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o nosso recomeco (EM REVISAO) por nath.rodriguess

Ver comentários: 4

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Palavras: 4190
Acessos: 1516   |  Postado em: 09/01/2025

capitulo trinta e seis: um lar chamado "nós"

 

— Anna, não faz isso. Você sabe que eu tenho ansiedade, então pelo amor de Deus! – Ela suplica, enquanto tenta tirar a venda que cobre os seus olhos.

               — Se acalma, amor. — Eu tento dizer entre risos, enquanto abro a porta do meu quarto da bagunça.

               O quarto da bagunça era, literalmente uma bagunça. Minha casa tem dois quartos – o que eu durmo e outro que ficava lá só guardando bugigangas: minha bicicleta, meu violão, alguns cds antigos e inúmeros documentos – eu não sei o que eu tinha na cabeça para comprar uma casa de dois quartos, mas sempre planejei esse quarto para receber visitas. Agora... eu tinha outra coisa em mente.

               Não foi fácil planejar tudo e comprar as coisas sem que Fernanda soubesse, eu já estava me acostumando com a presença de Robson e Murillo e sem me fazer de rogada, pedi para que tudo que chegasse do Mercado Livre fosse posto escondido na garagem, para que Fernanda não pudesse ver. Quando ela ia dormir, eu aprontava. Pegava as coisas na garagem e decorava o quarto – que ia ser um escritório – do meu jeito.

               Eu havia comprado duas mesas de escritório de madeira com vidro e duas cadeiras também, me certifiquei que essas seriam extremamente confortáveis para Fê, pois a do trabalho era horrível e ela vinha reclamando de dores na coluna. As mesas ficariam uma em cada canto do escritório estrategicamente, pois, conhecendo a gente do jeito que conheço, não conseguiríamos nos concentrar caso estivéssemos muito próximas. Coloquei alguns livros de Direito para enfeitar as prateleiras, umas plantinhas pendentes de folhagem também para deixar mais harmônico. Tudo era voltado para o marrom claro, madeiras e vidro.

               Comprei molduras para os nossos diplomas, materiais de escritório e certifiquei-me de caprichar na iluminação, tudo para que ela se sentisse o mais confortável possível para trabalhar ou estudar para OAB.

               Quando tirei a venda dos olhos de Fernanda, senti que ela ficou maravilhada com tudo aquilo. E, quando ela viu a vitrola em uma mesinha individual no canto do escritório, os olhos dela encheram d’água.

               — Amor... isso é... — Ela põe as mãos na boca, em tom de admiração e choque pelo que eu tinha feito.

— Sim, a vitrola. — Completei, sorrindo enquanto observava cada detalhe no rosto dela, que oscilava entre incredulidade e felicidade. — Para minha felicidade, ela estava intacta, só estava empoeirada e suja por conta da fumaça, mas eu pedi para limpar. Andressa me ajudou nessa. — Sorri orgulhosa da minha amiga que foi muito perspicaz em pular a fita de proteção que a defesa civil havia posto na minha sala, por conta do que aconteceu. — E o nosso vinil também está intacto.

Ela sorri aliviada e fica andando pelo escritório admirada com cada detalhe.

— Anna... isso é mais do que eu podia imaginar. — Ela se virou para mim com os olhos brilhando, a voz entrecortada pela emoção.

— Eu sei que você teve que mudar sua rotina por minha causa. Sua rotina de trabalho, de casa, de estudos... Não queria que as coisas fossem dessa forma, mas já que estão sendo — dou um sorriso amarelo — Decidi que essa seria a melhor forma de aliviar as coisas pra você. Use para trabalhar e estudar para OAB, já que estamos em home office, eu consigo te ajudar mais agora com isso.

— Ah, meu amor — Ela se pendura no meu pescoço — Você é mais do que eu pedi. Sempre pedi que, quando eu me apaixonasse de verdade, viesse uma pessoa na minha vida que soubesse me ler. Você é essa pessoa... eu te amo.

— Eu também te amo, amor. — Dou um beijo em seus lábios — Quero que esse espaço seja um lugar onde você se sinta feliz, segura e inspirada.

Fernanda, entre lágrimas, me deu um riso cheio de amor.
— Inspirada eu já estou, mas acho que agora vai ser difícil concentrar no trabalho.

— Por isso que coloquei as mesas separadas. — Brinquei, apontando para o canto do quarto. — Se a gente se distrair, vai ser culpa sua.

Ela me puxou para um abraço apertado, suas mãos subindo até meu rosto, me prendendo no olhar dela.
— Obrigada. De verdade. Isso significa tanto pra mim.

— Só tem uma regra aqui. — Eu disse, provocativa, enquanto passava o dedo pelos livros organizados na estante.

— Qual?

— Você não pode mexer nas minhas canetas.

Ela gargalhou, o som ecoando pelo quarto recém-transformado.

— Ok, mas só porque você comprou aquela cadeira maravilhosa.

— Eu sabia que tinha feito bem em investir nela.

Enquanto ríamos juntas, Fernanda ligou a vitrola e colocou o nosso disco para tocar. A música começou a preencher o espaço, e no instante seguinte, ela estendeu a mão para mim.

— Vamos inaugurar?

— O escritório ou a vitrola?

— Os dois.

E ali, entre risadas e passos desajeitados, dançamos ao som de Anitta & Poo Bear – Will I See You. no pequeno espaço que agora não era mais o “quarto da bagunça”, mas um símbolo de algo que estávamos construindo juntas. Nosso cantinho de trabalho e de estudo. Era o começo do nosso futuro juntas e eu não tinha como voltar atrás.

Enquanto a música tocava, Fernanda e eu estávamos tentando dançar sem pisar nos nossos próprios pés. Tudo parecia perfeito, mas, claro, perfeição era uma coisa beeem ligeira na nossa vida. O som do meu celular tocando de repente nos trouxe de volta à realidade.

— Já volto, amor. — Eu disse, pegando o celular de cima da prateleira. Olhei o visor e franzi o cenho. — É a Dra. Baldez.

Fernanda assentiu, me soltando com relutância. Levei o celular ao ouvido enquanto me afastava alguns passos.

— Doutora? — Atendi

— Consegui acesso às câmeras de segurança do prédio no dia do incêndio.

Meus olhos arregalaram.

— E?

— A pessoa mascarada que vimos... — Ela fez uma pausa, e pude ouvir o som de papéis sendo folheados. — Não trabalha para o escritório. É uma pessoa de fora, mas já conseguimos identificá-lo. A polícia agiu rápido e ele foi detido há pouco.

O peso das suas palavras parecia se materializar no ar. Fernanda se aproximou em silêncio, percebendo a mudança na minha expressão.

— Ele vai ser interrogado hoje à tarde. — Continuou Baldez. — Achei que deveria saber, já que isso pode esclarecer de vez a relação desse ataque com as ameaças que você mencionou.

Minha mente estava a mil.

— Você acha que ele estava trabalhando para alguém? — Perguntei, tentando soar mais calma do que me sentia.

— É possível. A polícia ainda não tem todas as respostas, mas isso abre uma nova perspectiva sobre os eventos. Quero que você fique alerta e evite chamar atenção para sua rotina. Até termos certeza, a segurança do escritório e da sua casa será reforçada.

Fernanda tocou meu braço levemente, seus olhos cheios de preocupação.

— Entendido. — Concordei, embora minha mente estivesse a quilômetros dali. — Vou me preparar para o que vier. Obrigada por me avisar.

— Mantenha-me informada de qualquer coisa estranha. Nos falamos depois. — E com isso, ela desligou.

Baixei o celular, sentindo o calor da mão de Fernanda apertando meu braço.

— O que foi? — Ela perguntou, a voz baixa, mas cheia de preocupação.

— A polícia prendeu alguém. A pessoa que jogou a bomba na minha sala. — Disse, minha voz soando distante, quase desconectada. — Ele vai ser interrogado hoje.

— Isso é bom, não é? Finalmente vamos saber quem está por trás disso.

Eu queria compartilhar seu otimismo, mas algo na situação ainda parecia errado. Quem teria motivação suficiente para atacar? E se ele não estivesse agindo sozinho? Essas perguntas começaram a se formar na minha mente, criando mais dúvidas do que alívio.

— É... — Murmurei. — Só espero que seja o começo do fim.

— Por falar nisso, você vai visitar Beatriz? — Ela pergunta, olhando as unhas despreocupadamente

— Tenho que ir, não posso deixar de fazer isso depois do que ela fez — Suspiro, olhando em sua direção para avaliar suas feições — Você gostaria de ir comigo?

Faço a pergunta e viro-me para fechar os olhos, numa tentativa de não ouvir a resposta. O que é inútil, pois escutamos com os ouvidos. Na verdade, essa situação me deixava nervosa.

— Não, eu não me sinto confortável perto dela. Vai você, mas leve um dos seguranças e não apronte, por favor.

Fernanda me abraçava por trás, a cabeça encostada em minhas costas. O gesto era carinhoso, mas o peso das palavras dela pairava no ar. Aprontar com os seguranças ou aprontar com Beatriz?

— Eu não vou aprontar, Fê. — Respondi, tentando aliviar a tensão com um tom leve

Fernanda deu um suspiro e deslizou as mãos pelos meus braços até segurar minhas.

— Eu confio em você, Anna. Mas tem coisas que são difíceis para mim. Não quero que ache que estou sendo infantil ou possessiva.

— É claro que não acho isso — Viro-me para olhar para ela — Você tem seus motivos e eu entendo você. Sei que Beatriz representa algo complicado pra gente e se não fosse por essa situação toda, você sabe que eu não iria procurá-la, não sabe?

Fernanda forçou um sorriso, mas ele não chegou aos olhos.

— Eu sei. É só... — Ela desviou o olhar. — Você sabe como eu me sinto sobre ela.

Eu assenti, apertando sua mão.

— Eu sei. E te prometo, Fernanda, nada vai mudar entre nós por causa dela.

Ela pareceu relutar por um instante, depois suspirou e pousou a testa contra o meu peito.

— Ei, confia em mim... — Peço, beijando sua cabeça em um ato de carinho

— Ok. Só... seja cuidadosa, por favor.

— Sempre. — Respondi.

Saí do escritório e enquanto fui tomar banho para visitar Bia, Fernanda ficou lá aproveitando para organizar sua rotina de trabalho e estudos, agora seria mais um desafio para ela: conciliar os dois, mais um relacionamento. Quero apoiá-la nisso o melhor que eu posso.

Escolhi uma calca jeans e uma camisa básica branca para ir ao hospital. Na verdade, foi a primeira roupa que eu vi quando abri meu guarda-roupa. Escolhi o tênis, prendi meu cabelo em um coque e fui me despedir de Fernanda, bati na porta e ela estava sentada em frente ao computador fazendo seu cronograma de estudos.

— Ei, ruiva. Estou indo.  — Me aproximo dela e dou um beijo rápido em seus lábios

Ela me puxa pela camisa e me faz sentar em seu colo, dando um cheiro no meu pescoço.

— Tá muito cheirosa pra ver a ex. — Ela diz, fazendo um biquinho que a fazia parecer uma criança enciumada, dou um sorriso e dou um selinho em seus lábios.

— Eu nem passei perfume, vida. Que cheiro todo é esse que você está sentindo? — Pergunto

— Cheiro de mulher gostosa. Se ela sentir, vai querer tirar sua roupa e relembrar os velhos tempos — Agora ela realmente diz com o olhar fuzilador, mas seu tom era jocoso.

— Quanto a tirar minha roupa, você pode ficar tranquila, Beatriz nunca me tocou. — Ela franze a testa e abre a boca como quem vai perguntar alguma coisa, mas não dou tempo e já adianto dizer antes dela — Sempre fui ativa nas minhas relações, então eu nunca me importei que ela fizesse nada.

— Por que você deixa eu te tocar, então? — Ela pergunta

— Porque você me enlouquece, Maria Fernanda. — Faço uma trilha de beijos no pescoço dela — Respondido?

— Para, amor... — Fernanda inclinou a cabeça, oferecendo o pescoço ao meu toque, enquanto seus braços me seguravam firme no colo dela. — Respondido. Mas não me enlouquece muito agora, caso contrário você vai se atrasar.

— Você sempre me faz perder o foco. — Retruquei, afastando-me com um sorriso.

Levantei com muito custo, endireitando minha camisa e arrumando meu coque. Fernanda permaneceu sentada, olhando para mim e me analisando. Eu acho que ela realmente estava morrendo de ciúmes, mas ela sabia que nessa situação não cabia.

— Promete que vai tomar cuidado? — Ela perguntou, seu tom agora era mais sério.

— Eu prometo. — Toquei a mão dela levemente. — E vou levar um segurança, como você pediu.

Ela assentiu, mas antes que eu pudesse sair, segurou minha mão de novo, apertando-a com força suficiente para me fazer virar.

— E me avisa assim que sair de lá. Eu quero saber como foi.

— Pode deixar, ruiva. — Sorri, inclinando-me para um último beijo nos lábios dela.

Quando finalmente saí, coloquei o pé para fora de casa e vi Murillo, o segurança, me aguardando com um carro na calçada.

— Pronta, Dra Florence? — Ele perguntou com um sorriso, abrindo a porta do carro para que eu pudesse entrar

— Pronta, Murillo. — Pisco pra ele

Não sabia de quem era esse carro, só sei que a Dra Baldez havia mandado ele para que eu pudesse me locomover enquanto o meu não era liberado pela Polícia Civil. Depois de liberado, ele ainda teria que ir para oficina para se recuperar dos danos causados por esse maluco que quer me derrubar a qualquer custo. Quando o rádio do carro toca “far away”, de Nickelback, fico pensando em Beatriz. Em tudo que aconteceu até aqui. Ela voltar pra minha vida sendo esposa de um cliente, nosso caso, meu acidente, ela no enterro da minha mãe, ela correndo atrás de mim dizendo que me amava, eu colocando um ponto final nisso, mas nossa história parecia não ter ponto final, só virgulas e ponto e vírgula; e como se não bastasse, ela acabou tomando um tiro por mim. Respiro fundo. O destino só podia estar de brincadeira, né?

Isso não mexia mais com os meus sentimentos, eu já não sentia nada por ela. Só acho engraçado que eu sofri por anos para não ficarmos juntas. E agora ela também estava sofrendo por isso também. Eu não sabia como nomear essa situação, então vou chamá-la de “caos”.

Quando chegamos ao hospital, Murillo estava me acompanhando até a recepção, com aquele olhar sempre atento. Robson havia ficado em casa para garantir a segurança de Fernanda. Quando conseguimos a liberação de visitante para entrar, a enfermeira me guiou até o quarto de Beatriz. Murillo achou melhor ficar na porta esperando. Dei graças a Deus, queria muito privacidade nesse momento.

 E, ao abrir a porta, fui recebida por aquele olhar inconfundível.

— Anna... — Seus olhos brilham ao me ver e ela vai estreitando o corpo para se acomodar melhor.

— Oi, Bia. — Dou um sorriso que demonstrava empatia e cordialidade.

— Gosto mais quando você me chama de princesa. — Ela sorri, aquele sorriso sacana.

— Isso ficou no passado — Me aproximo, chegando perto da sua cama — Como você está?

— Eles fizeram uma cirurgia para retirar a bala da minha coxa. Agora terei uma cicatriz igual a sua. — Ela sorri, orgulhosa

— Vai a merd* — Sorrio junto com ela

— Eu estou bem, não se preocupe — Ela me olha daquele jeito que ela me olhava quando era adolescente e isso de certa forma me incomoda

— Você é louca, tinha mesmo que entrar na minha sala e tomar um tiro?

Beatriz riu, mas o som era fraco, quase um sussurro.

— Não achei que fosse terminar assim, sinceramente. — Ela abaixou o olhar para a coxa coberta pelo lençol do hospital. — Mas, sabe, acho que faria de novo.

Franzi o cenho, cruzando os braços.

— Não diga isso, Bia. Não tem nada de heroico ou poético nisso. Você se colocou em perigo à toa.

— Eu protegi você, Anna. Isso não é "à toa". — Ela revirou os olhos, mas eles estavam brilhando de algo que parecia uma mistura de teimosia e emoção.

Suspirei, passando a mão pelos cabelos, tentando organizar os pensamentos.

— Você podia ter morrido, Bia. — Minha voz saiu mais dura do que eu pretendia. — E por quê? Por algo que já acabou, que não existe mais?

— Você pode até dizer que acabou, mas nunca vai deixar de existir. — Beatriz rebateu, o tom desafiador. — Nós somos parte uma da outra, Anna. Sempre fomos.

Fiquei em silêncio por alguns segundos, digerindo aquelas palavras. Eu sabia que ela acreditava nisso, mas para mim as coisas não eram mais assim. Não podiam ser.

— O que existiu entre a gente foi real, sim. — Falei, escolhendo cuidadosamente cada palavra. — Mas está no passado, Bia. E é aí que precisa ficar.

Ela desviou o olhar, mordendo o lábio inferior como fazia quando estava tentando controlar as emoções.

— Você está feliz com a sua noiva? — A pergunta veio como um sussurro, quase inaudível.

— Noiva? — Respondo com outra pergunta

— A ruiva não é sua noiva? Ela me disse, quando perguntei das alianças.

Fernanda... você é impossível.

Dou um sorriso ao respondê-la, entrando na onda da minha ruiva extremamente ciumenta.

— Sim, ela é minha noiva, só não me acostumei ainda a chamá-la assim. É recente. — Olho em seus olhos, procurando ser o mais convincente possível — E respondendo sua pergunta: sim, estou feliz com ela. — Respondi com firmeza. — Muito.

— Se é tão sério assim, devo desistir de você? — Ela pergunta, os olhos marejados.

Me inclinei um pouco, apoiando as mãos na beira da cama.

— Bia, quero que você saiba que eu não desejo nada além do melhor para você. — Minha voz estava baixa, mas cheia de sinceridade. — Você merece alguém que te ame e que esteja lá para você, da mesma forma que eu estou para Fernanda.

Suas lágrimas caem, e eu as enxugo com a ponta dos dedos rapidamente.

— Eu só queria que esse "alguém" fosse você.

Senti um aperto no peito, mas não desviei o olhar.

— Não posso ser, Bia. E você sabe disso. Eu quis... muito. Ser esse alguém. Você sabe o quanto eu quis isso, mas a vida nos levou para outros caminhos. Agora temos que segui-lo.

Por alguns segundos, o quarto ficou em silêncio. Então, ela respirou fundo, como se estivesse tentando aceitar algo que sabia ser inevitável.

— Obrigada por vir, Anna. — Disse finalmente, sua voz soando mais suave.

Assenti, endireitando-me e dando um pequeno sorriso.

— Agradece a ruiva por mim pela ajuda quando saímos do local, ela foi muito solícita com a rival dela. — Ela diz, um tanto quanto sincera e irônica ao mesmo tempo.

— Ela também não deseja seu mal, ela quem me incentivou a vir aqui, inclusive. — Dou um beijo na testa dela, como se estivesse dizendo que chegou a hora de eu ir — Se cuida, princesa.

Saí do quarto com uma mistura de alívio e tristeza. Algumas histórias realmente precisavam de um ponto final, e eu sabia que essa era uma delas.

No corredor, Murillo me esperava com aquele olhar atento.

— Tudo certo, Dra. Florence? — Ele perguntou.

— Tudo, Murillo. — Respondi, tentando soar mais confiante do que me sentia.

Enquanto caminhávamos de volta para o carro, pensei em Fernanda e na vida que estávamos construindo juntas. Era ali que eu queria estar, e nada mais poderia mudar isso.

“Você está feliz com a sua noiva?”

Noiva.

Dou um sorriso enquanto acaricio nossa aliança de compromisso. Lembrei das palavras que Beatriz me disse e fiquei pensativa. Casar com Fernanda sempre esteve em um plano futuro, eu sempre imaginei que conquistaríamos o mundo juntas e que depois pensaríamos em algo do tipo, mas olhando por esse lado, não é nada mal ter o meu amor todos os dias na nossa cama, na nossa casa, degustando um bom vinho enquanto ela me conta como foi o seu dia.

Suspiro.

“Nossa cama”, “Nossa casa”.

Tudo bem que, depois de tudo que está acontecendo – E até mesmo antes disso – Não nos desgrudávamos. Sempre estávamos dormindo uma na casa da outra e até estabelecemos regras para não pularmos etapas, mas naquele momento, pensar sobre isso era uma coisa tão gostosa de se pensar, aquecia meu coração só de imaginar. Tecnicamente, Fernanda estava morando na minha casa até essa perseguição louca contra mim acabar, mas e depois?

Como eu ia me acostumar sem aqueles cabelos ruivos contra minhas narinas todas as manhãs?

Pego meu celular e mando uma mensagem para ela avisando que eu estava retornando, vejo que ela respondeu imediatamente com um “ok”, mas digito outra mensagem:

“Quer que eu traga alguma coisa pra você da rua?”

Logo em seguida, ela me respondeu:

“Só você mesma, estou com saudade.”

Como não amar essa mulher? Me diz.

Enquanto o carro avança pelas ruas da Tijuca, o que é um sinal de que estou quase chegando em casa, sinto que meu coração está mais leve. Fernanda era meu porto seguro, minha razão. E pela primeira vez, depois de muito tempo, posso dizer que encontrei a pessoa para chamar de “lar”.

Quando finalmente chego em casa, cumprimento Robson, o outro segurança, que está fazendo a ronda pela garagem e quando abro a porta da sala, vejo a luz acesa e um calor familiar me acolher antes mesmo de eu entrar em casa.

— Amor? Cheguei! — Digo, deixando as chaves de casa em um canto

Ela aparece na porta do corredor, com um sorriso que me faz paralisar. Ela me avalia por alguns segundos e vem de encontro ao meu abraço. Aperto-a forte em meus braços e afundo meu rosto na curvatura do seu pescoço, aspirando o cheiro doce que ela tinha.

— Oi, minha noiva.

Digo, ainda aspirando seu cheiro. Fê paralisa por alguns segundos e se desvencilha do nosso abraço para me encarar, vejo o quanto ela está ruborizada nesse momento. O rosto dela está da cor do cabelo.

— Amor, eu... — Ela ruboriza mais ainda — Eu posso explicar.

Eu acho graça da situação e dou um sorriso, mas ela continua:

— Ela me provocou. Ela disse que ia passar na sua sala... — Ela gesticula, começando a ficar nervosa — Ela me falou que você ia ficar feliz em vê-la, depois perguntou se a aliança era de noivado... — Ela coloca o rosto entre as mãos — Eu acabei dizendo que era, desculpa. Eu só queria que ela parasse de me encher.

Tiro as suas mãos do seu rosto e posso notar o quanto ela está mais vermelhinha e linda nesse momento.

— Minha noiva. — Repito, sorrindo pra ela enquanto me aproximo mais e continuo segurando suas mãos.

Ela finalmente consegue me encarar e enlaça suas mãos ao redor do meu pescoço, o brilho em seus olhos mostra que a palavra também mexeu com ela.

Ela aproxima seus lábios dos meus e sua língua pede passagem e eu cedo, sem hesitar. Nos beijamos sem pressa, só sentindo aquelas sensações que dispensavam qualquer palavra.

As mãos de Fernanda deslizam dos meus ombros para o meu peito, parando exatamente onde a batida do meu coração parece estar mais forte. Eu a puxo pela cintura, diminuindo qualquer espaço entre nós, enquanto nossas respirações se misturam.

— Minha noiva. — Murmuro novamente, com um sorriso contra os lábios dela, interrompendo o beijo por um instante.

Ela solta uma risada curta, mas cheia de carinho.

— Você vai me deixar mal-acostumada se continuar me chamando assim.

— É o que eu quero. — Respondo, segurando seu rosto com as mãos e acariciando suas bochechas. — Quero que se acostume a ser minha.

Ela não responde de imediato. Em vez disso, fecha os olhos e encosta a testa na minha.

— Eu já sou sua, Anna. — Ela sussurra, e sinto a sinceridade em cada palavra.

Pego sua mão e beijo o anel em seu dedo.

— E eu sou sua.

Ela sorri.

— Tá com fome? — Fê pergunta, afastando-se um pouco e caminhando até a cozinha.

— Só de você. — Respondo, com um tom brincalhão, recebendo um olhar de reprovação fingida em troca.

— Anna Florence, eu tô falando sério! — Ela diz, pegando algo da geladeira enquanto balança a cabeça, mas não consegue esconder o sorriso no canto dos lábios.

— Tá bom, tá bom. — Digo, levantando as mãos em rendição e me sentando no banco do balcão. — O que temos pra jantar?

Ela coloca uma tigela com batatas asterix na minha frente e se inclina do outro lado do balcão, me encarando.

— Só isso, porque eu ainda preciso te ensinar a fazer comida de verdade.

Dou uma risada alta.

— Você sabe que eu sou um caso perdido na cozinha.

— Não tem problema. — Ela diz, mordendo um pedaço de maçã que ela encontrou. — Eu cuido de você.

Essa frase simples faz algo no meu peito apertar. Porque é isso que ela faz, sempre. Ela cuida de mim, mesmo quando eu não sei que preciso.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Genteeeeee 

Amei escrever esse capítulo, o 37 está ficando muito legal também =) 

O que acharam da Anna e da Fê estarem noivas? Acham precipitado ou toda sapat40 é assim mesmo? Mora junto com dois meses de namoro e adota um gato? 

E Beatriz? Será que ela toma rumo nessa história? Será que ela finalmente entendeu que o lugar dela é longe de Anna ou será que ela vai continuar lutando pelo coração da Doutora?

Até domingo! 

Obrigada por tudooooo 


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Comentários para 36 - capitulo trinta e seis: um lar chamado "nós":
Dan_ny
Dan_ny

Em: 10/01/2025

Tô achando que a ex da Fernanda tá envolvida nesses ataca viu. Muito bom o capítulo, acho que a Bia vai deixar elas viver a vida delas em paz. Kkk


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 10/01/2025 Autora da história
Muitas teorias hahahaha

A Bia precisa de um jeito na vida não é, gente?


Responder

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Lea
Lea

Em: 09/01/2025

Noivas cheias de amor. Gato,a Maria Fernanda já tem. Só falta oficializar o casamento. Pronto.

Estou torcendo para que,a Beatriz siga com a sua vida. Como disse a MaFe. Vai viajar, está rica mesmo,vai que nessas viajens ela encontre um novo amor.

 

Quero ver o interrogatório do suspeito.

 

Curiosidade: cadê a Bruna?A Adriana conseguiu ganhar a causa contra a ex?


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 10/01/2025 Autora da história
Ela precisa conhecer novas pessoas, né? Encontrar um sentido na vida rs

A Bruna aparecerá no capítulo seguinte a esse, terá um almoço com os pais da Fê.

A Adriana aparecerá em breve, com muitas novidades. Prometo!


Responder

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Mmila
Mmila

Em: 09/01/2025

Que capítulo leve.

Gostei, apesar de saber que vem tiro, pó..... e bomba logo mais......

Acredito que a ficha da Beatriz vai cair depois dessa visita.

Aguardando o próximo capítulo....


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 10/01/2025 Autora da história
Se acalmem! kkkkkkk
Vai dar certo.
Domingo é logo ali, vocês pediram coisas leves, eu estou dando...


Responder

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HelOliveira
HelOliveira

Em: 09/01/2025

Amei esse capítulo muito fofo, super aceito elas noivas, 

Quanto a Beatriz posso estar errada, mas acho que ela não vai desistir ainda.


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 10/01/2025 Autora da história
Beatriz não desiste nunca rs


Responder

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