Capitulo 2. Intercâmbio
A garota não conseguia tirar os olhos da janela, mesmo agora estando escuro ela gostava de distinguir as montanhas ao longe e apreciar o reflexo prateado que a lua deixava nos rios e lago. A cabine estava completamente em silêncio, o nervosismo era quase palpável. Do lado de fora, no corredor, conversas altas e gargalhadas podiam ser claramente ouvidas.
Lana esfregou as mãos frias mais uma vez e as enfiou dentro da capa com o símbolo de Hogwarts. - Como está frio! - Pensou ela. Na região tropical onde morava sempre era muito quente, só com duas estações do ano, época da chuva e época da seca. Dias frios eram só um ou outro durante os meses de junho e agosto e mesmo nos dias mais frios, não chegavam a baixa temperatura que fazia aquele dia de verão. Mas o frio que enfrentaria nos meses seguintes não a desanimava, mas sim a deixava mais excitada ainda. Ela poderia ver a neve e passar os dias frios tomando chocolate quente perto da lareira, enquanto lia algum livro. Pensar em como seria os seus próximos dois anos fazia com que o seu coração disparasse e lhe dava um frio no estomago semelhante ao que sentia toda vez que se embrenhava na floresta amazônica atrás de plantas e animais mágicos.
Mais cedo naquele mesmo dia, quando fora acompanhada ao beco diagonal por um representante do ministério, Lana se sentira a bruxa mais sortuda do mundo. Aquela rua apertada e meio torta, com lojas extremamente coloridas, a deixou boquiaberta, quase babando.
Primeiramente Edward Lupin (que era o representante do ministério responsável em a ajudar na preparação para Hogwarts, e que tinha um cabelo azul turquesa) levou a bruxa estrangeira ao banco dos bruxos, Gringotts, para que os duendes a ensinasse como enviar cartas pedindo saques, transferência ou depósitos. Já que ela não poderia ir a Londres toda vez que precisasse de dinheiro. Lana ficou em uma expectativa muito grande em andar nos carrinhos pelos corredores subterrâneos do banco até o seu cofre, mas descobriu que o caminho não era muito longo.
O duende, Lupin e ela caminharam só alguns metros por um túnel iluminado por tochas para chegar à o seu cofre, que era bem pequeno comparado a os que já ouvira falar. A bruxa fez a retirada do dinheiro que precisava, logo depois a dupla rumou para as compras. Os dois andaram de uma loja a outra, conversando praticamente o tempo todo. Lana tinha muitas dúvidas e Lupin parecia gostar de falar.
Nesse tempo ela descobriu que Edward Lupin era um metamorfo afilhado de Harry Potter, o grande bruxo que derrotara Voldemort. A alegria de conhecer alguém que tinha intimidade com Potter foi tão grande que ela nem ficou decepcionada ao descobrir que Ted já estava namorando. Também descobriu que o rapaz tinha acabado de se formar em Hogwarts, e que ele fora da Grifinória, monitor chefe e apanhador do time de quadribol durante quatro anos. Tirou ótimas notas nos N.E.Ms por isso conseguiu um estágio no Departamento de Cooperação Internacional em Magia.
A conversa continuou dês de assuntos sobre Hogwarts, até Ted narrando como fora a experiência de ir à copo mundial de quadribol. Enquanto isso a dupla visitou a alfaiataria da Madame Malkin, onde compraram os três conjuntos de vestes pretas, que já tinha sido encomendados, já que Lana só chegara em Londres no dia anterior. Logo depois passaram no penas de escritório para comprar algumas penas e bastante pergaminho e tinta. Logo após foram para a Floreios e Borrões, onde Lana fez a festa comprando os livros pedidos na lista da carta de Hogwarts, e também vários outros sobre a fauna e flora mágica local. Em seguida passaram na loja de Caldeirões e na farmácia. Foi aí que Ted teve a brilhante ideia de levar as comprar de volta para seu quarto no caldeirão furado e ir visitar a loja de diversão Gemiliadades Weasley. Que em disparada era a loja mais colorida e cheia de crianças do beco diagonal.
- Aqui você pode encontrar tudo que quiser para se divertir, matar aula, espionar, conquistar um amor e entre outros. – Disse Ted.
E realmente Lana não sabia para onde olhar primeiro, as prateleiras iam até o teto cheias de produtos que na maioria das vezes pareciam estranhos. Lana comprou um chapéu escudo, já que não era uma das melhores alunas quando se tratava de defesa contra as artes das trevas, feitiços patenteados para devanear, esse foi indicação de Ted.
- Você provavelmente vai passar por aulas que gostaria de ter um desses em mãos.
Ela também comprou cinco potes do infalível removedor de espinhas em dez segundos. E pensou em comprar uma pena revisora, mas Ted a aconselhou a não comprar porque quando ela começava a ficar fraca, em vez de revisar as palavras, ela escrevia tudo errado e muitas vezes inventava palavras. Em vez disso ele a aconselhou comprar a pena resposta.
- Vai ser ótimo para as tarefas de aulas que você não tem muita aptidão ou que esteja com pressa. Mas leve várias, o feitiço se esgota rápido.
As Gemiliadades Wesley com certeza fora o ponto alto do da sua manhã. O dono da loja Jorge Weasley não estava, mas seus filhos sim, Fred e Roxanne. Lana não conseguiu conter a empolgação ao descobrir que os dois eram sobrinhos de Harry Potter e que ela provavelmente estudaria com Fred.
Fred era um garoto magro e alto, com cabelos negros e ondulados, pele morena e olhos amendoado. Falava de uma forma calma e tinha movimentos lentos e gentis. Ele era da Lufa-Lufa, e Lana queria muito ser selecionada para a mesma casa, porque eles tinham aula extra de Herbologia. Já a irmã mais nova de Fred, Roxanne era da sonserina, ela tinha olhos azuis rápidos e analíticos, era alta e tinha um corpo atlético, cabelos ruivos e pele bem branca com sardas no rosto. A garota falava de uma forma um pouco rude e impaciente, mas fez várias perguntas sobre o Brasil e em como era Castelobruxo. Perguntas que Lana respondeu prontamente.
A conversa entre o quarteto estava muito boa, até a mãe dos garotos, Angelina Weasley, entrar desesperada dizendo que eles já estavam atrasados e que só faltava quarenta minutos para o expresso de Hogwarts partir. Ted levou um susto na hora e saiu correndo da loja puxando Lana pelo braço.
- Como eu não vi o tempo passar. – Dizia ele. – Só temos quarenta minutos para enfrentar o trânsito de Londres.
- Por que não aparatamos? – Disse Lana.
Ted parou na hora a encarando. – Você sabe aparatar?
- Sim, no Brasil é de lei quando um adolescente chegar aos 15 anos aprender a aparatar, é a forma mais comum de locomoção bruxa.
- Vocês não usam a rede de flú?
- Praticamente ninguém usa lareira no Brasil, não faz sentido em um país tropical.
Quinze minutos depois eles aparataram em um beco perto da estação de Kings Cross, Ted corria empurrado o carrinho de Lana pela estação, enquanto a garota o acompanhava, preocupado em não conseguir chegar a tempo, eles atravessaram a parede da plataforma 9³/4 faltando quinze minutos para o trem partir. Na plataforma ele apresentou Lana para um outro representante do departamento de Cooperação Internacional em Magia, um senhor mais velho chamado Edgar Flint.
- Flint vai te dar as últimas instruções, foi um prazer te conhecer Lana, e aproveite Hogwarts. – Dizendo isso ele se virou e saiu apressado.
- Muito bem, agora não falte ninguém, então posso apresenta-lo, mas antes, quero reforçar algo que lhes já fora dito. As pulseiras que estão usando produzem um feitiço que afeta suas cordas vocais e sua audição, ela faz com que vocês possam falar com qual quer um que fale inglês, búlgaro, francês, espanhol, coreano e português, por isso não se intimidem em conversar com qualquer um em Hogwarts – Disse Edgar. E em seguida começou a apresentar todos que estavam ali.
No total eram seis estrangeiros que fariam intercambio em Hogwarts, cada aluno era de uma escola diferente, escolas essas que ficavam em lugares totalmente diferentes umas das outras.
A primeira aluna a ser apresentada era uma garota de baixa estatura, olhos bem puxados e cabelos lisos e cortados na altura dos ombros, chamada Inoue Sasagawa. Ela não disse nada quando foi apresentada pelo senhor Flint, só fez uma reverencia para todos ali. A garota estava vestida de uma forma bem-comportada, com uma camisa branca por baixo de um blazer cinza escuro, uma saia até os joelhos da mesma cor do blazer e um sapato simples com meia três quartos.
- A Senhorita Sasagawa veio da escola Mahoutokoro, que fica situada no topo de uma ilha vulcânica no Japão. – Informou o Senhor Flint.
O segundo da lista era um rapaz negro, alto e musculoso chamado Zaki Reis, bem bonito e descolado. Seu cabelo era crespo cortado bem curto em um degradê, usava uma blusa de quadribol do time de Angola e é claro uma jaqueta de frio.
- Ele também veio de uma região quente! - Pensou Lana.
- O Senhor Reis veio da incrível e mais antiga escola de magia do mundo, Uagadou, situada na Uganda, mas ele é do pais de Angola.
Zaki exibiu um sorriso grande o tempo todo, e logo que foi apresentado, abraçou a todos.
O terceiro aluno gringo a ser apresentado foi outra garota, chamada Natasha Krum, muito, mas muito bonita. Ela tinha lábios grandes e olhos bem verdes, até o seu nariz um pouco maior que o normal fazia uma simetria perfeita com o seu rosto, ela era alta como Zaki, mas extremamente branca, os cabelos eram negros e lisos amarrados em um rabo de cavalo. Estava vestindo uma blusa branca regata, com uma calça preta e botas. Foi dito pelo senhor Flint que ela era búlgara e representava uma escola na Noruega chamada Durmstrang.
- Com licença. – Disse Zaki. – Você é parente de Victor Krum?
- Sim. – Disse ela sorrindo. – Krum é meu pai.
- Oh que foda! – Zaki levou a mão a boca e fez um movimento com o corpo como se fosse um rapper.
- Humhum. – O senhor Flint pirragueou.
- Desculpa, pode continuar com as apresentações. – Zaki se endireitou e ficou sério de repente.
Lana achou a cena engraçada e quase não conseguiu conter o riso.
Logo em seguida um rapaz um pouco franzino com cabelos loiros chamado Wallace Neveu foi apresentado. O garoto parecia nem estar prestando atenção no que estava sendo dito, nem reagiu ao seu próprio nome, ele só ficava com a cabeça abaixada e olhava para os lados com olhos rápidos.
- O Senhor Neveu é um francês aluno da elegante escola de magia Beauxbatons.
Ele estava vestido de uma forma social, calça, camisa cinza posta por dentro da calça com um brilhante cinto preto, gravata também cinza e cabelo bem cortado e penteado para o lado.
O penúltimo membro a ser apresentado veio da escola americana chamada Ilvermorny, O nome dele era Lonan Maiitsohakis, ele tinha a pele morena avermelhada, alto e atlético. Usava todo orgulhoso um chapéu de cowboy branco, fivela dourada e bota que parecia ser de coro de cobra, em uma das orelhas trazia um brinco feito das unhas de algum animal feroz, também estava vestindo uma jaqueta jeans e exibia um longo cabelo bem preto e liso. Depois de ser apresentado Lonan apertou a mão de todos e sorriu.
Já que Lana fora a última a chegar, então foi a última a ser apresentada, ela sorriu para todos e tentou o máximo não demonstrar o nervosismo.
Logo após as apresentações, o sexteto foi acompanhado até uma cabine pelo senhor Flint. Todos que viam a comitiva de pessoas diferentes olhavam e apontavam, sussurrando entre si. Depois de estarem acomodados no trem, não demorou muito para que o mesmo partisse. No início a conversa entre eles era acalorada. Lana, Inoue e Wallace quase não abriram a boca. Mas Zaki, Lonan e Natasha compensaram a falta de assunto dos outros três. Eles conversaram sobre tudo, como eram suas respectivas escolas e o lugar onde elas ficavam.
Natasha contou como as coisas em Durmstrang eram há vinte anos.
- Durmstrang não passava de um pequeno castelo, com poucos alunos homens de famílias de sangue puro. Era um lugar Sombrio que dava lugar as artes das trevas. Mas isso mudou nos últimos anos, o ano em que eu comecei a estudar magia, foi o ano em que meu pai conseguiu fazer que a escola aceitasse meninas. Ele usou boa parte do dinheiro que ganhou como jogador de quadribol para construir um castelo maior ligado a antiga estrutura da escola, com isso ele conseguiu um acordo para que meio sangues e nascidos trouxas fossem aceitos lá. É claro que o lugar ainda é sombrio, posso contar nos dedos os dias do ano que faz sol, e em pelo menos metade do ano a neve encobre tudo. Mas se tornou um lugar bem mais agradável e acolhedor.
Quanto mais o trem se distanciava de Londres, mas tarde ia ficando e mais frio fazia. No meio da viajem Lana pediu licença e foi até o banheiro para vestir as vestes de Hogwarts. Ela também resolveu colocar as luvas só para poder ficar mais quentinha. Pelo espelho a garota pode se ver vestida todo de preto, e o emblema da escola com as quatro casas por cima da capa preta. Ela tocou o quadradinho onde a lufa-lufa estava representada desejando poder dormir pelos próximos dois anos sobre o teto do salão comunal desta casa.
Quando Lana voltou pegou Lonan falando sobre a tribo na qual pertencia nos EUA.
A tribo Navajo é a maior tribo indígena dos EUA, existem muitas famílias de bruxos dentro da tribo, para os Navajos a existência do mundo bruxo é conhecida, mas é claro que é guardada por todos.
- Lonan. – Disse Lana. – No Brasil praticamente um terço dos bruxos são índios ou descendentes de índios, isso também ocorre nos EUA?
- Sim, sim, a cultura indígena influencia muito no mundo bruxo.
- Acho que a nação bruxa em geral acaba sendo muito influenciada pelas as pessoas que chegaram ali primeiro. Tanto que segundo historiadores a magia se originou na África, assim como a humanidade. – Natasha falava de um jeito calmo e mesmo sem querer a sua voz saia em um tom sedutor.
Algum tempo já havia se passado e agora todos pareciam não ter mais assunto. Provavelmente isso se devia ao fato de já ter escurecido e com isso o trem deveria estar perto de Hogwarts. Todos já estavam vestidos, Zaki assim como Lana encolhia-se em um canto tentando se proteger ao máximo do frio. Já Natasha nem com a capa estava, Lonan e Wallace e Inoue apresentavam estar adaptados aquela temperatura.
Lana olhava pela janela e imaginava como seria Hogwarts, o grande salão, as salas de aula, o salão comunal da casa que seria escolhida. O campo de quadribol e as estufas de Herbologia. Enquanto divagava a garota viu algo que parecia um espectro brilhoso refletir na janela, ela rapidamente olhou para o corredor mas o que produziu a luz já tinha ido.
- Algum de vocês viram algo brilhante passar pela janela?
Todos balançaram a cabeça em negação.
Fim do capítulo
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