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o nosso recomeco (EM REVISAO) por nath.rodriguess

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Palavras: 6361
Acessos: 1772   |  Postado em: 25/11/2024

capitulo vinte e tres: flores?

 

Acordo novamente e sinto que Fê não está ao meu lado. Dou um suspiro de tristeza, mas tenho certeza de que ela não iria embora sem se despedir. Olho o celular na tentativa de visualizar alguma mensagem dela, mas não havia nenhuma, sinal de que ela ainda estaria por aqui. Noto a porta se abrindo e ela entra no quarto com uma bandeja de café da manhã e um sorriso.

            — Para minha linda namorada se recuperar — ela coloca a bandeja em cima da cama

            — Só os seus beijos são capazes de me recuperar, vida. — dou um beijo rápido em seus lábios

            — Vou confessar que fico toda bobinha em ouvir isso... — ela sorri, mas vejo sua bochecha corar — é tão bom te ver assim...

            Ela não esconde sua satisfação, ela leva sua mão até o meu rosto e me faz um afago, me permito sentir. Então é essa a sensação de ser correspondido? Pois a sensação é boa pra caramba.

            Era domingo, estávamos no quarto assistindo TV, Fê me fez assistir uma série chamada “Os quatro da Candelária”, uma série da Netflix que mostra a vida de quatro amigos antes da tragédia acontecer. Eu estava com a cabeça apoiada em seu peito, quando ouço alguém bater na porta do quarto. Fê olha pra mim assustada.

            — Deve ser a Bruna, amor. Ela tem a chave. — a tranquilizo

            — Bru, é você? — Fê pergunta em um tom mais alto

            — Sim! posso entrar sem correr o risco de ver certas coisas? — ela solta uma gargalhada do outro lado da porta

            — Pode! — eu e Fernanda respondemos juntas, rindo.

            Quando Bruna entra, cumprimenta Fê com um beijo no rosto. Já a mim, me dá um abraço apertado, afetivo. Presumo que ela esteja se sentindo culpada pelo que aconteceu por conta de Alessandra. Ao se sentar na cama, ela direciona seu olhar para a minha panturrilha, que ainda está com um hematoma. Seu olhar cruza com o meu e seus olhos ficam marejados.

            — Me desculpa, Anna. — ela abaixa a cabeça, parecendo estar mesmo triste com aquilo

            — Você não tem culpa, Bru — a conforto, pegando na sua mão e fazendo um carinho

            — Lembra quando a gente era adolescente, quando você estava mal por causa da outra lá e eu jurei que ia te proteger de tudo?

            Assinto, me lembrando o motivo daquela promessa. Quando tentei suicídio por conta dos meus pais e fiquei internada no hospital, Bruna fez a promessa que ia sempre me proteger e jamais me deixar sozinha. Nossa amizade era muito forte, era algo que ela levava a sério desde então. Mas antes que eu consiga dizer qualquer coisa, Fernanda toma a frente.

 

— Bruna, ninguém aqui tem culpa, exceto quem causou tudo isso — O tom dela é firme

— Eu sei, Fê. Eu sei – Ela suspira – Tem algo que preciso contar pra vocês.

O clima ficou tenso, mas eu tinha certeza que se tivesse alguma coisa que pudesse me derrubar, não importava. Eu tinha as duas pessoas mais importantes pra mim ao meu lado e tudo ia ficar bem.

—  Depois que você foi embora, Alessandra surtou. Gritou, esperneou, não conseguiu mais jogar em paz, até porque as meninas do seu time se encarregaram de fazer com que ela não jogasse mesmo, elas a machucavam o tempo todo. Quando fui falar com ela sobre você, dizendo que não achei legal o que ela fez e que estava terminando nossa relação, ela surtou. Ela ainda sente coisas pela Fernanda e não consegue lidar com o término das duas.

Fê fecha os olhos por um instante, mas não diz nada.

 — Ela disse que Fernanda e eu estávamos a trocando por uma patricinha mimada, nariz em pé, entre outras coisas. Quando eu entrei nessa história, já sabia que ela ainda sentia algo por uma ex, mas não sabia que era você, Fê — ela pega na mão de Fernanda e a aperta — Mas tentei mesmo assim, porque eu estava apaixonada, achei que poderia ser diferente, achei que poderia... — ela para por um instante, respirando fundo pra não chorar — mas tudo que eu consegui foi me envolver em uma história que só trouxe dor.

— Bruna... — Fernanda finalmente levanta os olhos, sua voz baixa. — Eu nunca quis que você ou ninguém mais se machucasse por algo que aconteceu comigo. A culpa disso tudo é minha. Eu não sei se Anna ou Alessandra contaram a você o motivo do nosso término, mas... Nós terminamos porquê... — Fernanda respira fundo, tentando tomar coragem para contar algo tão doloroso pra ela — Porque ela transou comigo sem o meu consentimento. Ela... basicamente me estuprou.

Sinto o corpo da minha namorada estremecer e sem pensar duas vezes, a envolvo em um abraço a apertando contra mim.

Bruna leva a mão à boca, suas lágrimas escorrendo sem controle. Ela se levanta rapidamente e em um movimento, vai até Fernanda, ajoelhando-se ao lado dela.

— Fê... Meu Deus, Fê... Eu não sabia. Eu juro que não sabia. Se soubesse, nunca teria ficado perto dela. Nunca teria... — Sua voz se quebra, e ela segura a mão de Fernanda como se precisasse se redimir.

— Eu não podia contar, Bruna. — Minha voz sai firme, mas sinto um nó se formar na garganta. — Era algo sobre Fernanda, sobre a dor dela. Não era minha história para contar... mas quero que você saiba que, desde o momento em que soube o que Alessandra fez, tudo o que eu queria era te tirar de perto dela. Eu tinha tanto medo... medo de que ela pudesse fazer com você o que fez com Fernanda.

Fernanda aperta minha mão com força. Quando olho para Bruna, vejo a culpa e o choque estampados em seu rosto, mas também uma determinação que me faz acreditar que estamos juntas nisso, de verdade.

— Ela não vai mais machucar ninguém. — Bruna finalmente diz, enxugando o rosto com as costas da mão. — Nem você, nem Anna, nem mais ninguém.

— Não mesmo. — Minha voz é firme, quase como uma promessa. — Agora chega de falar em Alessandra. Se ela não consegue lidar que perdeu, o problema é dela, não nosso.

Elas me olharam surpresa, mas eu não recuei. Queria colocar ordem naquele caos.

— Bruna, pega essa culpa que você está sentindo e vai fazer um brigadeiro pra mim. Volta aqui pra assistir série com a gente. — Ordeno entre sorrisos

— Você é horrível, Anna Florence! Horrível! – Ela finge uma irritação enquanto se levanta e vai até a cozinha preparar o brigadeiro.

— Só brigadeiro? Não serve beijinhos? – Fê sussurra em meu ouvido, fazendo com que os pelos loiros do meu corpo se arrepiem

— De você eu quero mais do que beijinhos... — Digo, abrindo dois botões da frente do seu vestido e passando a mão nos seus seios.

— Anna... – Sua respiração pesa – Para...

A puxo para perto e coloco a coberta em cima de nós, para que Bruna não entrasse e visse cenas inapropriadas. Intensifico o beijo e desço minha mão direita para sua coxa, arranhando-a de leve. Sinto Fernanda pegando fogo naquele momento, a excitação por estar tendo seus sentidos estimulados e a excitação de ter mais alguém na casa que poderia nos pegar no flagra a qualquer momento, a corrói. Ela pega a minha mão e a coloca em seu sex*.

Porr*, ela estava tão quente e úmida aqui embaixo.

Começo a acariciar seu sex* por cima da calcinha e ela abre suas pernas, não me faço de rogada e puxo sua calcinha minúscula para o lado e a penetro. Ela me beija com urgência a fim de abafar os seus gemidos, depois intensifico os movimentos dos meus dedos e ela desce a boca para o meu pescoço, mordendo ali e fazendo o máximo de esforço possível para não me marcar de novo.

— Hmmm...amor... — Fernanda gem* baixinho, mas logo em seguida coloca a mão na boca, tentando abafar o som. Eu sorrio entre os beijos, satisfeita com a resposta do corpo dela ao meu toque.

Tudo parece perfeito. A urgência. O calor. A sensação de que o mundo lá fora não importa, de que somos só nós duas naquele momento.

Até que...

— Ei, meninas! Eu estava pensando... brigadeiro ou brownie? — A voz de Bruna ecoa pela casa, seguida pelo som de seus passos se aproximando.

Fernanda arregala os olhos e tenta se afastar, mas não dou tempo.

— Relaxa. Ela não vai entrar aqui sem bater. — Tento acalmá-la, embora eu mesma esteja tensa.

Mas, como se o universo quisesse provar que eu estava errada, a porta se escancara sem cerimônia.
Bruna aparece segurando uma colher de pau em uma mão e um pote de leite condensado na outra.

— Vocês acham que dá pra... — Ela para de falar. Seus olhos se arregalam. A colher cai da mão dela, espalhando leite condensado pelo chão.

Silêncio.

— Meu Deus! — Ela finalmente exclama, cobrindo os olhos com a mão livre. — Sério, Anna? Você não podia esperar até o brigadeiro esfriar? Ou eu simplesmente dormir?

Eu e Fernanda congelamos, presas embaixo do cobertor como duas adolescentes pegas no flagra pelos pais.

— BRUNA! — Eu grito, puxando o cobertor ainda mais para cima.

— Ei, a culpa não é minha! Eu só queria saber do brigadeiro... Agora estou traumatizada. — Ela diz, mas o riso escapando de sua voz entrega que ela está mais divertida do que horrorizada.

Fernanda cobre o rosto com as mãos, rindo nervosa.

— Sai, Bruna! Sai daqui agora! — Ela grita, a voz abafada entre as gargalhadas.

Bruna dá dois passos para trás, ainda rindo.

— Tá bom, tá bom! Eu vou terminar o brigadeiro... Mas só quero que saibam que nunca mais vou entrar nesse quarto sem um aviso!

E com isso, ela fecha a porta, ainda rindo alto enquanto seus passos ecoam pelo corredor.

Eu olho para Fernanda, que agora ri tanto que mal consegue respirar.

— Isso... isso foi terrível! — Ela diz entre risos.

— Terrível mesmo — eu concordo, tentando manter a seriedade, mas não resisto e caio na risada junto com ela.

Quando finalmente conseguimos nos acalmar, a tensão sexual ainda paira no ar, mas é substituída por algo mais leve e íntimo. Fernanda me beija no rosto e murmura:

— Acho que isso é um sinal pra gente esperar até mais tarde.

Eu dou um sorriso malicioso.

— Talvez... ou talvez seja só um teste pra ver se conseguimos nos controlar.

Ela revira os olhos, mas o sorriso não sai do rosto.

Depois que Bruna voltou com dois pratos de brigadeiros prontos — E, dessa vez, ela bateu na porta — Percebi o quanto eu era grata por ter duas pessoas tão lindas na minha vida. Bruna, minha melhor amiga, que nunca me deixou de lado por nada nessa vida e Fernanda, minha namorada que eu estava completamente e perdidamente apaixonada, que vem me acompanhando nos últimos meses e cuidando de mim antes mesmo da gente iniciar um relacionamento.

— Vão lavar essas mãos! – Bruna ordena entre risos e Fernanda me ajuda a levantar para lavar as mãos no banheiro, antes de comermos. Era o mínimo que eu podia fazer por Bruna.

Colocamos outro filme e as duas ficaram me enchendo de mimos e cuidados – Fê me dando chocolate na boca e Bruna fazendo massagem na minha panturrilha, depois que trouxe meu remédio e ainda colocou a bolsa de gelo. Puxei Bruna para o meu colo e senti que minha amiga também estava com o coração partido e precisava de cuidados. Eu não era tão carinhosa e afetiva assim, mas depois de passar por tantas coisas nesses últimos tempos, percebi que a vida era muito curta para deixar de dar afeto a quem amamos, por conta de pessoas que não souberam dar afeto pra gente.

Ultimamente ando pensando muito nos meus pais, mais precisamente na minha mãe. Se ela soube que sofri um acidente, por que não veio me visitar até hoje? Tento afastar isso da minha cabeça por ora e tento viver o restante do meu domingo com as minhas meninas.

O filme passa depressa e vejo que os créditos já estão subindo. Bruna se oferece para lavar a louça e nos deixa a sós novamente.

— E agora? – Ela pergunta e eu olho a hora no meu smartwatch e vejo que são 20h da noite. O dia havia acabado.

— Não quero decidir sobre você ir ou não – Resmungo um pouquinho, me inclinando contra ela.

— Eu também não. – Suspira

 — Não quero que esse dia acabe, ele só valeu a pena porque você está aqui comigo            — Confesso, me virando para ver seu rosto.

— Não precisa acabar... – Ela responde e eu consigo ver o verde dos seus olhos cintilando

— Dorme aqui de novo – Eu suplico

            — Quase achei que você não fosse pedir – Ela fala baixinho e se inclina para me dar um beijo.

— Fê...

— Hmm...? – Ela murmura durante o beijo

— O que a gente está fazendo que eu não sei mais viver sem você comigo? Sem ter você na minha cama, dormir longe de você...

— Eu não sei, amor. Eu também me sinto assim. – Ela me abraça forte – Tenho medo de estarmos indo rápido demais. Amanhã trabalhamos – Ela lembra

— Traz umas roupas suas pra cá – Sugiro, morrendo de medo

— Está me pedindo em casamento, doutora? – Ela olha pra mim e dá uma risada

            — Não... ainda. – Sorri

— Não tem medo de enjoar? – Ela pergunta – Trabalhamos juntas e estaremos juntas a maior parte do tempo.

— Você tem? – O medo começa a povoar minha mente novamente

            — Claro que não – Ela sorri e faz um afago no meu rosto, me tranquilizando. – A propósito, sim. Posso trazer algumas roupas para cá.

 

Minha suspensão havia acabado. Acordei bem, com Fê ao meu lado e determinada a ir lá e fazer um retorno triunfal, eu estava mesmo disposta a ir lá e botar para foder naquela porr* de escritório. Eu ia trabalhar muito para que o Dr. Proetti fosse pra cadeia e Roberto implorasse de joelhos o meu perdão.

            Minha namorada e eu estávamos bem, havíamos combinado de três dias na semana dormirmos juntas. Ela trouxe algumas roupas para minha casa e eu levei algumas roupas para a casa dela. Seus pais pareciam estar bem com isso, eu até tentava ajudar a minha sogra na cozinha às vezes, mas é claro que isso era um total desastre, então eu preferia lavar toda a louça e ela cozinhar.

            Quando chegamos na porta do escritório, estávamos de mãos dadas. Fiz um carinho na mão dela com o polegar, indicando que eu estava feliz, mas quando desfiz nossas mãos por precaução e ética ao passar pelo hall do prédio, ela fez um beicinho. É, estávamos a cada dia mais grudadas. Combinamos também de fazer uma pausa todos os dias às 10h da manhã para o café e almoçarmos juntas, quando desse. Nosso trabalho ocupa muito o nosso tempo e nem sempre tínhamos a facilidade de almoçar no mesmo horário.

            Chego na minha sala com meus óculos escuros e headphone, cantarolando “Looking for love”. Coloco minha bolsa de couro preta em cima da mesa, mas estranhamente me sinto observada. Quando olho para trás, quase tenho um infarto.

            Porr*.

            Que tipo de pessoa fica entocada na sala de outra? Era emboscada? Sequestro?

Eu, hein...

— Bom dia, Doutora Anna! — ele diz com seu sorriso sarcástico — Vejo que o espanhol está em dia.

— Bom dia, Doutor Roberto. Eu não costumo mentir no currículo, meu espanhol continua perfeito, graças a Deus — respondo na mesma altura — o que faz por aqui tão cedo? Posso lhe ajudar em algo?

— Parece que a Dra Baldez resolveu te colocar no time dela então.

— Ela soube reconhecer um talento, mas no que posso te ajudar? — tento ser objetiva perguntando novamente enquanto folheio uma pilha de papéis despreocupadamente, que presumo que Diana tenha colocado ali.

Roberto deu um sorriso de canto e sentou-se na cadeira em frente a minha mesa, com uma cara de quem se achava o dono do mundo.

Que cara ridículo.

— Só queria lhe dar as boas-vindas de volta, Doutora Florence. Esses quinze dias devem ter sido... revigorantes, imagino — ele cruzou as pernas e ajeitou a gravata com calma

Eu sabia onde ele queria chegar.

Ele queria chegar no assunto “Beatriz”, mas eu não ia cair em seu jogo. Não mesmo.

— Muito obrigada, foram dias realmente revigorantes, reflexivos. Mas e o senhor? Espero que tenha aproveitado para colocar o trabalho em dia, afinal, há muito para ser feito, não é?

— Sempre há — ele riu — falou com sua amante durante esses 15 dias?

Olho para ele e não respondo a pergunta, continuo folheando os papéis.

— Bom, se me der licença... eu tenho muito trabalho a fazer.

Caminho até a porta da minha sala e a abro, indicando o caminho da saída pra ele. Porém, antes de sair, resolveu deixar seu recado:

— É curioso ver como você sempre atrai mulheres muitas mulheres, Anna... Primeiro a Beatriz, agora Maria Fernanda. Uma pena que esse tipo de paixão costuma cobrar um preço alto. Como é ter o coração dividido? Já escolheu sua donzela? Ou... será que vocês vão formar... como se diz hoje em dia mesmo? — levou seu indicado ao queixo para pensar — Trisal.

Ele riu ironicamente, ajeitou a gola da camisa pausadamente como se eu tivesse todo tempo do mundo.

— E quanto à Dra. Baldez... não se engane. As alianças aqui dentro são temporárias. Hoje você é a escolhida, amanhã pode ser outra.

Ele deu seu último sorriso sarcástico, cruzou a porta e saiu. Me deixando sozinha com vontade de socá-lo.

Voltei para minha cadeira, soltei um suspiro pesado, retirando meus óculos da cabeça para tentar me recompor. O cara era a personificação da prepotência. Careca. Ridículo. Mas isso não ia me abalar, muito pelo contrário.

Ouço meu telefone tocar e Diana me chama para ir até a sala da minha chefe que já me aguardava. Quando bati na porta e ela me deu o “Ok” para entrar, a vejo de costas em um vestido social creme, saltos pretos e cabelos perfeitamente alisados. De costas, imponente. De frente, seu olhar parecia perdido. Me pus ao lado dela e ficamos em silêncio por algum tempo, até que ela suspirou e decidiu quebrar o clima que se instalou.

— Eu nunca imaginei que isso fosse acontecer um dia. Não durmo direito, não como direito e estou sob forte pressão, forte estresse...

— Você o questionou. — afirmo, olhando nos seus olhos.

— Sim, questionei.

— E ele? — indago

— A esposa dele, a Camila, está com câncer. Um câncer raro, no pâncreas. Ele tem desviado dinheiro para custear o tratamento dela.

— Tem certeza disso? — Questiono

— Ele me deu a palavra. — Ela suspira e abaixa a cabeça

— Roberta... Ele fez. E deve pagar por isso, independente do que está acontecendo em sua vida pessoal.

— O que você faria se fosse sua mãe? Se fosse Fernanda? Eu não consigo julgá-lo.

— Eu ainda acho que tem algo errado nessa história. — Penso alto

— Anna, não sei o que fazer.

— Você me dá carta branca? Confia em mim? Me deixe investigar mais a fundo. — Peço, olhando em seus olhos e garantindo a confiança dela.

— Que seja. Você tem 72 horas.

— Era isso que eu precisava. — Assenti com segurança — E Roberta...

Ela me olha intrigada, pois a chamei pelo seu nome no escritório. Continuo:

— Você é uma pessoa boa, não se esqueça disso. Investigar algo para ter certeza, não é mau caratismo, é cuidado com o patrimônio. E se não for isso, for outra coisa, quem sabe você pode ajudá-lo? — Reconforto.

— Tudo bem, Anna. Só descubra, por favor. Estou aflita.

— Ok.

Saí da sua sala determinada a revirar todos os detalhes da vida daquele playboy de meia idade. Para mim, um dos advogados mais medíocres. Só tem o seu nome na porta do escritório pois seu papai foi o sócio fundador há anos. Foi hereditário, não merecimento.

Já Roberta Baldez foi o contrário. Ela trabalhou muito para chegar onde chegou e conseguiu transformar o escritório em uma grande firma de advocacia. No começo, eram três salas comerciais na Rua do Ouvidor, escondida no Centro da Cidade. Hoje, somos o maior prédio da Avenida Rio Branco, ao lado da Prefeitura. Resultado do trabalho árduo da Dra Baldez.

Ele só foi o patrocinador. Ela, quem deu a cara a tapa. Quem gastou sola de sapato. Uniu forças, fez networking, parcerias, investimentos responsáveis. Se somos grandes, é por conta dela.

No caminho de volta até a minha sala, sou cumprimentada por alguns associados que estão alegres e animados para trabalhar comigo. Eu era conhecida entre eles e isso era ótimo, levantava minha moral.

Quando abro a porta da minha sala me deparo com...

WTF?

Quem me mandou flores?

Me aproximo delas e pego o cartão vermelho com uma caligrafia conhecida.

“Acho que estou te devendo um pedido de desculpas e uma conversa sobre tudo. Gostaria que fosse pessoalmente. Por favor, sapinha, liga pra mim.”

Ass: Beatriz D.

Ah, que ótimo.

Era só o que me faltava mesmo.

Beatriz me mandando flores como pedido de perdão. Ex-namoradas são o meu karma, não é possível. Reviro os olhos e ligo para o ramal de Diana.

— Sim, Dra? — ela atende prontamente

— Está a fim de ganhar flores?

— Como? — ela estranha

— Uma louca me mandou flores. Não as quero, quer ficar pra você? Ou sei lá, dar um fim nelas?

— Traga elas para mim.

Pego as flores e retiro o cartão, o rasgando e jogando fora. Caminho até a mesa de Diana, que analisa as flores com cautela.

— Rosas brancas? Realmente... o que essa pessoa fez com você para se sentir tão culpada? — ela pergunta com curiosidade

— Como assim?

— Rosas brancas são flores para pedir desculpas. — Responde sorrindo e automaticamente seu sorriso se desfaz — Espera... É da mulher do empresário?

Faço que sim com a cabeça e ela responde balançando a cabeça negativamente.

— Entendeu por que não as quero? — Digo sussurrando

— Certo. Vou dar finalidade à elas. Fui! – Sai caminhando rapidamente

Volto à minha sala e paro para checar meus e-mails, a maioria de antigos clientes e um de Andressa me desejando as boas-vindas, mas um deles me chama a atenção.

Assunto: Confirmação de Pagamento da Indenização – Veículo automotor

Olhei imediatamente minha conta bancária e o valor estava lá.

Céus!

Eu não ia mais andar a pé, graças a Deus. Meus dias de metrô estavam acabados. Dou um gritinho e tenho um ataque de loucura rodopiando a cadeira parecendo uma adolescente cujo single da sua boyband favorita tivesse acabado de ser lançado. Imediatamente resolvi ficar ansiosa no trabalho e comecei a procurar na internet carros pra comprar.

Como eu tinha construído uma boa reserva financeira durante esses três anos, eu poderia comprar outro carro de um valor superior, mas não queria exagerar muito. Eu ainda não podia comprar um Audi, que era meu sonho, mas podia comprar um SUV compacto. Eu não era muito alta, tinha 1,65cm e eu gostava de conforto, já sabia até qual carro que iria comprar, mas eu estava muito na dúvida entre a cor do carro, queria que uma pessoa especial me ajudasse a escolhê-lo. Suspiro e vejo o horário na tela do celular: 10h05.

Opa, estou atrasada.

Mando mensagem para minha ruiva e vou animadamente encontrá-la na copa do setor de civil. Ao sair da minha sala, vejo Diana conversando com o associado que veio falar comigo outro dia, estavam em um papo animado e eu tenho certeza de que não era sobre assuntos comerciais.

Vou até o elevador e começo a sentir coisas no estômago. Calma, não era dor de barriga. Era aquela sensação... Como se dá o nome? “Borboletinhas no estômago”. Quando estamos muito ansiosos para encontrar alguém e começamos a sorrir que nem idiotas. Olho meu celular rapidamente e vejo uma mensagem dela na minha tela:

“Está atrasada, Anna Florence. Vou te deixar de castigo!”

Dou uma risada. Quando eu fazia algo errado, ela me deixava de “castigo sexual”. Me provocava até eu não resistir e quando eu ia para cima dela, ela dizia que não, que eu estava de castigo. Eu estava amando essa coisa de “início de relacionamento”. Parecíamos dois coelhos. Eu não ia enjoar disso nunca.

Entro na copa e lá está ela, encostada na bancada, mexendo no celular com aquele jeito que só ela tem. Fernanda levanta os olhos, e quando nossos olhares se cruzam, vejo o canto da sua boca formar um sorriso e eu me derreto inteira.

— Dez minutos de atraso, Anna Florence — diz, enquanto cruza os braços e finge estar séria. — Acho que o castigo será dobrado.

— Dez minutos? Não seja tão rígida! — respondo, tentando conter o sorriso. Caminho até a cafeteira. — Mas, pensando bem, talvez eu mereça.

Ela ri e me acompanha com o olhar enquanto preparo meu café.

— Por que está com esse brilho no rosto? — Fernanda pergunta, arqueando a sobrancelha, curiosa.

— Notícia boa — digo, girando a colher na xícara. — O seguro do carro foi pago. Acabei de conferir na conta.

— Você não gritou para o seu setor inteiro ouvir, gritou? — ela provoca, chegando mais perto.

— Você me conhece tão bem, mas não exagere, não foi tão alto assim. — Sorrio, um pouco envergonhada. — E antes que pergunte, sim, já comecei a procurar um carro novo.

— Que bom! Já decidiu qual vai ser?

— Estou entre duas cores, mas quero que você me ajude a escolher. — Ergo os olhos para ela, vendo sua expressão suavizar ainda mais.

— É claro que vou ajudar. — Sua mão toca levemente meu braço. — Desde que a cor não seja algo absurdo, tipo laranja fluorescente.

Rimos juntas, o som se misturando ao burburinho discreto da copa. A verdade é que, com ela por perto, até os momentos mais simples pareciam únicos.

— A propósito, castigos à parte, que tal almoçarmos juntas hoje? Tenho algumas ideias para amanhã à noite... — Fernanda murmura, baixinho, enquanto seus olhos carregam um brilho sugestivo.

Sinto meu rosto esquentar e, disfarçando, tomo um gole do café.

— Vou pensar no seu caso, Fernanda. — Dou um sorriso de lado, tentando manter a compostura, mas sei que ela percebe o efeito que suas palavras têm em mim.

E, com isso, seguimos nossa manhã, entre provocações, risos e o início de algo que, no fundo, eu sabia: seria inesquecível.

Porém, algo me incomodava, "Você deveria contar das flores para a Fernanda", penso, mas o receio é inevitável. Não quero esconder nada dela, ainda mais quando estamos construindo algo tão especial. Só que o rosto de Beatriz, mesmo distante, ainda traz lembranças confusas e eu temo que Fernanda veja mais do que há nesse gesto.

Eu só queria seguir nossas vidas sem fantasmas do passado, sem ex-namoradas loucas nos perseguindo, mas como a vida não era um morango, eu teria que lidar com esse B.O.

Enquanto eu respondia dois e-mails da Dra. Baldez sobre uma representação criminal, ouço batidas na minha porta. Depois de autorizar a entrada, a loira aparece na minha frente irritada. Sua cara não era das melhores mesmo. Ela se senta com força na cadeira a minha frente.

— Eu não sei o que me irrita mais: você estar finalmente namorando e ter esquecido dos amigos ou você não estar mais ao meu lado para eu poder te contar uma fofoca. — Ela revira os olhos

— O que aconteceu? – Pergunto

— Ralf está insuportável, só fala mal de você, fica espalhando fofocas sobre Fernanda e eu tenho que me segurar o tempo todo para não dar um soco naquele babaca.

— Eu não te contei do namoro, né? – Olho para ela com sentimento de culpa – Me desculpa, eu deveria ter contado, mas... eu tô feliz demais com ela. – Sorrio, lembrando de alguns momentos que passei com Fê – Mas o que ele está falando de Fernanda?

— Fernanda tá sendo mais amiga que você nesse quesito – Ela alfineta – Mas enfim, ele não está deixando a menina em paz. Toda hora pede alguma coisa pra ela, toda hora solicita ajuda em algum caso, fala que ela fez algo errado, quando na verdade não fez e pede para ela refazer de novo, de novo e de novo. Fica provocando-a falando de Beatriz.

— Eu vou matar aquele babaca. – Suspiro de raiva, minha vontade é de entrar naquele elevador e socar a cara dele até desfigurá-la. – Fernanda não comentou nada comigo, hoje no café ela parecia estar bem.

— Ela não fala nada pois não quer te incomodar e não quer deixar você nervosa, colocar mais lenha na fogueira... Ela não quer atrapalhar seu rendimento profissional aqui. Ela teme que o seu temperamento bote a sua própria carreira a perder e ela não se perdoaria se algo acontecesse por culpa dela.

— Por culpa minha, você quer dizer. – Reconheço – A culpa dessa bagunça toda é minha, essa questão de Beatriz, o marido, é um problema meu.

— Vim te avisar, pois ela passou agora por mim com os olhos cheios d’água. Provavelmente ela não vai te falar nada, mas também não diga que eu disse, por favor. – Ela pede – O que vai fazer?

— Tenho que pensar, minha amiga. Seja lá o que eu for fazer, tem que ser com muita cautela para não prejudicar a mim ou Fernanda nesse lugar. Estou com um dilema também, será que você pode me ajudar?

— Claro, o que aconteceu? – Pergunta curiosa

— Beatriz me mandou flores hoje de manhã, pedindo desculpas por tudo e pediu que eu ligasse para ela para conversarmos. Claro que não vou ligar, mas me sinto na obrigação de contar isso pra Fê, porém... — suspiro — agora que me contou que ela está passando por isso, não sei se é o momento.

— Não conte. Vai abalar o relacionamento de vocês, ela está muito sensível agora com essa situação que acabou de acontecer. Contar agora vai deixá-la ainda mais pilhada. Anna, aquela ruivinha tá apaixonada de verdade por você, será que não consegue ver? Até quando vai deixar essa Beatriz reger a sua vida? Dá um ponto final nisso. Já não basta você quase ter sido demitida?

Fico em silêncio por um momento, absorvendo as palavras de Andressa. Cada frase dela é como um tapa na cara, me jogando de volta à realidade que eu tentava fingir que não existia.

— Eu sei... Você está certa. — reconheço — eu só... Não quero magoá-la, Andressa.

— Então comece a agir como alguém que não quer magoar. — Ela cruza os braços, mas seu tom suaviza. — Fernanda já está passando por tanta coisa por sua causa e ainda tem que lidar com esse fantasma que insiste em aparecer.

— É complicado... — Respiro fundo, apertando os olhos. — Eu não pedi para a Beatriz mandar flores. Não pedi para ela...

— Mas você também não deu um basta definitivo. — Andressa me corta, incisiva. — E não venha me dizer que jogar as flores fora conta como um basta. Você precisa se posicionar, Anna.

Ela tem razão, e eu sei disso. Só que lidar com a Beatriz não é tão simples. Não era só uma questão de bloqueá-la ou ignorar seus gestos. Havia história, havia feridas, havia pedaços de mim que eu ainda estava tentando entender.

— Olha, eu não vim aqui para te julgar, só para te dar um toque. A Fernanda é incrível, e você sabe disso. Se continuar deixando as coisas sem resolver, corre o risco de perder algo que poderia ser maravilhoso.

— Eu não vou perder. — A firmeza na minha voz surpreende até a mim mesma. — Eu não vou deixar isso acontecer.

Ela me observa por alguns segundos, avaliando.

— Ótimo. Porque, sinceramente, Anna, eu acho que essa ruivinha é a melhor coisa que já te aconteceu.

Dou um sorriso fraco, e Andressa se levanta, ajeitando o blazer.

— Agora, me prometa uma coisa.

— O quê?

— Nada de socar a cara do Ralf, por mais que ele mereça. — Ela dá um meio sorriso. — Resolve isso com cabeça, não com os punhos.

— Eu prometo tentar. — Reviro os olhos, mas meu tom é mais leve.

— Melhor assim. — Ela faz um gesto de despedida e vai em direção à porta, mas para no meio do caminho. — Ah, e, por favor, não esqueça dos amigos, tá? Tô esperando você me chamar para um vinho e um bom papo.

— Pode deixar. — Dou um sorriso verdadeiro desta vez.

Quando a porta se fecha, me recosto na cadeira, exausta. Ralf, Beatriz, Alessandra, Fernanda... Tudo parece uma tempestade se formando, e eu sou a única que pode decidir se será apenas uma garoa ou um verdadeiro furacão.

"Preciso resolver isso", penso. Mas a pergunta que não sai da minha cabeça é: Como?

⚖💻

Chegando no restaurante, posso notar o quanto Fernanda está com a cabeça longe, nem as minhas piadas idiotas que ela costuma rir estavam ajudando no seu estado de espírito. Merda. Vejo que ela está calada, com a mão esquerda sob a mesa, zapeando alguma coisa no celular, ela estava distraída. Coloco minha mão sob a sua e faço um carinho leve, ela percebe e olha para mim, dando um leve sorriso.

— Nós não namoramos há muito tempo, nos conhecemos há alguns meses, mas eu te conheço o suficiente para perceber que algo mudou entre o nosso café e o nosso almoço, quer me contar o que foi? – Pergunto, dando espaço para ela decidir se me conta ou não.

— Não é nada, amor. Está tudo bem. — Fernanda força um sorriso amarelo, mas seus olhos desviam rápido demais, entregando a mentira.

Franzo a testa, minha inquietação crescendo. Eu sabia reconhecer quando Fernanda estava desconfortável, isso não é só cansaço ou preocupação com prazos e demandas, tinha algo mais.

— Por que eu tenho a sensação de que isso não é verdade? — Cruzo os braços e me inclino ligeiramente para frente.

Fernanda soltou um suspiro, parecendo impaciente.         

— Porque você está sempre procurando pelo que não existe. Já disse, está tudo bem.

— Fernanda, eu sei que você não quer falar, mas...

— Anna, chega! — Diz, me dando uma dura resposta. Em seguida, ela mordeu o lábio, visivelmente arrependida do seu tom, mas ela não recuou. — Não tem o que falar.

Me mexo na cadeira, apertando os meus lábios para conter minha irritação. Eu sabia o que estava acontecendo. Era óbvio. Ela estava sobrecarregada por causa daquele babaca, mas por conta do meu temperamento explosivo e para não me prejudicar na empresa, ela não queria me contar.

Era isso que mais doía. Ela estava sofrendo desnecessariamente por minha causa.

— Certo. ­– Balanço a cabeça, fingindo ceder. Pego o copo de suco e dou um gole, tentando controlar o meu tom de voz para o que vou dizer a seguir: — Só que eu fico me perguntando por que você não divide o peso com a sua namorada...

Fernanda continuou olhando o cardápio e não me respondeu.

Eu sabia que, no fundo, aquela resistência dela não era sobre falta de confiança. Era orgulho. Ela odiava parecer vulnerável, principalmente comigo. Ela odiava que quem quer que seja lutasse as batalhas dela por ela, mas isso não fazia o nó no meu peito ficar menor. Se a nossa relação significava tanto, por que não dividir comigo?

— Não precisa se preocupar, Anna. Eu resolvo isso. — a voz de Fernanda veio mais baixa, quase como um pedido para encerrar o assunto.

— Tá bom. — Finalmente respondi, mas o gosto dessas palavras era amargo

            O almoço terminamos em silêncio. Eu não parada de pensar no que Andressa havia me contado. Ralf humilhando minha ruiva, sobrecarregando-a de trabalho... aquilo era inaceitável. O rato do Roberto deve estar fazendo vista grossa para isso, pois ele sabe que vai me atingir. Ele não digeriu que dormi com a esposa do cliente dele.

            Fê estava enfrentando essa merd* toda por mim e uma barreira entre nós começava a se formar. Enquanto subíamos no elevador, o silêncio entre nós estava pesado.

            Me encostei na lateral do elevador, observando Fê de canto de olho. Ela mantinha s olhos fechados, apoiada no fundo da cabine, os braços cruzados, o corpo tenso. Frágil. Distante. Aquilo me partiu ao meio.

Eu queria acabar com aquele pedaço de estrume do Ralf, deixar claro que ninguém tinha o direito de tratar Fernanda dessa forma.

E se eu interferisse sem que ela soubesse? Ela ficaria magoada. Talvez até perdesse a confiança em mim. A ideia me fazia sentir impotente, presa entre querer protegê-la e respeitar sua vontade de resolver isso sozinha.

O som da chegada ao andar de Fê me despertou dos meus pensamentos. Ela ajeitou a postura, respirou fundo e já ia se preparando para sair quando a puxei suavemente pelo braço, dando um beijo suave em sua testa.

Ela me olhou surpresa, mas deu um sorriso. Pequeno, mas ainda sim um sorriso.

— Até mais tarde — murmurou

— Até, amor.

Quando as portas do elevador se fecharam, encostei a cabeça contra a parede fria e soltei um longo suspiro. Eu precisava fazer alguma coisa, mas o quê?

 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Para compensar meu furo de ontem, capítulo longo pra vocês! 


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Comentários para 23 - capitulo vinte e tres: flores? :
Lea
Lea

Em: 08/01/2025

Sinal deais tempestade? Estava tudo bom demais  para ser verdade.

Responder

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Mmila
Mmila

Em: 25/11/2024

Nossa!

Essas duas tem que matar um leão por dia.

Que complicação!

Anna, como desatar esses nós?!?!?!?

 


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 27/11/2024 Autora da história
Elas precisam ser fortes e superar juntas!


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