Capitulo 2
A cidade pequena parecia ainda mais silenciosa à medida que o sol começava a se pôr, tingindo o céu de laranja e dourado. Gabriela estava no banco de trás da viatura, observando a rua vazia enquanto Lucas dirigia com a mesma calma de sempre. Mas era possivel sentir a tensão crescente por causa da operação, do peso da situação. Gabriela podia dizer o mesmo. Sua mente estava a mil por hora, lembrando das instruções dadas por Hugo, o delegado, os olhares de encorajamento e desconforto, e, claro, as palavras de Olívia: "Não hesite."
O carro fez uma curva, e Gabriela se endireitou no banco, tentando se concentrar na missão. A missão era clara: prender um suspeito de tráfico de armas que havia se escondido em uma casa afastada, mas ninguém sabia ao certo o que mais poderiam encontrar lá. O silêncio da rua parecia agora opressor, cada sombra se esticando à medida que a noite caía. Ela olhou para Olívia, que estava no banco da frente, com a expressão impassível. A policial parecia ser capaz de ler o ar, como se tudo ao redor fosse uma peça de um quebra-cabeça perfeitamente montado para sua diversão.
Olívia, ao contrário de Lucas, não parecia afetada. Ela parecia à vontade, como se já tivesse enfrentado mil e uma situações como aquela. Gabriela se sentiu pequena ao lado dela, como se fosse uma peça em um jogo que ela ainda não dominava.
— Você está bem? — Lucas perguntou, quebrando o silêncio.
Gabriela desviou o olhar da janela e encontrou os olhos azuis de Lucas, que tentavam, sem sucesso, disfarçar a preocupação.
— Sim, só... pensando — respondeu Gabriela, tentando sorrir, mas sabia que sua expressão não passava confiança. Ela não queria ser o ponto fraco da equipe, mas a verdade era que a tensão estava apertando sua garganta.
Olívia virou-se ligeiramente para trás e, por um instante, seus olhos se encontraram com os de Gabriela. Havia algo enigmático naquele olhar, algo que fazia Gabriela se sentir mais desconfortável do que qualquer outro momento desde que começara na polícia. Olívia nada disse, mas Gabriela sentiu a presença da experiência da policial como uma sombra pairando sobre ela.
Logo, chegaram ao ponto de encontro, uma pequena casa de tijolos visíveis, que parecia inofensiva à primeira vista. Porém, Gabriela sabia que as aparências podiam ser enganosas. Lucas estacionou a viatura e desligou o motor. O som do silêncio era absoluto, como se a cidade estivesse em uma pausa, esperando o que viria a seguir.
Hugo, o delegado, deu instruções rápidas e concisas.
— Lembrem-se, a prioridade é a nossa segurança. Se houver resistência, procedam conforme o treinamento. E, Gabriela — ele olhou para ela com um semblante sério, mas com um toque de confiança —, lembre-se do que discutimos. Você está pronta.
Gabriela assentiu, sentindo a pressão aumentar. Era a primeira vez que participava de uma operação desse porte e sabia que os olhos de todos estavam sobre ela. Não seria fácil.
— Vamos. — Olívia já estava de pé, ajustando o colete com a calma de quem sabia exatamente o que estava fazendo.
Fernanda e Ricardo tomaram o lado esquerdo da casa, enquanto Lucas e Gabriela ficaram com o lado direito. Olívia e Hugo, mais à frente, se prepararam para a entrada final. Gabriela olhou para Lucas antes de seguir com ele. Ele parecia mais calmo, mas isso não a tranquilizava.
A porta da casa estava entreaberta, e o cheiro de mofo invadiu suas narinas assim que entraram. A luz fraca da lanterna de Olívia iluminava o caminho enquanto ela liderava o caminho. O coração de Gabriela batia mais rápido, mas ela se forçou a não hesitar, a não se perder na ansiedade. Ela estava ali para fazer a diferença, não para ceder ao medo.
De repente, um barulho veio do fundo da casa, um som abafado, como se algo tivesse sido derrubado. Gabriela se endireitou, o ouvido atento, os sentidos aguçados. Olívia levantou a mão, pedindo silêncio. Ela não precisava falar para dar as ordens; sua presença já era suficiente.
O clima ficou ainda mais tenso quando chegaram ao fim do corredor. Olívia, com seu olhar calculista, fez um movimento com a cabeça, sinalizando para Gabriela e Lucas se prepararem. Gabriela sentiu o peso da responsabilidade em seus ombros. Não era mais um exercício de simulação. Era real.
A porta da sala onde o suspeito estava se trancando foi arrombada com um golpe certeiro de Hugo, que já estava à frente. O barulho ecoou pelo interior da casa, e o som do impacto reverberou em seus ouvidos.
Dentro da sala, o suspeito estava em pé, com as mãos levantadas em sinal de rendição. Gabriela olhou para Olívia, que avançava com precisão, sua postura impecável, como se estivesse em um filme do 007. O confronto estava resolvido rapidamente, e o suspeito foi preso sem resistência.
— Trabalho bem feito, todos — disse Hugo, depois de dar ordens para que o suspeito fosse escoltado até a viatura. Seu olhar agora era mais suave, como se estivesse reconhecendo a coragem de sua equipe.
Fim do capítulo
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