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o nosso recomeco (EM REVISAO) por nath.rodriguess

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Palavras: 4222
Acessos: 1770   |  Postado em: 28/11/2024

capitulo vinte e quatro: eu escolho você.

 

CAPÍTULO VINTE E CINCO. EU ESCOLHO VOCÊ.

            Fê foi embora sem falar comigo, me mandou uma mensagem dizendo que estava exausta e com dor de cabeça, por isso não iria me esperar. Ela precisava de espaço e eu não queria ser tão invasiva, mesmo assim decidi ir ao shopping e passei em uma loja famosa de chocolates e acabei comprando uma caixa de bombom gourmet pra ela, para melhorar seu humor. Não resisti e comprei também um ursinho de pelúcia que era a sua cara: um monstrinho.

            Não, não me entendam mal.

            O estado de espírito dela a fazia parecer um monstrinho.

            Com os presentes em mãos, fui para casa. Não iria entregar pessoalmente, pois ela precisava de espaço, queria ficar só e era segunda-feira. Não era nosso dia de dormirmos juntas. No caminho, vim ensaiando um bilhetinho que eu queria que ela lesse. Na verdade, eu ouvi uma música no meu Spotify que há muito tempo eu não ouvia, iria mandar o link por mensagem assim que o presente fosse entregue.

            Quando cheguei em casa e finalmente tirei meus sapatos, fui logo pra cozinha pegar uma folha de papel e uma caneta. Quero que o bilhete tenha meu toque pessoal, algo que ela sinta ser genuíno, mesmo na simplicidade. Sento-me à mesa com os chocolates e o ursinho a minha frente, fico pensando nas palavras certas. Não quero soar exagerada, mas também não quero que ela pense que estou sendo indiferente... ou que fiquei brava pelo jeito que ela me tratou no almoço.

            “Para melhorar o seu dia... Espero que o chocolate aqueça o coração e o monstrinho roube um sorriso. Tomara que você entenda o significado rs

            Ah, ouça a música que mandei por mensagem. Me lembrou você.

            Com carinho,

            Sua Anna.”

            Leio o bilhete em voz alta pela segunda vez e dou um sorriso. Estava bom, mas poderia ficar melhor. Vou até o meu quarto e pego um dos meus perfumes, eu sei que ela amava aquele amadeirado. Borrifo suavemente no monstrinho e no bilhete.

            Pronto. Estava perfeito.

            Peço a moto por aplicativo para poder levar o presente da minha namorada, como ela mora em Irajá e eu na Tijuca, demoraria uns 30 minutos pra chegar até ela. Aproveito e subo para tomar um banho, tirar a roupa de trabalho. Quando chego no banheiro vejo algumas roupas da Fê no meu cesto de roupas para lavar e dou um sorriso. Espero que meu presentinho acalme o coração dela e quero que o seu dia termine melhor do que começou, mesmo que eu não esteja lá para ver.

            Será que ela vai rir ao ver o monstrinho? Ou será que ela vai me xingar por chama-la de monstrinha? Só de pensar nisso, dou uma risada pensando nos beliscões que ela me daria no dia seguinte.

            Agora, resta esperar. E torcer para que ela aceite o gesto como um sinal de que, mesmo respeitando o espaço dela, eu estou aqui para fazê-la sorrir.

            Sento na cama e vejo que o motoboy está há um minuto de distância para entregar. Começo a ficar ansiosa e fico bloqueando e desbloqueando o celular de cinco em cinco segundos, a qualquer momento a entrega seria realizada. É engraçado como pequenos gestos, como enviar um presente, podem trazer tanta expectativa. Não estou me reconhecendo mais, eu parecia uma adolescente. Será que ela vai gostar? Será que entenderá a intenção por trás disso?

            O aplicativo apita.

            “Entrega realizada.”

            Meu peito fica misturado de alívio com ansiedade. Mando o link da música para ela e quero saber o que ela achou de tudo. Estava ansiosa, mas não ia pressioná-la. Já que ela precisava de espaço, eu prometi a mim mesma que iria respeitar isso.

            Deixo o celular de lado e fecho os meus olhos por um instante, ouvindo a música que escolhi para ela. As notas suaves parecem preencher o silêncio do quarto, me lembrando de cada momento bom que passamos juntas. Mesmo que o dia dela tenha sido uma merd*, quero acreditar que o meu gesto foi capaz de mudar algo.

            Alguns minutos se passam e o celular vibra ao meu lado, meu coração dá um salto. É uma mensagem dela.

"Você não existe. Quem mandou me chamar de monstrinho? Mas vou deixar passar porque o ursinho é fofinho e o chocolate salvou meu humor. Obrigada, minha Anna."

Não consigo segurar o sorriso. Respondo rapidamente:

"Eu sabia que você ia gostar. E prometo que o monstrinho foi com carinho. Ouviu a música?"

Ela digita por um tempo, e eu quase posso imaginá-la revirando os olhos antes de responder:

"Ainda não. Vou ouvir agora...”

Depois de alguns minutos, sinto meu celular vibrando novamente. É ela. Chamada de vídeo, atendo prontamente.

— Oi, meu amor. – Sorrio, mas sinto que ela estava chorando, emocionada e agarrada no monstrinho. — O que foi, linda?

— Eu amo tanto você, Anna.

Suas lágrimas caem, fico preocupada com o seu estado de espírito. Não sei se foi o dia ruim, as coisas que estavam acontecendo ultimamente, ou se algo mais a estava afetando profundamente. Meu coração aperta ao vê-la assim, tão vulnerável.

— Fê, você quer conversar? — pergunto com suavidade, tentando não pressioná-la.

Ela balança a cabeça levemente, enquanto enxuga as lágrimas com as costas da mão.

— Não é nada que você tenha feito, é só... tudo. Hoje foi um dia difícil, mas aí você aparece com esse presente, com a música... — Ela suspira, apertando o ursinho contra o peito. — É como se você soubesse exatamente do que eu precisava, mesmo sem eu dizer nada.

— Claro que eu sei, amor. — Respondo com ternura, tentando tranquilizá-la. — Eu te conheço, e estou aqui para você. Sempre. E... eu também amo você.

Ela sorri ao ouvir a última frase, mesmo com os olhos ainda marejados e deixa escapar uma risadinha.

— Você falou que me ama pela primeira vez — diz, o sorriso dela é o mais lindo que eu já vi

— É, amor... Eu falei.

Só aí percebo o que eu acabei de dizer, sinto o rubor queimar na minha pele. Uma mistura de vergonha e alívio, finalmente deixei escapar o que já sentia, sem medos.

— Desculpa ter falado por vídeo e não pessoalmente, deveria ter sido melhor assim, deveria ter sido uma coisa especial, mais íntima... mas eu não pude evitar. Eu senti vontade de dizer e... Enfim, está dito.

Estou desconcertada e nervosa, mas sendo totalmente sincera.

— Tem certeza? – Ela pergunta, insegura. — Não está me dizendo isso só para me agradar ou para me fazer sentir melhor?

— É claro que não. Por que pensa assim? – Questiono, decepcionada.

— Tenho medo dela te roubar de mim, confesso – Faz biquinho e abaixa a cabeça

— Ela? — pergunto, meu coração apertando. Sei exatamente de quem ela está falando, mas quero que ela diga.

Fernanda desvia o olhar por um instante, hesitando. Quando volta a me encarar, seus olhos estão cheios de insegurança.

— A Beatriz. — Sua voz sai baixa, quase como se fosse difícil admitir. — Eu sei que ela faz parte do seu passado, mas não consigo evitar... Tenho medo de não ser suficiente.

Céus.

Fecho os olhos por alguns segundos, buscando as palavras certas. Não quero que ela se sinta insegura, principalmente quando faço de tudo para mostrar o quanto a amo.

— Fê, olha pra mim. — Espero que seus olhos encontrem os meus antes de continuar. — Eu escolho você. Todos os dias. A Beatriz faz parte do meu passado, mas é você quem está aqui comigo agora. É com você que eu quero estar.

Ela me observa, ainda segurando o monstrinho contra o peito.

— E se ela tentar voltar de novo? E se ela... tentar te fazer mudar de ideia? — Sua voz falha no final, e vejo o medo estampado em seu rosto.

— Não importa o que ela faça ou tente, Fê. — Minha voz é firme, mas doce. — Você é o meu presente, o meu futuro. Eu não quero ninguém além de você.

Ela morde o lábio, pensativa, e abaixa a cabeça.

— Eu tô apaixonada por você, Anna... de verdade. Só de pensar em te perder, me dá esse nó na garganta... — ela suspira, passando os dedos no pelo macio do monstrinho. — Desculpa se eu tô sendo boba.

— Não, você não é boba. — Sorrio suavemente. — Você só ama. E eu também te amo.

Ela levanta os olhos, um pouco surpresa, mas com um sorriso tímido surgindo nos lábios.

— Você falou que me ama pela segunda vez só hoje.

— Falei. — Confirmo, sorrindo de volta. — Eu cansei de guardar para mim.

— Tem certeza? — Ela pergunta, de novo.

— Por que não acredita em mim? – Pergunto, abaixando a cabeça. Não acredito que depois de me abrir ela estava desconfiando do meu sentimento.

— Porque, às vezes, parece bom demais pra ser verdade. — Ela ri de nervoso, passando as mãos pelo cabelo. — Eu fico pensando que você poderia ter qualquer pessoa e...

— E escolhi você. — Interrompo suavemente. — Sempre você. Antes de você eu vivia em uma penumbra, não conseguia me entregar para ninguém, aí apareceu uma ruivinha linda no meu trabalho, com um sorriso que fez meu coração parar e ainda flertou comigo. Impossível não ser apaixonada por essa mulher linda, incrível, gostosa, inteligente. 

Ela fecha os olhos por um momento, sorriu, respirou fundo e quando os abre novamente, vejo um pouco mais de confiança ali.

— Obrigada, Anna. Por me amar.

— Sempre. — Respondo com um sorriso, e a vejo apertar o ursinho contra o rosto, finalmente relaxando.

Passamos o resto da ligação conversando sobre coisas leves, rindo de bobagens, até que o dia ruim de Fernanda parecia estar bem mais distante. Eu sabia que ela ainda precisava de tempo para lidar com suas inseguranças, seus medos, mas eu estava disposta a mostrar todos os dias que o meu amor por ela era verdadeiro e inabalável.

            No outro dia, estou prontamente na estação do metrô aguardando-a. Eu estava de sobretudo preto, o tempo estava irritantemente chuvoso no Rio de Janeiro e o pior, estava frio. Parecia que a Frozen havia passado com ódio por aqui. Vejo seu rosto pela multidão, estava com uma caça social e um blazer vermelho, um sapato fechado de salto médio e um sorriso estampado no rosto assim que me viu. Seus passos seguiram firmes na minha direção e eu não aguento, vou até ela e a peguei de surpresa, colando nossos lábios. Ela envolve meu pescoço e eu ergo o seu corpo, rodopiando-a no ar. Fê solta um gritinho, dobrando suas pernas e seu rosto começa a corar.

            — Para, Anna! — ela diz rindo e finge me repreender — estamos em público, sua louca!

            — Caguei pro público, quero minha ruiva — digo, sorrindo e soltando-a, mas dou a mão para ela e faço um carinho com meu polegar em seus dedos.

            O metrô chega na estação, lotado como sempre. Ela consegue segurar na barra de apoio e me puxa para si, agarro em sua cintura e ficamos conversando baixinho.

— Sobre o que você me falou ontem... – Digo procurando as palavras certas – Você estava daquela forma somente por insegurança ou tem algo a mais que eu tenho que saber?

Ela suspira, procurando coragem para me contar.

— Não é só insegurança, amor... — ela começa desviando os olhos por um instante, como se organizar seus pensamentos fosse necessário antes de continuar. — É que, além de todo o medo de te perder, tem algo no trabalho que está me deixando muito sobrecarregada.

Minha expressão se suaviza. Finalmente ela ia me contar, mas eu já sabia. Então eu tinha que parecer surpresa.

— O que está acontecendo, Fê? — pergunto, apertando levemente sua cintura como incentivo para ela continuar.

— Estão reorganizando toda a equipe. Tem mudanças acontecendo, e... — Ela suspira profundamente, mexendo na barra do blazer com a mão livre. — Sinto que não estou à altura das expectativas. Ralf está me enlouquecendo, parece estar misturando as coisas. Roberto vê o que se passa, o que ele está fazendo comigo, mas está omisso. Parece que quer me punir pelo que aconteceu com... – Ela não consegue completar o nome.

— Com Beatriz. – Completo e aperto sua mão, dando força e coragem para que ela continue.

— Parece que qualquer erro meu será o suficiente para perder tudo o que conquistei até agora.

Eu a observo com atenção, ela está com medo de perder o emprego por conta dessa situação.

— Fê, você é incrível no que faz. Sei o quanto é dedicada e competente. Eles não têm ideia da sorte que têm em ter você ali. — Digo, com firmeza, tentando afastar aquele olhar de dúvida que estava no rosto dela.

— Mas e se não for o suficiente? — Ela pergunta, baixinho, como se fosse mais para si mesma do que para mim.

— Sempre vai ser o suficiente, amor. Você é suficiente. — Seguro seu rosto com uma das mãos, forçando-a a olhar para mim, mesmo no espaço apertado do metrô. — E se precisar de ajuda ou só de alguém para ouvir, eu estou aqui. Eu me sinto muito culpada por tudo, mas infelizmente não posso voltar atrás e mudar o tempo. O que me resta é te dar apoio e te ajudar de alguma forma para que você não saia prejudicada nessa situação.

Ela dá um pequeno sorriso, um tanto tímido, e encosta a cabeça no meu ombro por alguns segundos.

— Obrigada por sempre estar aqui por mim, Anna. Desde o primeiro dia.

O metrô para na próxima estação, mas ela continua encostada em mim. Fico aliviada por ela ter começado a se abrir, mesmo que ainda houvesse mais para dizer.

— Sabe o que vamos fazer na hora do almoço hoje? — pergunto, tentando mudar o clima para algo mais leve.

— O quê? — Ela me olha, curiosa.

— Vamos sair para algum lugar e esquecer aquela firma por duas horas. Só hoje.

Ela ri, assentindo.

— Parece perfeito.

Sorrio para ela e quando o metrô chega ao nosso destino, seguro sua mão, prometendo silenciosamente que faria de tudo para ajudá-la a atravessar o que quer que viesse pela frente.

Passei a manhã me equilibrando entre o escritório e o fórum. Céus, como meu carro faz falta. Consegui a liberdade provisória do cliente, o juiz parecia sensato. Primeiro furto, não tinha antecedentes criminais, não representava perigo, não tinha motivo para perecer na prisão. Pude devolver o jovem rapaz de 18 anos para sua família. Não sou dessas que passa a mão na cabeça desses meninos, obviamente dei uma bronca e espero, sinceramente, nunca mais voltar a representá-lo. Falei pra tomar jeito, vamos ver se me ouve.

Voltei para o escritório e resolvi buscar Fernanda no setor dela, vou confessar que não sentia saudades nenhuma daquele lugar tóxico. Passei no cubículo de Andressa e ela não estava lá, provavelmente teria ido almoçar. Resolvi escrever um bilhete num post it e deixar em sua mesa.

“Vim aqui visitar a rainha da escrotidão, mas a majestade não estava em seus aposentos. Quero te convidar para um happy hour sexta-feira, me manda mensagem assim que ver esse bilhete.

Vá a merd*.

Com amor,
Anna F.”

Deixo o bilhete colado no monitor do seu notebook. Eu sentia muita falta de Andressa, dos nossos cafés, das nossas conversas, fofocas e implicâncias. Depois do meu acidente, nosso laço de amizade se tornou maior. Talvez Fernanda tenha me ensinado também, a estreitar laços e deixar as pessoas entrarem na minha vida, sem sentir medo. Isso era ótimo, um avanço. Eu me sentia sendo mais receptiva com as pessoas, afinal. Não as afastava mais, porém, eu mantinha uma distância segura.

É com esse pensamento que me sinto sendo observada, alguém para atrás de mim e pigarreia.

— O que te trás ao meu setor, doutora Anna? – Disse Ralf, em sua pura ironia – Sentiu saudade?

Viro-me lentamente, tentando controlar minha expressão ao encontrar o rosto de Ralf. Ele me encarava com aquele sorriso cínico que parecia ser sua marca registrada. Respirei fundo antes de responder.

— Desculpa, você virou meu chefe? Acaso lhe devo satisfação?  — Digo, cruzando os braços e mantendo minha postura firme.

Ele dá um passo à frente, claramente tentando se impor, mas eu permaneço no lugar. Não era meu primeiro embate com ele, e certamente não seria o último.

— Está aqui por negócios ou... assuntos pessoais? — Ele levanta uma sobrancelha, como se quisesse me provocar.

— Talvez os dois. — Respondo, seca. — Mas não que isso seja da sua conta.

Ele ri, debochando.

— Você sempre tão encantadora, Anna. Não mudou nada, mesmo depois de sair daqui.

— É, mas algumas coisas mudaram. — Dou um passo à frente, agora o encarando diretamente. — E, para sua informação, estou aqui para buscar Fernanda. Algo contra?

O sorriso dele desaparece por um instante, substituído por uma expressão dura.

— Você realmente gosta de se meter onde não é chamada, não é?

— Se for para proteger quem eu amo, pode apostar que sim. — Minha voz é firme, e percebo que ele se incomoda com minha segurança.

Ele dá de ombros, forçando um sorriso.

— Seja lá o que você acha que está fazendo, boa sorte, Anna. Vai precisar.

Antes que eu pudesse responder, ele se vira e sai, deixando um rastro de sua energia tóxica para trás. Eu não ia deixar que ele me abalasse, muito menos que atrapalhasse Fernanda.

Olho para o relógio e decido enviar uma mensagem para ela, avisando que estou esperando. Não havia nada que Ralf pudesse fazer para nos atingir se estivéssemos unidas. E eu me certificaria disso.

— Vamos? – Ela aparece, sorrindo.

— Vamos.

Ela me dá o braço e saímos assim pelo elevador, gerando comentários naquele local tóxico.

Peguei um carro por aplicativo e Fernanda parecia curiosa. Principalmente pois tirei ela do trabalho para ir a um local que demorava uns 20 minutos para chegar de carro e o tempo ainda estava chuvoso.

Reservei uma mesa em um restaurante flutuante, ele oferecia uma vista incrível do Pão de Açúcar e da Marina da Glória. Foi necessário pegar uma barca para chegarmos até ele. É um lugar aconchegante, mas sofisticado, ideal para um momento especial. Durante o trajeto, não quis revelar o destino, só disse à Fê que iria levá-la para respirar novos ares. Enfim, é como diz o ditado: “mente vazia, oficina do Tik Tok”.  Nada que uma pesquisa no aplicativo não resolva.

Quando chegamos lá, Fernanda ficou encantada com o visual: mesas posicionadas estrategicamente para aproveitar a paisagem e um cardápio que mistura frutos do mar e pratos típicos brasileiros.

— Anna! Que coisa mais linda, amor. Mas não precisava disso tudo, você anda gastando muito comigo. Para com isso – Ela diz, ruborizada.

Eu queria provocá-la, então comentei:

— Queria te trazer para algo diferente, mas se você preferir, voltamos para o restaurante perto do escritório e peço para Jasmine servir arroz, feijão, bife e batata frita.

Fernanda ri e me dá um leve empurrão.

— Nem pensar. Isso aqui é perfeito.

Aproveitamos o almoço conversando sobre coisas leves, mas no fundo, estava usando o momento para aliviar a tensão que percebi em Fernanda quando a busquei em seu setor. Antes de sairmos, pedi duas taças de vinho branco e fiz um pequeno discurso pra ela:

— À mulher incrível que você é. E à coragem de enfrentar qualquer coisa, sempre com esse sorriso que ilumina meu dia.

Fernanda fica visivelmente emocionada, mas acaba brindando comigo. O clima entre nós estava maravilhoso, se tornando íntimo e reconfortante.

— Saiu o edital da OAB. A prova é daqui há três meses. – Fê comenta

— Ótimo, quando começamos a estudar? – Pergunto, interessada para que ela faça a prova e numa tentativa de ajudá-la com isso.

— Não sei se faço, Anna. Não me sinto pronta. Tenho medo de me ferrar de novo.

— Mulher, sua última prova você fez 39 pontos. Faltou apenas 1 para ir à segunda fase, você pode ter um pouco de fé, por favor? – Peço, mas continuo: — Você estudou na FND, seu TCC foi nota 10, você teve os melhores professores, você trabalha no maior escritório de advocacia do Rio de Janeiro.

Fernanda sorri, mas é um sorriso pequeno, quase incerto, enquanto brinca com a taça de vinho entre os dedos.

— Eu sei de tudo isso, Anna, mas e se não for suficiente? — ela desvia o olhar para o horizonte, a Baía de Guanabara refletindo os raios de sol sobre as águas tranquilas.

Eu coloco minha mão sobre a dela, firme, mas reconfortante.

— Você não é esse tipo de pessoa, Fê. Você é a mulher que enfrentou anos de faculdade enquanto trabalhava para se sustentar, que passou noites acordada virando tese e estudando jurisprudência. Você é a mulher que eu admiro todos os dias.

Ela ri baixinho, meio desconcertada, mas me olha nos olhos.

— Você tem tanta certeza de mim que chega a me dar medo.

— Porque eu vejo o que você às vezes não consegue enxergar. Você é incrível, Maria Fernanda. Só precisa acreditar um pouco mais em si mesma. — Faço uma pausa, soltando a mão dela para pegar minha taça. — Mas se você precisa de um plano...

Ela arqueia uma sobrancelha, curiosa.

— Que tipo de plano?

Sorrio de lado, levantando a taça num gesto de brinde.

— Eu vou estudar com você. Todas as noites que precisar, até você se sentir pronta. Vamos revisar questões, simular provas e, se precisar, criar estratégias de memorização. Não aceito desculpas.

Ela fica em silêncio por um momento, visivelmente tocada. Finalmente, ergue a taça para encontrar a minha.

— Tá bom, mas só porque você é insistente.

— Sou insistente porque te amo.

Brindamos. Ela relaxa na cadeira.

— Talvez eu realmente consiga...

— Não é talvez, Fê. Você vai conseguir. Eu não tenho a menor dúvida.

O sorriso dela se amplia, e vejo aquele brilho nos olhos que eu tanto adoro. Era um começo. E, juntas, ela enfrentaria qualquer desafio.

Duas horas depois voltamos ao trabalho. Foi o almoço mais longo que tiramos, mas eu estava disposta a quebrar as regras um pouquinho para vê-la feliz.

Voltei focada em andar pelos corredores e ouvir conversinhas fiadas. Era assim que se descobria as coisas. Perguntei à secretária do Dr Proetti se ele estava disponível, pois precisava falar com ele e ela me disse que toda terça feira a agenda dele fica livre na parte da tarde, ele nunca estava na empresa nessa hora, pois almoçava com colegas de faculdade, que eram sócios em outros escritórios. Almoço de negócios. Agradeci a resposta e por ela ser uma grande fofoqueira. Sorri por dentro. Era uma pista.

De volta à minha sala, me sento na cadeira, pegando o telefone. Era um daqueles momentos em que, por mais que minha consciência tentasse sussurrar algo, minha determinação gritava mais alto. Gustavo Proetti tinha um histórico sujo, e eu não tinha tempo para perder com burocracias que ele provavelmente manipulava a seu favor.

A ligação para meu amigo hacker foi breve, direta.

— Preciso de um favor, rápido e discreto. — Disse, enquanto ouvia o som de teclas ao fundo do outro lado da linha.

— Isso vai custar, Anna. O que você quer exatamente? — Ele respondeu com aquele tom casual, quase divertido, que sempre usava quando o assunto envolvia algo ilícito.

— Eu tenho um cartão corporativo para gastar, não se preocupe. Preciso saber onde Gustavo Proetti, meu chefe, passa suas tardes de terça-feira. Algo que confirme uma rotina ou explique por que ele desaparece da empresa nesse horário.

— Um rastreamento, então? Vai levar um tempo, mas... posso cuidar disso.

— Não tenho tempo. Te dou 24h. E quero também acesso a documentos. Contas bancárias, trans*ções recentes. Qualquer coisa que justifique ou desmascare a história da esposa dele. Pago o que for.

— Está entrando num território complicado, doutora.

— É um território onde eu preciso estar. — Respondo, sem hesitar.

Depois de combinar os detalhes, desligo, sentindo uma mistura de alívio e ansiedade. Não era a maneira mais correta de lidar com a situação, mas Proetti já havia provado que era mestre em manipular os outros. Se ele estava desviando dinheiro da empresa fora da finalidade que ele falou para Dra Baldez, como eu suspeitava, precisava de algo concreto antes de qualquer acusação direta.

Enquanto espero os resultados, passo o resto da tarde focada em revisar processos e organizando minha agenda. Não queria parecer desconfiada ou agir de forma que levantasse suspeitas. Tudo precisava ser meticulosamente calculado.

Eu sabia que estava brincando com fogo. Se algo desse errado, as consequências poderiam ser graves. Ainda assim, a imagem de Proetti se safando, manipulando Baldez e prejudicando tantas pessoas, me dava a força necessária para continuar.

Eu só precisava de provas. E, com sorte, teria elas muito em breve.

 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Se eu falar pra vocês que o capítulo estava pronto há dias e que eu quase me esqueci de postá-lo hoje vocês acreditam? hahaha sorte que lembrei 

 

A história irá tomar um novo rumo a partir dos próximos capítulos, fiquem atentas! 


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Comentários para 24 - capitulo vinte e quatro: eu escolho você.:
Lea
Lea

Em: 08/01/2025

Espero que,as flores que a Beatriz enviou para Anna não resulte em briga entre a Maria Fernanda e a Anna. A Maria Fernanda precisa está focada na prova,ela tem que passar.

Não estou acreditando nesse câncer da esposa do sócio da Dra Baldez.

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Mmila
Mmila

Em: 29/11/2024

Minha heroína, Anna.

Lindas as duas, Anna e Fernanda. 

Ralf, que nojento!

Proetti, tua batata tá assando.

 


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 29/11/2024 Autora da história
Anna com certeza está mostrando a força dela, né? E Fernanda... tão linda, sempre ao lado dela. Diferente de umas e outras, né? Hahaha Sobre o Ralf, concordo 100%! Já o Proetti... bom, vou deixar você descobrir o que vem por aí. Domingo vocês descobrirão tudo!


Responder

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Socorro
Socorro

Em: 29/11/2024

Anna apaixonada e linda .., 

confesso, que adoro essa interação e evolução desse relacionamento e mto importante confiar uma na outra acima de tudo ... 

mudanças a vista conte +++ kkk

Esse Ralf e Roberto tão merecendo sofrer heim 


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 29/11/2024 Autora da história
O relacionamento das duas irá passar por algumas tempestades ao longo da trama, aguardem

Sobre Ralf e Roberto, quem nunca teve um colega de trabalho pé no saco? haha Anna saberá lidar com eles da melhor forma.



Socorro

Socorro Em: 29/11/2024
Autora,

Eu sei que vão kkkk
Agora me prometa que juntas ok

Quem tem exs como elas não vai ser fácil mesmo kkkk



nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 03/12/2024 Autora da história
Eu não vou prometer nada kkkkkkkk a história está tomando o rumo que as vozes da minha cabeça estão pedindo. As exs vão dar muito trabalho para elas ainda, os próximos capítulos mostrarão isso.


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