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Sombras e neon por thays_

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Palavras: 3854
Acessos: 201   |  Postado em: 24/01/2025

Vince

 

 Judy estacionou o furgão a algumas quadras do esconderijo de Vince. O motor parou e o silêncio da noite tomou conta do ambiente. Lux estava sentada no banco do passageiro, vestindo uma roupa completamente preta. Um par de coturnos robustos completava o visual, e em suas mãos, ela segurava uma touca ninja da mesma cor, girando-a entre os dedos. 

- Nervosa? – Judy quebrou o silêncio, seus olhos fixos no rosto de Lux. 

- Não. – Lux respondeu sem hesitar. – Estou acostumada. Mas dá pra sentir seu nervosismo daqui. 

Judy soltou um suspiro curto, seus olhares se cruzando pela primeira vez naquela noite. Lux estava tentando evitá-la desde aquele dia que tinha dormido acidentalmente em seu sofá. 

- Eu estou com medo de que algo dê errado. – Judy admitiu.  

 

Lux olhou para frente, evitando o contato visual.  

 

– Já lidei com coisas bem piores, Judy. 

Judy pegou um chip de dados e estendeu para a outra. 

- O que é isso? 

- Vai permitir que a gente se comunique. Você vai ouvir minha voz e vou acompanhar tudo pelas imagens do drone. 

Lux segurou o chip, examinando-o com uma mistura de curiosidade e hesitação. 

- Isso é seguro? – perguntou, num tom mais defensivo do que desconfiado. 

- Não tem vírus. Fui eu que projetei. Pode confiar. 

Enquanto Lux tentava processar tudo, Judy abriu a janela e lançou o drone. Pequeno, mas visivelmente equipado com tecnologia de ponta, ele flutuou silenciosamente ao lado do furgão. Judy ativou o controle remoto e uma tela holográfica apareceu no painel, mostrando a visão do drone em tempo real. 

 - Esse brinquedo deve ter custado um rim. – Lux comentou, os olhos fixos na tela, mas com um leve sorriso que não conseguia disfarçar. 

 - Dois, na verdade. – Judy respondeu, com uma risada baixa e espontânea que fez o sorriso de Lux se alargar.  

O clima ficou mais descontraído, mas havia algo no ar, uma tensão sutil que não passava despercebida e que estava cada vez mais presente entre as duas. Judy conduziu o drone até o esconderijo de Vince, rondando o local com cautela. Lux, porém, não conseguia deixar de reparar no quanto ela estava linda naquela noite.  

Judy usava uma regata branca que contrastava com as tatuagens que adornavam seu braço. A alça do sutiã preto aparecia de relance, suavemente desenhando a linha de seu ombro, e Lux se pegou por mais tempo do que gostaria admirando Judy.  Aquele desejo, latente e crescente, parecia invadir seus pensamentos a cada segundo que passava ao lado daquela mulher. Era algo que não conseguia entender, mas que definitivamente não podia ignorar. 

 - Você tá ouvindo o que eu tô falando? – Judy perguntou, com a voz baixa, mas firme, fazendo Lux se endireitar no banco. Ela tentou limpar a garganta, uma tentativa desajeitada de se afastar daquelas sensações e voltar ao foco. 

- Não. Você pode repetir? – Lux respondeu rapidamente, tentando esconder o desconforto em sua voz, mas não conseguiu disfarçar a leve evasão nos olhos. 

- Aonde está sua cabeça, Lux? – Judy perguntou.  

Lux desviou o olhar, como se quisesse se afastar da própria confusão que estava sentindo. Respondeu, tentando parecer casual, mas a defensiva estava clara em sua postura. 

- Só pensando nas possibilidades. – Ela deu de ombros, sem ousar encarar Judy diretamente. O tom frio foi o suficiente para manter a distância, mas os olhos de Judy não ajudavam a diminuir a sensação de que ela via além das palavras. 

- Tem três caras no portão principal. – A voz de Judy soou firme, profissional.  – Duas guaritas: uma na frente e outra atrás. Melhor entrar pelos fundos. Pegue o guarda da primeira guarita e, depois, o segundo, eles têm visão de tudo ali e precisam ser eliminados primeiro. Depois dá pra entrar sem chamar atenção dos outros. 

Lux assentiu e abriu a porta do furgão, mas parou quando ouviu Judy novamente. 

- Toma cuidado. – A preocupação na voz de Judy era quase palpável. 

Lux sorriu de leve, mas havia uma firmeza na resposta.  

– Prometi trazer Evelyn de volta pra você. E pra isso, preciso voltar inteira também. 

Antes de sair, Judy lembrou:  

– O chip. 

Lux o plugou na entrada em sua nuca. O som da voz de Judy, cristalina e próxima, invadiu sua mente, arrepiando cada fibra do seu corpo. 

- Está me ouvindo? 

- Sim. – A resposta saiu hesitante, o peso da situação começando a se manifestar.  

- Boa sorte. 

Lux fechou a porta do furgão e desapareceu na escuridão, o som de seus passos abafado pela terra úmida. Agora não era hora para sentimentalismo. Colocou o capuz sobre a cabeça. Silenciosamente caminhou pelas sombras até alcançar a parte traseira do esconderijo. Com movimentos ágeis, pendurou-se no muro e pulou para o outro lado, aterrissando sem um som sequer. 

Com seu implante ocular vasculhou a área antes de subir para a primeira guarita. Movendo-se com precisão calculada, aproximou-se do guarda e o neutralizou rapidamente, deixando o corpo inerte no chão da pequena estrutura. Enquanto inspecionava a guarita, ouviu a voz de Judy soar em sua mente, firme e baixa: 

- Abaixe-se. Não se mexa. O outro cara está olhando na sua direção.

 

Lux se abaixou imediatamente, seus sentidos em alerta. O silêncio foi quebrado pelo chamado do outro homem. 

 

- Fil? Tá tudo bem? 

A tensão aumentou. 

- Sai daí agora. – Judy ordenou. – Ele tá descendo e indo direto pra aí. Sai. Agora. 

- Não. Vou esperar ele subir e pego ele aqui. 

- Ele está armado, Lux. 

- Eu também estou. 

- Desce. 

A impaciência na voz de Judy era evidente, mas Lux não cedeu.  

– Você está me desconcentrando, Judy. Fique quieta. – Sua resposta foi cortante, enquanto ela firmava os dedos ao redor de sua pistola com silenciador. 

Os passos do homem ecoaram na escada. Lux permaneceu abaixada, cada músculo do seu corpo tenso. Assim que o guarda surgiu e viu o corpo do parceiro, ele mal teve tempo de reagir. Lux disparou três tiros precisos no peito do homem. Seu corpo tombou para trás, caindo ruidosamente pela escada. 

- Droga. 

 

A voz de Judy voltou com uma mistura de frustração e urgência: 

 

- Parabéns, Lux. Você acabou de alertar os outros caras. Já te falei pra sair daí. 

 

Lux praguejou em silêncio e saiu da guarita, movendo-se rapidamente para a lateral da casa. Seus olhos encontraram uma janela alta, entreaberta. Sem hesitar, ela saltou, segurando no beiral com força. Com agilidade, puxou-se para cima e se esgueirou pelo espaço apertado, entrando no prédio. 

Ao rastejar para dentro, sentiu um cheiro químico forte no ambiente. Fez uma varredura no local e encontrou éter, acetona, amônia anidra, benzina, entre outras substâncias para o preparo de drogas sintéticas. 

- Eles encontraram o corpo lá fora. – Judy informou, sua voz mais urgente agora. 

Lux saiu do quarto com a arma em punho, os sentidos aguçados. O corredor à sua frente estava mal iluminado. O primeiro homem apareceu no canto de sua visão, mas não teve tempo de reagir. Um disparo seco atravessou o silêncio, e ele caiu no chão com um baque surdo, um buraco preciso entre os olhos. 

Sem perder o ritmo, Lux avançou, o som de suas botas abafado pelo carpete gasto. Outro homem surgiu à sua frente, levantando a arma apressadamente. Mas ela foi mais rápida. Segurando a pistola com firmeza, disparou duas vezes, acertando o peito e a garganta dele antes que ele pudesse sequer apontar. Seu corpo caiu pesadamente, e Lux passou por ele sem olhar para trás. 

Chegando à sala, seus olhos se fixaram em dois homens sentados no sofá, seus corpos estavam largados como bonecos. Suas cabeças pendiam para trás, os rostos iluminados por flashes azulados vindos de uma tiara metálica conectada aos terminais neurais. Estavam mergulhados em alguma Neurodança, completamente alheios ao que acontecia ao redor. 

Lux não hesitou. Com dois tiros rápidos, neutralizou ambos, os corpos desabando ainda mais no sofá como se nunca tivessem percebido o perigo. O cheiro de pólvora começava a encher o ar, mas ela já estava em movimento novamente. 

Com passos silenciosos e respiração controlada, Lux subiu as escadas em direção ao segundo andar.  

- Quatro caras acabaram de entrar pela porta da frente. – A voz de Judy soou preocupada em sua mente. – Um está com um fuzil, os outros três com submetralhadoras. 

Lux não respondeu, estava focada no ambiente ao seu redor. Dois homens apareceram no corredor à sua frente. Sem pensar, abriu a porta mais próxima e entrou. Dentro, um homem pesava uma substância em uma balança. Antes que ele reagisse, Lux disparou, acertando-o no meio da testa. 

Ela atravessou o quarto rapidamente, recarregou a arma e saiu por outra porta. Atirou na cabeça de um e depois do outro, pegando-os pelas costas.  

- Eles estão subindo as escadas, Lux. – Judy avisou, o tom carregado de urgência. 

- Fica calma, Judy. – Lux respondeu, séria, mas firme. 

No final do corredor, ela abriu outra porta. Um homem de bigode estava sentado em uma poltrona, parecendo alheio ao caos ao redor. Seu olhar levantou, surpreso, quando Lux apontou a arma para ele. 

- Você é o Vince? – perguntou, sem baixar a arma. 

Antes que ele pudesse responder, um rapaz saiu das sombras, no canto da sala. 

- Eu sou o Vince. – disse, olhando diretamente para ela. – Quem é você? 

 

Sem dar tempo para explicações, Lux disparou e acertou dois tiros no peito do homem de bigode. 

 

- Puta que o pariu! – Vince gritou, levando as mãos à cabeça. Assustado com o que acabara de presenciar. 

Com um movimento rápido, Lux empurrou uma cadeira contra a porta, bloqueado sua abertura, e manteve a arma apontada para ele. 

- Evelyn Parker. Onde ela está? 

- Quem? 

- A doll que você comprou do Clouds. 

Vince parecia confuso, ou fingia estar. 

- Eu não sei do que está falando.  

Sem paciência, Lux disse: 

- Vou esvaziar esse pente em você se não me disser onde ela está. 

- Eu não sei o nome delas! – Vince ergueu as mãos ainda mais alto, tentando se justificar. 

O drone de Judy entrou pela janela chamando a atenção de Lux. 

- Não tem como ele não saber quem ela é! - A voz de Judy ecoou em sua mente, de forma nervosa. - 1,70, cabelo e olhos olhos azuis, corpo e rosto de fazer qualquer um parar. Como ele pode não saber quem ela é? 

 

Do outro lado da porta, golpes e vozes ecoavam. Estavam tentando arrombar. A adrenalina a mil. 

Com um movimento rápido, Lux golpeou Vince com a coronha da arma. O impacto foi seco, e ele caiu de joelhos com um grito abafado de dor. Sangue começou a escorrer do nariz dele, e ele levou a mão ao rosto, gem*ndo enquanto tentava se recompor. 

- Drexler. – Ele ofegou. – A maioria delas eu revendo pro Drexler. 

- Lux, preciso que você confie em mim. Você consegue saltar pela janela? – Judy perguntou, a preocupação clara em sua voz com os homens tentando arrombar a porta do outro lado. 

- Quem é esse cara? – Lux pressionou, ignorando a pergunta de Judy. 

Vince tossiu, cuspindo uma mistura de saliva e sangue no chão. 

- Lux, eles vão entrar em qualquer segundo! - Judy disse apressadamente. 

- Responda! - Lux gritou, enfurecida. 

- Ele produz ND’s de tortura, estupro, essas merd*s. Eu só... só vendo pra ele. Eu não mexo com essas paradas!  Eu juro!  

- Não mexe com essas paradas? - Ela retrucou, com sarcasmo frio. - Você só entrega as vítimas, é isso? 

A porta cedeu e tiros rasgaram a sala. 

- A janela, Lux! Agora! – Judy gritou. - Sai. Daí. Agora! 

Sem pensar, Lux correu em direção a janela e a estilhaçou com o peso de seu corpo. O vidro se despedaçou ao seu redor. Uma explosão a alcançou no ar, o calor intenso queimando sua pele. Ela não calculou sua queda e o impacto contra uma mureta quebrou seu braço. Urrou de dor. 

- Lux! Você tá bem? Me responde! – Judy perguntou extremamente preocupada. - Lux! Você está me ouvindo? 

- Sim. - Respondeu um pouco desnorteada.  

- Consegue andar? - Judy perguntou. 

Outra explosão fez o chão vibrar. Lux protegeu sua cabeça da forma como pode e viu alguns estilhaços da casa caindo ao seu redor.  

- Consigo. Eu acho. - Ela lutou para se levantar. 

- Sai daí agora. Estou indo te buscar na esquina. 

Lux caminhou com dificuldade. A casa agora estava sendo consumida pelas chamas. Quando viu o furgão se aproximando em alta velocidade, sentiu um alívio passageiro. A porta se abriu, ela entrou cambaleando. O som dos pneus cantando contra o asfalto preencheu o silêncio enquanto o furgão disparava para longe. Lux arrancou o capuz da cabeça, puxando o ar com extrema necessidade. 

- Porr*, Lux! – Judy exclamou, os olhos arregalados ao ver o braço dela. Ossos e cromo estavam expostos, rasgando a pele em um misto grotesco de carne e metal. 

- Me leva até Japantown. Preciso ver o Victor. – A voz de Lux era firme, mas tingida pela dor que ela tentava ignorar.  

Judy ainda estava em choque, uma mistura de euforia e pânico percorrendo seu corpo. Dirigia em alta velocidade pelas ruas da cidade, costurando o trânsito. 

- O que diabos foi aquilo?! – Lux perguntou, um misto de raiva e curiosidade evidente na voz. 

 - Eu forcei o drone a se autodestruir.  

- O quê?! – Lux quase gritou, incrédula. – Você explodiu o drone? 

- Isso mesmo que você ouviu. 

- Ele custava uma fortuna! Por que você fez isso?! 

A frustração na voz de Judy foi evidente: 

- Pra te salvar, sua idiota!  

Ela ficou paralisada, o peso daquelas palavras a atingindo de maneira que ela não sabia lidar. Não sabia como lidar com o fato de que alguém, depois de todas as atrocidades que ela já tinha cometido, ainda estava disposta a salvá-la. 

- Estava tudo sob controle, Judy. Você não precisava ter feito isso. 

- Controle?! - Judy retrucou, a voz embargada. - Que droga, Lux! Aqueles caras iam te matar num piscar de olhos! 

 - Eu não pedi sua ajuda, Judy. - O tom de Lux saiu mais duro do que pretendia, a mandíbula tensa. A presença de Judy, sua insistência em salvá-la, fazia com que ela se sentisse exposta, vulnerável. 

 Judy congelou por um momento, a frieza das palavras de Lux a atingindo como um golpe. Ela abriu a boca para responder, mas nada saiu. O nó que se formava em sua garganta subiu rapidamente, e seus olhos marejaram antes que pudesse conter. Ela desviou o olhar, secando uma lágrima com a manga da blusa. 

 O silêncio que se seguiu foi sufocante, quase doloroso. Lux sentiu o peso daquilo no peito, mas não conseguia lidar com a confusão que se agitava dentro dela. Judy tinha razão em agir, mas aceitar isso significava admitir que ela precisava ser salva... e isso doía mais do que qualquer ferida. 

 - Judy... Olha, me desculpe. - A voz de Lux finalmente saiu, baixa, carregada de arrependimento. - Eu não devia ter falado assim com você. 

 Judy ergueu a cabeça, mas não olhou diretamente para Lux. Sua voz saiu trêmula: 

 - Só cala a porr* da boca... e tenta não morrer até a gente chegar. 

 

O furgão parou em frente à Esotérica da Misty. A loja, discreta e aconchegante, contrastava com o caos da cidade ao redor. A porta de madeira escura, decorada com símbolos místicos, parecia um portal para um outro mundo, longe das luzes e da correria de Night City. Ao entrarem, o aroma doce e intenso de incenso envolvia o ar, as prateleiras estavam abarrotadas de cristais, livros esotéricos e amuletos criando uma atmosfera misteriosa. As paredes estavam cobertas de símbolos astrais e uma música suave preenchia o ambiente, contrastando com o desespero das duas que adentraram por ali. 

Misty estava atrás do balcão, vestindo roupas simples, mas com um olhar profundo e sereno, como se soubesse mais do que aparentava. Quando viu as duas, seu semblante se preocupou por um momento, mas logo ela fez um gesto para que se aproximassem. 

 - Venha Lux, pode passar. – Ela indicou o corredor nos fundos da loja, onde o ambiente mudava de tranquilo para mais funcional, como um caminho secreto. 

Elas caminharam em direção à porta que levava à parte dos fundos. Misty se afastou, abrindo espaço entre as pilhas de objetos, permitindo que as duas seguissem em frente. 

Nos fundos, um beco sombrio revelava uma escada estreita que descia para o subsolo. Victor Vektor era um especialista em implantes cibernéticos e fornecia uma variedade de serviços de modificações e melhorias.  

Seu consultório era basicamente uma oficina adaptada para os serviços de um ripperdoc. O espaço tinha uma iluminação fria, com lâmpadas de neon e alguns fios expostos, o que trazia uma sensação de algo improvisado, mas ainda assim muito bem organizado. As paredes eram de concreto e metal, e o ambiente era meio apertado, trazendo uma atmosfera meio claustrofóbica. 

- Traga-a até aqui. - Victor disse de prontidão, apontando para sua cadeira de couro escuro que lembrava muito uma cadeira de dentista. Ao redor, monitores e equipamentos cibernéticos pulsavam com uma luz fria.   

Ele era um homem de meia-idade, com cabelos grisalhos curtos e ligeiramente arrepiados, além de uma barba rala que acentuava seu ar de experiência.  Ele vestia roupas simples, geralmente uma camiseta básica e um avental branco surrado. Usava óculos de armação metálica robusta, que pareciam ser tão funcionais quanto estilizados, combinando com o ambiente tecnológico de Night City. 

Sem questionar, Lux obedeceu e sentou-se ali. Ele injetou um analgésico forte em sua veia e o alívio chegou quase instantaneamente. Seus olhos pesaram, e a última coisa que viu foi Judy. 

Lux despertou aos poucos, como se emergisse de um sonho profundo e pesado. Tentou abrir os olhos, mas parecia impossível. As pálpebras pesavam como chumbo, e um cansaço intenso consumia cada fibra de seu corpo. Ouvia ao fundo as vozes de Victor e Judy, mas não conseguia entender o que eles estavam falando, era apenas um burburinho confuso. Aos poucos seus sentidos foram voltando e começou a tentar mexer seu corpo, sentindo ainda os efeitos da medicação. 

- Ela acordou! - Judy anunciou, aliviada.  

- Como está se sentindo? - Vektor perguntou. 

- Meio grogue... E meu braço? 

- Novo em folha. Mas vai ter que maneirar. Sem mais saltos por janelas por alguns dias. 

Lux soltou um riso fraco. Tentou se levantar, mas o corpo não ajudou. Victor e Judy a apoiaram, um de cada lado. Judy estava tão próxima que o perfume dela invadiu os sentidos de Lux, provocando um desejo inesperado de se aninhar ali e nunca mais sair. 

- Quer ficar aqui hoje, Lux? - Victor sugeriu. 

- Não, só preciso da minha cama agora. 

- Você pode ficar de olho nela? - Victor pediu a Judy. 

- Claro. Vou cuidar dela. 

Lux congelou por um instante, as palavras de Judy soando mais fortes do que deveria. "Vou cuidar dela." Algo sobre essa frase fez o peito de Lux apertar, uma sensação que ela não estava acostumada a sentir. Observava os dois conversando, como se fosse apenas uma espectadora. 

- Não a deixe fazer esforço físico nos próximos dois dias. A cicatrização dela é mais rápida do que talvez você esteja acostumada a presenciar, mas mesmo assim ela vai sentir dor. Dê isso a ela de 12 em 12 horas. - Ele lhe entregou quatro ampolas de analgésicos. 

Lux levantou-se com um braço apoiado em uma tipoia. Ainda que seus ossos fossem revestidos de cromo, as terminações nervosas faziam questão de lembrá-la que era humana. 

- Consegue andar? - Judy perguntou. 

- Consigo. Quanto te devo, Victor? - Lux quis saber, sua voz soou morosa. 

- Já está pago. 

- O quê? - Lux olhou para Judy, surpresa, buscando alguma explicação em seu olhar. 

- Depois falamos sobre isso. - Judy desviou, tentando encerrar o assunto, enquanto segurava delicadamente o braço de Lux. 

 O toque foi leve, mas firme o suficiente para transmitir cuidado, como se Judy dissesse, sem palavras, que estava ali por ela. Lux ficou momentaneamente desconcertada. Não estava acostumada a ser tratada daquela forma - com gentileza, sem expectativas ou julgamentos. Havia algo naquela proximidade que a fazia baixar a guarda, mesmo que fosse contra sua natureza. 

- Lux, como seu médico, preciso ser direto. - Victor suspirou, cruzando os braços. Sua expressão era grave, mas não havia julgamento, apenas preocupação. - Já conversei com Judy, mas acho importante que você ouça isso diretamente de mim: esta é a terceira vez neste mês que você aparece aqui com ferimentos graves. 

Lux desviou o olhar, desconfortável. O peso da presença de Judy ao lado tornava o assunto ainda mais difícil de enfrentar. Victor percebeu, mas não recuou. 

- Nós já falamos sobre suas questões emocionais e acredito sinceramente que isso esteja afetando seus reflexos. - Ele ajustou os óculos antes de continuar. - Seus níveis de cortisol estão absurdamente altos. A serotonina? Praticamente estagnada. E sua noradrenalina, Lux... está nas alturas. Você tem que dar uma pausa. Suas modificações neurais estão no limite. Você não pode ir além disso sem consequências sérias. Entende o que estou dizendo?  

Ele fez uma pausa, deixando o silêncio pairar, como se desse a ela tempo para absorver as palavras. Mas Lux permaneceu em silêncio, o semblante tenso. 

- Você não me disse a última vez que estava querendo ir embora de Night City?  

Judy a olhou, a surpresa clara em seus olhos. Por um instante, parecia não acreditar no que acabara de ouvir. Sua expressão oscilou entre a incredulidade e uma pontada de dor que ela não conseguiu disfarçar.  

 - Ir embora...? - A voz de Judy saiu baixa, quase um sussurro. O impacto das palavras parecia se refletir em cada detalhe de seu rosto. Ela cruzou os braços, como se tentasse se proteger de algo invisível. Então Judy recriminou a si mesma. Quem ela pensava que era para indagar algo assim a alguém como Lux. Independente, inabalável, inalcançável... 

- Não agora. - A voz de Lux cortou o silêncio, firme, mas carregada de algo que Judy não conseguiu identificar de imediato - Eu prometi que vou te trazer a Evelyn de volta. E eu não vou descansar enquanto não encontrá-la.  

Victor a observou, seu semblante suavizando um pouco. Ele sabia que não a convenceria. 

- Faça como achar melhor - respondeu, a voz cansada, mas ainda gentil. - Estarei aqui se precisar de alguma coisa. Não me leve a mal, Lux. Eu só falo isso porque me preocupo.  

- Obrigada, doutor. - Judy interveio educadamente, o tom mais suave, mas ainda carregado de tensão. 

Lux apenas acenou com a cabeça, sua expressão indecifrável. Saíram juntas dali, o silêncio entre elas tão denso quanto as luzes que piscavam lá fora. 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Agradeço a vocês que estão acompanhando! 

Comentários são muto bem vindos e me deixam muito feliz :D

Qual vocês acham que foi o principal erro nessa missão?

Até breve!


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Comentários para 4 - Vince:
alexvause
alexvause

Em: 03/02/2025

nao sei se teve algum erro essa missao, acho só que a lux podia ouvir mais a judy, só isso

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Dessinha
Dessinha

Em: 26/01/2025

Mais uma bela surpresa, hein Thays! Sensacional esse aqui. A gente viaja na leitura, teletransportando-se para Night City.  


thays_

thays_ Em: 27/01/2025 Autora da história
Dessinha!! Que bom ver você por aqui!! Fico feliz que esteja gostando! :DD


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Dessinha
Dessinha

Em: 26/01/2025

Mais uma bela surpresa, hein Thays! Sensacional esse aqui. A gente viaja na leitura, teletransportando-se para Night City.  

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Mmila
Mmila

Em: 25/01/2025

Lux é muito confiante, mas também impulsiva.

Nessa missão o suporte de Judy foi essencial.

E vamos aos próximos capítulos intensos.


thays_

thays_ Em: 27/01/2025 Autora da história
Lux é extremamente impulsiva, acha que não precisa de ninguém, mas é tudo fachada. Acredito que se ela tivesse ouvido Judy as coisas teriam terminado de outra forma, mas ela é orgulhosa demais pra admitir.
Até breve, Mmila!!


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