FAMÍLIA
JULIANA POV
- Estou animada para semana que vem! - falo rápido enquanto comemos um lanche no restaurante.
- Estou sim! Preocupada em deixar meu filho com meu ex, já que eles vivem se estranhando, mas não posso parar minha vida.
- Não conseguiu fazer ele sair de casa ainda? Como aguenta essa situação?-
- Ju! Depois que ele teve aquele infarto, me senti responsável, por ele não ter ninguém e com a necessidade do dinheiro, eu meio que acabei deixando de lado. - ela parecia triste.
- Isso não é normal Dil! Juro que não tenho ciúmes dele, mas sei lá, é uma situação estranha. Ele namora alguém?
- Não que eu saiba. Nunca conversamos sobre isso. ela paga a conta e vamos para o ginásio.
- O que ele diria se soubesse de nós? - pergunto por curiosidade.
- Não sei! Ele não é preconceituoso e sabe que nosso relacionamento não terminou por conta de outra pessoa. Mas minha família.
- Sério? O que. - fomos interrompidas por outros professores vindo ao nosso encontro.
- Depois te conto, aliás esse fim de semana vou para casa da minha mãe num churrasco ta. - não que precisasse da minha aprovação, mas achei bonitinho ela me comunicar.
- Claro! Vai lá aproveita e eu vou para minha ver meu sobrinho.
Com tanto trabalho, os dias passaram rápido até o fim de semana. Almoçar na casa da mamys poderosa era muito bom, apesar dos estresses que tinha com meu irmão, brinco com meu sobrinho e coloco o papo em dia com mamys.
- Juliana você precisa arrumar alguém para você! Pra não envelhecer sozinha.
- Já arrumei mãe! Mas estamos só no começo. Vamos ver no que vai dar.
- Estão morando juntas? - apesar de não falar abertamente comigo sobre minha sexualidade, ela sempre ficava curiosa. Deveria ser pra saber se era boa pessoa.
- Não!!!!!! - fiz cara de nojo. - Não quero ninguém morando comigo.
- Credo Juliana! Vai ficar sozinha?
- Claro que não! Namoramos só que cada uma em sua casa.
- Tudo bem! Só arrume alguma boa. - riu baixo.
- E eu já apresentei uma mulher ruim para você? - rimos juntas e fomos sentar.
DILL POV
- Oi mãe! O pai vem? - dei- lhe um beijo na testa.
- Está lá no fundo já. - olhei por cima de seu ombro. E Alan não quis vir?
- Tentei de todas as formas fazê-lo vir, mas você sabe ele não perdoou o avô. Não quer vê-lo nem pintado de ouro. Vou lá falar com ele. Me deseje sorte. - suspirei fundo antes de enfrentá-lo.
Assim que vou a seu encontro, vejo que o mesmo se levanta e vem em direção a cozinha.
- Bom dia pai! Podemos conversar? - o cumprimento com um aceno com a cabeça. Ele me olha com cara de poucos amigos.
- Pai! Eu preciso de ajuda. - falo quase em súplica.
- Se está com problemas na loja, se vira. Já fiz muito em lhe dar. Agora se vira . - acendeu seu cigarro de palha, me dando ás costas.
- Só aceitei ficar na loja para te ajudar, era temporário. Você sem minha autorização e me perguntar se queria, colocou a loja em meu nome e simplesmente foi para roça. É justo??? - segurei o choro, precisava me acalmar para conversar com ele.
- Preferia não ter nada??
- Preferia ter tido a opção de escolher. Já vi que não vai me ajudar.
- Já ajudei. - deu de ombros.
- Você deu um consultório para Andréia, pagou faculdade dela, ajudou o marido dela. A loja veio com dívidas e adivinha??? Foi isso que você me deu.
- Mas dei. Agora me deixa fumar meu cigarro em paz.
Suspirei fundo, não chorei, só não saí de lá por conta de minha mãe que me ajudava muito. Ela era meu braço direito, meu suporte.
- Ouvi a conversa minha filha, ele é cabeça dura, já tentei falar com ele.
- Não tem jeito mãe! - ela afagou meus cabelos, senti meus olhos lacrimejar.
- Não sei porque você e André se separaram, um homem tão bom.
- Ah que saco mãe! Ele me traía. Me deixou sozinha no segundo mês que Allan nasceu.
- Mas voltou para casa! Homem é assim mesmo filha. - eu a olhava com certa pena. Na época dela era assim, Não quis discutir.
- Mãe por favor! Isso é passado.
- Então arruma um homem bom para cuidar de você. Te ajudar.
- Vamos mudar de assunto mãe.
- Tá bom minha filha. Sua prima vem hoje. Aquela uma.
- O nome dela é Helena mãe! E é sua sobrinha.
- Ficou sabendo que ela trocou de namorada? - nesse momento, minha irmã e meu cunhado se aproximam da mesa.
- Helenão vem aí? - perguntou gargalhando Andréia.
- Vem com a namorada. - vi minha mãe fazer cara feia.
- Coisa vergonhosa! Uma mulher se deitando com outra. Nunca vi isso. Falta de apanhar. - ouvi meu pai gritar de lá de fora, todos começaram a falar dela e de sua namorada. - Se fosse uma de vocês, eu deserdava, ficaria sem nada. Fiquei só ouvindo, sem coragem para dizer qualquer coisa.
- Minha irmã é muito boba de aceitar uma pouca vergonha dessa. Se fosse a Adriana, eu morreria de desgosto. Graças a Deus você não andou com ela na infância. - fez carinho em mim, não me segurei.
- Mãe! Tudo bem vocês são antigos, mas parem de ser preconceituosos, tanto Helena quanto sua namorada são pessoas maravilhosas.
Decido sair da mesa, meu estômago estava embrulhando com aquela conversa.
Sento na sala para comer e aquela conversa fica remoendo em minha cabeça. O que aconteceria se minha família descobrisse. Meu Deus porque não sou corajosa e grito aos sete ventos que estou apaixonada por uma mulher. Volto para casa cabisbaixa, muitas dúvidas penetram meu pensamento. Encontro meu filho deitado na sala, com a tv desligada e luz apagada.
- Oi Alan! O que está fazendo no escuro meu filho. Sua vó perguntou por você. - acendi as luzes e ouvi sua reclamação em seguida. - Cadê seu pai?
- Desliga isso mãe! Ele recebeu uma ligação do trabalho e saiu.Se a vó quiser me ver, venha aqui, sem ele.
- Nem vou discutir. - sentei e fiquei em silêncio uns minutos. Por milagre, meu filho percebeu e veio conversar.
- Que cara é essa mãe. - me abraçou.
- Nossa me abraçando! Que aconteceu? - o abracei de volta.
- Eu te abraço sim. Sou carinhoso. Mas mãe. Faz carinho no meu pé. - deitou-se de forma que eu pudesse acariciar seu pé.
- Sabia que tinha um mas por trás do abraço. - ri e fiz o que ele queria.
Nos dávamos muito bem, ele sempre se abria, mesmo nos dias mais tensos da depressão, estávamos juntos.
- Na casa da sua vó, todos falando da Helena sabe? Aquela prima homossexual.
- Sim mãe! Mas porque ela é tão gente boa.
- Porque são preconceituosos e isso é muito ruim de ouvir e não conseguir falar nada.
- Ainda bem que eu não estava lá então, porque eu iria brigar com eles. - levantou-se rapidamente, me causando espanto. - Tenho uma amiga que é lésbica. Nossa! Ela é muito parceira minha. tem me ligado todos os dias para saber como estou.
- Sério filho, que bom! Mas seus avós são complicados, não consigo debater com eles.
- Olha só semana que vem eu vou viajar tá, se precisar de qualquer coisa pode me ligar ou chama seu pai.
- Pode deixar mãe. Qualquer coisa minha amiga disse que me ajuda. Meu pai anda muito estranho. Não quero ter de contar com ele.
- Ok! Deixa eu cuidar das coisas aqui.
JULIANA POV
A semana voou, quando percebemos já era quinta feira e deveríamos viajar. Fiquei de pegar Dill. Ao chegar lá, ela estava na porta com seu filho já me esperando.
- Oi gente! Bora Adriana, pegar a estrada. - fui abrindo o porta malas.
- Bora! Esse é meu filho Alan. - nos cumprimentamos cordialmente. Eles se abraçaram e eu fiquei olhando o carinho entre eles.
Saímos rápido, não queríamos perder um minuto sequer. Saindo do campo de visão deles, ela se vira e já vem me dar um beijo.
- Ei cuidado! Alguém pode ver. - olhei para todos os lados.
- Não é você que disse que o carro é filmado e ninguém consegue ver direito. - ela me abraçava com carinho.
- Eu sei! À noite não dá mesmo. Tenho medo por você.
- Quero desconectar esses três dias. - ficou fazendo carinho na minha mão.
Eram 3 horas que passaríamos só nós duas, como nunca tinha sido.
- Sabe que em 2 meses é a primeira vez que vamos ficar só nós duas? - beijei suas mãos.
- Sim! Estou muito ansiosa. Rezei o terço para meu ex. Para não deixar Alan sozinho. Só isso que fico preocupada. De resto, quero trabalhar bem e que a gente possa curtir juntas. - passou a mão em meus cabelos. - Está tudo certo com a reserva?
- Sim está. Reservei uma pousada, longe de tudo. Fica num bairro chamado Sousas. Perto do colégio onde foi gravado o programa Sandy e Júnior. - Lá tem umas chácaras boas e uns barzinhos sossegados. Ninguém dos jogos irá nos ver.
- Humm . Vai me contar sobre a amiga da Sandy? - gargalhei com a pergunta.
- OK! Quando estava fazendo curso de arbitragem. Nós apitávamos jogos do time dessa escola e por acaso uma das alunas era amiga da Sandy. Esqueci o nome dela.
- Contadora de história você hein.
- Não estou mentindo. Quando teve o beijo dela na novela , estávamos todas juntas assistindo, zoamos ela pra caramba. Vou lembrar o nome dela e você procura no instagram.
Nossa conversa era descontraída, mesmo quando ela falava sobre as agruras do dia a dia.
Chegamos na pousada e fomos logo para o quarto, matar a vontade que nos perseguia. Nosso sex* era gostoso, não tínhamos mais a vitalidade de anos atrás, mas a maturidade nos trouxe a um sex* verdadeiramente divertido e sincero. Encontrei nela a segurança para falar de meus anseios sexual sem medo de que perdesse o interesse.
- Dill! Sabe que nunca usei um dildo? Tenho vontade. - falei enquanto fazia carinho em suas costas
- Dildo é a prótese que você está falando, né? - segurou minha mão e parecia estar apreciando-a.
- Sim! Rola?
- Já disse que não vou me prender em nada. Topo tudo. - ela continuava a apreciar minha mão. - Sua mão é linda, sabia?
- Essa mão com essas rugas e essa cicatriz enorme?
- Como você conseguiu ela? - beijou-me a mão e virou-se para mim.
- Quando criança, estava infernizando minha mãe que estava passando roupa. O resto você já imagina.
- Meu Deus sua mãe tacou o ferro em você? - gargalhei de sua suposição.
- Não! Desastrada como sou, bati na mesa onde o ferro estava e ele caiu sobre minha mão. - Adoro seus seios e não me canso de dizer. - deslizei a mão sobre ele, acariciando de leve o bico, lambi maliciosamente seu pescoço. Fui descendo a mão até chegar e seu sex*.
- Não começa o que não pode parar hein Ju!
- Quem disse que quero parar.
Puxei de leve seus cabelos, até seu pescoço ficar exposto, os ch*pava com delicadeza, fazendo- a arrepiar. Minha mão passeava por seu sex* como provocação. A sentia cada vez mais molhada e eu também.
- Que bucet* molhada gostosa. - eu fingia que iria penetrá-la com os dedos.
- Você que me deixa assim. Não me mata de tesão. Mete.
A coloquei sentada sobre meu rosto e meti, enquanto a ch*pava. Que delícia aquela mulher rebol*ndo sobre mim. E ela gozou alto, sem medo, sem travas, livre.
Suada e ofegante, deitou-se a meu lado com um sorriso que eu nunca tinha visto.
- Nunca vi esse sorriso tão largo! - beijei seus lábios com carinho.
- Apesar de todos os problemas que tenho passado, você é a melhor parte dos meus dias. - me abraçou forte.
- Se você quiser, estarei do seu lado sempre.
- Acredite eu quero e quero muito.
Nos beijamos e dormimos abraçadas, como a tempos eu não fazia e nem queria, mas com ela era diferente , parece que eu queria tudo.
No dia seguinte bem cedo, fomos para o local dos jogos, mas cada uma foi para sua quadra. Trabalhamos muito durante o dia, nem sequer nos vimos durante o almoço.
DILL POV
Apesar do dia cansativo de jogos, saber que no fim do dia eu encontraria Juliana e poderia dormir com ela, me deixava animada. Só pensava no que iríamos fazer a noite. Ao fim do dia, nos encontramos na saída do ginásio. Não havia pessoas que se me vissem pudessem me comprometer, por isso me sentia à vontade para ser eu mesma com ela. Assim que ela chegou, dei-lhe um beijo demorado no rosto e toquei de leve a sua mão. Coisa que eu nunca faria na nossa cidade.
- Como foi seu dia? Choveu¹? - ela retribuiu o beijo com um largo sorriso.
- Graças à Deus não! - respondi acenando com as mãos.
- Vamos logo tomar banho que quero te levar à um barzinho especial lá perto. - foi abrindo a porta do carro.
- Tem alguma história lá também? - perguntei simpática, adorava ouvir sobre suas aventuras.
- Na verdade, tenho. - entramos no carro e em alguns minutos já estávamos as duas tomando banho juntas e se deliciando com a presença uma da outra.
- Tem um barzinho bem pé no chão. Forrozeira. Tem shows de vez em quando, a gente pode dançar juntas sem ser incomodadas.
- Vou onde você quiser. - tiramos uma selfie em frente ao espelho.
Chegamos no bar, e eu logo já fui pedindo a bebida tradicional
- Garçom por favor quero um Capeta por favor
- Nossa! Adoro tomei muito em Bauru , quando apitei um campeonato.
Aproveitamos muito a noite, dançamos juntas, assim como outras “amigas” dançam juntas. Rimos, bebemos, fomos nós.
- Estou acabada Juliana! Preciso descansar.
- Também estou. Vamos embora porque não somos mais crianças para virar a noite na gandaia e trabalhar no outro dia. - saímos abraçadas com o sapato na mão.
Foi o tempo de chegar ,tomar banho e deitar. Juliana apagou rapidamente e eu a fiquei observando fazendo carinho em seu corpo. O cansaço bateu. Mas meu coração se sentia pleno. Uma sensação de liberdade extrema. O quão bem eu estava me sentindo ao lado daquela mulher. Quanto tempo eu passei sem perceber o que buscava. Que minha vida tinha sido moldada como minha família quis. Não por minhas vontades. Consegui entender que talvez minhas brigas com André não fosse só por conta dele, mas também porque dentro de mim eu não conseguia ser plena, com ele, comigo. Juliana era a única mulher que saí de verdade, mas me fazia sentir o que nunca tinha sentido com ele: liberdade para ser eu mesma. Vencida pelo cansaço dormi.
Fim do capítulo
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lorenamezza Em: 11/01/2025 Autora da história
Sim e saber que existem muitos assim na vida real, e sim muito perrengue. Afinal buscar a verdadeira felicidade nunca é fácil.