Capitulo 12
Ao entrar em casa, eu não tive pressa, tomei um banho quente, sequei meu cabelo, passei hidratante pelo meu corpo, vestir um vestido preto que não me era necessário sutiã, vestir uma calcinha também preta de renda e nos pés um salto, aumentei um pouco os cílios e passei um gloss. eu não achava necessário maquiagem. Passei meu perfume favorito, coloquei alguns itens em uma bolsa pequena de ombro, e sai de casa com um sorriso no rosto
Parei o carro em frente ao restaurante que estava lotado, entreguei a chave ao manobrista e antes de entrar deixei uma mensagem avisando que eu tinha chegado, passei pela porta dupla e de longe já a avistei com um dólmã preto, ela me viu e veio em minha direção
-Vem comigo - foi apenas o que ela falou, segurou em minha mão entrelaçando nossos dedos e nos caminhamos para dentro do restaurante, tinha um corredor pequeno, ela abriu uma porta e me deixou passar.
Era um ambiente sofisticado e acolhedor, com um piso em padrão preto e branco, criando um contraste marcante e elegante. O piso é composto por quadrados alternados, com a clareza do preto e branco dando uma sensação de dinamismo e organização. No ambiente, há um divã confortável, com estofado em tom neutro, que convida ao descanso e oferece um toque de sofisticação. Em frente, um sofá de design moderno preto, o que proporciona mais um espaço relaxante para quem entra no escritório.
O ambiente é decorado com algumas estantes de livros, dispostas de forma a otimizar o espaço e criar um ar intelectual. As estantes, feitas de madeira escura, estão repletas de livros. A iluminação suave, proveniente de lâmpadas de teto e de mesa, destaca essas estantes e contribui para a atmosfera aconchegante do escritório.
Ela entrou logo atrás de mim e fechou a porta com firmeza. enquanto meus olhos exploravam cada detalhe do ambiente, senti sua mão me puxar pelo braço, virando meu corpo em sua direção. Sem hesitar ela me segurou pela cintura e me puxou para perto, tomando meus lábios por um beijo carregado de saudade, não era um beijo calmo, era intenso, feroz. Seus dedos deslizaram até meu cabelo enredando-se nele, provocando um arrepio que percorreu todo o meu corpo. Minhas mãos seguravam seu rosto, enquanto um leve gemido escapava dos meus lábios, fundindo-se ao dela. Esse som pareceu incendiá-la ainda mais, e ela me apertou com mais força, aprofundando o beijo com uma paixão quase selvagem.
Ao finalizar o beijo ela me teve em seus braços, suas mãos me abraçavam na cintura enquanto meus braços passavam por cima de seus ombros
- Promete que não vai fugir se eu disser que senti sua falta? - falou me tirando um sorriso
Dei um beijo em seu rosto e me afastei um pouco, só o suficiente para poder admirá-la.
- Você fica tão linda com essa roupa... - comentei, e ela sorriu, ainda segurando minhas mãos.
- Vem, vamos nos sentar. - Ela me puxou pela mão até o sofá, e nos acomodamos ali, trocando olhares. - Tudo bem se a gente comer aqui?
Concordei com a cabeça, respondendo sem palavras.
- Eu estou completamente estressada... te ver hoje melhorou meu dia em cem por cento. - Segurei sua mão e passei o polegar carinhosamente pelo dorso da sua mão, sentindo o calor do momento.
- O que te deixou estressada?
- O trabalho... é... eu não sei bem o que está acontecendo. Parece que tudo está desmoronando. - Ela falava com um olhar triste, e seus olhos brilhavam de uma melancolia evidente.
- Mas parece que está indo bem, o restaurante está lotado. - Ela me encarou por um tempo, sem dizer nada, como se estivesse buscando a palavra certa.
Eu comecei a perceber que esse tipo de comentário não estava ajudando, ela precisava de algo mais, talvez de apoio.
- Me conta, por que você diz isso? - Ela respirou fundo, ainda com a mão na minha. Abriu a boca para falar, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, ouvimos uma batida na porta.
Ela pediu para a pessoa entrar, e um jovem loiro apareceu. Ao me ver, ele ficou me encarando por um instante.
- Precisamos de você. - Ele disse, olhando para ela, que apenas balançou a cabeça, fazendo com que ele saísse rapidamente em seguida.
- Vai lá, meu bem... Eu te espero aqui, pra gente conversar depois. - Ela me olhou nos olhos e depositou um beijo suave em minha testa.
- Já volto. - Levantou-se e saiu, fechando a porta atrás de si, me deixando ali sozinha.
Fiquei um bom tempo ali sentada, observando o tempo passar. Depois, me levantei e fui explorar os livros nas estantes. Folheei alguns sobre gastronomia até encontrar uma fileira de ficção científica. Peguei um livro aleatoriamente, li a sinopse e logo me apaixonei. Fiquei ansiosa para começar a leitura, então me acomodei no sofá e comecei a devorar as páginas. Não fazia ideia de quanto tempo se passava, até que, por volta da página cinquenta, a porta se abriu e Mariana entrou, trazendo uma bandeja na mão. A visão dela tirou toda a minha atenção do livro. Marquei a página e o coloquei de lado, enquanto a observava entrar com um sorriso.
- Então, passou o tempo lendo? - ela perguntou, com um olhar curioso.
- Gostei muito do livro. Você já leu? - perguntei, animada.
Ela olhou para a capa e sorriu.
- Já, eu adoro ficção e fantasia - respondeu, enquanto ajeitava as cadeiras para que ficássemos frente a frente. - Vou buscar o vinho.
Ela saiu e voltou rapidamente.
- Senta aqui - ela disse, puxando a cadeira para que eu me acomodasse. Em seguida, deu um beijo carinhoso em minha bochecha.
- Obrigada - falei, sentindo o gesto cheio de afeto, e a vi se sentar em frente a mim.
Ela colocou o prato de carbonara na minha frente e sorriu, serviu o vinho e o colocou também ao meu lado. Durante todo o momento, seu sorriso não saía do rosto.
-Quer conversar sobre o que lhe aflinge? Ou prefere terminar de comer? - ela me olhou com uma das sobrancelhas levantadas e me olhava nos olhos
- É que é complicado - ela deu mais uma garfada na sua comida e logo após mastigar e engolir, tomou um pequeno gole do vinho -Olha, vamos aproveitar o nosso momento, depois a gente senta e eu conto tudo
- Certo... inclusive, isso aqui está muito bom, o melhor carbonara da minha vida - ela sorriu e segurou em minha mão, me fazendo olhar em seus olhos, enquanto ela tomava mais um pequeno gole do liquido de sua taça
Comíamos em silêncio, mas um silêncio confortável, daqueles que eu achava que jamais encontraria de novo. Depois de terminarmos, ela se levantou e foi se sentar no sofá. Acabei fazendo o mesmo, me sentando ao seu lado.
- Olha... - ela me fez olhar para ela. - Eu conquistei tudo isso com a ajuda dos meus pais. Eles sempre foram a minha base, sempre... - Ela respirou fundo, desviando o olhar para qualquer lugar que não fosse os meus olhos. - Eles nunca tiveram problema com a minha sexualidade. No entanto, acabei me apaixonando por alguém que eles não aprovavam. Minha mãe sempre disse que a Lavinia não era uma pessoa boa... - Ela se levantou, tirando a roupa que vestia, revelando uma regata branca por baixo, e se sentou novamente, me olhando. - Eu tinha uma relação boa com eles, mas quando a Lavinia e eu decidimos morar juntas, isso os afastou. E quando ela fez o que fez, percebi que meus pais estavam certos, o que me deixou envergonhada. Hoje, estou pagando o preço por causa dela.
Eu nunca tinha visto ela assim, vulnerável e triste. Até o tom de voz dela refletia isso - pode até parecer piada, mas ela também era contadora. - Dei uma risadinha, quase sem querer.
- Então, contadora é seu tipo? - comentei, tentando aliviar o peso da conversa. Ela sorriu suavemente e me encarou.
- Prefiro as bonitas. - Ela pegou minha mão e me deu um beijo. - A Lavinia era contadora aqui também, e acabou assumindo algumas responsabilidades comigo. Quando terminamos, ela deixou um rombo gigantesco. Quase não consegui pagar os fornecedores há dois meses. Estamos respirando por aparelhos. - Ela tentava falar de forma mais leve.
Ver a Mariana assim, tão vulnerável, preocupada e sem a sua habitual pose, apertou meu coração. A puxei para um abraço e a mantive em meus braços em silêncio, pensando no que dizer.
Ela descansou a cabeça no meu ombro, me abraçando forte, respirando fundo, mas parecia estar bem, só por estar ali, em meus braços.
- Se eu ganhar um beijo, vou me sentir melhor... - ela disse, arrancando uma risada minha.
Iniciamos um beijo suave, cheio de carinho. Minhas mãos a envolviam, e, mesmo que um pouco desajeitadas, a sensação de tê-la ali era confortável, maravilhosa. Era doce, calma, sem pressa. Estar com ela me fazia sentir mais eu mesma a cada dia que passava. Seu sorriso, sua voz, seu perfume... tudo era incrível.
- Olha, meu bem, eu sei o quanto seus pais e você batalharam por tudo isso - ela me olhou nos olhos, ainda um pouco tímida. - E eu sei que vai ficar tudo bem, porque, pelo que te conheço, sei da mulher forte que você é. Vai passar por tudo isso e vai superar. Eu acredito em você. - Ela deitou a cabeça em meu ombro. - E eu estou aqui. Pode contar comigo.
- Eu só não quero perder tudo o que eu conquistei. O restaurante é o meu sonho, e agora parece que está indo embora. Não sei mais o que fazer.
Sua voz, que já estava rouca, se quebrou, como se um nó tivesse se formado em sua garganta. Isso me doeu profundamente. Eu odiava vê-la dessa forma. Ficamos ali, abraçadas, dividindo o sofá por um longo tempo.
Fim do capítulo
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DaniellaTh
Em: 14/12/2024
Muito bacana a construção da história que você está fazendo! Cada capítulo uma parte de cada uma vai sendo contada e faz com que a gente vá se conectando com elas. Parabéns pela história!
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