Capitulo III
Pilar desceu rapidamente as escadas do prédio, sua postura impecável e o semblante fechado, como de costume. O vento gelado que a atingiu assim que saiu da porta a fez apertar a jaqueta contra o corpo. Ao chegar ao carro, ela se acomodou no banco traseiro, com o olhar fixo no prédio onde Kiara ainda se encontrava. A tensão a envolvia, mas ela não demonstrava fraqueza. Pilar sempre soube que tinha que ser firme, especialmente com alguém como Kiara, que teimava em desafiar sua autoridade.
Dentro do carro, dois seguranças ficaram atentos, sentados ao volante e ao lado, prontos para qualquer eventualidade. Pilar, então, virou-se para o motorista e deu a ordem com frieza.
— Fiquem aqui fora. Eu quero que um de vocês fique na porta do apartamento de Kiara. Dê-lhe 30 minutos para arrumar suas coisas. Caso ela não esteja pronta dentro desse tempo, entre e, sem discussão, traga-a até o carro. Não aceito mais resistência. Ela não tem escolha.
O segurança acenou com a cabeça, compreendendo o peso da missão. Pilar não estava para brincadeiras. Ela sabia que Kiara tinha o temperamento difícil, mas o ultimato estava dado.
Enquanto o carro permanecia parado na rua, Pilar se recostou no banco, suas mãos cruzadas sobre a bolsa. Ela observava o prédio com uma paciência controlada, mas a irritação ainda queimava por dentro. A situação a irritava profundamente, mas sabia que tinha que manter o controle. Não iria mais permitir que Kiara desafiasse suas decisões.
No apartamento de Kiara, o tempo passou lentamente. Cada segundo parecia arrastar-se como uma eternidade para a jovem, que não conseguia se concentrar. Ela estava completamente fora de si, sentindo a pressão das ordens de Pilar. Pensava que talvez ainda houvesse alguma maneira de escapar, mas a realidade estava ali, diante dela. Ela sabia que não poderia adiar mais o inevitável.
Enquanto isso, o segurança estacionou em frente ao prédio e ficou de olho nas portas. Seu olhar atento analisava cada movimento do edifício, esperando que Kiara cumprisse a ordem dada. O relógio parecia se arrastar, e o clima de tensão era palpável.
Quando os 30 minutos se passaram, o segurança foi até a porta do apartamento, batendo com firmeza. Kiara, que ainda estava tentando reunir forças para enfrentar a executiva, não sabia o que fazer. Não estava pronta. Mas o som da batida parecia soar como o último aviso.
— Senhora Kiara — disse o segurança com voz autoritária —, o tempo acabou. Pilar está aguardando no carro. Se não estiver pronta, eu irei ajudá-la a chegar até lá.
Kiara não respondeu de imediato. A raiva tomou conta dela, mas a sensação de impotência a paralisava. Ela ainda tentou resistir, mas sabia que Pilar não desistiria. O calor da raiva misturado ao medo de ser forçada a sair à força a consumia.
Após alguns momentos de silêncio, o segurança entrou no apartamento, sua postura impositiva a fazendo sentir-se ainda mais pequena.
— Vamos, senhora Kiara — ele disse, com a voz firme. — Não me faça repetir.
Com um suspiro de derrota, Kiara se levantou e, sem mais palavras, seguiu o segurança até o carro. A viagem até o carro foi silenciosa, sem qualquer resistência. Pilar aguardava no banco de trás, seu olhar calculista sobre a jovem.
Quando Kiara entrou no carro, Pilar não disse uma palavra. Apenas acenou para os seguranças e os veículos começaram a se mover. O que quer que fosse que aguardasse Kiara no Brasil, ela sabia que não poderia mais fugir.
Os veículos cortavam as ruas de Milão com rapidez, a cidade à noite brilhava sob as luzes das ruas e dos edifícios. Kiara, no banco de trás, sentia a tensão se acumulando a cada quilômetro percorrido. A distância entre o apartamento e o hotel parecia longa demais, e a jovem não conseguia desviar seus pensamentos. A indignação com a situação a consumia, mas ela sabia que estava sem alternativas.
No caminho para o hotel em Milão, Pilar revisava mentalmente os próximos passos. Não seria fácil controlar uma garota de espírito tão rebelde, mas ela adorava desafios. Precisaria transformar Kiara em uma esposa exemplar para manter as aparências, mas ainda assim conservar a chama do desejo bruto que sentia por ela. Não permitiria que a jovem escapasse de seu controle.
Pilar permanecia calma e imperturbável, olhando pela janela, enquanto o carro os levava até o hotel onde ela estava hospedada. Quando estavam próximos ao destino, a executiva finalmente quebrou o silêncio.
— Nós vamos dormir no mesmo quarto — Pilar disse com voz firme, sua expressão impassível. — E, para sua surpresa, na mesma cama.
Aquelas palavras caíram como uma bomba sobre Kiara. Ela não pôde conter o surto que a tomou de imediato.
— O quê?! Não! — exclamou Kiara, levantando-se no banco de trás, os olhos arregalados de indignação. — Eu não vou dormir com você, Pilar! Isso é um absurdo! Você não tem o direito de me fazer isso!
Pilar olhou para ela com a calma característica de quem já sabia o que viria. A reação de Kiara não a surpreendia, mas a situação estava longe de ser uma discussão. Ela já havia dado a ordem, e nada mudaria isso.
— Você vai fazer o que eu digo, Kiara — Pilar disse, sua voz como uma lâmina afiada. — Não há mais espaço para discussões. Se você tentar escapar disso, ficará em pior situação.
Kiara, furiosa, tentou protestar mais uma vez, como uma criança mimada que não aceitava as regras. Ela cruzou os braços e virou a cabeça, tentando ignorar Pilar, mas sua voz continuava a ecoar com uma autoridade inabalável.
— Você acha que pode mandar em tudo? — Kiara gritou, sua voz carregada de raiva. — Isso não vai ser fácil para você! Eu não sou sua prisioneira, Pilar!
Mas Pilar, imperturbável como sempre, deu um sorriso mínimo, quase imperceptível, e não respondeu imediatamente. Ela sabia que nada do que Kiara dissesse faria diferença. A palavra dela já estava dada.
O carro parou na entrada do hotel luxuoso. A porta foi aberta, e um dos seguranças se aproximou para acompanhar as duas até o interior do edifício. Pilar se levantou e, sem olhar para Kiara, disse com a mesma frieza:
— Vá. Não me faça esperar.
Kiara se sentiu pequena, impotente, mas a rebeldia ainda queimava dentro dela. No entanto, sem opção, ela seguiu Pilar e os seguranças até o hotel, sabendo que não importava o quanto resistisse, sua palavra já estava perdida.
O elevador subiu lentamente, os pisos passando um a um, enquanto o silêncio se instalava entre as mulheres. Kiara se apoiava contra a parede do elevador, os braços cruzados e os dentes cerrados, bufando a cada segundo. Pilar, ao seu lado, permanecia imperturbável, com a postura ereta e a expressão fria como sempre, sua calma contrastando com a crescente tensão de Kiara.
Os seguranças estavam ao fundo, observando o ambiente com atenção, mas sem se envolver na disputa silenciosa entre as duas. O som do elevador subindo era o único que quebrava o silêncio pesado que pairava ali. Kiara olhou para Pilar, sua raiva evidente, e não conseguia segurar a necessidade de continuar a resistência, mesmo que soubesse que sua palavra não tinha mais peso.
— Você é insuportável, Pilar — Kiara resmungou, os olhos lançando um olhar fulminante para a executiva. — Como pode ser tão fria e autoritária? Não entendo como alguém pode ser assim. Nem ao menos me dá uma escolha!
Pilar, sem se mover, sem sequer olhar para Kiara, respondeu com calma, sua voz tranquila como se tivesse esperado por esse momento.
— Eu não estou aqui para ser compreensiva, Kiara. Eu sou sua dona, e você sabe disso. Está na hora de aceitar que as coisas mudaram. Você pode continuar a se rebelar, mas no fim, quem decide o que acontece é sempre quem está no controle. Que por sinal, sou eu!
Kiara mordeu o lábio, tentando esconder a frustração, mas as palavras de Pilar a machucavam mais do que ela gostaria de admitir. Ela estava cansada, mas sua teimosia ainda a impelia a lutar. No entanto, a verdade era inegável: ela já havia perdido o controle da situação.
O elevador chegou ao andar em que ficariam, e as portas se abriram com um suave ding. Pilar saiu primeiro, sua postura impecável, seguida pelos seguranças. Kiara, embora querendo se opor, sabia que nada mudaria. Ela respirou fundo, engolindo a raiva, e seguiu relutante, o som de seus passos ecoando pelo corredor luxuoso.
O corredor parecia mais longo do que realmente era, e a cada passo, Kiara sentia o peso da situação aumentar. Pilar andava à sua frente, sem pressa, como se estivesse em sua casa. E, para ela, de fato, estava.
Quando chegaram à porta da suíte, Pilar se virou para Kiara e, sem uma palavra, abriu a porta. Kiara hesitou por um momento, mas os seguranças ao redor a faziam sentir que não havia escapatória. A noite estava apenas começando, e a jovem sabia que a palavra de Pilar era a única que importava ali.
Kiara entrou a contra gosto e seguiu no corredor procurando o único quarto que havia na suíte, deixou a pequena mala no canto do quarto e sentou na cama, com as mãos tremendo. As lágrimas desciam silenciosamente pelo seu rosto. Sentia-se violada, humilhada e perdida. Não queria voltar para o Brasil. Não queria se casar com Pilar. Mas o que poderia fazer? Seu pai dependia dela. Ele já havia se vendido para a executiva e, agora, ela era a moeda de troca.
"Eu não posso deixar que ela me domine", pensou, cerrando os punhos. Precisava encontrar uma saída. Mas como? Não tinha dinheiro, não conhecia ninguém em Milão e, pior ainda, Pilar tinha todos os recursos do mundo.
De repente, uma ideia lhe ocorreu. Talvez pudesse usar a própria obsessão de Pilar contra ela. Se a executiva a desejava tanto, talvez pudesse manipular essa fraqueza. Precisaria ser forte, esconder seu medo e mostrar que não era tão fácil de dobrar.
Levantou-se, enxugou as lágrimas e pegou uma roupa na mala e seguiu para o banheiro. Uma nova determinação brilhava em seus olhos. Ela não seria apenas uma vítima. Não deixaria Pilar vencer tão facilmente.
Assim que Pilar entrou na suíte luxuosa, com um gesto decidido, se dirigiu ao bar do quarto. Pegou a garrafa de whisky e serviu-se generosamente em um copo, observando as luzes de Milão lá embaixo. A cidade parecia aos seus pés, como todo o mundo. Ela respirou fundo, sentindo uma excitação que não era apenas desejo, mas a satisfação do controle. Ela possuía Kiara agora.
O telefone tocou em sua mão, quebrando sua concentração. Era Bianca.
— Bianca, prepare o jatinho. — Pilar ordenou, com um tom autoritário.
— Claro, Pilar. O jatinho já está à sua espera, só aguardando uma confirmação. — Bianca respondeu, sem hesitar.
Pilar fez uma pausa, tomando um gole do whisky, o líquido queimando sua garganta.
— Muito bem. E quanto ao pai da Kiara? Ele já saiu do hospital?
— Não, ainda está lá. Os médicos disseram que precisa de mais cuidados, mas ele está se recuperando. A situação grave já passou.
Pilar riu, um som frio e cortante.
— Ele está se recuperando... que bom. Eu mal posso esperar para que ele volte à ativa. Não porque me importe, mas porque esse desgraçado ainda vai pagar pelo que fez.
Bianca percebeu a intensidade na voz de Pilar e engoliu em seco.
— Tem algo mais que queira que eu faça?
Pilar olhou pela janela, seus olhos refletindo a cidade iluminada abaixo.
— Prepare um contrato de casamento. E não estou falando de qualquer contrato. Kiara só poderá ser livre quando me der um filho. Esse será o pagamento pelo rombo bilionário que o pai dela me causou. Vou manter o controle, como sempre faço. Ela vai entender que não pode escapar de mim.
A voz de Pilar ficou mais baixa, mas com um tom ameaçador.
— Eu tenho tanta vontade de sumir com Alceu do mapa. Ele não vai escapar das consequências.
Bianca ficou em silêncio por um momento, absorvendo as palavras de Pilar.
— Eu vou providenciar tudo, Pilar. Pode deixar. O contrato será pronto, só tome cuidado.
Pilar sorriu, satisfeita.
— Boa menina. Não se esqueça de tudo o que precisa ser feito para garantir que Kiara entenda seu lugar. Ela será minha, e o pai dela vai pagar por cada centavo que me deve.
Ela desligou a chamada e ficou em silêncio, saboreando a sensação de poder. Kiara estava em suas mãos, e nada a impediria de ter o que queria.
Ela pegou novamente o copo de whisky e, com u
m sorriso cruel, observou a cidade, sabendo que a batalha estava apenas começando, mas a vitória já estava em suas mãos.
Fim do capítulo
Boa noite!
Tudo bem com vocês? Antes tarde que nunca né?
Desculpem pelo submisso, minha vida virou de cabeça pra baixo, e tive que me ausentar daqui, mais estou de volta com um capítulo quentinho, e uma novidade, assim que finalizarmos essa história, postarei o final de Na trilha do amor, que vocês tanto esperam.
Até breve, não esqueçam de deixar comentários, dêem suas opiniões a respeito da história, beijos.
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