O FIM
JULIANA POV
Com a mesma rotina de outros dias; eu dava personal pela manhã. Quando estava com Dil almoçávamos juntas e depois íamos para o ginásio. Hoje, apesar de ainda estar triste, não seria diferente. A diferença é que Carla passou em casa antes para ver como eu estava..
- Ju! Parei só pra saber como você estava! -parou o carro na rua para me cumprimentar.
- To indo. Quer dizer literalmente indo. Vou para o complexo dar aula. Mas estou tentando fazer meu carro pegar e nada. Se não conseguir, vou chamar o uber. - eu dava a partida várias vezes sem sucesso.
- Posso te levar é meu caminho. - pensei em recusar. O que Dill iria pensar, mas que se dane ela.
- Valeu. Só vou trancar aqui.
- Me diz aí Ju. Antes dessa aí. Estava com alguém?
- Antes de sair com Dill saí com uma ex aluna minha: Yasmin. Linda, porém adorava fazer ghosting.
- Peraí! Aluna de escola ou de academia? - sua fala soou assustada
- Maior de idade, mas de escola. Foi minha aluna quando tinha 14 anos. Fizemos amizade, mas eu a tinha como uma menina, sem intenções. Depois disso, não a vi mais, só quando ela fez 18 anos. estava uma gata. Aí conversamos e acabou rolando. - falei envergonhada.
- uliana! Pára tudo. Você saiu com uma aluna.
- Ex aluna e maior de idade. Quando dava aula, não tinha a menor intenção. Mas eu já sabia que ela ia ser do vale. Quando saímos ela disse que não via a hora de completar 18 anos para me procurar.
- Eu me dei de presente de aniversário pra ela. rimos bastante
- Mas não durou muito, ela era muito criança, eu 42, ela 18. Foi só uma pegação.Fiquei triste porque não acabou bem e perdemos contato. Então fiquei com pé atrás sobre as pessoas. Preferia não me aproximar. Fiquei 2 anos sem ninguém, aí apareceu a atual. E acabar da forma que acabou, foi bem doloroso.
- Entendi. Chegamos. Posso entrar um pouco para ver o começo do treino? - me pediu com carinho e fiquei sem saber o que dizer. Acabei por deixar. Mas acabei me arrependendo, assim que meus olhos cruzaram com os de Dill.
- Ficou bom a reforma aqui hein Ju!.
- Sim! Preciso ir encontrar as crianças. - tentei disfarçar.
- Quer carona para voltar?
- Não obrigada. Vou com um dos professores. Mas obrigada. - agradeci só com um gesto com a cabeça.
Olhei para Dill, parecia me fuzilar com os olhos. Fui me aproximando devagar, cumprimentei a todos, parei a seu lado.
- Que rápida você! - sussurrou
- Ela é só uma amiga.
- Você não me deve satisfação. - chamou seus alunos e saiu.
Evitei tentar conversar, peguei minha turma e fui para outra quadra. No final todos foram saindo, inclusive ela foi em direção a seu carro. Fiquei no portão com o celular na mão para chamar o uber. Olhei por cima dos óculos, vi seu carro parando.
- Podemos conversar? - demorei uns segundos para responder. A olhei com certa raiva.
- Não precisa. Vou de uber.
- Por favor! Entra. Assenti com a cabeça, ela saiu do lugar do motorista e pediu que eu guiasse. - Pode ser na sua casa, estou com tempo.
- Tá bom. - estranhei mas queria ficar perto dela.
- Sei que fui eu quem terminou, mas já está com outra? - ela esfregava as mãos, demonstrava a todo tempo estar nervosa.
- Realmente não é da sua conta, mas não estou. É apenas uma amiga.
- Sua ex você quer dizer né.
- Porque se importa tanto, se foi você que terminou. - ela não respondeu e seguimos em silêncio até chegar em casa.
Ao estacionar, vi Raquel saindo de um carro e logo atrás o rapaz que havia estado em casa.Assim que Dill os viu, se escondeu dentro do carro.
- Conhece eles Dill?
- Esse é o Renato, amigo do meu ex marido. - os olhei com desprezo, sabendo que foram eles que colocaram uma câmera em casa.
- Não sei porque se esconde, se é amigo de seu ex, conhece seu carro. - entrei em casa, ela veio logo atrás.
- Adriana! Foram aqueles dois que entraram na minha casa e nos filmaram! - falei com rispidez.
- Filhos da puta! - sentou e ficou bufando de raiva no sofá.
- Sabe porque eu não dei queixa deles? Por sua causa! Porque apesar de tudo, não quero o seu mal. Mas estou puta pra caralh*, pois você terminou comigo depois de dizer que me ama. - tentei em vão segurar as lágrimas.
- Me perdoa! ela se levantou e me puxou para junto dela num grande abraço. - Eu te amo. Te amo. Sinto sua falta. - segurou com carinho meu rosto, me beijou.
Nosso beijo foi entre lágrimas, das duas. Um beijo que carregava a dor de não poder ser quem éramos. Fomos juntas para o chuveiro, nos amamos como sempre, com carinho, com desejo, era sim o encontro de almas. Cada uma com seus fantasmas, mas o amor não era o que nos faltava. Por fim estávamos deitadas nuas na cama.
- Juliana! Vou dar 400 mil para que André saia da minha vida. Quero as provas contra mim e depois podemos ficar juntas. - ela parecia vibrar.
- E quem garante que ele não vá te chantagear de novo? Ainda mais com o amigo namorando a vizinha. - fui levantando para colocar roupa.
- Não vai! E sei lá. Eu venho quando ele não estiver. Me escondo. - tentou me puxar.
- E como você vai arrumar o dinheiro?
- Vou dar a loja para ele. - virei com cara de espanto.
- E vai viver de que? Você está se ouvindo? levei as mãos à cabeça. Você prefere perder tudo que conquistou a se assumir.
- O que vou fazer? Minha mãe vai ter um troço, não quero ser culpada e meu filho. - a interrompo.
- Por ele sim, entendo, mas ainda sim acho que você deveria conversar com ele. E como ficaríamos? Você vem aqui de vez em quando? Você virá dormir? teríamos uma vida de casal? - saí do quarto e fui para sala.
- Juliana tenta entender. - ela colocava depressa a roupa, sentou do meu lado no sofá. Respirei fundo, silêncio sepulcral.
- Eu entendo. Mas isso pra mim não é suficiente! Não somos mais crianças, não posso ficar na espera de um dia você querer sair do armário para podermos ter uma vida. Acho também que não deva dar o dinheiro à ele.
- Amor por favor! Vamos dar um jeito.
- Quero uma vida completa. Quero o pacote todo. Não quero viver de migalhas. Melhor continuarmos como amigas. Só espero que você se encontre, não se esconda nos preconceitos dos outros. Seja você, mas pra mim foi a última vez.
Ela não falou nada, suas lágrimas já diziam o dilema que ela estava vivendo. Pedi que saísse, precisava chorar, sem que ela visse.
PATRÍCIA POV
- Amor! Liga para aquele otário e acelera ele.
- Calma amor! Vou tirar uma graninha dele.
- Mais do que você já tirou! - ele gargalhou.
- Dei o bote errado, ele jurou que tinha mais dinheiro.
- Mas vai conseguir o dinheiro pra nossa nova piscina. - sentei sobre ele
- Vou! Queria mais! Mas o cara é um pobre coitado. Quem tem dinheiro é o pai da ex esposa. Pra não perder a viagem pedi para seu amigo fazer aquele favor lá em São Paulo. - gargalhamos juntos.
- Ele nem sonha!
DILL POV
- Alan! Coloca o despertador pra não perder a hora. Conseguimos uma consulta amanhã em São Paulo, conseguimos a cetamina. - falo logo que chego em casa.
- Aleluia mãe! Nossa. Eu vou ficar bom. Vamos ser felizes. Eu vou. Agora você precisa também. Tenho visto a senhora muito triste ultimamente. Saiba que te apoio em tudo. Sempre estarei do seu lado. - deu um beijo no meu rosto e foi dormir.
Foi um alento depois daquele dia.
Peguei meu celular e olhei as mensagens que o contador mandou. Cocei as têmporas. Não tinha muito a fazer.
Fim do capítulo
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HelOliveira
Em: 28/01/2025
A Dill podia acordar um pouquinho pra vida e não entrar nessa chantagem, e ainda pra variar o idiota do André tá caindo golpe....essa é a parte boa..kk
lorenamezza
Em: 29/01/2025
Autora da história
Sabe, então... acredito que muitas pessoas aceitariam a chantagem com medo de magoar os pais. Infelizmente, por se descobrirem muito tarde ,tem medo de que aconteça algo com eles. Agora, quantos Andrés existem por ai, que se apaixonam com a cabeça de baixo e perder o rumo.
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Mmila
Em: 28/01/2025
Muitas verdades em todo esse processo, e não é difícil de acontecer na vida real.....
lorenamezza
Em: 29/01/2025
Autora da história
Sim! A vida bate de frente e precisamos tomar decisões.
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