Capitulo 2
Bianca estava com a mente a mil. A primeira aula com Luisa ainda ecoava em sua cabeça, mas a maratona acadêmica não dava trégua. Sem tempo para digerir as emoções da manhã, ela se apressava pelos corredores, preparando-se para a próxima aula. Desta vez, seria com o Professor Mário, conhecido por sua paciência e bondade — uma pausa bem-vinda, ou pelo menos uma promessa de menos tensão.
Ao chegar à sala, Bianca notou de imediato o contraste. A atmosfera era completamente diferente. Mário estava à frente, sorrindo de maneira acolhedora para cada aluno que entrava, como se estivesse recebendo velhos amigos.
"Oi, Bianca! Como está a sua primeira semana de volta?" ele perguntou, com a energia calorosa de quem genuinamente se importava.
"Oi, Professor Mário! Está sendo... bem intenso," respondeu Bianca, tentando parecer descontraída. "Mas acho que estou começando a entrar no ritmo de novo."
"Você vai se adaptar rápido, vai ver. Só respire fundo," ele disse, com um sorriso tranquilizador.
Bianca escolheu um lugar na primeira fila, sem pensar muito, e esperou que a aula fosse tão leve quanto o ambiente prometia.
De fato, Mário não decepcionou. Explicava os conceitos de forma simples, paciente, quase como um contador de histórias. Ele fazia pausas para perguntas e sempre as respondia com clareza e empatia. Bianca começou a relaxar, mesmo quando sua mente vagava de vez em quando. Ele tinha um jeito especial de puxar a atenção de volta, sem jamais parecer severo.
A sala também refletia essa tranquilidade. Os alunos participavam sem medo, e as dúvidas eram recebidas como oportunidades, não como inconveniências. Pela primeira vez desde o início da semana, Bianca sentiu que poderia respirar.
Mas o momento de calmaria foi interrompido por uma risada distante, seguida pelo som de passos apressados. Quando olhou para a porta, viu o Professor Marcos passando com um notebook numa mão e os olhos grudados no celular na outra. Ele entrou na sala ao lado sem nem notar os olhares de quem o cercava.
"Bom dia, Professor Marcos!" Bianca arriscou um cumprimento, tentando ser educada.
"Hum, bom dia," respondeu ele, sem levantar os olhos.
Poucos minutos depois, o clique do projetor preenchia o silêncio, e Bianca sabia o que isso significava: a famosa aula de Marcos, mais conhecida pelos slides intermináveis e pela total ausência de explicações.
"Esse homem é um sinônimo de preguiça," sussurrou Ana, colega de turma que já estava ao lado de Bianca. "Deve achar que está no piloto automático."
Bianca riu baixo, mas não pôde evitar um desconforto crescente. "Eu não entendo... ele não tenta nem explicar direito. Só joga os slides e espera que a gente se vire."
"Ah, é porque ele acha que somos gênios. Ou pelo menos é o que diz pra justificar a própria falta de esforço," Ana respondeu com uma careta cômica, arrancando outra risada de Bianca.
A aula de Marcos foi exatamente o que Bianca esperava: uma série de slides que ele lia com desinteresse, enquanto jogava comentários como: "Isso é básico. Não sei como vocês têm dificuldade." O tom era sempre o mesmo, variando entre o impaciente e o displicente.
Quando faltavam dez minutos para o final, um aluno criou coragem e levantou a mão. "Professor, esse gráfico está dizendo o quê exatamente? Não consegui entender essa parte."
"É um gráfico," respondeu Marcos, sem desviar os olhos do notebook. "Mostra o comportamento mecânico ao longo do tempo. Está tudo aí. Se ainda não entenderam, procurem um tutor. Não posso explicar o básico o tempo todo."
Ana virou-se para Bianca e murmurou: "Isso é um teste psicológico, né?"
Bianca riu baixinho, mas não podia negar o cansaço. A aula terminou com o som da campainha, e a sala esvaziou-se em um piscar de olhos.
"Vamos sobreviver a isso, amiga," Ana disse, jogando a mochila nas costas e dando um sorriso travesso. "Pelo menos acabou por hoje."
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]