora você tá na mira dela. Cuidado, hein.
Bianca tentou rir, mas o nervosismo era evidente. A verdade era que Luisa a deixava nervosa.
Bianca não respondeu. Estava perdida nos próprios pensamentos. Mas Ana não desistia. “O que foi? Não me diga que a mulher já te deixou sem palavras… ou sem ar. Porque ela tem esse efeito, eu super perco o ar com ela, meu coração acelera e acontece um negócio na minha calcinha, que amiga nem te conto.”
Bianca tentou rir, mas foi um riso nervoso. O que Ana não sabia era que, na verdade, Luisa tinha aquele efeito em Bianca, e ela não sabia como lidar com isso.
A aula seguiu, mas Bianca sentia o peso da presença de Luisa. Cada olhar, cada palavra dita pela professora parecia atingir um ponto sensível nela. Quando Luisa falava sobre o projeto de pesquisa que estava propondo, Bianca se sentiu ainda mais desorientada. Ela sabia que queria participar, mas a ideia de trabalhar tão perto de Luisa, de ter que encarar a mulher de perto todos os dias, a fazia se sentir nervosa e excitada ao mesmo tempo.
O relógio na parede parecia andar mais devagar. O som da caneta de Luisa riscando o quadro, os olhares que ela lançava ao redor da sala, a maneira como ela corrigia os erros de seus alunos com uma frieza calculada… Tudo aquilo estava deixando Bianca sem fôlego.
Finalmente, Luisa terminou a explicação e se virou para a turma. “Então, se algum de vocês se interessar pelo projeto de pesquisa, as inscrições estarão abertas. Vamos precisar de dedicação e comprometimento. Este não é um projeto qualquer.”
Bianca não pensou duas vezes. Levantou a mão, decidida. “Eu gostaria de me inscrever para o projeto.”
Luisa olhou para ela por um momento, com um olhar que parecia ir além da simples curiosidade. “Interessante.” Ela fez uma pausa. “Pode se inscrever, Bianca. Todos vocês vão receber as informações por e-mail, ok?”
O murmúrio de aprovação dos colegas preencheu a sala, mas Bianca mal ouviu. Estava tomada por uma mistura de empolgação e nervosismo.
Quando a aula terminou, ela levantou-se rapidamente, tentando não chamar atenção, mas Ana, sempre pronta para alfinetar, aproximou-se.
— Sutil, hein? Mal deu pra perceber seu interesse pelo projeto... ou pela professora.
Bianca, sem palavras, apenas deu um sorriso sem graça. Mas algo dentro dela, que ela não conseguia controlar, sabia que essa segunda aula era apenas o começo.
Fim do capítulo
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