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ACONTECIMENTOS PREMEDITADOS por Nathy_milk

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Palavras: 5197
Acessos: 777   |  Postado em: 09/12/2024

Capitulo 65

Cap 64 - Acontecimentos premeditados


Sei que não apaguei totalmente nesse período, tenho algumas lembranças, mas de situações bem perdidas. Lembro de estar caída, lembro de pernas passando próximo a mim, lembro da passagem do dreno no meu tórax e a sensação do músculo estar sendo rasgado. Lembro de eu procurar a Beatriz. Será que está bem? Não se machucou não né?!

O barulho ao fundo é de hospital e esse cheiro nojento também é de hospital. Onde eu estou? Escutei um barulho ao lado, como se fossem risadas, mas um fungado como choro. Onde estou? Os olhos foram se fechando novamente, sonolentos, como se morfeu me chamasse sutilmente.

Abri os olhos, com um certo peso e dificuldade, e encontrei a Isabelle deitada no sofá de acompanhante, com o computador no colo. Porque a Isabelle está aqui? Cadê a Beatriz?

- Isa?! - falei com a garganta doendo, acho que está seca.

- Opa, acordou bela adormecida - falou soltando o computador no sofá - Aproveitou para tirar uma soneca hein?! 

- Apaguei quanto tempo? 

- Um dia. Mas foi a sedação que te deram.

- Dei trabalho? 

- Não, imagina. Tentou arrancar o dreno, tentou arrancar o soro, não parou pra fazer a tomografia, de boa. 

- Ai que vergonha! 

- Acho que os médicos e a equipe já estão acostumados. Como você está? 

- Amassada! Que dor do caralh*! - falei colocando a mão no dreno de tórax, havia um cano enfiado entre as minhas costelas, do lado esquerdo.

- Isso aí deve doer cara. Olha a grossura. 

- Me dá um espelho, deixa eu ver minha cara - pedi, direta.

- Flávia, acho melhor não. - mas é nítido que está feio, consigo sentir o inchaço.

- Isabelle! - tentei não ser agressiva

- Você realmente quebrou a cara dessa vez. Tá inchada, tipo tribufu - me entregou um espelho de maquiagem, pequeno. E a Isa se maquia? Nunca vi ela maquiada. Peguei o espelhinho e tentei ver o estrago. Olho esquerdo completamente fechado e inchado, com pontos vermelhos, outros pretos. A boca e a bochecha esquerda também estavam muito inchadas, acho que explica a dificuldade para falar. Tentei sorrir, testando mesmo a musculatura, mas foi sem sucesso, o tamanho do inchaço não deixou a boca nem contrair. O lado direito está inchado e roxo, mas perto do esquerdo está normal e lindo, quase bronzeado - Ficou feio seu rosto Flávia. 

- Foi só o rosto e a costela? 

- Acho que é melhor falar com o médico. Eu não sei exatamente se quebrou alguma coisa, se foi só a porr*da.

- Cadê a Beatriz? 

- Tá lá fora. 

- Ela tá bem? Aconteceu alguma coisa com ela? 

- Fisicamente não. 

- Ele não encostou nela né?! Porque eu sou capaz de achar esse filha da puta e eu própria matar ele. 

- Aparentemente não bateu nela, só em você mesmo. Mas ela não quis prestar depoimento até agora. Ela tá chorando o tempo todo, não saiu daqui pra comer, tomar banho, nada. Tá péssima. 

- Ela não quis ficar aqui comigo? 

- Flávia, é melhor você conversar com ela. Ela está se sentindo mega culpada, achando que você iria morrer, essas coisas. Você também já teve esse momento de culpa. 

- Com a diferença que eu fui culpada na morte da Fabi. 

- Cara, não vamos entrar nesse assunto. Conversa com a Bia, talvez ela precise mais de você que você dela.  

- Chama ela pra mim, fala que eu acordei, que quero falar com ela. 

- Já avisei que você acordou, dá um tempinho pra ela. Ela está com o Cantão lá embaixo. 

- Com o Gabriel? 

- Sim, o bocó é outro que não saiu daqui. Ficou os dois lá embaixo direto. 

- O que o Cantão tem  com tudo isso? Você que avisou ele? 

- Não, Fla. Acho que a Bia ficou tão preocupada, com medo que ela chamou o primeiro  que conhecia, que veio na mente dela, que foi o Cantão. Ele chegou bem rápido, acompanhou todo seu atendimento e ficou dando suporte pra Bia. 

- Humm

- Nem faz esse hum de ciúmes não cara. Ele está afundado também, achando que você iria morrer sem ele se desculpar. E pra ser sincera já deu essa briguinha de vocês. Você está com a Bia, ele já virou a página, podem já parar com essa melação de vocês. 

- Ele que ficou puto comigo. 

- Para alecrim dourado, você também provoca. 

- Só meu charme. Não obriguei a Bia a gostar de mim. 

- Cara, não tenho nada a ver com a briga de voces.

- Tá Isa, você tá certa. 

- Claro, sempre estou - tentei rir, mas o dreno bateu em alguma coisa dentro de mim e doeu.

- Isa, agora é sério, como ficou o Ricardo? 

- Como ele ficou? Tá lindo, inteirão, quem apanhou foi você. 

- Nossa, adoro sua delicadeza. Conseguiu filmar ele me batendo? 

- Ah Flávia, Ah Flávia. Teu erro nessa vida foi não ter me visto com outros olhos, nós juntas iríamos conquistar o mundo. 

- Deu certo? 

- Claro que deu certo Flávia! Ele está preso em flagrante, sem fiança. “Mermão” ele caiu e caiu feio. 

- Enquadrou no que?

- Ficou como violência a mulher, homofobia, tentativa de homicídio e lesão corporal. Quando você estiver melhor, em condições, vou apresentar as demais denúncias ao MP.

- Juro que estou tentando sorrir de alegria, mas minha boca nem se move. Não tem ideia do alívio em ouvir isso. Pelo menos uns bons dias ele vai ficar no xadrez. 

- Você é a pessoa mais louca que eu conheço, se submeter a isso tudo por um flagrante. É loucura, foi loucura. Poderia ter dado muita merd*. 

- Ele viria atrás de mim de todo jeito. Melhor foi nos anteciparmos e filmarmos ele. Me conta tudo, porque eu só sei que apanhei e muito, o resto, tô perdida. Senta aí, vai ficar em pé? - A conversa com a Isabelle consegue ir de 0 à 100 em milésimos de segundos, ela sentou no banquinho de acompanhante rindo da minha cara, enquanto eu tentava me posicionar melhor na cama com um cano no meu tórax. 

- Quando você me ligou avisando que a Mayra estava na pizzaria eu gelei. 

- Não tava botando fé na minha emboscada ne?!

- Claro que não. E pra ser bem sincera, estava torcendo pra nãõ dar certo. Deu certo e olha a merd*. 

- Ossos do ofício. To bonitona! - a expressão irônica dela foi bizarra.

- Eu me mantive no DP esperando sua mensagem, não tava botando fé, mas quando a Mayra apareceu na pizzaria, aí fiquei preocupada. Quando você falou que duas motos estavam te observando, aí eu me preocupei mais. Eu já tinha ido cedo lá na ruinha, já tinha acionado câmera, visto ângulo, todas essas coisas, mas quando você me mandou a localização eu sai rapidinho do DP e encostei o carro lá. Fiquei esperando. Se algo desse errado, teria a minha câmera pessoal. 

- Foi difícil levar eles até aquela rua. Cara, por muito menos eu teria parado a moto antes. 

- Ainda bem que conseguiu levar eles até lá. E no lugar que havíamos programado, as câmeras pegaram tudo. Ele chegando, ele dando a ordem, os caras te batendo, ele te batendo. Pegou ele ameaçando a Beatriz, ameaçando você. 

- E o áudio, salvou? 

- Cara, não sei como, mas o áudio salvou. Você colocar o ponto no bolso da calça foi de uma inteligência absurda. 

- Claro, pensando na forma como ele aborda as vítimas, sempre foi porr*da em tórax e face mesmo, se eu colocasse o gravador no top, iria estragar. 

- Sabe o que eu acho mais incrível, é que você se arriscou desse jeito, mas sabendo cada detalhe do método de trabalho do Ricardo. Eu nunca pensaria em descobrir como ele bate nas vítimas, muito menos pensar onde colocar o gravador. Isso é de uma genialidade. 

- Ah, não quero apanhar mais não, eu só pensava se você tinha gravado. Estava caida no chão e pensando: a Isa gravou, a Isa gravou. 

- Meu trabalho ali era nada, não poderia errar. 

- A juiza viu as imagens? 

- Ela já estava sabendo que fariamos uma emboscada, eu tinha pedido a autorização formal dela. Quando ela viu as imagens, só confirmou o flagrante.- Nossa, eu nem pensei na autorização pra emboscada. Que bom que você pensou. 

- Eu não poderia aceitar esse risco e depois ser considerado forjado ou algo assim. Fizemos a emboscada, mas quem ameaçou, quem bateu, quem fez tudo foi ele. Os videos foram só pra agravar a situação dele, por isso não teve nem fiança. 

- Você viu tudo? 

- Eu tinha que gravar ne?! Que desespero Flávia, meu Deus. eu nunca mais faço isso. Eu achei que ele fosse te matar, de verdade. Ele só parou quando a primeira viatura chegou. 

- Você que chamou a viatura? 

- Não. A Beatriz saiu correndo quando ele liberou ela, por sorte uma viatura estava subindo a Consolação. A Bia que parou a viatura. Aí acionou bombeiro, samu, a porr* toda. Eu nem apareci nessa hora, quando você entrou na ambulância, eu segui pegando as imagens e seguindo pro fórum.  Acho que foi nesse momento que a Bia ligou pro Cantão, ela foi em quem tem mais contato, maior proximidade. 

- Ela deve estar mega abalada. Ela não subiu ainda - olhei ao lado, procurando meu celular -  meu celular sobrou nessa história? 

- Está com a Beatriz. 

- Humm.

- E vou te falar, teve uma hora que a sua ex namoradinha ligou. 

- Quem? A Bruna? Ligou pra que? 

- Não sei cara, acho válido quando você conseguir, explorar isso. Ela pode acabar passando alguma coisa importante pra gente. 

- Você que atendeu a Bruna? 

- sim né? Seu celular estava com a Bia, ela chorando, desolada. Quando a Bruna ligou ficou mais perdida ainda, mas estava sem condições de atender mesmo. 

- E a Bruna falou algo importante? 

- Acho que queria falar na verdade. Quando eu atendi ela bem da educada, no caso bem grosseira, perguntou de você. Eu perguntei o que ela queria. A Bruna não fode nem sai de cima, perguntou se você estava revezando entre eu e a Bia. Olha a bosta. Eu falei que isso não era da conta dela, o importante era que você não estava com ela. 

- Ai Isa, pesado. 

- Ah, menina sem noção. Será que teve algum envolvimento direto nessa ação do Juba? 

- Acho que não. Ela estava com a Mayra na pizzaria, me viu com a Bia. Provavelmente viu que eu segui em frente e com a Beatriz, que ela já tinha um pé atrás e ciúmes. Deve ser dor de corno sabe?! Se não é comigo, vou atrapalhar. 

- É, bem provável. Mas dá um retorno, fica de olho. Quem sabe algo coloca a mao na mente dela e ela começa a ajudar, porque ela não é envolvida em nenhum dos crimes, só é sem noçaõ na escolha das namoradas. 

- Obrigada pelo carinho. 

- Por nada querida. 

- Me empresta seu celular então, eu vou ligar pra Beatriz se ela não subir aqui eu vou descer e ir buscar ela. 

- Chuchu, você viu seu joelho? Acha que vai andar sozinha pra onde? 

- To só sentindo ele latejar, mas dor normal. Eu quero tomar um banho, ver o resto dos estragos. 

- A moto caiu no seu joelho, tá uma bola. 

- Quebrou será? 

- Não sei, era bom falar com o médico, ele sabe o que rolou com você. Vou descer e conversar com a Bia, na paz. Ela tava malzão. 

- Tá - respondi contrariada - Isa, tô aqui pensando, como conseguiu tão fácil assim a autorização da juíza e depois a confirmação da prisão dele? - perguntei com a Isa quase na porta do quarto. 

- Ah Flávia, não é só você que conquista as coisas no charme. 

- Sem vergonha. Tá com a juíza? 

- Não, tô investindo algumas fichas, tudo com calma, ao seu tempo - ela sorriu, riu na verdade e saiu do quarto. 

Logo em seguida eu procurei a campainha e chamei a enfermagem. Eu queria lavar o rosto, escovar os dentes, se possível tomar um banho. Quero ver o estrago que aquele puto fez em mim. Não me arrependo, nem um pouco, saber que ele foi preso em flagrante, sem fiança, acalma muito a minha alma. 

Pouco tempo depois a técnica de enfermagem entrou no quarto, perguntando como eu estava. Pedi que se possível, queria tomar um banho e que estava começando a ter dor. Sou forte pra dor, mas não tem como negar que um cano no peito não doa, porque doi. A moça saiu do quarto porque iria pegar uma cadeira para o banho e analgesico.

 Logo que ela saiu eu puxei o lençol que estava em mim , queria dar uma olhada rápida. O joelho que a Isa falou era o direito, realmente bem inchado e roxo, foi onde caiu o tanque de combustível da moto. Se não quebrou é lucro. Minha mao direita está com uma bandagem, não sei se quebrou ou escoriação, mas está difícil mexer o indicador, imagino que tenha alguma tala, algo prendendo o dedo. Tem vários roxos nas pernas.

Tentei ir jogando as pernas pra fora da cama, detesto ser dependente. Consegui colocar as duas pra fora, sentando na cama, mas com bastante dor no dreno. Dei uma olhada rápida nele, é um cano saindo das costelas, que segue até um pote cheio de água que fica borbulhando. A água que fica nesse pote está vermelha, acho que sangue misturado com água. Não tenho aflição não, só a dor. 

Quando a moça voltou me ajudou a levantar. Consegui ficar em pé, mas o joelho ficou bem instável e eu tive um pouco de tontura, quase cai. Quando sentei na cadeira de banho o mal estar melhorou, segundo a moça era pressão baixa. Ela me ajudou a tirar a roupa e me levou para o chuveiro, logo eu toda tensa e envergonhada sem roupa na frente de outra pessoa. A água estava morna e pude ver melhor meu corpo, perto do local do dreno estava bem roxo, bem onde dói quando respiro. Tem roxo em outros locais do tórax e do rosto. 

Tomei um banho não tão confortável, bem banho de gato, mas deu pra conquistar a dignidade humana. Consegui escovar os dentes, consegui sentir que os dentes estavam na boca, aparentemente não perdi nenhum, mas a bochecha está machucada. Consegui pentear o cabelo com a mão esquerda, não ficou lindo, mas tá limpo. Quando sai do banheiro, dei de cara com a Bia e seus dois olhos inchados. Ela estava parada no meio do quarto. Eu tentei sorrir, mas sei  que só meia boca sorriu. A técnica me ajudou a colocar uma roupa minha, que alguém deve ter trazido de casa e orientou que voltaria depois para trocar os curativos. Sentei no sofazinho de acompanhante, o mesmo que a Isa estava sentada pouco tempo atrás. 

A Bia ficou parada no quarto, imovel, olhando eu me vestir, sentar no sofazinho, sempre com uma expressão séria, e completamente em silêncio. Assim que a técnica de enfermagem saiu, eu voltei minha atenção para ela. Não precisei falar absolutamente nada.  A Beatriz sentou ao meu lado e em completo silêncio, deu um beijo no meu ombro. Eu dobrei minha cabeça sobre a dela, passei minha mão imobilizada por seu ombro e dei espaço,  deixando  que chorasse pelo  tempo que fosse necessário. 

- Tá tudo bem Bia. 

- Tá tudo bem? - levantou a cabeça - tá tudo bem Flávia? Tá tudo bem? - falou ríspida, firme - Você quase morreu. 

- Tá, mas agora está tudo bem linda.

- Tá tudo ótimo Flávia. Olha seu rosto, duas costelas quebradas - nesse momento que soube o motivo do dreno - o joelho inchado, a mão quebrada - também só entendi agora - aquele imbecil batendo em você e eu não consegui fazer nada.

- Amor, você chamou a viatura. Você me acompanhou o tempo todo, cuidou de mim - segurei sua mão, tentando acalmar ela de alguma forma - Me desculpa por tudo isso, não queria te traumatizar mais. Você está bem? Ele te machucou? 

- Eu estou bem, ele não fez nada comigo. Só vi você apanhando - voltou a chorar - enquanto ele falava que eu ia ver você morrer, se eu não estivesse com ele não estava com ninguém. 

- Foi isso que ele te falou quando segurou seu rosto? - Sacudiu a cabeça, confirmando - Ele não foi homem nem pra fazer o que fez, nunca sairia no braço comigo, sem ninguém pra proteger ele. 

- Ele foi preso - ela voltou a chorar, soluçar. Dei um tempo, um espaço pra ela - Se o processo - soluço - não for consistente - soluço - ele vai ser solto.

- Linda, olha pra mim - com a mão quebrada levantei o rosto dela - preso em flagrante, sem liberação por fiança. Eu e a Isa temos um caso bem robusto, bem gostoso contra ele. Nós precisávamos dele preso para empurrar o processo, e deu certo. 

- Vocês programaram isso? Flávia! - eu me assustei, achei que ela já estava sabendo. 

- Achei que já tinham contado pra você. 

- Você programou isso Flávia? -  Rosnou pra mim - Você é louca? Ele poderia ter te matado, tirado você de mim - voltou a chorar. 

- Não tirou Bi. Foi um risco pela nossa paz. Quero ele longe da gente. 

- E pra isso você se coloca na frente dele? 

- Amor, Bia. Vem cá linda. O Ricardo está até o talo com processos. Ele está envolvido com tráfico internacional de pessoas, tráfico de orgãos, falsificação de documentos, sem contar o que você já sabe, que é agiotagem e assassinato. Eu e a Isa estamos trabalhando nesse caso faz um tempo. 

- E me contar? Sou sua namorada. 

- É um caso bem mais amplo, não envolve só o Ricardo. Envolve tanta gente Bia. Está rodando em sigilo absoluto, no DP só quem sabe sou eu, a Isa e o Alcino. E tem que ficar assim, por favor. 

- Tem a ver com a vala do matão? 

- É o caso da vala do matao 2, o retorno. 

- Por isso que você estava nervosa, agitada? 

- Estou agitada pelo fim da faculdade, pelo cansaço, mas por esse caso também - não quis e não vou entrar em detalhes quanto às ameaças da Mayra, nem do Ricardo. 

- Eu poderia ter ajudado vocês. 

- Jamais, olha o risco que você se submeteu sem nem saber do caso. Imagina sabendo o caso. 

- Você se colocou em risco. Não pode. Nunca conheci alguém tão insistente e dedicada por algo.

- Bia, eu amo tanto você, tanto, que faria isso mil vezes ou mais. Quero você podendo viver em paz, sem a sombra desse idiota te assombrando. Te amo a ponto de me arriscar para te ver livre - os olhinhos dela, que haviam secado, voltaram a molhar. Talvez pelo primeiro eu te amo que falei pra ela. 

- Eu nunca tive alguém que cuidasse de mim como você cuida, ninguém que me quisesse bem como você. 

- Ninguém que te pegasse gostoso igual eu pego - tentei aliviar o clima. 

- Isso tambem Flá - esticou o corpo pra perto de mim, tentando me abraçar sem me machucar - Te amo muito. Sou muito feliz ao seu lado. 

- Vish,  já foi mais facil fazer uma mulher feliz - tentei rir, mas o dreno deu uma pontada em alguma coisa e doeu de arder os olhos. 

- Sossega quieta e tenta melhorar - levantou do sofazinho - Eu vou rapidinho lá embaixo, vou buscar uma pessoa que ficou muito preocupado com você. 

- Fala pro boco subir sozinho, não vou deixar você sair do meu lado.

- Quem falou que é ele? 

- A Isa me falou que ele estava lá embaixo dando um suporte pra você. 

- Ele ficou o tempo todo lá comigo, me acalmando e perguntando de você. 

- Loga pra ele, fala que pode subir, que você já me amoleceu. 

- Posso mesmo? 

- Pode, já deu tempo do Cantão entender que você está namorando comigo agora. Sem contar que ele mesmo já fez a fila andar. Fala pra ele subir - ela puxou o celular e eu lembrei - amor, meu celular resistiu? - ela acenou o rosto, colocou a mão no bolso e puxou o meu celular. Dei uma olhada rápida nele, estava com a tela rachada em tres pontos, alguns arranhados na capinha atrás. Posso dizer que perto do estrago do meu rosto, ele poderia ter quebrado mais. 

Desbloqueei ele com a digital, ainda está funcionando. Fui nas ligações, realmente houve uma ligação da Bruna, coisa rapida confirmando o que a Isa me passou. Quando abri as mensagens, tinham várias para serem lidas, entre elas as da Bruna. Abri a aba e estava lá: “ Tentei conversar com você, mas a Isabelle que atendeu. Quando puder me liga, preciso falar com você”. “Soube que sofreu um acidente, quando estiver em condiçoes me liga”. “Como você está?” E várias outras mensagens perguntando se eu havia me machucado, como eu estava. Quando eu estiver sozinha e com vontade, ligo pra ela. 

Pouco tempo depois o Gabriel e a Ana Lu entraram pela porta do quarto do hospital. A Ana Lu estava visivelmente preocupada, mas com aquele lado punitivo dela. No olhar eu pude receber uma primeira bronca. O Gabriel com a mesma expressão de bobão de sempre, mas estava um pouco envergonhado olhando para baixo. A Ana Lu foi responsavel por quebrar o clima estranho.

- Nossa Flávia, estragaram seu rosto. 

- Delicada já na entrada Ana Lu. 

- Como foi isso aí? - a Bia olhou rápido pra mim como se pedisse sigilo. 

- Dois caras me seguindo, tentaram pegar minha moto. A moto ficou, mas o rosto foi. 

- Incrível como o azar te persegue Flávia. Quando o Gabriel me contou vim na hora. Ele ficou lá embaixo todo preocupado também - esticou a mao, batendo nele, o chamando para a conversa. - Não é?

- Claro, eu não te deixaria aqui internada, sem vir fazer uma piada com sua cara quebrada - ele estava super desconfortável, envergonhado. Eu entendo ele, brigamos pelo simples fato de eu estar com a Bia e ele não ter aceito, vou encarar a presença dele como uma desculpa. 

- Faz assim, quando eu tiver alta, vou tomar uma cerveja com você - tentei fazer graça também, aliviar o clima. 

- Duvido sapatão, no máximo você toma água benzida, santa - conseguimos rir os quatro, eu quase ri na verdade, mas isso mostrou um alívio na situação, uma flexibilização. Espero que ele tenha entendido ou aceitado eu com a Bia, mas considerando a amizade que tivemos, pode ter sido apenas uma raiva momentânea, não uma mágoa. Afinal, como eu expliquei pra ele, ele e a Bia já tinham terminado quando ela conversou comigo sobre o que sentia. 

- Flávia, como vai fazer com o caso para entregar terça. Conseguiu fazer alguma coisa? - Ana Lu me perguntou direta. 

- Sendo bem sincera, eu li e fiz a capa, só. Nem sei como vou fazer isso. Duvido que eu tenha alta a tempo de entregar, com a mão quebrada eu mal consigo digitar. 

- Você pode ir me falando que eu digito pra você - a Bia falou

- Bia, eu não sei o que vou fazer, nem tem como eu ir entregar esse caso. Duvido ter alta em dois dias. 

- Mas aí nada que uma procuração, acompanhado do atestado médico - O Cantão abriu a boca - A faculdade não pode te obrigar a estar presente se você está hospitalizada. Na verdade, não poderia nem te obrigar a entregar o trabalho. E se obrigar, nada como um processinho, coisa simples. Posso te dar um suporte também se quiser, sento aí com você e passamos o dia fazendo o caso. Sei que a Isabelle também te dá uma força se precisar. 

- Acho que minha dificuldade é mais para digitar em si por conta da mão. Mas se você ou a Isa ajudarem, vai facilitar a vida. E posso ir ditando pra Bia, ela adianta escrevendo e vocês formatam nos modelos das petições. Vou precisar da ajuda de vocês. 

- Posso ir em casa quando eles forem embora, pego seu computador e qualquer material que precise. 

- Eu vou aceitar amor, preciso dessa ajuda - falei amor normalmente, não vou me podar pela presença do Gabriel, se veio me visitar e ofereceu ajuda com o caso é porque tá no barco, então é isso e pronto. 

Ficamos os quatro um tempinho conversando até que me bateu um cansaço forte e um pouco de dificuldade para respirar. A Bia me ajudou a deitar na cama. Só de esticar o corpo já melhorou um pouco a respiração. Mas essa foi a deixa pra Ana Lu chamar o Cantão pra ir embora e a Bia acompanhá-los na intenção de pegar meu computador e o caso. Me despedi dela e agradeci por todo o cuidado que estava tendo comigo. 

Estiquei o corpo, a entrada do dreno estava doendo e eu fisicamente cansada, querendo dormir. Mas tenho uma missão antes de tirar uma soneca, vou ligar para Bruna. A Isa como delegada é muito boa no que faz, se o faro dela está falando para manter o contato, investigar, é bom escutar essa sensação. Liguei pra ela e fui atendida no segundo toque:

- Flávinha. Tudo bem? Como você está? O Bibo falou que você sofreu um acidente.

- Oi Bru, eu to bem, um pouco machucada, mas me recuperando. 

- Machucou muito? 

- Não, coisa pouca, duas costelas, mão quebrada, alguns arranhões, nada demais. Você tinha me ligado, precisa falar alguma coisa comigo?

- Não, não exatamente. Lembra daquele jantar no vietnamita?

- Hum, sim  - fui direta, não queria bater papo, queria coletar informações só. 

- Deve sair na coluna esse final de semana, se tiver um tempinho, dá uma lida. É só que lembrei de você. Achei coincidência ser publicada esse final de semana e nos esbarrarmos na pizzaria. 

- Coincidência né?! - Claro, mundo pequeno a sua namorada estar   me ameaçando e estar envolvida em mil sujeiras. 

- Eu sinto falta de conversar com você. Você conseguia falar de tudo, com uma inteligência assustadora. 

- Bru, não sendo grossa, mas tem algo importante para me falar? Eu estou internada, com bastante dor, cansada. 

- Não, era só ouvir sua voz, sinto falta de você. 

- É, isso é algo que acontece por conta de nossas escolhas. Decisões e consequências né? 

- Sim, eu sei disso. Só sinto falto das nossas conversar. 

- Acontece, o tempo cura tudo, nada supera a inexorável marcha do tempo. 

- Você acha mesmo que a May está envolvida em algo ilicito? - isso que eu quero

- Porque a pergunta Bru? 

- Ela está mais agitada que antes, fumando mais. Quase não larga o celular. 

- Você que tem que saber isso Bru. Conversa com ela. 

- Já perguntei, me acusou de ser informante sua. Não quero me envolver em nada errado, eu não preciso de ninguém pra fazer merd* comigo, eu sozinha já coloco minha vida em perigo. 

- Então se afasta dela. Se não está bem, não está segura, se afasta. 

- Ela está programando ir pra Londres na próxima semana - na hora levantei o alerta - só estou achando uma viagem tão sem nexo, sem motivo, em um período que não precisamos. Não sei, fiquei com uma pulga na orelha - e eu em total alerta agora. 

- Bru, não tenho como te confirmar ou desconfirmar nada. Mas qualquer coisa você pode me ligar. Tenta ficar segura. 

- Tem alguma coisa que posso fazer para ajudar ela? Evitar que seja denunciada? Nem sei como as coisas funcionam - Ah, me poupe, se poupe, nos poupe. 

- Bru, você nem sabe se ela está envolvida em algo. Tenta ocupar sua cabeça se afastando dela. Não se envolve em tentar descobrir nada. Isso não é seguro. 

- Conheço seu tom de voz, já me confirmou que ela está envolvida em algo. 

- Bru, isso é você que está dizendo. Eu to cansada, com dor. Preciso desligar. 

- Tá bom. Obrigada por me ouvir. Gosto muito de falar com você. 

- Beijo Bru. Até mais. 


Mesmo com bastante dor e cansaço eu não me dei descanso, já liguei direto pra Isabelle, informando sobre a ligação da Bruna. A informação mais importante é essa possível viagem a Londres, pode ser para transportar mais alguém como pode ser para fuga. Orientei a Isa a acionar novamente a PF e dessa vez bloquear o passaporte dela e gerar um alerta pro rosto dela, já que pode tentar sair do país com outro passaporte. Desde a ação do Ricardo, a Mayra não entrou em contato de novo, considerando a prisão dele, é bem plausível uma tentativa de fuga. E se sair do país, não pegamos ela de jeito nenhum.  

 


No dia seguinte eu já conseguia respirar com mais facilidade e dois dias depois o dreno foi retirado do tórax. Para sair não doeu tanto quanto para entrar, mas é bem desconfortável um cano saindo do corpo. Segundo o médico, com a retirada do dreno, seria um dia em observação e se desse tudo certo, teria alta hospitalar. No meu último dia de internação, recebi uma ligação estimulante e assustadora, de Portugal. Lembram da Dra Carol, que foi sequestrada pelo Grilo, Pucca e Caroço, para fazer o parto da companheira do Grilo? A Fernanda, namorada dela me ligou. 

Olha só a confusão, uma das nossas dúvidas era se havia alguém em Portugal envolvido com o trafico de orgãos. Uma das rotas feitas pela Mayra envolvia Lisboa, a Dra Caroline estava no interior de Portugal e foi sequestrada especificamente pela quadrilha do Puca. Enfim, esse nó ainda estava bem envolvido, sem ponta. 

A Fernanda me ligou, dizendo que uma ex-namorada dela, chamada Milena, abordou a Caroline no hospital em que elas trabalham alegando ser a mandante do sequestro. Até ai é um problema, mas ok. A situação piora quando essa tal Milena oferece dinheiro para a Dra Carol sair de Portugal, dizendo o seguinte: “ Sabe, eu posso fazer bem pior, ainda estou te oferecendo um dinheiro para você ir embora, em paz. Acha que dinheiro é problema pra mim? Eu comando uma organização de tráfico de órgãos, dinheiro nunca foi problema. Sabe o que eu deveria ter feito? Tirado tudo de dentro de você, deixando você acordada, gritando. Pena que o Puca te conhecia, ele é um dos meus melhores, sabia? Você só não morreu porque ele te protegeu, por mim, você nem saia viva de lá”. 


Puta que pariu, é essa mulher que fecha nosso esquema, amarra as pontas soltas. Finalmente. 

Fim do capítulo


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Comentários para 65 - Capitulo 65:
Julika Sempre
Julika Sempre

Em: 11/12/2024

Nossa que pira. 

Está ficando melhor, a cada capítulo 

Parabéns 

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Mmila
Mmila

Em: 10/12/2024

Ufa! Um alento nesse novelo de lã emboladissimo.

Parabens autora, está muito ia essa história. Adorando acompanhar cada passo bem desenvolvido.

Enfim o Cantão aceitando a situação.

A Bruna tá muito ingênua nessa situação para uma pessoa tão esclarecida e de bom trâmite.

Mayra, tua batata está assando.

 

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