Sombras e neon por thays_
Talvez a gente precise de mais café
Judy abriu a porta com cara de sono, vestindo uma camiseta larga que ia até metade de suas coxas, suas pernas estavam desnudas. Os cabelos bagunçados e a expressão de quem acabara de acordar deveriam passar um ar desleixado, mas para Lux havia algo inesperadamente bonito nela. Ela demorou um segundo a mais do que deveria para falar.
- Esperando alguém? - Perguntou, a voz carregando um tom suave, quase brincalhão.
- O que está fazendo aqui? - A outra perguntou com um tom sério.
- Precisamos conversar sobre os próximos passos.
- Como assim? São quatro da manhã, Lux.
- Posso entrar?
Judy franziu o cenho, mas deu espaço para que Lux passasse, seus movimentos refletindo uma mistura de irritação e curiosidade.
- Você não escolhe momentos melhores, hein?
Lux entrou devagar.
- Eu posso ficar aqui um pouco? Até a poeira baixar.
Judy cruzou os braços e fechou a porta com um leve estalo.
- O que aconteceu?
- Acabei de sair do Clouds. Dei um fim no Forrest… Ele não vai incomodar mais ninguém.
- O gerente do Clouds?! - Judy deu um passo para trás, surpresa, seu tom quase incrédulo. - Você está dizendo que o matou?
- Ele merecia, Judy. - A voz de Lux soava firme, mas havia uma tensão sutil no jeito como evitava os olhos de Judy.
- E você veio direto para o meu apartamento depois disso? - Judy parecia irritada, mas ao mesmo tempo extremamente preocupada.
- Ninguém me seguiu. Eu não deixo rastros.
Judy ligou a tela do notebook em uma mesinha de sua sala exibindo algumas câmeras de segurança, talvez a procura de alguma atividade suspeita.
- Eu sou a melhor no que faço. Jamais viria até sua casa se soubesse que estava sendo seguida. Fique tranquila.
Judy soltou um suspiro e sentou-se no sofá, puxando uma almofada para o colo.
- Você descobriu algo sobre a Evelyn?
- Sim. - Lux desviou o olhar.
- O que houve? Me conte.
- Ela foi agredida por um cliente. - Lux revelou. - Um cara chamado Jaxon Thorne.
- O que? Como deixaram algo assim acontecer dentro do Clouds?
- Parece que isso é uma prática comum. Tem um cara chamado Vince que é responsável por se livrar dessas dolls que, para eles, não tem mais serventia.
Judy arregalou os olhos, a indignação imediatamente tomando conta de sua expressão.
- Se livrar delas? - Ela repetiu, a voz falhando levemente. - Como se fossem… lixo?
Lux apenas assentiu, o olhar ainda baixo, mas sua postura rígida denunciava o desconforto que sentia ao falar sobre aquilo.
- Isso é… monstruoso. - Judy apertou a almofada contra o peito, como se tentasse conter a revolta. - E ninguém faz nada? Eles só… deixam isso acontecer?
- O Forrest deixou bem claro que pra ele era só um negócio. - Lux levantou o olhar, encarando Judy com seriedade. - Essas garotas são vistas como produtos descartáveis.
Judy se levantou abruptamente, começando a andar de um lado para o outro, a indignação transbordando em cada movimento. Lux desviou o olhar, cada gesto de Judy tornava impossível ignorar o quanto ela era bonita.
- Se você não o tivesse matado eu mesma faria isso. - A voz de Judy saiu carregada de emoção. - Isso tem que acabar. Não é justo. Nenhuma delas merece isso.
- Por isso estou atrás do Vince. Ele sabe o que aconteceu com a Evelyn. - Lux respondeu, sua postura permanecendo calma, mas havia um tom cortante em sua voz. - E também vou lidar com o Jaxon, o desgraçado que fez isso com ela.
Judy parou, olhando diretamente para Lux, a decisão já formada em sua mente.
- Eu vou com você.
Lux piscou, surpresa.
- O quê?
- Você me ouviu. Eu vou com você. - O tom de Judy era firme, quase desafiador.
- Não. - Lux cruzou os braços. - Você fica aqui. Isso é comigo. Foi pra isso que você me contratou.
- Eu não ligo! - Judy deu um passo à frente determinada. - Eu quero acabar com ele pessoalmente.
Lux inclinou a cabeça, estreitando os olhos como se estivesse avaliando Judy.
- Judy, isso não é brincadeira. - Sua voz saiu mais baixa, mas ainda firme. - Eu lido com gente como ele todos os dias. Você não.
- E o que isso muda? - Judy rebateu, sua frustração crescendo. - Você acha que eu não sei o que esses caras fazem?
- Eu já perdi pessoas… pessoas que achavam que podiam lidar com isso. Não vou deixar que isso aconteça com você também.
Por um instante, o rosto de Aurora atravessou sua mente. O sorriso dela, o jeito despreocupado com que encarava o perigo, a confiança quase ingênua de que tudo daria certo. E o som abafado do disparo que acabou com tudo. Lux fechou os punhos, expulsando a memória antes que ela a consumisse.
- Mas... - Judy já iria argumentar, Lux a cortou.
- Eu não quero que mais ninguém morra por minha causa, ok? Você fica aqui, segura na sua casa. Eu resolvo o resto.
O silêncio pairou entre elas, o olhar das duas se cruzaram por longos segundos até Lux desviar, soltando um suspiro pesado. Judy engoliu em seco, a dúvida se infiltrando em sua voz.
- Você acha que ela ainda está… viva?
Lux hesitou. Ela não sabia. Apenas ficou em silêncio.
Judy virou as costas e caminhou até a varanda, tentando processar o peso da possibilidade de Evelyn ter morrido. Lux ficou onde estava, observando-a, mas o desconforto a fez agir. Ela respirou fundo e foi atrás dela.
Na varanda, Judy encarava a cidade, os olhos brilhando com lágrimas que teimavam em não cair. Quando Lux se aproximou, Judy se virou lentamente, a vulnerabilidade estampada em seu rosto. Lux sentiu um aperto no peito. Ela nunca soube lidar com mulheres chorando, era como se algo dentro dela desmoronasse. Ver Judy assim, tão abatida, mexia com ela de uma maneira que odiava admitir.
- Eu não quero que ela morra, Lux. - Sua voz falhou, um sussurro quebrado. - Ela não pode morrer.
Antes que Lux pudesse dizer qualquer coisa, Judy deu um passo à frente e a envolveu em um abraço apertado como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo pra ela.
Lux congelou, completamente pega de surpresa. O gesto a fez lembrar de seu encontro com Skye no Clouds. Quando a doll a abraçou, foi um gesto calculado, quase terapêutico, feito para apaziguar suas emoções. Skye a fez se sentir momentaneamente confortável, mas era um conforto vazio, uma simulação destinada a desaparecer assim que o tempo acabasse.
Mas com Judy… aquilo era diferente. O toque era real, carregado de emoção genuína. Não havia roteiro, não havia uma barreira profissional entre elas. E isso a assustava mais do que qualquer coisa. O abraço de Judy carregava uma vulnerabilidade que exigia uma resposta verdadeira, algo que Lux não sabia como oferecer.
- Judy… - murmurou, sem jeito, os braços ainda ao lado do corpo.
- Eu só… eu não posso perder mais ninguém. - A voz de Judy saiu abafada contra o ombro de Lux.
Lux engoliu em seco, sentindo o peso do desespero de Judy em cada palavra. Lentamente, quase como se temesse quebrar algo dentro de si, ergueu os braços e devolveu o abraço com hesitação. O calor daquele momento a desconcertava, mas ela não conseguia afastar Judy.
- Eu vou fazer de tudo pra trazer ela viva pra você. - Lux disse finalmente, sua voz firme, mas baixa.
Judy apertou os braços ao redor dela mais uma vez antes de se afastar, limpando o rosto rapidamente.
- Obrigada. - Sua voz ainda estava baixa, mas cheia de sinceridade.
Lux permaneceu onde estava, os braços cruzados, tentando esconder o turbilhão interno. O calor do abraço de Judy ainda parecia pairar em sua pele, e a intensidade daquele momento a deixava desconcertada. Enquanto olhava para Judy, percebeu que aquele abraço tinha significado mais do que ela estava preparada para aceitar.
- Talvez seja melhor eu ir. - A voz de Lux saiu mais baixa do que ela esperava, quase um murmúrio.
- Não. - Judy respondeu rapidamente, limpando os olhos com as costas das mãos. - Nós vamos encontrar esse cara.
Ela virou para Lux agora determinada, como se uma faísca de força tivesse substituído suas lágrimas.
- Eu vou procurar ele na Rede. Vem comigo. - Judy disse voltando para a sala.
Sem esperar resposta ela sentou-se no sofá, cruzou as pernas por baixo de si de uma forma relaxada e equilibrou o notebook no colo. Lux a seguiu e hesitou por um instante, sem saber se sentava ou não ao seu lado, porém o fez. Judy começou a trabalhar compenetrada e Lux tentava se concentrar na tela, mas seus olhos vez ou outra escapavam para Judy, para os traços suaves em seu rosto, a forma ágil com que ela digitava e navegava por camadas de sistemas.
Judy trabalhava com uma precisão quase hipnótica, os dedos voando sobre o teclado, o olhar fixo e intenso. Lux observava em silêncio, incapaz de não admirar a habilidade e a beleza dela. O barulho rítmico das teclas passou a ser o único som preenchendo o ambiente, quase como uma melodia que trazia uma estranha sensação de calma.
Enquanto isso, Lux começou a perceber os detalhes ao seu redor. O apartamento de Judy tinha um aroma único, uma mistura de algo fresco e levemente adocicado, com um toque de café no ar. Era acolhedor e parecia refletir a própria Judy, como se aquele aroma fosse parte dela.
Lux suspirou. Não estava acostumada com esse tipo de proximidade, mas, de alguma forma, isso não parecia ruim. Não parecia perigoso. Pelo contrário, era reconfortante.
Sentiu o peso das últimas horas começar a se acumular. Desde a missão no Clouds, seu corpo estava em alerta, cada músculo tenso, cada pensamento afiado como uma lâmina. Havia sido uma longa noite: intensa, perigosa, cheia de decisões que exigiram mais dela do que gostaria de admitir.
Ela ajeitou o corpo no sofá, permitindo-se afundar nos estofados. Fechou os olhos por um instante, mas o cansaço venceu rapidamente. Sua mente começou a vagar, os pensamentos se tornando nebulosos. Em poucos minutos, seus olhos pesaram, e antes que pudesse lutar contra, adormeceu ali mesmo.
Acordou na manhã seguinte e percebeu que havia uma manta sobre seu corpo. Olhou ao redor, os olhos ainda pesados, demorando alguns segundos até lembrar-se de onde estava. Judy estava sentada agora na ilha da cozinha, ainda trabalhando em seu notebook. Tomava um café e comia algumas bolachas. Lux sentiu uma pontada de desconforto ao perceber onde havia adormecido. Aquilo não era de seu feitio.
- Venha ver o que descobri. - Judy disse de maneira prática, compenetrada na tela a sua frente.
Ainda sonolenta, Lux se levantou. Atravessou o pequeno loft com hesitação quase imperceptível e parou ao lado dela. Judy lhe ofereceu uma xícara de café.
- Puro ou com leite? - Perguntou, com um brilho sutil no olhar.
- Puro. - Lux respondeu, estranhando a simplicidade do gesto. Era como se, em algum momento, tivesse desaprendido a compartilhar momentos tão triviais.
Judy fixou seu olhar no dela por alguns segundos e lhe deu um sorriso de canto de boca.
- Você podia ter me acordado. - Lux disse, desviando o olhar para a xícara. - Eu voltava pro meu apartamento.
- Eu tentei. - Judy respondeu sem pressa. - Mas você dormiu igual uma pedra, então achei melhor deixá-la descansar.
As palavras atingiram Lux como um lembrete desconfortável de sua própria falha. Ela tomou um gole do café, deixando que o calor queimasse um pouco sua língua, enquanto evitava encarar Judy, que parecia ter uma habilidade desconcertante de mantê-la no foco de sua atenção.
- Me conte o que você descobriu. - Lux murmurou, ansiosa para mudar de assunto.
- Ah... sim. Venha aqui ao meu lado, irei te mostrar.
Lux hesitou, mas se aproximou, parando ao lado de Judy. Aquela proximidade parecia perigosa. Ela sabia que não podia se distrair com coisas desse tipo, mas o perfume de Judy pareceu envolver seus pensamentos como uma armadilha sutil. Ela reprimiu um suspiro, tentando ignorar a sensação que aquela mulher lhe causava.
- Veja. - Judy lhe apontou na tela, na qual havia um mapa de Night City. Ela foi aproximando o zoom até chegar a uma casa em Pacifica. Não havia nada de extraordinário à primeira vista.
- Esse é o esconderijo do Vince. Ele é o chefe de uma gangue e coordena operações de tráfico de drogas. Eu não encontrei nada a respeito de descarte ou tráfico de dolls, mas não custa dar uma olhada já que você tem provas de que ele está ligado com isso. É melhor agirmos durante a noite. Eu posso sondar a área com um drone antes de você entrar. Podemos descobrir os pontos fracos deles.
- Você me contratou para que eu resolvesse isso. Você não tem que se envolver na parte prática.
- Eu não vou entrar, vou só fazer o que sei de melhor. - Judy clicou em um ícone na tela, exibindo a imagem de um drone que parecia ter tecnologia militar. - Ele é rápido e quase imperceptível. Vai me dar uma visão clara de toda a área antes de você agir. Eu sou boa com tecnologia, você é boa em matar pessoas. Podemos fazer isso juntas.
Lux apertou os lábios, visivelmente desconfortável. Ela não queria que Judy fosse colocada em perigo. Não queria que mais ninguém morresse sob sua responsabilidade tal como Aurora tinha morrido. A lembrança ainda era vívida - o corpo inerte, o silêncio ensurdecedor. Outra morte... não, ela não podia carregar mais um peso como aquele.
- Não quero que você se arrisque - disse Lux, finalmente, desviando os olhos da tela para o café em suas mãos.
Judy deu um sorriso de canto, o olhar firme, mas com uma gentileza inesperada.
- Eu sei o que estou fazendo, Lux. Não sou apenas uma hacker trancada em um quarto. Sei como usar isso a nosso favor.
O tom confiante da Judy a desarmava de um jeito que poucas coisas conseguiam. Lux tomou um gole de café, o calor confortando-a momentaneamente, enquanto tentava esconder o turbilhão de pensamentos que passava por sua mente.
- Vamos resolver isso juntas, ok? - insistiu Judy, sua voz calma, mas cheia de determinação.
Lux assentiu levemente, ainda sem confiar totalmente na ideia. Ela sabia que aquele trabalho era perigoso, mas, de alguma forma, a ideia de Judy estar por perto era ao mesmo tempo um alívio e uma inquietação.
- Está em todos os noticiários a morte do Forrest. - Judy disse mudando de assunto. - Você é realmente boa... Estão cogitando que foi alguém lá de dentro que o matou, pois não existem marcas de arrombamento, nem de invasão. Mas me diga, como que você conseguiu entrar no Clouds?
- Eu entrei como cliente, como sempre faço. - Lux respondeu sem pensar, mas no instante em que as palavras saíram, arrependeu-se profundamente. O sangue pareceu subir ao seu rosto, e ela desviou o olhar, amaldiçoando sua falta de atenção.
- Você costuma frequentar o Clouds? - perguntou Judy. O tom parecia estar em algum lugar entre curiosidade e surpresa, o que só aumentou o desconforto de Lux.
- Às vezes. - Lux murmurou, desviando o olhar.
- Isso é muito curioso. - Judy fez uma pausa - Você parece ser do tipo que pode conquistar qualquer garota que quiser, mas prefere pagar.
Judy então a observou com uma intensidade que pareceu atravessá-la e Lux sentiu um aperto no peito. Desde que Aurora tinha partido, ela não tinha permitido se aproximar de ninguém. Sentiu uma onda de desconforto percorrendo seu corpo, mas ao mesmo tempo algo em seu peito pareceu se aquecer. Era como se Judy estivesse sugerindo que ela era alguém atraente, alguém que valeria o esforço. Isso a fez se sentir... vista. E ela não sabia o que fazer com aquilo. Ali na frente dela tudo pareceu complicado demais.
- Talvez eu só tenha aprendido a viver sem laços. Na vida que eu levo eles não são uma opção. - Lux respondeu na sequência, tentando soar indiferente.
Judy inclinou levemente a cabeça, como se estivesse avaliando o que Lux acabava de dizer. Depois de um breve silêncio, deu um sorriso de canto.
- Eu não estou te julgando por isso, apenas achei curioso. Além do mais, você sabe que eu não sou exatamente um exemplo de virtude. O que mais dá lucro com ND’s são os conteúdos XXX. Não é como se eu tivesse escolhido um caminho muito mais puro.
Lux arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços enquanto a observava.
- E por que você foi pra esse ramo? - perguntou, deixando escapar uma ponta de curiosidade.
Judy deu um meio sorriso e ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha.
- O que eu ganho em um único dia de trabalho é mais do que ganharia em um mês fazendo qualquer outra coisa – exceto o que você faz, mas nunca matei ninguém e não levo jeito pra isso. Mas, ao contrário do que acontecia há décadas com esse tipo de conteúdo, nas Neurodanças não há espaço para fingimento. E, acima de tudo, os atores que trabalham comigo nunca passam por nenhum tipo de exploração durante as filmagens, como acontece em outros lugares. Então a qualidade do que produzo é considerada uma das melhores no mercado.
Lux inclinou a cabeça levemente, o olhar curioso ainda cravado em Judy.
- Você gosta do que faz? Digo...
Judy a interrompeu, os olhos fixos nos de Lux, um brilho desafiador neles.
- Se eu sinto tesão?
Lux sentiu uma pontada gostosa entre as pernas com o rumo daquela conversa, mas seu rosto permaneceu impassível. Judy continuou, ainda olhando diretamente pra ela.
- Depende. Geralmente estou mais preocupada com questões técnicas como qualidade de áudio, vídeo, do que com o conteúdo em si. Mas, sim, em algumas gravações não tem como fingir que aquilo não causa nenhuma reação em mim. Principalmente quando são duas mulheres.
Ela fez uma pausa observando a reação de Lux que desviou o olhar, tentando se recompor. Judy apenas deixou as palavras pairarem no ar antes de inclinar-se ligeiramente para frente, um sorriso provocativo curvando seus lábios.
- Quer ver alguma coisa que eu gravei?
Lux já estava com o rosto e todo o corpo quente. Apertou os lábios por um segundo antes de responder:
- O quê? Não.
Judy sorriu de lado.
- Não é isso que eu procuro no Clouds. Nem em lugar nenhum. Eu não pago por sex*, se é o que está querendo saber. - Lux nem sabia por que estava se explicando para Judy.
Judy arqueou as sobrancelhas, claramente surpresa com a confissão inesperada.
- Sei lá, você não entenderia.
Judy inclinou levemente a cabeça, os olhos avaliando Lux com uma mistura de curiosidade e algo mais profundo. Ela respondeu:
- Talvez eu não entenda completamente, mas eu sei o que é se sentir sozinha. Não é fácil.
Os olhares das duas se encontraram, como se o ar ao redor tivesse ficado mais denso. Um silêncio cheio de significados pairou entre elas, enquanto o perfume de Judy flutuava no espaço, envolvendo Lux e fazendo-a perder o foco por um instante.
- E talvez a gente precise de mais café. - Judy disse, quebrando o momento com um sorriso de canto, pegou a xícara de Lux e caminhou até a cafeteira.
Lux soltou um suspiro aliviado, mas também sentiu um estranho vazio. Como se, por um momento, algo importante estivesse à beira de acontecer e tivesse escapado.
- E Jaxon Thorne? - Perguntou, inclinando-se levemente para frente. Sua voz soou um pouco hesitante, mas firme o suficiente para redirecionar o foco. - Onde posso encontrá-lo?
- Em Kabuki. Ele foi difícil de localizar. Vou te enviar a posição exata. - Judy respondeu, pegando um tablet próximo e digitando rapidamente.
- Obrigada. - Lux assentiu, o peso da conversa ainda pairando no ar. Passou os dedos pela borda da xícara antes de suspirar, desviando o olhar. - Acho que está na hora de eu ir. Ainda tenho trabalho pela frente.
Judy inclinou a cabeça levemente, observando-a com atenção. Seus olhos revelaram algo próximo ao desapontamento, como se esperasse que Lux mudasse de ideia, que decidisse ficar só mais um pouco.
- Tem certeza? - perguntou Judy. - Ainda tem café.
Lux hesitou por um momento, mas logo balançou a cabeça.
- Não... obrigada. Eu realmente preciso ir. - Sua voz saiu baixa, carregada de uma tensão que parecia pesar em cada palavra.
Colocou a xícara sobre a mesa com um movimento quase mecânico e saiu do apartamento com passos rápidos, como se estivesse fugindo de algo que não soubesse nomear.
Fim do capítulo
Oi, pessoas lindas! (:
Será que a Evelyn ainda está viva?
Comentários são super bem-vindos! Vou adorar saber o que estão achando!
Agradeço de coração a todos que estão acompanhando a história. Vou tentar atualizar pelo menos 1 vez por semana, mas como tenho alguns capítulos prontos, quem sabe eu consiga postar com mais frequência!
Até breve!
Comentar este capítulo:
Mmila
Em: 21/01/2025
Uma boa tensão se formando.
Gostando do desenvolvimento da história.
Fique à vontade autora para postar mais capítulos em prazos
mais curtos.
Mas, tudo a seu tempo.
thays_
Em: 24/01/2025
Autora da história
Obrigada por estar acompanhando e obrigada por estar marcando presença aqui nos comentários :DDD
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