Capitulo 4
A manhã seguiu seu ritmo frenético na delegacia, com papéis sendo trocados e o som constante de telefones tocando. Gabriela ainda tentava processar os eventos da noite anterior, mas agora, ao lado de Ricardo e Fernanda, se sentia parte de algo maior. Sua insegurança começava a ser substituída por um sentido de pertencimento. Ela estava se tornando parte da equipe.
— Eu não sei como você consegue ser tão leve, Fernanda. — Gabriela comentou, ainda sorrindo com as piadas de sua colega.
Fernanda deu de ombros com um sorriso travesso, sua energia sempre uma mistura de irreverência e dedicação.
— Ah, Gabriela, alguém precisa ser o alívio cômico por aqui! Se não fosse eu, já estaria todo mundo sério demais, como o Ricardo ali. — Ela apontou para o amigo, que estava com seu semblante sério, mas sem conseguir esconder o leve sorriso.
Antes que mais palavras fossem trocadas, a porta da delegacia se abriu com um leve estrondo. Olívia entrou, com a sua postura elegante e sua presença imponente preenchendo a sala. Ela olhou ao redor, percebendo a leveza da conversa entre os membros da equipe, mas seus olhos logo se fixaram em Gabriela.
Com o cabelo preso em um rabo de cavalo impecável e um olhar que misturava frieza e cálculo, Olívia era o tipo de pessoa que não passava despercebida. Ela era uma presença que exigia atenção, e seu modo de andar parecia carregado de confiança e experiência. Algo que Gabriela não podia deixar de admirar.
— O que está acontecendo aqui? — Olívia perguntou com sua voz firme, mas não sem um toque de curiosidade.
Fernanda, sempre rápida, deu uma risada antes de responder.
— Estamos só tentando manter as coisas leves por aqui, Olívia. Afinal, alguém tem que fazer o trabalho de descontrair essa turma. — Ela deu um leve toque no ombro de Ricardo, que apenas balançou a cabeça, ainda com sua atitude protetora.
Olívia não sorriu, mas seu olhar parecia mais suavizado ao observar o ambiente. Ela sabia muito bem como funcionava a dinâmica da equipe e, embora estivesse pouco tempo de volta à cidade pequena, já estava se adaptando à rotina.
— Não sei se é isso que precisa, mas não faz mal. — Olívia comentou enquanto se dirigia até a sala de Hugo.
— Alguém mais consegue ouvir os sons da chicotada estralando? — Fernanda comentou em tom brincalhão, fazendo todos na sala rirem, até Ricardo, que, apesar da postura séria, não resistiu e estralou a língua. Gabriela não pôde deixar de sorrir com a leveza do momento, enquanto o ar na sala se desanuviava.
Lucas observou Olívia indo em direção à sala de Hugo, com seu olhar curioso e indagou.
— O que a Olívia quer com o Hugo? — Ele indagou, com um leve toque de preocupação. Ele sabia que a dinâmica entre Hugo e Olívia sempre era mais tensa, talvez por causa da diferença de abordagem entre os dois.
Olívia parou na porta da sala de Hugo e lançou um olhar de soslaio para Lucas, antes de virar de volta para ele com uma expressão fechada.
— Vamos precisar revisar os detalhes do caso Costa, Lucas. Há muitas coisas que ainda não sabemos sobre os contatos dele. Hugo tem acesso aos arquivos das investigações anteriores, e precisamos ver o que ele sabe sobre a rede. — A voz de Olívia era calma, mas carregava um tom de autoridade que não deixava espaço para questionamentos.
Lucas franziu a testa. Ele sabia o quanto a relação entre Olívia e Hugo poderia ser complicada. Hugo, com seu temperamento mais impulsivo e estilo menos cuidadoso, sempre representou uma espécie de desafio para Olívia. Ela, com sua frieza calculista, raramente se dava bem com esse tipo de abordagem.
— Você acha que ele tem informações relevantes? — perguntou Lucas, ainda desconfiado. O relacionamento entre Hugo e Olívia não era um segredo, e Lucas sentia que a tensão entre os dois poderia afetar o andamento do caso.
Olívia olhou para ele, seus olhos se suavizando por um instante.
— Talvez, mas a questão não é o que ele sabe, Lucas. É o que ele está disposto a revelar. — Ela fez uma pausa, deixando as palavras ecoarem. — Confio que você pode fazer o que for necessário para garantir que tudo seja passado da forma correta, não importa quem seja o informante.
Fernanda, que estava prestando atenção à conversa, não perdeu tempo e disparou com uma risada leve.
— Eu sabia que esse negócio de confiar no Hugo não ia dar certo! Ele vai ficar de papo com Olívia o tempo todo e nada vai sair de lá sem mais drama. — Ela brincou, tentando aliviar a tensão na sala.
Ricardo, que até então se mantinha em silêncio, interveio com um olhar sério.
— Drama ou não, precisamos dessa informação. Não vamos deixar que diferenças pessoais atrapalhem o trabalho. Todos estamos no mesmo time. — Ele tinha um tom de comando, o que fez Fernanda se calar e se recompor rapidamente.
Olívia, observando a interação, deu um pequeno aceno de cabeça, reconhecendo a importância da união naquele momento.
— Exatamente, Ricardo. Vamos deixar as questões pessoais de lado e focar no que importa. O caso Costa é maior do que qualquer problema interno.
Gabriela, que até então tinha permanecido calada, sentiu a tensão dissipando à medida que a conversa se desenrolava. Ela já estava começando a perceber as nuances das relações na equipe, e como as tensões podiam afetar os próximos passos.
— Você, Gabriela, vai ficar com Fernanda e Ricardo. Vamos precisar que a equipe nos ajude a revisar os relatórios e organizar os documentos que conseguimos de Costa. Vai ser um trabalho de campo pesado, mas alguém precisa garantir que a investigação seja limpa. — Olívia acrescentou .
Gabriela sentiu um frio na barriga. O peso das palavras de Olívia era claro, mas também havia algo em seu tom que a motivava, algo que fazia com que ela quisesse provar seu valor.
— Entendido. Vamos fazer isso. — Gabriela respondeu, com mais confiança do que se sentia, mas a determinação estava ali.
Olívia acenou com a cabeça e virou-se para a sala de Hugo, sem mais palavras. Ela sabia que cada passo agora tinha que ser calculado, que o futuro do caso dependia das escolhas que fariam a partir daquele momento.
Enquanto a porta se fechava atrás de Olívia, Fernanda deu uma cotovelada em Gabriela, sorrindo.
— Eu sei que você vai arrasar! — Fernanda piscou para ela, fazendo com que Gabriela soltasse uma risada nervosa.
Ricardo, com seu jeito sério, mais uma vez interveio, mas com uma expressão mais relaxada.
— Agora, vamos ao trabalho. O tempo está correndo e, com Costa sob custódia, as coisas podem esquentar rápido.
Fim do capítulo
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