CAMPINAS
JULIANA POV
- Oi Dill Como foi o seu dia? - suspiro forte.
- Que houve Ju? - abro a porta do carro, e dou um beijo em seu rosto antes que ela entre no carro.
- Hoje foi duro. Tivemos de colocar alguém com uma toalha perto das arquibancadas para que os torcedores não cuspissem nos jogadores. Por sorte não pegou na gente e muita reclamação.
- Nossa arquibancada é mais longe, não tivemos problemas com isso. - fez carinho em meus cabelos antes de deitar em meus ombros.
- Só tomar um banho que passa. Vamos jantar num restaurante japonês na Francisco Glicério que é bem ao lado de um bar lgbt.
- Tem certeza? Eu nunca estive num bar assim, nem sei como me comportar.
- Vou te levar para sua primeira festa gay. - sorri mostrando os dentes.
- Será que tem gente da nossa idade?
- Bom, uma pessoa da sua idade eu garanto. - pisquei
- Ok! Então para mim já basta.
Tomamos um banho rápido, a medi da cabeça aos pés , assim que ela saiu do chuveiro. Ela vestia uma calça jeans colada, marcando as pernas, uma blusinha de alça com um decote privilegiado seus fartos seios, cabelos soltos semi despenteados.
- Que foi Ju? Estou feia.
- Não Adriana! Você está linda. - a puxei para junto de mim e a beijei o beijo mais apaixonado.
- Nossa! Fiquei sem ar. - ela sorria em meus braços.
- Você é minha melhor escolha de todos os dias. - dei um selinho rápido e fui terminar de me arrumar.
Saímos rápido, o caminho não era longo, se não tivesse trânsito, seria rápido. Por sorte, a cidade estava tranquila naquele fim de semana e chegamos rápido.
- Fico espantada com quantas coisas você conhece. - Dill mostrava um leve sorriso.
- Apitei muito logo que saí da faculdade, viajei muito com campeonatos. Mas não conheço tantos assim. - fiz sinal para o garçom.
- Pode trazer o combinado número 2 por favor. - fiz sinal com a cabeça para ver se Dill concordava.
- Sim! Traz também saquê por favor.
- Não vamos beber muito aqui, quero tomar os drinks do bar.
Enquanto esperávamos, Dill parecia querer matar suas curiosidades.
- Como foi para você sair do armário? Digo com sua família.
- Foi doloroso, difícil. Meu pai aceitou rápido, ele é super tranquilo. Já minha mãe, estava com medo do que iam pensar dela. Vivia me dizendo o que havia feito de errado.
- Mas hoje ela é de boa?
- Sim! Mas não foi fácil. Ela não queria que eu mentisse pra ela, mas se eu dissesse que estava indo encontrar minha namorada, ela brigava. Infelizmente eu preferia mentir para não evitar briga. - o garçom chega com nossas bebidas.
- E vocês se encontravam onde? Você tinha carro?
- A gente se encontrava onde dava, às vezes na casa dela. Quando os pais não estavam, às vezes numa construção. Não tínhamos carro e nem dinheiro para ir para um motel.
- Como assim? Mas como fazia? - ela parecia não acreditar.
- Ah! Muitas vezes íamos para o bar de uns amigos e ficávamos por lá. Não tinha opções.
- Entendi! Nem consigo imaginar Ju!
- Por isso que muitos homossexuais acabam se prostituindo. Imagina um pai colocar um filho de 16 anos para fora de casa porque ele é gay? É muito cruel, Todo dia que tinha de mentir para minha mãe, com medo de ser expulsa de casa, morria um pouco de mim. A minha sorte, era que sempre viajei a trabalho e com isso fui me fortalecendo com as histórias de outras pessoas. Ganhando meu dinheiro. Ela, no fundo sabia, mas preferia fechar os olhos e com o tempo, ela viu que não mudei. Não virei uma pessoa promíscua, como ela me disse uma vez.
- Queria ter a sua coragem! De enfrentar tudo isso. - Dill demonstrou tristeza.
- Eu entendo de você ter medo hoje. Tem um filho com depressão, um ex marido que mora com você e uma família super preconceituosa. Sendo que seus pais já não são tão novos.
- Sim ! Esses dias minha mãe disse que morreria de desgosto. Não sei o que fazer, você entende?- nossa comida chegou e fomos logo comendo.
- Nunca iria pedir isso para você! É uma situação complicada. Peço honestidade, sem jogos. Vamos ser felizes da nossa forma. - eu comia rápido, minha fome era gigante.
- Queria ser como você nesse assunto. Parabéns Ju!
- Obrigada! Agora vamos terminar de comer que não vamos demorar no bar.
- Sim senhora! Amanhã é apitar as finais e depois estrada.
Chegamos no bar e fui logo para o balcão pedir meu drink. Segurei a mão de Dill, ela sorriu. Parecia estar encantada com o lugar. Mesas de madeira , luzes piscantes, música alta. Escolhemos ficar num canto, longe da caixa de som, mas que tinha uma boa visão da pista de dança.
Naquele ambiente vi Dill se desabrochar, me fazer carinho. Imagino que é difícil para nós mais velhos, se descobrir. Certas coisas em público não vem com facilidade.
- Juliana! - me puxou para poder falar próximo a meu ouvido.
- Amo você! - me encarou séria e eu abri um grande sorriso.
- Também amo você! - nos beijamos demoradamente, num beijo calmo mas apaixonado. Durante o tempo que ficamos lá, trocamos juras, confissões, beijos e mais beijos apaixonados.
Na volta para a pousada decidi pedi-la em namoro.
- Quer namorar comigo, Adriana?
- Hoje em dia ainda se pede às pessoas em namoro?
- Não somos dessa geração e tem coisa mais fofa que pedir alguém em namoro.
- Achei que já estivéssemos namorando? - nos encaramos sorrindo.
Terminamos a noite com um amor rápido, mas com muito sentimento. Eu havia encontrado minha parceira finalmente.
Pela manhã apitamos sem problemas e pegamos a estrada. A vida como ela é nos esperava.
ANDRÉ POV
Me encontro com Renato e sem demora pergunto sobre o material que pedi.
- E aí Renato conseguiu o que pedi?
- Consegui! - ele me entrega um envelope. - Caraca! Você fez bem a lição de casa mesmo, hein?- me espanto ao ver as provas. - Você filmou todos os dias e marcou quanto tempo o carro da Dill ficou lá. Mas não tem foto delas se beijando aqui? O que vou fazer com isso seu idiota? - bati na mesa com força. -Olho para os lados para ver se ninguém havia percebido.
- Ei! Pega leve cara. O que aconteceu?
- Nada! Preciso de provas concretas.
- Não te mostrei o principal, espera. - ele me envia um arquivo por e-mail. Abro rapidamente e meu sorriso se forma em meu rosto. - Como você conseguiu isso.
- Vamos dizer que elas não são muito discretas, e eu dei sorte. Esses dias acabou a força lá no bairro e eu estava na casa da Raquel. Aí estávamos sem vela e fomos pedir lá na casa da sapatãozinho. Aproveitei e coloquei uma câmera escondida. - vibrou. - Tem certeza que quer ver tudo? Afinal é sua ex com outra mulher!
- Relaxa, não preciso ver tudo. Isso vai me ajudar. Obrigada Renato. E como tirou a câmera de lá?
- Pedi para Raquel tirar, ela fingiu que precisava de algo e pegou. Mas não expliquei para ela o porquê. Olha só André! Sou teu amigo, mas não te devo mais nada. Não posso envolver a Raquel mais nessa, porque se der merd*, pode sobrar para mim. Então acabou.
- Tudo bem Renato! Aqui já tem material suficiente para o que quero.
- Afinal, o que você quer?
- Quero o que todo mundo quer? Uma boa vida.
Assim que Renato sai, ligo para Patrícia, precisava contar as novidades e acertar os detalhes da nossa ação.
- Patrícia conseguiu mais tempo para nós?
- Ele está no meu pé, mas estou dando um jeitinho para segurar ele e aí tem alguma novidade.
- Minha ex está de caso com uma mulher acredita?? - soltei uma gargalhada alta.
- Não acredito! Que safada. Mas o que isso nos importa? Não vai dizer que está com ciúmes dela?
- Não meu amor! Vou te contar meu plano. Moramos juntos a quase 18 anos, mesmo não sendo casados no papel, tínhamos uma relação estável. Vou chantagear ela com provas que consegui dela com uma mulher.
- Não entendi André!
- Pelo amor de Deus, Patrícia! Esqueceu que a família dela é preconceituosa pra cacete? O que vai acontecer se eu mostrar essas provas pra eles? - eu andava de um lado para outro.
- E se eles deserdarem ela? Ficamos sem dinheiro.
- Não vão! Mas vou fazer ela acreditar que eles irão morrer. Que vou expô-la. É nossa única opção.
- E como ela vai conseguir o dinheiro?
- Isso não é problema meu! Preciso desligar, tenho de ir embora. Ela está chegando de viagem e amanhã mesmo vou falar com ela. Tenha fé meu amor, tudo vai ficar bem.
Volto para casa e encontro meu filho chorando no quarto.
- O que aconteceu de novo Alan? - bufei.
- Nada pai! Aquelas vozes na minha cabeça de novo.
- Você tem de ser mais forte, não adianta ficar deitado chorando, levanta e tenta fazer outra coisa.
- Como se eu quisesse ficar assim. Eu não consigo! Você nem para me ajudar! Pensa que é fácil querer levantar da cama e não conseguir?- ele gritou aos prantos. Eu não tinha mais paciência para essas crises.
- Vai ficar assim até quando? Isso para mim é frescura!
- Sai do meu quarto! - berrou. Sai dessa casa. Você não ajuda em nada. Que saco. Eu preciso de tratamento. Não vou conseguir sozinho. - seu pranto ficara maior.
- Tá bom filho! Se acalma, vai ficar tudo bem. -não entendo essa doença, uma hora está bem, do nada está triste e chorando. Parecia frescura.
Logo Adriana chega, seu semblante era de felicidade, ela estava diferente. Mas eu sabia qual era o motivo. Mas isso ia acabar.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
lorenamezza Em: 05/02/2025 Autora da história
todos eles !